Em toda a minha vida, eu nunca senti uma angústia tão grande quanto agora, enquanto eu e Draco andamos pelos corredores da mansão Malfoy, sendo observados por vários camaradas, todos eles nos olhando com um misto de inveja, deboche e sede de sangue.
O dia tinha começado extremamente normal para uma mansão que não tinha mais dias de paz, o que eu já deveria ter suspeitado que não era um bom sinal desde o começo.
Flashback on
O café da manhã estava agradável; a tranquilidade de uma missão bem-sucedida veio como uma onda de sorte, já que fazia quatro dias que nada de ruim acontecia nessa mansão. Bom, nada que já não soubéssemos.
— Mileide Lynx, mestre Draco — Oscar apareceu na sala de jantar nos chamando.
— Sim? — Respondi, olhando-o de cima a baixo; ele parecia ainda mais nervoso do que o normal.
— O lorde das trevas está chamando por vocês dois — Ele disse, tremendo ainda mais ao pronunciar tais notícias.
O que fez Severus, Narcisa e Rodolphus pararem de comer imediatamente e nos olhar.
— Certo, estamos indo. Obrigado, Oscar — Draco fala com uma nova máscara de frieza no rosto, onde antes estava um perfeito sorriso tranquilo.
— Seja o que for, aceitem sem perguntar o porquê, o motivo ou as circunstâncias — Severus fala em um tom de ordem.
— Você sabe o que é essa missão secreta, padrinho? — Draco pergunta.
— Não, o lorde vem mantendo segredo sobre isso — Ele fala, massageando as têmporas.
— Vão logo; melhor não incitar a raiva dele — Rodolphus aponta a cabeça para a porta da sala de jantar.
Draco e eu saímos então, sem dizer nenhuma palavra, apenas de mãos dadas, fortalecendo nossas paredes mentais para o que estivesse vindo.
Assim que chegamos perto da sala de jantar principal, nós nos afastamos um pouco; mostrar afeto perto do lorde não era nada inteligente. O mal amado odiava ver pessoas felizes; ele conseguia ser pior que um dementador. Eles, ao menos, foram criados para esse propósito. Esse mestiço imundo se tornou um sugador de felicidade e esperança por vontade própria, patético ao ponto de chafurdar em feiura, trazendo do interior para o exterior sua face horrível.
— Gosto da pontualidade de vocês dois — O lorde fala, nos olhando. — Então tenho certeza de que vocês dois vão cumprir, no tempo exato, essa missão.
Draco e eu apenas nos olhamos rapidamente e voltamos nosso olhar para o lorde.
— Sim, mestre — Dissemos em uníssono.
— A sua missão, Draco, será matar Albus Dumbledore...
E eu sinto meu coração parar. Draco fica ainda mais pálido do que humanamente possível, e um quase imperceptível sorriso surge na face sem nariz do maldito Voldemort. Ele quer o nosso fracasso para que finalmente possa nos matar. Se nem mesmo ele conseguiu tal feito, como Draco poderia fazer isso?
— Sim, mestre — Draco milagrosamente consegue responder sem transparecer o medo, o choque e a incredulidade que ele deve estar sentindo no momento.
— Lynx, você é uma garota esperta. Tenho certeza de que conseguirá levar para dentro de Hogwarts alguns Comensais da Morte para causar uma pequena destruição e me informar se a missão foi realmente bem-sucedida — O lorde fala sério.
— Sim, mestre — Falo com um aceno de cabeça.
O maldito ainda quer tal feito praticamente impossível, com toda aquela magia de proteção e os impedimentos de aparatação em toda a estrutura do castelo. Tudo o que acontece lá, Dumbledore fica sabendo.
— Devo informar que a falha de vocês é inadmissível? — O lorde pergunta de forma arrastada.
— Não há nada com o que se preocupar — Draco fala.
— É por isso que gosto de vocês — O lorde fala com um sorriso irônico. — Agora podem se retirar.
Então, saímos da nossa própria sala de jantar para começar nossa caminhada excruciante até a ala leste, onde vamos poder finalmente digerir essa missão.
Flashback off
Assim que chegamos à sala, Severus, Rodolphus, Narcisa e até mesmo Bellatrix nos aguardavam.
Draco foi direto para a mesa de bebidas, onde tomou um gole rápido de Whisky de Fogo, servindo outro copo bem generoso para ele e para mim, o que fez Severus arquear uma sobrancelha.
— Certo, qual é essa missão? — Severus pergunta finalmente.
Então, eu começo a rir, o que faz todos me olharem chocados, e eu rio ainda mais, até que finalmente começo a chorar, com as barreiras da minha mente rachando e deixando emoções indignas passarem sem o meu controle.
— O desgraçado quer que Draco mate o grande Alvo Dumbledore — Falo em um brinde falso, assim que consigo controlar o desastre que ocorre na minha mente.
O que faz todos engasgarem, e Narcisa se levantar preocupada, nos olhando implorando para dizer que é mentira.
— Por Merlin — Rodolphus se levanta, indo se juntar a Draco na janela.
— Como se isso não bastasse, ele quer que Lynx coloque para dentro de Hogwarts alguns comensais da morte — Draco ri com incredulidade, também levantando o copo em um brinde.
— Isso é...
Bellatrix começa a dizer, enquanto caminha até Narcisa, que começava a chorar.
— Isso é suicídio — Rodolphus completa de forma rápida, o que faz a mesma revirar os olhos.
— Ele quer punir a todos, o fracasso de Lúcio e Bart, o fracasso de Bellatrix, e agora ele conta com o fracasso de Draco e Lynx também — Narcisa diz com um suspiro trêmulo.
— Certo, vamos levar para a invasão de Hogwarts... Aleto e Amico Carrow e o Greyback — Severus fala, se movendo pela sala pensativo.
— Eu também — Bellatrix guincha.
Severus apenas revira os olhos para a mesma.
— No ano passado, os gêmeos Weasley forçaram o idiota do Graham Montague a entrar dentro de um armário sumidouro. Montague disse que aparatou de dentro dele e que parou em um lugar semelhante a um limbo, onde ele escutou alguns barulhos exteriores — Draco fala, olhando para Severus.
— Todo armário sumidouro tem um par igual; o de Hogwarts provavelmente está quebrado, então tem que ser consertado — Severus deduz.
— Aonde está seu irmão, então? — Pergunto.
— Borgin e Burkes é um bom lugar para pesquisar, já que armários sumidouros não são bem vistos — Bellatrix fala algo útil.
— Isso não é tão importante — Falo, me levantando. — Como vamos matar Dumbledore? — Pergunto para todos na sala.
— Avada kedavra — Bellatrix diz como se fosse a coisa mais óbvia.
— Claro, como eu não pensei nisso antes — Falo, rindo em descrença.
— Por favor, Severus — Narcisa diz, chorando.
— Draco — Severus se vira para o mesmo.
— Vou tentar algumas coisas; um ataque direto não vai funcionar, obviamente — Draco fala, olhando para Bellatrix. — Se nada funcionar, conto com a ajuda dos invasores de Hogwarts para distrair o velho.
— Certo, a invasão tem que ocorrer primeiro, então vamos atraí-lo para a torre de astronomia — Falo, abraçando Draco de lado.
— Depois de amanhã, temos que ir ao Beco Diagonal; podemos procurar o armário e algumas outras coisas para ajudar vocês — Narcisa diz, um pouco mais composta.
Assim que tudo se acalmou um pouco, fui com Draco para o nosso quarto.
Onde nos deitamos, abraçados e contemplando nossas vidas em silêncio, e conjecturando alguns planos, até que, por fim, dei uma poção sem sonhos para Draco e eu mesma tomei outra.
A luz de um sono reparador estava a milhas de distância de mim, já que novamente me encontrava acordada durante a madrugada. Mesmo tomando poções para dormir, pelo menos estava consciente, então talvez fosse uma vitória no final.
Já que não voltaria a dormir, fui dar uma volta pela ala, ver se tudo estava em seu devido lugar, talvez até mesmo fazer algumas poções, pesquisar feitiços de assassinato, veneno e como consertar um armário sumidouro, qualquer coisa que pudesse nos ajudar no momento.
— Severus — Falo, pegando-o quase na entrada da ala já.
— O que faz pelos corredores a essa hora? — Ele replica.
— Ainda não estamos em Hogwarts, professor — Falo, sorrindo.
O que o faz revirar os olhos.
— Aonde está indo com tanta pressa? — Pergunto novamente.
— Reunião da Ordem da Fênix — Ele fala, não muito contente com a minha insistência.
— O lado da luz não tem respeito algum pelo sono de vocês — Falo, cínica.
— Como se algum de nós fosse dormir depois de hoje — Ele retruca, me olhando de cima a baixo.
— Tenha cuidado, Seve, o lorde anda te observando minuciosamente — Falo de maneira preocupada agora.
— Não precisa se preocupar comigo, sei me cuidar — Ele bate a mão na minha cabeça, um modo estranho de dar conforto.
— Acho que você está se tornando um suicida, Seve — Falo, séria.
— Vá para seu quarto, Lynx, está tarde e Draco precisa de você — Severus fala, se virando, sem me dar mais atenção.
— E nós precisamos de você, então tente não se matar, não podemos nos dar ao luxo de perder você também — Falo, também me virando.
No final, só escuto a porta se abrindo e se fechando novamente, e, com um suspiro de resignação, vou em direção ao meu quarto novamente, com a esperança de que Severus seja realmente inteligente e não se mate por uma causa que pode ser perdida.