A Esperança Em Seus Olhos.

By babyangelsx

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Jimin nunca fora de se admirar, nunca chegou à se amar de verdade e muito menos se considerava atraente. E va... More

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Eu queria ser como uma criança
Cheia de esperança e feliz
E queria dar tudo que há em mim
Tudo em troca de uma amizade
E sonhar, e viver
Esquecer o rancor
E cantar, e sorrir
E sentir só o amor.
Lílian.— Sou rebelde.

JIMIN.

Segunda feira.

Busan. 06:30 AM.

Sabem aquele sentimento ruim que insiste em ficar em você? O sentimento de aperto no peito, da falta de ânimo, da tristeza totalmente descomunal consumindo seu corpo, da vontade de chorar quase que lhe matando por dentro, da vontade de algum dia ser alguém feliz e normal, do arrependimento de algo que fez ou deixou de fazer, da vontade imensa de sumir e nunca mais voltar ou talvez até da vontade de dormir e nunca mais acordar.

Mas sabe o que era pior de tudo isso? Era a sensação de estar sujo.

Era esse sentimento que Park Jimin carregava em seu peito desde a infância. E vai por mim, não era porque ele queria, e sim, porque aquela coisa ruim insistia em lhe perseguir, mesmo que tanto tempo se passasse.

Park era um garoto totalmente diferente dos outros. Ele era especial e muito, muito bonito. Mas a verdade, era que ele não acreditava em nada disso.

Ele não conseguia enxergar o quão bonito e incrível ele era. Não conseguia enxergar nada de bom a não ser tantos defeitos que ele mesmo havia criado em sua cabecinha.

A real é que Jimin já ouviu tanta coisa ruim sobre sua aparência, que chegou ao ponto de se odiar por completo. E ele se odiava tanto, que nem mesmo o seu jeito escapava — este que para muitos, era extremamente adorável! Mas aos olhos do loirinho, era umas das coisas que ele mais odiava em si mesmo.

Não havia exatamente nada que ele gostasse sobre sua aparência. E aquilo, de alguma forma, o magoava. Porque não teve um único momento em sua vida que se olhou no espelho e gostou pelo o menos um pouco do que via, nem mesmo quando mais novo.

A verdade era que esse sentimento de insuficiência sempre o acompanhou, não importasse onde estivesse, e também não importasse tantas palavras de apoio e carinho que escutasse vindos de sua mãe.

Já haviam se passado um pouco do horário adequado ao se chegar quando ele entrou na sala de aula, fechou a porta atrás de suas costas e num instante sentou-se junto aos demais, onde os cumprimentou com um leve sorriso de canto nos lábios e seguiu prestando atenção na explicação do professor.

Ou talvez não.

Park passou a aula toda com o pensamento à mil, e com a mente totalmente distante de tudo. Não era a primeira vez que se sentia assim, aquele sentimento ruim de não ser bom em nada e a sensação de estar sendo julgado por todos ao seu redor, sempre lhe perseguiam e martelavam sua cabeça como nunca antes.

Ele sentia vergonha.

Vergonha do seu jeito, da sua aparência, da sua voz, do seu andar, de tudo.

O negócio é que ele já havia passado por tantas coisas, por tantos momentos de humilhação que ser observado para ele havia se tornado um grande pesadelo, porque ele sentia medo do que iriam pensar ou falar. Aquilo lhe sufocava de um modo sem igual, de um modo que lhe dava vontade de gritar até que suas últimas forças vocais chegassem ao fim e ele finalmente desmaiasse sobre o chão, fraco e derrotado.

Aquilo era horrível.

Era horrível você não se sentir bem consigo mesmo, horrível não se reconhecer, horrível odiar cada mínimo detalhe de sua aparência, características, manias e jeito.

Não gostava de quando o elogiavam, pois sabia que era tudo mentira. E quando isso acontecia, ele discordava de tudo, dizendo tudo ao contrário. Mas quando outras pessoas faziam comentários negativos sobre ele — por mais que não fossem nada intencionais — ele era o primeiro a se levantar e concordar.

Mesmo que ele mudasse o cabelo, comprasse roupas legais para vestir, perdesse bastante peso ou fizesse qualquer outra coisa para mudar sua aparência, aquele sentimento de vazio e insuficiência ainda existiriam ali, preso em seu peito.

Quando o sinal finalmente tocou para a troca de professores, todos saíram da sala e se encaminharam para fora. O loirinho fez o mesmo, sentando-se em algumas das diversas cadeiras que haviam ali no segundo andar de cima junto de alguns colegas. Outros alunos também saiam de suas salas, provavelmente para suprirem suas necessidades antes do próximo professor entrar e dar aula. Porém outros, apenas conversavam pelos corredores e mexiam em seus celulares.

Jimin fazia o mesmo, sentado naquele banco com alguns colegas de classe, lia pelo celular uma história que tinha num aplicativo que sempre usava.

Mas parece que toda a concentração na leitura fora em vão.

Pois os pensamentos ainda continuavam ali, e com mais intensidade. Para ser bem sincero, eles nunca haviam ido embora. E aquilo incomodava o loirinho ao extremo, porque ele não conseguia se concentrar em algo que parecia tão simples pelo fato de estar com os diversos pensamentos negativos sobre sua aparência rondando em sua cabeça.

Ele então desligou o aparelho e o colocou no bolso da calça novamente, desistindo totalmente de tentar ler algo. Suspirou fundo, olhando para os vários alunos que estavam ali, conversando.

Todos ao seu redor pareciam tão contentes. Tão bem consigo mesmo, tão confiantes de suas aparências, tão leves e seguros de qualquer coisa que fizessem.

Park sentia inveja.

Sentia inveja porque nunca se sentiu como eles, nunca esteve bem consigo mesmo e muito menos chegou a se amar alguma vez. Aquilo o chateava tanto que sentia vontade de chorar até que seus olhos explodissem e saltassem para fora de seu crânio.

— O professor de matemática faltou?! — Jihoon, que era da mesma sala que Jimin, perguntava para Sana, uma de suas amigas que era de outra série.

— Sim! Vamos até sair mais cedo, já que o último tempo era com ele.— ela explicou, o que rapidamente fez com que o garoto soltasse um "yes!" em forma de comemoração.

— Então se é assim, o que acham da gente descer para o pátio e jogar uno lá em baixo? — ele se voltou para os amigos de sua sala, esperando por uma resposta.

E é claro que todos concordaram.

— Seungkwan, podemos pegar seu uno para jogarmos lá embaixo? — Yeji, amiga de Jimin e a mais engraçada e encantadora da sala, chamou a atenção do outro que passava por ali.

— Ih... acabei de lembrar e acho que as cartas estão molhadas.— ele se recordou da forte chuva que pegou na tarde passada enquanto voltava para casa.— Mas podem pegar! Eu também quero jogar.

— Aí! Obrigada, lindo! Você é um querido mesmo.— ela sorriu, indo até a sala e buscando as cartas. E quando fora outra vez, já com o brinquedo em mãos, chamou os demais para descerem até o pátio. Não se esquecendo de Jimin, este que parecia focado em seus pensamentos.— Jiminnie, vamos para o pátio com a gente!

O loirinho escutou a voz sempre tão doce e educada, e assim a acompanhou.

Já embaixo da árvore do pátio, sentado sobre á mesa com os colegas em volta e os baralhos espalhados em cada mão de quem se reunia para jogar, iniciavam a brincadeira.

— Eu começo! — e como sempre, Yeji nunca deixou de seu tom brincalhão e jeito engraçado de lado. Ela começou deixando uma carta sobre a madeira marrom, e em seguida prosseguiram com o jogo.

Jimin os observava sentado no banco um tanto distante e, vezes ou outra, seus olhos caiam sobre Yeji. Esta que estava sentada de pernas cruzadas sobre a mesa, com um belo coque desajeitado formado em seu cabelo e o lindo delineado — que já era um charme dela — desenhado rente aos seus olhos tão encantadores quanto.

Yeji era a única pessoa mais próxima que Jimin tinha na escola. Se conheceram no primeiro ano do ensino médio, e agora, já estavam quase concluindo o terceiro ano.

Jimin às vezes parava para lhe observar, e percebia o quão importante era sua amizade com ela. Ela não só era engraçada, como também era uma ótima companhia que conseguia lhe ajudar em momentos complicados.

E além de ser uma pessoa tão doce e gentil, Yeji era bonita. Bonita não, bonita seria muito pouco para descrever o quão bela e formosa ela era.

Era alta, tinha cabelos escuros e curtos, que um dia pintou e também os cortou. Corpo magro e desenhado, olhos castanhos e bem redondos, rosto límpido, delicado e definido, sorriso um tanto amarelado, com dentes lindos e sem nenhuma imperfeição.

Uma verdadeira deusa.

Jimin a admirava muito, e se orgulhava pela pessoa que ela estava se tornando.

Resolvendo tentar distrair-se, tirou o celular do bolso outra vez e abriu no joguinho que sempre jogava. Ele ficou ali, concentrado com as mãos atentas à qualquer movimento da cobrinha para que não acabasse perdendo. Mas por azar ou sorte, acabou falhando. Ele não desistiu, tentou uma vez, duas vezes, três vezes e na quarta tentativa que mais uma vez veio à derrota, desistiu e guardou o aparelho no bolso da calça novamente.

— Jimin! — ele olhou para o lado, tentando encontrar a voz animada que chamará por seu nome. Até conseguir enxergar Mark, seu único colega de outra classe, se aproximar e sentar-se ao seu lado.— Jimin, pode ir ali comigo? Quero comprar leite de banana, e não quero ir sozinho.

Sozinho.

Sozinho era como Jimin se sentia todas às vezes que estava na escola ou até mesmo quando chegava em casa. E sinceramente? Aquilo não o incomodava. Porque ele sentia que merecia ficar sozinho, sem amigos, sem amor, sem atenção.

A verdade é que Jimin já foi tão humilhado, tão mal tratado que ele simplesmente havia se acostumado com tudo aquilo e acabou. Na cabeça dele, ser humilhado, mal tratado e desprezado pelos outros, era algo normal.

E aquilo era horrível.

Era horrível porque ele aceitava e deixava que as pessoas fizessem o que quisessem consigo, por mais que não fosse nada legal.

E mesmo que não quisesse e não estivesse num bom momento, ele se levantou sorridente, assentindo com a cabeça como se mostrasse ser a pessoa mais alegre já existente.

O maior erro de Jimin era sempre tentar agradar as pessoas, por mais que aquilo, no fundo, não o agradasse de volta. Parecia que sempre colocava os outros em primeiro e o deixava por último, esquecendo totalmente de si mesmo.

Mas ele já estava acostumado à fazer isso. Até por quê, não queria afastar as pessoas só porque simplesmente não queria fazer algo que não quisesse e não tivesse vontade, não seria egoísmo da sua parte não fazer o que seus amigos pediam?

Ele sempre pensava assim.

— Será que ainda tem pelo o menos o meu leite de banana ou um bolinho de arroz sobrando? — Mark perguntou, interessado. Enquanto agora andava ao lado do loiro e parecia fuçar em algo no telefone.

— Acho que sim. Ainda nem é recreio.— lembrou, deixando um suspiro escapar ao passo que observava o lugar em sua volta.

— Estou tentando pagar pelo aplicativo, mas não está dando certo! Inferno! — ele bufou, ainda lutando com aquilo. E quando adentraram o refeitório, se aproximaram e sentaram-se num banco próximo da cantina.— Quer experimentar meus óculos?

Jimin o viu estender a mão com o objeto — este que até então, nem havia percebido que estava ali — enquanto a outra, ainda segurava o aparelho telefônico.

— São de graus? — quis saber, e o mais velho somente assentiu.

Ele apanhou os óculos azuis e colocou sobre os olhos, e quando o fez, sentiu-se surpreso.

— E ai? — Mark perguntou, curioso. Vendo tamanho encanto no olhar do loirinho, este que ao olhar para todos os cantos via que não estava tudo um tanto embaçado como sempre enxergava.

— Estou enxergando tão bem...— sorriu fraco, ainda desacreditado.

— Meu Deus, Jimin! Você também precisa de um óculos.— ele riu, colocando uma das mãos sobre a boca.

— É, eu acho que sim...

— Você precisa primeiro consultar sua vista, para ver como ela está e ver também quantos de graus precisa. E aí, só depois disso que vão te dar um papel para você ir até uma ótica e conseguir um óculos também.— explicou, e Jimin prestou atenção em cada palavra que ele dizia.

— Vou falar com minha mãe. Minha vista não está muito boa...— confessou, tirando os óculos da face e os analisando melhor.

— Fale mesmo, Jimin. Isso é sério.— aconselhou, voltando a atenção para o celular e no mesmo instante explodindo de raiva ao mais uma vez lutar com o aplicativo e não conseguir.— Aí, não vou mais comprar porra de leite de banana, não! A fome que espere!

Ele se levantou irritado, e Jimin se viu na obrigação de acompanhá-lo também. Voltaram para o mesmo lugar que o loirinho estava sentado antes e só assim que entregou de volta os óculos em suas mãos.

— Vou encontrar alguns amigos, Minnie. Até mais! — mal havia se sentado sobre a mesa e Mark logo avisou, já saindo para longe.

Ele não fez cerimônias, não insistiu que ficasse e muito menos foi atrás. Somente o deixou ir, até porquê Mark tinha amigos, tinha alguém para conversar e passar o tempo.

Mas Jimin, não.

Jimin sempre foi sozinho, isso desde quando ele finalmente entendeu que, não importasse quanto tempo se passasse, e também não importasse o que ele fizesse, ele sempre seria só mais um fodido sem amigos.

E na real? Aquilo doía, doía demais. Mas a verdade era que ele já havia sentido tanta dor que aquela simples dorzinha não era nada perto das outras.

Ele havia aprendido a lidar com aquilo, havia aprendido a lutar e também havia aprendido a não ligar.

Porque de verdade? Não era como se ligar para aquilo fosse resolver todos os seus problemas, então ele preferia deixar de lado e pronto, simples assim.

Seus companheiros de sala ainda jogavam animadamente sobre a mesa, davam gritos quando alguém ganhava e faziam o maior fuzuê.

Jimin gostava daquilo.

Gostava de ver as pessoas felizes, por mais que estivesse num grande dia de merda.

E mais uma vez, se pegou perdido em seus pensamentos.

Por quê tudo tinha de ser tão complicado? Por quê não podia seguir uma vida normal e viver como qualquer um outro? Por quê aquele sentimento ruim sempre o acompanhava em qualquer lugar que fosse? Por quê? Por quê tudo isso?

Era tão difícil, tão complicado.

Jimin sentia vontade de chorar, de fugir para algum lugar onde encontrasse paz e finalmente fosse feliz.

Mas sabia que isso jamais fosse acontecer.

— Olá, boa tarde á todos! — a voz máscula e estridente se tornou presente, ecoando pelo pátio da escola. Jimin olhou para o lado e num instante viu um rapaz parado sobre um pequeno "auditório" que organizaram ali — este que mais uma vez, nem se quer havia percebido que estava ali — enquanto ele continuava a falar no microfone e pedia para que os alunos ali no pátio se aproximassem.

Jimin sabia muito bem o que tudo aquilo se tratava, e não gostava nenhum pouco da ideia de participar de uma palestra.

Sendo assim, se levantou, e sem muita pressa, caminhou até o banheiro do andar de cima, trancando-se em uma das cabines.

A primeiro momento, sentou-se sobre o vaso, mas quando sentiu seus olhos esquentarem em lágrimas teimosas que insistiam em se acumularem ali, foi ao chão. Não se importou se o piso estava sujo, ou se sua bunda ficaria toda empoeirada depois, ele só queria desabar.

E assim fez, como nunca antes.

Chorava por vários motivos. E eram tantos, mas tantos, que se fosse parar para contar, jamais conseguiria se expressar de forma correta.

Com a cabeça deitada sobre os joelhos, Jimin sentia as lágrimas molharem seu rosto em pura angústia e tristeza. Ele sentia seu peito doer, mas não era uma dor qualquer, era uma dor emocional. E ele com certeza preferia mil vezes se machucar fisicamente, do que sentir aquele sentimento horrível lhe matando por dentro.

Ele fechou os olhos, tentando esquecer um pouco de tudo aquilo e somente se concentrando na calmaria que pairava ali. Não ligou para o barulho que vinha do pátio, não ligou que estivesse perdendo a palestra, não ligou que, talvez, mais tarde fosse condenado por aquilo.

Ele só queria ficar sozinho.

E aquilo era preciso.

Era preciso se isolar para que não acabasse se desmanchando na frente de alguém, para que no final não o vissem e fizessem a típica pergunta do "o que aconteceu?" enquanto fingiam preocupação, mas no fundo, bem no fundo, só quisessem descobrir o "babado".

Jimin derramou tanta lágrima naquele banheiro, que acabou perdendo a noção do tempo. E quando se deu conta, o tiozinho que era responsável pela limpeza do lugar, já batia na porta, querendo saber se de fato havia alguém ali, já que estava tudo tão silencioso.

—.... tem alguém aí? — podia ouvir a voz envelhecida do outro lado da porta, o que fez Jimin levantar-se tão rápido quanto a luz do dia.

Ele secou as lágrimas do rosto e "arrumou" os cabelos, ajeitando a roupa e logo em seguida saindo da cabine em que estava.

— O que fazia aí, garoto? — o velho não tardou ao perguntar, quando finalmente observou o rosto avermelhado e os olhos inchados.

— E-eu...— tentou dizer, mas nada saiu.

— Pobre garoto... não é bom ficar trancafiado no banheiro por tanto tempo.— ele o aconselhou, balançando a cabeça em negatividade.— Ande, saia e vá tomar uma água.

Jimin, ainda de cabeça baixa, passou por ele sem nem se quer lhe direcionar mais uma única palavra. E agora, descendo as escadas, caminhava até o campo que tinha logo na parte de trás da escola.

Todas as vezes que se sentia assim, que precisava de um tempo sozinho, que os problemas surgiam e lhe atormentavam como se fossem o maior trauma de uma criança na infância, ele corria para lá e se sentava sobre o banco branco e antigo da escola.

Não sabia o por quê, não sabia o motivo. Mas todas as vezes que fazia isso, conseguia finalmente sentir a paz, mesmo que por poucos segundos.

E seus passos só foram cessados quando avistou Lisa, uma de suas colegas de classe que estava no mesmo corredor em que passava. Ela parou e lhe encarou assustada com uma certa curiosidade.

— Jimin, céus! Onde esteve? Está tendo aula de física agora, amor.— ela informou.

— Eu sei, eu só... só sai para pensar um pouco.— explicou-se, de olhar baixo, ainda sem a encarar nos olhos.— Eu... eu acho que já vou vindo.

— Vai aonde? — perguntou, curiosa.

Ali, agorinha volto.— foi o que respondeu, quando finalmente a olhou e forçou um sorriso fraco.

— Mesmo? — Lalisa ainda tinha suas dúvidas. Aquilo não era a primeira vez que acontecia, e foi por isso mesmo que resolveu não insistir.— Tudo bem. Se cuida, viu? Cuidado para a inspetora não te ver!

Sentiu a mais velha apertando de leve seu ombro, antes de ir e o deixar ali.

Ele simplesmente não se importou e voltou com a sua caminhada até o campo. E quando por fim chegou, foi se aproximando aos poucos do banco velho que tinha um tanto afastado do restante do gramado e se sentou, onde respirou fundo e observou o céu com poucas nuvens cinzentas e outras quase que sem cor.

E foi aí que o nó na garganta se fez presente junto com uma vontade imensa de chorar, trazendo consigo as diversas lágrimas que se acumulavam em seus olhos e logo em seguida desciam sobre o seu rosto pálido e delicado.

O campo sempre fora um lugar calmo, um lugar que lhe trouxesse um pouco da paz que nunca teve e o pingo de esperança que se quer um dia sentiu.

Mas naquele dia, naquela manhã sentado sobre o banco com a cabeça baixa e a respiração descompassada, desabou.

Ele não queria mais sentir aquela sensação. Não queria mais se olhar no espelho e não gostar do que via, não queria mais se privar de sair de casa por não se sentir bem consigo mesmo, não queria mais passar dias sem comer para que no final perdesse apenas míseras gramas, não queria mais se sentir tão inferior perto de outras pessoas, não queria mais sentir tanta vergonha de si mesmo, não queria mais ter que viver com todo aquele sentimento ruim lhe consumindo.

E se fosse ter que viver assim, desejava que nem vivesse mais.

Ele soltou um leve riso forçado, achando graça do momento que se encontrava.

— Engraçado que...— ele começou.— Até da minha voz eu não gosto.

E ele riu de novo, riu porque acabava por achar engraçado e porque, às vezes, findava por chorar tanto que no final o que lhe restava, era apenas rir.

Mas aquele riso sem graça e claramente forçado fora ficando intenso, e de repente, aos poucos se tornou num choro repleto de mágoa, dor, e sofrimento.

Aquilo parecia não acabar nunca. Parecia que só ia ficando cada vez mais pior e nada nunca mudava, não importasse quanto tempo, anos, ou até mesmo séculos se passassem, ainda continuava tudo a mesma coisa.

Como um grande loop sem fim.

Jimin então levantou os olhos ao céu, este que parecia ainda mais fechado desde quando chegou ali, e questionou á Deus:

— Por quê precisa ser assim? Por quê... por quê que eu não posso ser feliz como eles? Por quê que a minha vida é assim? Por quê? O que eu fiz pra você? — ele perguntava tudo encarando o céu nublado, sentindo as lágrimas molharem sua face.

Jimin quase nunca tivera uma conversa com Deus, quase nunca mantinha contato e pela primeira vez na vida, gostaria de ouvir sua resposta. Mas uma resposta verdadeira, uma resposta que realmente fosse acabar com suas dúvidas e indagação, não uma simples resposta que, mesmo depois de explicada, ainda assim o deixasse confuso e pensativo.

Ele queria a verdade.

Porque ele simplesmente não entendia. Não entendia nenhum pouco o fato de sofrer tanto sendo que nunca fez um mal à se quer uma mosca. Sendo que sempre fora verdadeiro e fiel com ele quando criança, sendo que o considerava como seu melhor amigo e, imaginava um dia, estando ao seu lado.

Isso até que ele tirasse seu pai de seus braços.

Jimin suspirou por não sei quantas vezes naquela manhã, quando finalmente resolveu encerrar sua conversa com o carinha de de cima e voltou a observar o campo.

E no meio de tudo aquilo, ele conseguiu, de longe, enxergar um homem se aproximando. Percebeu que se tratava do psicólogo de sua escola. Não se recordava de seu nome, mas se lembrava perfeitamente do dia em que conversaram pela primeira vez na sala de apoio.

Ele não se importou com o rosto avermelhado e os olhos inchados devido ao choro, não se importou com a situação que se encontrava e somente continuou ali, á sua espera.

Com as mãos enfiadas nos dois bolsos da calça social preta, o rapaz alto, jovem e bonito se aproximou amigavelmente, com um lindo sorriso nos lábios.

— Olá, Jimin.— ele se sentou ao seu lado, um tanto distante, mas não tanto.— O que faz aqui sozinho?

O loirinho então olhou para o nada, e depois para os dedos apoiados em seu colo, estes que se mexiam de forma apreensiva.

— Nada... apenas... sentado.— ele desviou o olhar para o campo, sem saber o que dizer.

O rapaz ao seu lado não o questionou o porquê estava ali, não quis parecer um intrometido e muito menos o deixou desconfortável com o momento. Ele apenas suspirou fundo e tomou o máximo de cuidado possível ao perguntar:

—.... gostaria de conversar um pouco? — ele pareceu preocupado. E naquele instante, Jimin não se aguentou. Ele chorou, soluçou, e negou lentamente com a cabeça.

— E-eu... eu não sei irei conseguir...— respondeu, entre soluços.

Talvez ainda não estivesse totalmente pronto para falar o que tanto o entristecia, o que tanto o magoava ou o que tanto o incomodava.

Porque ele sabia que se contasse, não faria diferença alguma. Assim como todas as outras as vezes que mal chegava no psicólogo, e já escutava coisas desagradáveis nas primeiras palavras que dissera.

Por isso guardou tudo para ele mesmo por tanto tempo, por tantos anos. Pois para ele, nada o que dizia adiantava mais, nem mesmo os tempos sofridos que passou e vem passando.

A verdade, era que ninguém de fato já se preocupava mais.

Todo mundo já havia tacado o grande "foda-se" para isso há muito tempo. E Jimin sabia disso, ele sabia que ninguém mais ligava para seus sentimentos, o que o fazia se sentir inútil, fracote, e totalmente incapaz de fazer qualquer outra coisa para se auto ajudar.

E aquilo o matava por dentro, o torturava da pior forma possível, do pior jeito já existente.

O grande silêncio entre os dois se instalou por alguns minutos, restando apenas os soluços altos e sofridos de Jimin. O moreno não abriu a boca para dizer algo, não o atrapalhou, mas também não o deixou sozinho.

Ele apenas esperou o tempo que fora necessário até que o loirinho finalmente estivesse tranquilo e pudesse dizer:

— Está tudo bem não conseguir conversar, Jimin...— seu tom fora calmo, e aos ouvidos do mais novo, soaram como um grande conforto.

Jimin foi lançando o olhar para ele aos poucos, até que por fim estivessem com seus olhos conectados um ao outro.

O moreno continuou: — Tudo bem não se sentir confortável em me falar também. Você nem me conhece direito, é normal.

Jimin ficou alguns segundos em silêncio, pensando. Até que finalmente teve coragem de começar: — Eu só estou cansado.... de tudo.

O rapaz assentiu, como se compreendesse o que ele dissesse. Mas sabia que, não sabia o terço do que aquele garoto tão ingênuo passava.

— É normal nos sentirmos cansados. Mas às vezes, precisamos tomar cuidado para que não possamos acabar nos sobrecarregando demais e acabando numa fria.— aconselhou, sempre de modo lento e tranquilo. E então continuou: — Não se sinta culpado por se sentir cansado... somos seres humanos, somos feitos de carne e osso, e chega uma hora que não aguentamos e precisamos de força, de um apoio. Então, não se culpe por simplesmente precisar de cuidados, atenção ou carinho.

Jimin continuou lhe encarando, sem ter o que dizer e sem nenhuma expressão aparente.

— Qual é o seu nome? — ele perguntou curioso, enquanto mexia os pés lentamente sobre a grama verde.

— Jungkook. Jeon Jungkook.

— Eu sabia que era algo com "Jeon", só não lembrava o resto.— disse-lhe, agora encarando o céu mais uma vez.

— Você ainda se lembra de mim?! — ele indagou, tão sorridente quanto uma criança que acabou de ganhar seu primeiro bichinho de estimação.

O loirinho apenas assentiu com um leve sorriso nos lábios, ainda sem fazer contato visual com o mais velho.

— Pensei que fosse como os outros alunos. Tem deles que nem vem para os encontros, porque dizem que sou velho demais para compreendê-los.— contou, e mesmo que o baixinho não estivesse o olhando, ele ainda o encarava.— Jimin...

Park finalmente o olhou, esperando escutar o que ele tinha a dizer.

— O que aconteceu com você? Eu não gosto de vê-lo assim.— sua voz era tão calma, tão tranquila que assemelhava-se à de um anjo.

Jimin mais uma vez baixou a cabeça, encarou os pés que eram arrastados no chão e depois olhou para sua frente, suspirando fundo.

— Tudo.... aconteceu tudo, Jungkook.— ele tentou segurar o choro, mas falhou. Se desmanchou mais uma vez na frente do moreno, sem se importar com nada. Jeon o encarou por pouco tempo, alterou o olhar para algumas árvores que haviam um tanto distante de onde estavam, e sem que antes pudesse dizer algo, Jimin tomou a frente.— Eu até conversei um pouco com o carinha de lá de cima... mas ele não me respondeu.

Jimin nunca era respondido, mas parece que ele não se cansava de ser ignorado.

— E você trabalha com esse seu lado espiritual? — questionou, agora o olhando.

— Um pouco... não sou muito dessas coisas.— Jimin fizera pouco contato com Deus, e também passou a não se importar tanto, isso desde um último acontecimento que teve no início de sua adolescência.

— É bom trabalharmos com esse tipo de coisa, isso nos faz se sentirmos mais leves.— o moreno respondeu, e Jimin assentiu levemente.

Aquilo era verdade.

Por mais que no final nunca recebesse uma resposta, ele sempre conseguia se sentir um tanto livre de todos aqueles questionamentos que insistiam em rondar por sua cabeça.

— E, hm... o que seria esse "tudo" que você tanto fala que está acontecendo? — Jungkook resolveu perguntar.— Está relacionado com algo aqui da escola ou é algo pessoal?

O loirinho suspirou fundo pela milésima vez naquela manhã, sentia vergonha.

Vergonha de dizer o que sentia, vergonha do estado que estava, vergonha de expressar seus sentimentos e também sentia receio de não ser compreendido, assim como já aconteceu algumas vezes em sua vida.

Algumas vezes, não. Diversas vezes.

— O grande problema sou eu... eu quem sou o culpado aqui.— sua voz estava trêmula devido ao choro que mais uma vez se acercava e o seu corpo tremia juntamente de suas mãos e pernas.

— Por quê diz isso? — Jeon questionou outra vez, curioso.— Pelo o que vejo, você não é realmente o problema. E sim, o que tanto vaga dentro dessa sua cabecinha, Jimin.

O garoto o olhou, querendo que aquilo realmente fosse verdade.

Mas o problema realmente era ele.

O problema era ele por vários motivos, e eram tantos, mas tantos, que se fosse parar para contar, jamais conseguiria terminar.

— Você realmente não enxerga? — o loirinho perguntou, depois de um tempo o encarando em silêncio.— Não enxerga o quão fora do padrão e problemático sou?

Jungkook não hesitou em falar: — Eu não me importo com padrões, Jimin.

— Mas eu sim! — retrucou, soltando um leve suspiro e baixando a cabeça outra vez.— Me importo tanto...

— Pois não devia. Pode acreditar em mim.— o loirinho teve que soltar um riso fraco, totalmente desacreditado.— Do quê está rindo?

— É que.... acho engraçado você mentindo para mim só para me ver bem.— ele sorriu pequeno, olhando-o.

— E de onde você tirou que estou mentindo? — o moreno também teve que rir, desviando o olhar para o campo enquanto apoiava as duas mãos no banco e relaxava o corpo para trás.— Não estou dizendo que os verdadeiros problemas são o que você tanto pensa?

Jimin negou lentamente.

— Você não me conhece direito, Jungkook... eu sou sim um problema.— seu tom fora tristonho, carregado de um leve embolo na garganta. Sentia vontade de chorar, mas pela primeira vez, se segurou e não chorou feito uma criança.

Talvez Jungkook tivesse sim um tanto de razão em algumas partes em que dizia, mas por pura falta de confiança, nada daquilo conseguia entrar na cabeça de Jimin.

Aquilo doía.

Doía porque por mais que Jungkook estivesse dizendo a verdade e sendo sincero sobre cada palavra em que dizia, Jimin simplesmente não conseguia acreditar. Não acreditava em nada disso porque sabia que era mentira, porque ele enxergava isso, ele sentia.

E ninguém poderia mudar aquilo por ele, infelizmente.

Porque o único que podia fazer algo, era o próprio Jimin.

— E o que te leva à pensar isso? — Jeon perguntou-lhe depois de um tempo, curioso.— Já chegaram à te dizer isso alguma vez?

O garoto parou para pensar um pouco, e chegou à conclusão que, ninguém nunca havia lhe dito aquilo na cara. Mas eles falavam, falavam de um modo diferente, jogavam piadinhas, como se não quisessem que ele percebesse.

Mas Jimin sempre percebia.

E sempre que isso acontecia, sentia vontade de morrer. Porque ele se esforçava para ser alguém melhor, por mais que não parecesse, ele lutava. E escutar aquelas coisas, muitas das vezes vindo até de pessoas da sua família, o quebrava em mil pedaços.

— Sim... eles sempre falam.— e depois de um tempo, ele assentiu levemente com a cabeça.

— Eles quem? — Jeon se ajeitou no banco, cruzando os pés e os braços rente ao corpo.

— Todo mundo.

— Eu não falo coisas horríveis sobre você, e também não penso que você seja alguém ruim.— rebateu, o que fez o loirinho rir.— Estou falando sério!

— Bom, pelo o menos você não pensa coisas feias sobre mim. Mas isso também não muda o fato de que eu ainda seja um problema.

E no meio de tantas conversas, Jimin sentiu as primeiras gotas de água caindo sobre seu corpo.

Ele olhou para o céu e o viu tão fechado quanto, e agora, a chuva forte e grossa caia sobre os dois sentados no banco.

Jungkook não se levantou, não o chamou para irem embora e muito menos se importou. Pois sabia que, para Jimin, nada mais importava além de finalmente conseguir enxergar a beleza que tinha ou fazer qualquer outra coisa que acabasse com o seu sofrimento.

— Então se você é um problema, por quê não está me incomodando? — o moreno o questionou, e Jimin o encarou, sem saber o que dizer.— Se você realmente é um problema, então por quê não sinto vontade de lhe mandar embora?

A chuva pingava sobre os cabelos, rosto e corpo de Jimin, enquanto seus olhos estavam fixos nos de Jeon. Este que o encarava esperando por uma resposta, com as madeixas pretas e roupas encharcadas.

— Não me faça perguntas difíceis, Jungkook...— ele olhou para os dedos apoiados sobre o colo, brincando com eles.— Talvez eu não te incomode porque ainda não me conheceu de verdade. Mas assim que souber quem realmente sou, não vai querer mais ficar um segundo ao meu lado.

— E por quê tem tanta certeza sobre isso? — insistiu, querendo saber de sua resposta.

— Não é meio óbvio, Jungkook? — ele lhe lançou um olhar tristonho.

E naquele momento, Jeon sentiu uma vontade imensa de o abraçar e o acolher em seus braços.

Porém não o fez.

— Meio óbvio o quê? — indagou, confuso.

— Jungkook, você acha mesmo que se eu fosse uma pessoa legal, seria sozinho desse jeito? Acha mesmo que se eu fosse legal, também não teria amigos como todos os outros? — ele perguntou mais para si mesmo do que para o moreno em sua frente. E foi soltando mais um suspiro prolongado e se segurando para não chorar novamente, que ele continuou.— Eu nunca entendi o real motivo de tudo isso, nunca entendi... nunca entendi por quê nunca tive amigos.

Jungkook escutava tudo em silêncio, prestando total atenção em cada palavra dita.

— Eu me lembro... me lembro de quando eu chegava perto de outras crianças para tentar brincar com elas e elas me tratavam como lixo.— ele disse depois de um tempo, e sem que antes Jeon pudesse dizer algo, ele tomou a frente.— A grande verdade... é que a vida nunca foi fácil para mim, isso desde quando eu nasci. Então se você acha que eu sou alguém legal, não crie expectativas. Porque eu não sou, Jungkook. Eu não sou alguém de dar orgulho, alguém especial ou alguém que tenha um jeito legal...

— Então, deixe-me ver.— Jeon começou e Jimin o olhou, confuso. E assim, continuou: — Me deixe o conhecer melhor, saber mais sobre você. E no final, eu te digo se você realmente é um problema para mim.

Jimin ficou parado, apenas o analisando em silêncio.

Quem era ele? Quem era aquele psicólogo tão cuidadoso e educado? Quem era aquele rapaz que resolveu se aproximar assim, tão de repente só para lhe ouvir e tentar lhe ajudar?

Jimin não fazia a mínima ideia.

— Venha me encontrar em minha sala, Jimin. Lá, você poderá se abrir comigo e ser quem você realmente é. Combinado? — ele encarava o loirinho, cheio de esperança no peito.

E Jimin apenas assentiu.

— Obrigado, Jungkook. Eu vou te encontrar, pode me esperar.— sorriu pequeno.

Por mais que, no fundo, Jimin soubesse que no final nada daquilo daria em nada, ele se arriscou. Se arriscou porque só assim teria alguém que realmente fosse lhe escutar sem ter que ouvir tanta coisa desagradável de volta, se arriscou porque só assim teria uma companhia para passar o tempo, se arriscou porque só assim não se sentiria tão sozinho como antes, se arriscou porque queria se permitir, pela primeira vez, viver algo novo.

E ele estava disposto à fazer aquilo.

— Vamos? — e depois de tanto tempo, Jungkook finalmente se levantou, estendendo a mão para que o loirinho pudesse segurá-la.

Jimin olhou para sua palma, sorriu pequeno e a segurou, levantando-se logo em seguida enquanto murmurava um "vamos".

Os dois caminharam lado a lado sobre o campo, não disseram nada, não sentiram a necessidade de puxarem assunto, apenas rumaram para dentro da instituição.

E quando chegaram perto às escadas, Jimin parou em sua frente e o encarou, dizendo:

— Te vejo em breve, Jungkook.— sorriu fraco.

— E eu te espero em minha sala, Jimin.— ele estendeu a mão para o loirinho, para que ele pudesse apertá-la.

— Até mais! — apertou sua palma, sentindo o quão macia ela era, apesar de grande.

Deu as costas para o mais velho e subiu as escadas. E quando chegou no segundo andar, correu para o banheiro e, mais uma vez, se trancou em uma das cabines vazias.

E ali, chorou.

Por mais que tenha recebido tantas palavras de conforto e apoio vindos de Jungkook, ele ainda sentia aquele sentimento horrível lhe matando por dentro.

Era tão ruim você ter que viver naquela mesma situação sempre que acordava. Jimin às vezes se perguntava se aquilo nunca fosse acabar, ou se só fosse piorar com o passar dos tempos.

Pensar nisso o deixava desesperado. Porque ele sentia a necessidade e o desejo de um dia mudar e ser feliz, sentia a vontade de poder não se preocupar com tanta coisa, com tantos problemas.

Ele queria entrar na sala de aula e dar o melhor de si, prestar atenção na explicação do professor e conseguir compreender pelo o menos a metade do que ele dissesse. Queria conseguir apresentar um trabalho, sem ter tantos ataques de pânico e precisar sair da sala para um bom e longo choro no banheiro.

Ele queria ser bom.

Mas ele não conseguia, não conseguia ser bom para ele e nem para os outros.

E depois de tantas horas ali dentro, ele finalmente escutou o sinal bater, por fim indicando o final das aulas. Ele se levantou e sentou-se sobre o vaso, mas não saiu. Não queria que as pessoas o vissem naquele estado, naquela situação tão precária a qual se encontrava.

Então ele esperou.

Esperou até á noite, até que todo mundo já estivesse ido embora. E quando sentiu que já estava na hora, saiu do banheiro de cabeça baixa, olhou para os dois lados e viu que realmente não havia mais ninguém ali. Aliviado, desceu as escadas e saiu da escola, rumando até sua casa.

Não se importou com sua mochila que, provavelmente Yeji havia pego e deixado na sala da coordenação, e somente foi embora.

Chegou em casa todo sujo, com a roupa e tênis molhado da chuva que pegará hoje mais cedo enquanto conversava com Jungkook. Tirou o que calçava antes de entrar em casa, e quando finalmente estava quase subindo para o seu quarto, sua mãe o chamou.

— Filho? O que aconteceu? — mesmo que concentrada em algo que fazia na cozinha, não deixou de se preocupar com o filho.— Você não ia chegar mais tarde por causa da aula de piano?

Ele suspirou fundo, já havia até se esquecido disso.

— Eu... eu falei com a Sra. Yun que não vou mais participar...— baixou a cabeça, e sua mãe rapidamente o olhou, confusa e desacreditada.

Jimin sempre falava em entrar nas aulas de piano que tinha na escola, ele parecia gostar daquilo e ficava ansioso só em falar.

E escutar aquilo do filho pela primeira vez, a preocupou.

— O quê?! Mas por quê, querido? — ela se aproximou com o cenho franzido, enquanto enxugava as mãos na roupa que usava.

— Eu só... só desisti.— e subiu até seu quarto, tracando-se ali.

Sra. Park não disse mais nada, apenas voltou com seus afazeres, mas ainda não havia se conformado com aquilo.

E naquela noite, Jimin não parou de chorar por um minuto se quer. Só foi finalmente cair no sono já no meio da madrugada, com os olhos inchados e o corpo suado.

☆°•☆•°☆

Olá, meus morceguinhos! Estou aqui com mais uma história para vocês. Confesso que no começo, me senti um tanto insegura em escrevê-la. Mas isso só foi questão de tempo, ainda bem!

Espero de verdade que vocês estejam gostando. Ah! E se puderem, votem, viu? Não se esqueçam de comentarem também, isso me deixa muito feliz!

Beijos, amo vocês. Arrivederci! 🖤🦇

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