Caminhei em passos rápidos para o pátio do colégio, onde me joguei, inspirando todo ar pelas minhas narinas, e expirando lentamente na tentativa de me acalmar. O que eu estava fazendo com a minha vida? Elevei meus pensamentos para o alto. Ser amiga daquelas garotas fúteis não estava me fazendo bem, eu estava sufocando a minha fé e quem eu realmente era.
Ouvi o barulho de alguém que caminhava devagar pela grama atrás de mim. Enxuguei uma lágrima solitária que fazia uma torta curvas em meu rosto, e me virei para ver quem acabava de tirar minha paz. Senti meus ombros se enrijecerem quando vi o garoto que me encarava de pé com suas mãos no bolso.
- Está tudo bem? - Pedro perguntou sentando-se ao meu lado.
- Está. - Respondi seca de expressão fechada, evitando de olhar em seus olhos. A sua presença me incomodava.
- O modo como você saiu do refeitório dizia o contrário.. - Ele falou e sorriu. Tinha os braços em voltos da sua perna direita e apreciava o paisagem que naquela manhã estava pesada e sem vida. Revirei os olhos sem que ele visse e lhe olhei pela primeira vez.
- E o que isso diz respeito a você? - falei indiferente, e sentir-lo corar - A minha vida não deveria te interessar.
Me levantei irritava com o Pedro, quem ele pensava que era para tomar a liberdade de vim até mim e procurar saber sobre a minha vida? O meu erro foi ter dado brecha de mais dizendo que aceitava sair com ele sobre pressão da Elisa. Por esse motivo, nunca gostei de fazer nada sobre pressão de outras pessoas, eu sabia que iria me arrepender depois. Caminhei pelo campo deixando o garoto sentado sozinho e escolhi um outro lugar mais calmo e afastado para orar.
Mais a frente, existia uma arvore grande e velha, ela era bastante bonita com suas folhas verdes e troncos grossos, senti uma paz ao olhar-la, e na mesma hora, soube que ali era o lugar perfeito. Sentei encostada na árvore sentindo a grama pinicar minha calça.
Fechei os olhos devagar, respirando fundo mais uma vez, eu precisava de foco para ir ao lugar que eu sempre visitava em momentos difíceis de minha vida. Era assim que eu fazia, Deus e eu, tínhamos um lugar secreto que somente nós conhecíamos e sempre nos encontrávamos neste lugar. Eu tinha aprendido aquilo com uma amiga minha, a Natasha. Antes que ela viajasse com o seu pai, que era pastor da nossa igreja, ela tinha me ensinado a orar daquele jeito. Primeiro, fechamos os olhos, respiramos fundo várias vezes até sentir o corpo relaxar, depois imaginávamos um lugar calmo e tranquilo, podíamos escolher, uma praia, um casa, uma floresta... existia uma variedade de lugares que podíamos adotar. O meu lugar predileto era um bosque, e era lá que eu me encontrava com Jesus, era ali aonde conversávamos e trocávamos caricias. Eu nunca via o seu rosto quando ele estava em forma humana, as vezes Ele aparecia como um lindo leão branquíssimo e alvo.
Eu precisava me encontrar com Ele naquela tarde, eu precisava ir até o bosque lhe perguntar o que eu deveria fazer. Me concentrei mais uma vez e fui levada ao meu lugar desejado.
"Caminhei pelo bosque até encontrar a linda laranjeira aonde eu sentava para encontrar Jesus. Mas, algo estava estranho, não tinha ninguém lá, Jesus não estava lá. Eu não entendia o porquê daquele lugar estar vazio, afinal, antes mesmo que eu chegasse, meu Pai já estava lá me esperando. Gritei o seu nome.
- Jesus? Pai? Aba??
Mas não obti respostas. Uma tristeza tomou conta do meu coração. Corri pelo bosque segurando meu vestido branco, procurando-lhe. Mas ainda assim, não encontrei ninguém. Aos poucos, a luz do céu ia se apagando e as árvores, flores, nuvens e o chão ia sumindo, até que eu não estava mais lá, não estava em lugar algum."
Abrir os olhos desesperada, o que tinha acontecido com o bosque? Aonde estava Jesus? Tentei fazer uma oração normal, mas as minhas palavras pareciam se ir ao vento. Eu não sentia a presença de Deus e tinha a certeza de que Ele não me ouvia mais. Uma angústia tomou conta de mim, sentir vontade de chorar. Procurei o número da Natasha, ela deveria ter alguma resposta para aquilo, afinal, ela tinha me ensinado a orar naquela maneira em momentos especiais da vida.
MAJU:
Nana, como você está?
Uma coisa horrível aconteceu, estou precisando de você agora.
Eu não consigo encontrar o bosque!!
Me ajude.
Desliguei o celular ainda abalada. Voltei para a sala de aula com o pensamento longe e a alma fraca, sem Jesus, o que eu faria? Ele não estava mais me ouvindo.