Playing Against Time | Bento...

By patxom4

15.8K 1.6K 8.4K

(+18) Ahri Aikyo possui uma incrível herança de família: uma máquina do tempo. Junto com a sua irmã, Ayumi, e... More

Palavras Iniciais da Autora
Prêmios
Cast
Playlist
Primeira Parte [Separador]
001. O Bracelete
002. Casa de Shows
003. Dia dos Namorados
004. Sinal Vermelho
006. Casa Japonesa
007. Inconsciência
Segunda Parte [Separador]
008. A tal da "resenha"
009. Almoço pós festa
010. Brigados
011. Ciência e Teorias
012. Culpa do TCC
013. Traíra
014. Razões e Emoções
Terceira Parte [Separador]
015. Perrengues... Dos "Brabos"
016. "Free Bird"
017. Homens de Preto
018. Teste de Learjet
019. Fedor de Querosene
020. Albert Einstein
Quarta Parte [Separador]
021. Dilema Emocional
022. Desabafos
023. A resposta é "não"!
024. C(ensored) Temporal
025. Despedida
Quinta Parte [Separador]

005. Na Garagem

439 46 46
By patxom4

— Eu não acredito no que os meus olhos me levam a crer! — Um moço de altura média, aproximadamente um e sessenta e cinco, meio gordinho, branco, de cabelo preto encaracolado curtinho, nariz arredondado na ponta, lábios rosados e bochechas acentuadas exclamou ao adentrar na garagem. Ele podia até não acreditar na cena que viu, mas eu me recusava a acreditar que eu e o Alberto havíamos sido flagrados. — Vim aqui buscar os instrumentos para o show de amanhã e acabei constatando o que os meninos diziam. Então a fofoca é verídica!

Então quer dizer que a banda já havia espalhado que eu e o guitarrista havíamos ficado? Não, pra mim não era nada interessante saber disso. Eu fiquei com tanta vergonha só de imaginar as palavras ditas na tal fofoca que até escondi o meu rosto entre as mãos para não entregar de cara que estava começando a sentir as minhas bochechas ficando coradas.

— Vocês gostam de cuidar da minha vida mais do que das suas próprias... — Alberto murmurou baixo, mas não o suficiente para que ninguém mais ouvisse. Eu não estava olhando na hora, mas pude escutar sons de passos,  o que me fez deduzir que o rapaz que eu ainda não sabia o nome havia caminhado até o guitarrista, e logo após pude ouvir um barulho de tapa acompanhado de um segundo murmúrio do Alberto, o que me fez concluir que ele tinha apanhado.

— Se manca, bebezão! Todo mundo sabe da sua vida!

Perceptível isso. Eu espiei a cena dos dois através de uma fresta entre os meus dedos e pude vê-los brincando de dar soquinhos um no outro. Ou melhor, Alberto tentava socar o moço, mas apesar de mais baixo, ele era mais ágil, e desviava com a maior facilidade dos golpes deferidos pelo guitarrista. Essa cena perdurou por alguns minutos, até o momento em que eu destampei o meu rosto quando senti que não estava mais envergonhada. Diante do meu gesto, o outro rapaz pareceu se lembrar da minha presença no local e parou imediatamente a brincadeira, saindo de perto do maior. Este veio até próximo à mim enquanto ajeitava a sua própria roupa no corpo e me disse:

— Me desculpe a desatenção, eu nem te perguntei o seu nome, princesa.

— É Ahri — princesa? — E não me chame de princesa, por favor.

— Mas você é muito linda, como posso resistir?

Antes que eu formulasse uma resposta dizendo que, primeiramente, não tínhamos intimidade suficiente para que ele me chamasse daquela forma, o Alberto deferiu um tapa muito certeiro contra a nuca do rapaz. Ele não parecia nada contente com o curto diálogo que eu e o outro tivemos.

— Você está dando em cima da minha namorada, irmão? Só eu chamo ela de princesa!

Namorada? E que ciúme era esse do Alberto? Nós havíamos nos conhecido literalmente no dia anterior, não havíamos ficado mais do que duas vezes e ele já tinha se apegado a tal ponto?

Mas namorada…

Porém não posso negar que ser chamada de namorada levantou um questionamento na minha cabeça a respeito do que éramos verdadeiramente. Eu e ele não éramos mais apenas conhecidos. Também não éramos simples amigos — isto é, não havíamos nem desenvolvido um laço afetivo tipo amizade até o momento. Mas era nítido que tínhamos atração um no outro. Comparando com a Química, nós éramos algo semelhante aos prótons e elétrons de um átomo.

Mas ao mesmo tempo não parecíamos simples ficantes. Quando eu ficava com o Kenzo, nós não ligávamos para esse lance de conhecer um ao outro e fazer perguntas como estava acontecendo com o Alberto. Ele realmente parecia interessado em descobrir mais de mim, e eu também estava ficando instigada a procurar saber mais dele. Diante de tudo isso, talvez naquele momento o que melhor se encaixaria nos nossos conceitos seria algo como "conhecendo melhor". Porém uma parte de mim se negava a recusar ser chamada de "namorada". Sim, até que eu gostei daquela ideia.

— Sinceramente cara — eu estava tão imersa nesse lance do que éramos que acabei viajando por alguns minutos sem perceber. Só fui despertar do meu transe no momento em que a voz do moço gordinho voltou a preencher a sala, de uma forma mais alta e indignada do que estivera anteriormente —, você fica com todas as gatinhas. Isso é injusto!

— Não é, não — isso foi dito por mim. Eu entrei no meio da conversa deles a partir do momento em que o assunto passou a se tornar machista. Não que eu tivesse algo contra os rapazes, mas eu tinha uma opinião formada a respeito do que o outro acabara de dizer e não suportaria aturar calada frases objetificando as meninas, como aquela dita por ele. — Nós, mulheres, não somos troféus a ser levantados. A gente também tem opinião própria e ficamos com quem queremos.

Acho que a minha resposta foi o estímulo perfeito para fazer o japonês "zoar" o colega da forma que ele julgava correta. Mas não era, e eu vou explicar o porquê daqui a pouquinho. Ele deferiu um tapa contra o ombro esquerdo do gordinho e disse:

— Não precisava tomar essa!

Como resposta, eu me levantei do meu lugar e fui até ele deferir um tapa contra a sua testa. Antes de zoar qualquer pessoa, é importante lembrar o que você passou anteriormente diante daquela mesma situação, não?

— Você é burro ou o quê? — Certo, admito que eu talvez tenha sido um pouco grosseira na minha resposta. E também admito que foi intencional. Mesmo que aquilo entre eles parecesse apenas zoeira, eu, Ahri, não suporto ver certas coisas e ter que aturar calada. Alberto definitivamente não estava no lugar de fala dele naquele momento. — Eu te dei mais de uma patada ontem, não se lembra?

Enquanto o moço presente gargalhou da cena que presenciara, o guitarrista aproveitou a brecha depois do meu tapa para segurar as minhas mãos e tentar me imobilizar — o que era contrariado por mim, que fazia o possível para me soltar, mesmo que não obtivesse sucesso pelo fato do rapaz possuir mais força física do que eu. Enquanto a gente ficava nessa, o terceiro se distanciou de nós e caminhou em direção a bateria, abaixando-se para começar a desmontá-la e colocar as peças uma ao lado da outra no chão.

— O meu nome é Júlio — no momento em que ele se apresentou, eu me cansei e me dei por vencida com o Alberto. Este me puxou contra o seu peito e me imobilizou quase que completamente, exceto pela cabeça e pernas. Pude, neste momento, olhar para o moço, e percebi que ele fitava eu e o guitarrista portando um sorriso tímido no rosto. — Prazer em conhecê-la, Ahri.

— O prazer é todo meu — a minha voz  saiu abafada durante a fala devido ao tanto que o japonês apertava contra o seu  peito. — Não leva o meu mau humor para o lado pessoal, eu juro que não sou uma mulher chata.

— Eu não tive essa primeira impressão de você, relaxa — Júlio olhou de soslaio na minha direção e me lançou um sorriso simples, sem mostrar os dentes. — Você tem atitude, e mulheres assim são as melhores e mais espertas.

— São mesmo — sem me dar a chance de responder, Alberto foi mais ágil em concordar com a fala do colega. Ele me deu um beijo na testa no momento em que terminou de falar, e assim que voltei o meu olhar à ele, percebi o quão profundamente, mas de uma forma boa, como admiração, eu estava sendo encarada. — Nós já estávamos de saída, né?

Estávamos? Foi com uma expressão que estampava exatamente essa pergunta na minha testa que eu o fitei. Ele pareceu entender o que eu dizia, porque logo após direcionou o seu olhar à porta dos fundos, aquela que o Júlio tinha usado para entrar. Apesar de ter entendido o seu recado e ter achado estranho o fato dele simplesmente querer sair, eu não lhe fiz nenhuma pergunta sobre isso naquele momento. Deduzi que o que ele queria me mostrar já havia sido mostrado, e a partir de agora eu já poderia voltar para casa. Antes de sair acompanhada do guitarrista, dei um "tchau" para o Júlio e lhe disse que esperava o encontrar novamente.

— Bom, agora eu acho que vou embora. Mas espero que você saiba que eu adorei passar esse tempinho com você, achei muito divertido — depois de uns minutos caminhando nós dois lado a lado, sem ninguém dizer nada e com ele envolvendo a minha cintura com a sua canhota, eu decidi quebrar o gelo existente entre nós. Quando falei isso, nem percebi que ele estava se preparando para falar alguma coisa para mim porque eu não olhei diretamente para ele. Entretanto, depois da minha fala, o rapaz me segurou com mais força do que segurava anteriormente e levou o meu corpo para junto do seu.

— Você já quer ir embora? — Ele segurou mais forte a minha cintura após falar isso, e logo em seguida deu um jeito de parar de andar e virar o meu corpo contra o seu, nos fazendo ficar frente a frente. Não me restou muita opção a não ser deixar ser guiada e levantar o meu olhar para o seu rosto. Foi aqui que eu percebi que ele olhava o horário através do seu relógio de pulso. — Não são nem dez horas do dia…

Pensando rápido, achei que ele ia dar alguma desculpa esfarrapada para mim em relação ao horário. Por isso eu o interrompi no meio da sua frase.

— Doze de junho, dia dos namorados. Porém eu tenho que voltar para a minha casa uma hora, não? Tenho família, afinal de contas.

— É, mas a hora de nos separarmos não precisa chegar tão rápido — eu até ia lhe perguntar qual era o sentido dessa fala quando ele ajuntou o meu cabelo para trás com a sua destra, revelando o meu pescoço nu, antes de começar a espalhar selares por toda a extensão dele. Fez isso algumas repetidas vezes, as quais não foram interrompidas por mim em nenhuma hora, momentos antes de erguer os seus olhos puxados na direção dos meus. — Por isso eu queria te levar em casa.

Eu peço que se coloquem no meu lugar neste momento. Me levar em casa? Ele iria me acompanhar por mais de trinta quilômetros até São Paulo, sendo que ele morava em Guarulhos? Isso era loucura! Mais loucura ainda se formos levar em consideração que nós não nos conhecíamos tão bem assim para que eu o levasse até a casa da minha tia. E se ela não gostasse da visita repentina?

— Como me levar em casa? A minha tia não te conhece pessoalmente e fora da sua banda, ela pode virar uma fera se você for comigo!

— E você está achando que eu quero te levar na sua casa? Eu quero te levar é na minha casa!

Foi aqui que o buraco da história começou a ficar mais fundo. Me levar na casa dele? Esse "convite" era tão estranho e repentino que me fez ficar super desconfiada com aonde ele queria chegar. 

— Mas a gente se conheceu ontem, Alberto! Não sabemos muito mais do que o nome um do outro.

— Então tá, vamos jogar um jogo, o que acha? — Antes mesmo que eu pudesse ter a chance de responder um "não", ele deu início ao tal jogo. — O meu sobrenome é Hinoto, e o seu?

Cara, ele era insistente, muito insistente. Eu notei que quando surgia um obstáculo entre a gente, ele sugeria uma solução conjunta e já não era mais a primeira vez que isso acontecia. Não posso reclamar ou falar mal. Eu tinha uma personalidade extremamente parecida com isso — na verdade, se é que interessa, esse tipo de característica é muito comum entre quem cursa alguma engenharia, como eu. Eu gosto de pensar que engenheiros são algo como "resolvedores de problemas". E na nossa relação, o engenheiro era o Alberto. 

— Por que eu estou sentindo que esse joguinho não vai funcionar, mocinho?

— Porque você ainda nem tentou responder. Como vai saber se vai dar certo ou não?

Tá, ele tinha um belo ponto. Entretanto eu também tinha uma questão para levantar acerca disso: como estudante de cálculo, eu necessito ter um raciocínio lógico muito ágil. Diante de uma pergunta tão besta, eu saberia qual solução não seria a correta só de analisar o contexto e o enunciado, como era o que a minha razão gritava para mim naquele momento. Porém uma segunda parte de mim, a chamada emoção, sussurrava no meu ouvido dizendo que eu deveria escutá-lo e que eu poderia me arrepender depois se não o fizesse. Por fim decidi ouvir o meu lado emotivo e acabei entrando na brincadeira.

— O meu é Aikyo.

— Viu que não foi tão difícil? — Vamos relevar o fato de que eu quase bati nele outra vez depois do mesmo pronunciar isso, e vamos relevar ainda mais o fato de que ele foi mais ágil e conseguiu desviar com a maior facilidade do mundo do tapa que eu ia dar na sua cara e ainda portando um sorriso ladino nos lábios. — Eu tenho dezoito anos.

Eu vou explicar uma coisa pra vocês, leitores: até então eu era meio "pé atrás" com esse lance de ficar com gente mais nova. Quando a Ayumi me pedia conselhos amorosos sobre os seus ficantes, eu sempre perguntava a idade da pessoa. Se era mais novo ou mais nova, eu falava que não era uma boa ideia continuar com aquela pessoa.

Os meus pais possuem a mesma idade — apenas alguns meses de diferença —, e eu também tenho a mesma idade que o Kenzo. Então no momento em que o Alberto disse quantos anos tinha, eu realmente me assustei — ou melhor, me assustei tanto que quase engasguei com a minha própria saliva. Simplesmente esse lance não colaria comigo, levando o pensamento que eu tinha em dois mil e vinte e dois. A questão é que eu era uma nova Ahri nos anos noventa, não estava mais no meu tempo. Acredito que isso tenha me influenciado a pensar, de alguma forma, que um carinha apenas quatro anos mais novo que eu e ainda por cima maior de idade não teria problema em me relacionar.

Ou talvez eu ainda pensasse que não era bom ficar com pessoas mais novas, porém naquele momento eu me encontrava tão imersa no guitarrista que essa ideia caía por terra. O fato é que, depois do meu susto e "quase engasgo", eu não dei um fora nele. Pelo contrário, elevei as minhas mãos até repousa-las nos seus ombros e tornei a fitar-lhe nos olhos.

— Eu tenho vinte e dois.

Diante da minha fala, eu percebi que agora foi ele quem se assustou. Talvez não esperasse que eu tivesse tantos anos, não é? Geralmente quem me vê pela primeira vez costuma dizer que pareço ter dezenove. Eu já percebi que isso não acontece só comigo, mas com amarelos no geral. Eu só achava que isso não se aplicava ao garoto que me acompanhava. Ele realmente parecia ter dezoito.

— É sério? — Chegou a ser até um pouco engraçado o momento em que a sua face passou a portar uma expressão confusa enquanto me interrogava, me levando a balançar a cabeça para confirmar a resposta. Foi, então, que um sorriso ladino e até um pouco sarcástico surgiu nos seus lábios. — Então por isso você é tão interessante.

Por causa da minha idade? Ai, fala sério! Mesmo que ele gostasse de garotas mais velhas, eu não era interessante apenas porque tinha vinte e dois anos, quatro a mais que ele. Quatro anos não é nem uma diferença tão grande assim! Eu não levei a sua fala para o meu coração, mas mesmo assim deferi um tapa no seu braço direito, apenas para que ele ficasse esperto.

E o garoto pareceu gostar disso. Mesmo diante do meu ato repentino, ele sorriu ao ganhar o tapa como se tivesse ganhado um prêmio. Eu ainda ganhei um selinho nos meus lábios por ter batido nele! Leitores, me expliquem uma coisa: por que homens gostam de apanhar de mulheres? Sei lá, eu acho esse um fetiche meio exótico. Mas, enfim, vamos voltar ao assunto de antes.

— Eu estudo. Estou no último ano de Engenharia Aeronáutica — continuei a brincadeira anterior. Falar isso o fez parecer ainda mais interessado em mim.

— É mesmo? — Tal frase foi dita acompanhada de uma mordida no canto direito do próprio lábio inferior, que em seguida cedeu lugar a um sorriso ladino e extremamente sedutor. Sedutor, acho que essa era a definição perfeita. Eu simplesmente fui seduzida por aquele gesto. — Eu também estudo. Tô fazendo o primeiro período de Física na Universidade de Guarulhos.

— E eu estudo na ITA — eu juro, tive que fazer um esforço anormal para parar de olhar tão fixamente para a boca dele feito uma retardada e conseguir formular essa frase.

— Comandante Ahri, né? — Eu sabia que em algum momento ele falaria algo parecido com isso. Bem, eu não me importava quando faziam brincadeiras sobre eu estudar em faculdade militar. O meu treinamento já havia acabado, mas só por ter entrado lá, eu tinha acesso a coisas que só militares que tem. Eu passei pelo Centro de Formação de Oficiais da Reserva, eu sei manusear armas e sei o que fazer para não morrer em uma guerra. Se um dia o Brasil entrar em guerra e precisarem de mais gente para lutar do que aqueles que estão disponíveis no quadro de Oficiais Ativos da Aeronáutica, bom, eu serei convocada. Eu só não era comandante como ele disse, mas, bem, era melhor deixar isso pra lá neste momento, não?  — Então você vai todos os dias para São José dos Campos estudar?

Eu particularmente não achava o trajeto da capital até São José dos Campos demorado, mas não posso negar que era cansativo. Porém eu não tinha como me manter na cidade, estão sim, eu ia e voltava todos os dias de carona com o Kenzo. Antes de respondê-lo eu lembrei que, em dois mil e vinte e dois, o dia dos namorados tinha dado em um domingo, um dos únicos dias que eu tinha um tempo livre para sair — como estava fazendo naquele momento —, mas em mil novecentos e noventa e um aquela data tinha caído em uma quarta. Eu não podia falar que não tive aula naquele dia e no dia anterior, terça, quando o encontrei na casa de shows, porque obviamente em dias de semana eu teria faculdade e não teria como me encontrar com ele. Eu tive que inventar uma mentirinha de nada para livrar a minha barra…

— Ontem e hoje eu não fui, mas amanhã eu vou.

— E você estuda de manhã?

— De tarde, para dar tempo de chegar até lá — na verdade não era bem por isso. Os treinamentos militares aconteciam pela manhã, então eu não precisava estar lá naquele horário. As aulas mesmo se estendiam das duas até o início da noite.

— Interessante… — Interessante mesmo era ver como o garoto mordiscou o canto do lábio inferior novamente. Antes eu já estava fazendo um esforço para não ficar o tempo inteiro olhando para a boca dele, porém o seu gesto estava me dando uma vontade imensa de atacar os seus lábios. E foi o que fiz. Não seria mais a primeira vez naquela noite que eu tomaria as rédeas e avançaria sobre si, o fato é que na vontade eu não ia ficar. Segurando pela sua nuca, eu o trouxe para mais próximo de mim e selei os nossos lábios. A princípio o guitarrista pareceu meio surpreso com o meu gesto, mas assim que pedi passagem com a língua, ele cedeu rapidamente e me envolveu ainda mais nos seus braços. Eu até perdi a noção de quanto tempo ficamos desse jeito, mas eu sei que não foram poucos minutos. E eu só nos separei porque fiquei com falta de ar. — Você tá me deixando maluco me beijando do nada — foi o que ele disse assim que o meu olhar voltou a encontrar o seu.

— Você fica me provocando o tempo todo, quer que a minha reação seja qual?

— Eu não tô reclamando — acho que não cheguei a citar anteriormente, mas ele tinha o sorriso mais lindo que eu já vi na vida. E eu tive a total certeza disso depois que sorriu pra mim mais uma vez, agora me dando a confirmação de que sim, eu estava gamando nele. — Quanto mais você me beijar é melhor pra mim, porque eu amo o seu beijo.

Como eu recusava, gente? Mesmo que o meu lado racional me dissesse que não era uma boa ideia entrar naquele barco, o meu lado emotivo estava muito excitado com aquele carinha. Se eu não o visse mais, provavelmente sentiria como se algo faltasse em mim. Eu não podia perder a oportunidade de conhecer mais dele, eu sentia que precisava conhecer ele mais a fundo do que pensava. Raciocinando por este lado, de repente a ideia que ele havia tido antes de começarmos o joguinho de fatos um sobre o outro não me pareceu mais tão maluca, porque o propósito inicial dele era nos conhecermos melhor, o que, mesmo que inicialmente eu duvidasse, acabou acontecendo. Envolvi as minhas mãos sobre a nuca alheia enquanto reparava em cada traço da sua face.

— Vamos na sua casa — sugeri, por fim.

3555 palavras.

Ei pessoinhas, estão bem? Espero que sim!

Ou, eu estou postando esse capítulo e MOR.REN.DO de sono, eu juro! Mas tô postando agora justamente pra adiantar o meu lado e continuar indo escrevendo, literalmente, porque devo ficar mais um tempinho ausente só fazendo isso de novo.

Vocês gostaram do capítulo de hoje? Quais são as suas expectativas para o próximo?

É isso, me perdoem não colocar muitas notas finais hoje mas a titia aqui tá morrendo de sono mesmo, hahaha. Vou dormir!

Continue Reading

You'll Also Like

665K 32.4K 93
(1° temporada) 𝑬𝒍𝒂 𝒑𝒓𝒊𝒏𝒄𝒆𝒔𝒂 𝒆 𝒆𝒖 𝒇𝒂𝒗𝒆𝒍𝒂𝒅𝒐, 𝑨 𝒄𝒂𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒍𝒖𝒙𝒐 𝒆 𝒆𝒖 𝒂 𝒄𝒂𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒆𝒏𝒒𝒖𝒂𝒏𝒅𝒓𝒐...
197K 8.7K 23
Richard Ríos, astro do futebol do Palmeiras, tem uma noite de paixão com uma mulher misteriosa, sem saber que ela é a nova fisioterapeuta do time. Se...
633K 47.2K 101
Min Yoongi é um mafioso possessivo, arrogante e convencido Lia é uma jovem de 19 anos pobre e mestiça, metade coreana e metade brasileira, com uma pe...
3.9M 176K 71
📍𝐂𝐨𝐦𝐩𝐥𝐞𝐱𝐨 𝐝𝐨 𝐀𝐥𝐞𝐦ã𝐨, 𝐑𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐉𝐚𝐧𝐞𝐢𝐫𝐨, 𝐁𝐫𝐚𝐬𝐢𝐥 +16| Victoria mora desde dos três anos de idade no alemão, ela sempre...