De volta à Cabana (Disponível...

By Legotosa

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Quando criança a história preferida de Megan sempre fora a chapeuzinho vermelho.E sem saber o cruel destino,a... More

Personagens
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1-Paranóica
Capítulo 2-Eu te protejo
Capítulo 3-Consequência
Capítulo 4-Olhar assassino
Capítulo 5-Não olhe para trás
Capítulo 6-A observadora
Capítulo 7 -Pequena cabana
Capítulo 8-De volta à cabana
Capítulo 9-Bem dele e o nosso...
Capítulo 10- Um acordo
Capítulo 11- Minha Megan
Capítulo 12-Fique longe dela
Capítulo 13- Recuar para atacar
Capítulo 14- Duas almas a mesma sepultura
Capítulo 15- Um de nós irá morrer
Capítulo 16- O fruto de nossa redenção
Capítulo 17- Não ressucitará dos mortos
Capítulo 18- Último fio de esperança
Capítulo 19-Regras do jogo
Capítulo 20- Um lugar à minha espera
Capítulo 21-Espectro de mim mesma
Capítulo 22- Mercê dela e da floresta
Capítulo 23- Frio lá em cima
Capítulo 24-Maldito sorvete
Entre amor e guerra
Capítulo 25- Inferno
Capítulo 26-Monstros
Capítulo 28-Sete palmos
Aviso Importantíssimo

Capítulo 27-Mil milhões

989 90 15
By Legotosa


Por um instante tudo se condensara: nossas respirações e corpos emaranhados. Seus dedos, agora, frios na minha pele. Contudo, o calor de meu núcleo e o líquido que o banhava, não poderia ser apagado. Um segundo inteiro se passou e meu coração frenético me delatou. Esperava que Jhon levantasse e assim como o meu coração, acabasse por destruir meus planos. Estava pendurada por um fio nas mãos do meu captor, pronta para ser esmagada e quebrada como uma boneca sem utilidade.

-Pequena mentirosa...-ronrounou sendo capaz de atingir pontos inimagináveis no meu corpo. Minha orelhas pegavam fogo enquanto sua língua bebia do suor que corria por minha pele-Eu não sei se te mato por mentir pra nós ou se te faço gemer meu nome e implorar pelo meu pau...-resmungou rouco. A ardência entre minha pernas parecia piorar a cada estocada furtiva de seus dedos-Me impeça e faça com que eu pare...-arfou sob minha pele quando um gemido sofrego escapara dos meus lábios. A dor se tornaram uma tortura prazerosa conforme os tecidos sensíveis levavam seus dedos grossos-Estou por um fio de faze-la gozar rapidamente para voltar à cidade e matar aquela maldita doutora...-tentei protestar, mas era impossível. Com a frequência que impulsionava, meus olhos agora, estavam revirados e minha respiração longe de se normalizar.

-Por favor...-supliquei apertando minha unhas grandes sob seu pulso largo, gravando marcas permanentes que poderia nos denunciar após. Contudo, não faziam nada além de aumentar minha vontade de estar sob sua pele.

-O que você quer?-questionou com os lábios pressionados agressivamente na minha mandíbula. Resmunguei e senti uma lágrima solitária percorrer um longo caminho desde meus lábios até a língua quente e afiada do moreno. Meu corpo estava tão sobrecarregado com sinais excessivos que não sabia o porque de ter pronunciado tais palavras. Se eram súplicas para que parasse ou me empurrasse de uma vez da beira de um precipício para continuar caindo no desconhecido.

-Eu não sei...-pensei dizer, até que senti os dedos cessarem momentaneamente o árduo caminho que estava construindo, que poderia me levar ao céu, para ir direto ao inferno. Sua mão ensanguentada, poderia ver pelo reflexo da luz do correr que mergulhava e banhava nossos corpos, mesmo que minimamente, acariciava levemente minha bochecha direcionando meu olhar para encontrar o seu. Apenas reparei na preocupação presente em seus olhos quando foi possível ver-me espelhada nos seus, negros e ardentes-Eu não quero que você pare...-confessei sem usar minha voz. Não seria capaz de ouvir minhas próprias palavras.

Minha visão estava quase embaçada que não pude precipitar o fato de que Jhon estava a centimentros negativos quando seus lábios cobriram os meus. O choque e o pânico cruzaram-me. As barreiras estavam completamente destruídas por um furacão severo que prometia me desvastar e assim o fez.

Meus lábios acompanharam a dança magistral enquanto estava sendo acolhida por seu grandioso braço, onde quase podíamos ser um. Seus dedos voltaram a ocupar o lugar que estava sedento pela perda e mordi os lábios para conter um gemido agudo com a intrusão, desta vez, mais calma e carinhosa, quase amorosa.

-Eu quero que olhe nos meus olhos e veja quem te faz gozar!-ordenou quando ousei me esconder, mas como se meu corpo fosse treinado para seguir ordens, automaticamente estavam caminhando juntos em um encruzilhada de olhos intensos e negros, contra azuis gélidos e pálidos. Não fui capaz de conter o gemido profundo que se assolou na minha garganta depois de correr a profundidade de minhas entranhas. Meu corpo estremecia com o novo arrebatamento e senti um medo profundo do desconhecido. Algo profano se iluminou nos olhos de Jhon, antes que seus dedos aceleracem contra meus tecidos-Vejo que sou o primeiro a fazer-la se contorcer de prazer...-algo como satisfação retumbava em seu timbre. Me desfiz em mil pedaços quando uma forte contração atingiu-me e os movimento cessaram. Um beijo casto foi posto na minha testa molhada-Não podia ser diferente...

Fechei os olhos para tentar conter o turbilhão de sentimentos que queimavam meus órgãos. O peso na cama ficou mais leve e senti todo o calor do ambiente ser retirado de uma forma abrupta. Jhon estava indo embora depois de descobrir toda a farsa, mas agora, não parecia tão incomodado quanto antes-Jhon...-chamei enquanto o robusto homem vestia sua camisa. Seu olhar me encontrou, nebuloso-Você vai me delatar?-perguntei intrigada. Um bolo de pavor se formando e dissipando como uma metástase pelo meu corpo.

-Não-respondeu sucinto e eu não acreditei em nenhum momento que fora por boas razões. Seus passos caminharam decididos para a porta quando o chamei novamente.

-A gente já se conhecia...antes?-houve apenas um balançar de cabeça para confirmar a loucura que estava inserida. O moreno arrastou-se para fora e antes que fosse capaz de fechar a porta, disse-Jhon...seus dedos...-senti a pele de meu pescoço formigar enquanto o homem olhava impressionado pra os dedos ensanguentados. Não pude piscar, não quando, Jhon os levara a boca para provar e chupar todo o conteúdo, como se fosse seu mais novo prato favorito.

-Tem gosto de pecado e cereja...-comentou e então apenas a escuridão foi tudo que pude ver quando a porta foi fechada. Um milhão de possibilidades se abriam ao meu redor e a nova realidade se assentava diante de meus olhos. Não tive tempo para pensar em qual reação ou plano era melhor a ser seguido, apenas segui o roteiro que me davam sem medo das consequências: foi o olhar preocupado, o jeito que sua testa franziu para o sangue espalhado pelas colchas ou como sua respiração ficou irregular. Meu estado poderia ter interferido em sua percepção: olhos arregalados e marejados, cabelos bagunçado e pernas espalhadas e fracas. Lábios ressecados e pele pálida. E basicamente, sangue por todo o lado.

-Querida...-chamou-me como se estivesse perdido e talvez realmente estivesse. Seus passos rápidos e mãos ágeis rapidamente me abraçaram em um conforto imaginário-Vai ficar tudo bem!-prometeu beijando meus cabelos espalhados, tentado arruma-los em uma carícia descuidada-Vai ficar tudo bem!-repetiu para si mesmo.

-Christopher...-murmurei incapaz de lutar. Seus olhos encontraram os meus e eu sabia que naquele instante, na forma com que me olhavam, como se estivesse a um fio de se partir, que seria capaz de fazer qualquer coisa para que permanecesse em seus braços. Afinal, o que o amor paterno não era capaz de realizar?-Eu preciso ver a doutora!-anunciei-Meu bebê...-soluciei enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas ocas, sem qualquer sentido, a não ser a sobrevivência-Pai...-clamei como uma mãe prestes a perder seu filho. A convicção de minhas palavras derpertaram-no de seu choque inicial. Logo, Christopher caminhava de uma direção a outra separando alguns mantimentos em uma pequena mochila. Após uma nova muda de roupas e seus dedos entrelaçados aos meus, o grandioso ruivo descia as escadas lacivamente, ditando ordens para Antônio e Jhon sentados em sofás opostos na pequena sala inundada por sombras da cabana.

Os olhos esmeraldas encontraram-me em agonia mas não tive tempo para pensar em quais eram as raízes profundas destes sentimentos. O ardor entre minhas pernas permanecia e Jhon do outro lado, também reconhecia isto. Era quase como se seus dedos tivessem permanecido com o único intuito de acariciar meus tecidos. A sensação da intrusão amarga e lasciva. Os braços de Christopher me içaram em seu colo no banco traseiro da picape, enquanto Antônio corria contra o tempo em direção ao hospital de Virgin River. Não apenas fui capaz de ver, mas memorizar no fundo de minha alma o caminho que cortava o bosque ao meio, repleto pela fauna e flora que se extendia por todos os lados, quase que obscurecido pela onipotente presença da própria floresta. Ou como as grandiosas árvores cobriam o solo como um manto preto, sem qualquer feixe de luz do luar. A tenebrosa sensação de que algo perigoso repousara por entre os galhos e folhas, mas impossível de se ver a olho nu. E naquele instante, sob a estrada de cascalho e buracos, pude reconhecer que esses três lenhadores não eram o único mal presente nesta pequena cidade. Havia algo mais coexistindo. Observando. Esperando. Faminto.

Dedos grossos me confortavam enquanto palavras doces eram sussurradas em meio ao silêncio espesso na caminhonete. Não havia nenhum ruído sequer vindo da floresta, apenas o motor furioso do carro cortando a mata. Sentia o coração de Christopher quase tão acelerado quando de um beija-flor, contudo, não tão puro. Sua personalidade e aparência eram um terrível contraste à suas atitudes em relação a mim. Seria possível? Não! Não podia acreditar, porque se acreditasse em uma grama deste delírio, não seria tão fácil manter a consciência que aos poucos estava ficando à deriva.

Seu cheiro impregnava os meus sentidos e o calor do seu corpo parecia reconfortante. Se não houvesse tanto silêncio no ambiente que estávamos inseridos, não conseguiria perceber meu coração errar uma batida. Algo estava se agitando sob minha pele e sem que percebesse outro pedaço dos milhares de fragmentos espalhados, condensava-se:

-As antigas histórias contam sobre uma floresta mágica-contava o grande ruivo, enquanto estavamos deitados na cama-Pessoas especiais ouviam vozes que as chamavam para um lugar que apenas elas poderiam presenciar. Essa floresta não é apenas um lugar com uma imensidão enorme de árvores, carrega consigo mistérios nunca entendidos. Pessoas desaparecem e reaparecem por entre ela. Você consegue sentir a magia só de passar por lá, ela enlaça destinos que nunca mais poderão se separar. Ela castiga os que são maus, tirando tudo aquilo que a de bom!Mas pode ser que, devolva anos depois.

-E por quê ela faz isso?--questionei atenta á história e em como seus olhos transmitiam as palavras antes que passassem por sua boca.

-Por que ela é origem da vida, detém todo o poder.Quem entra pode nunca mais sair... As lendas contam sobre uma pequena jovem que tentou se aventurar pelo bosque e ficou perdida por lá e acabou atravessando um portal. Ela te engana e é traiçoeira. O caminho que acabou de percorrer é encoberto para que se perca. Houve ventos e trovões, vozes que a guiavam, que a chamavam. E de repente, sem qualquer aviso, sua vida
acaba mudando bruscamente. Todos têm seu destino traçado. Não há como lutar contra ou pedir por piedade.

-Mas isso só acontece aos maus?--perguntei preocupada.

-Não querida-beijou minha cabeça-As vezes você não tem nada a ver com a história, com o passado daquelas pessoas, mas todos teram de pagar o pacto-arregalei os olhos segurando o cobertor com força.

-Mas isso é só uma história, não é papai?-perguntei amedrontada ao grande homem que sorria em minha direção.

-As pessoas acreditam no que quiserem. Tudo pode ter uma explicação. Ou não-terminara de contar, enquanto bocejava cansada.

-Eu te amo papai, mil milhões-disse surpreendendo ele.

-Eu sempre te amarei mais!-então ele me beijou mais uma vez e desejou bons sonhos, apagou a luz do quarto e saiu.

Suspirei ao sentir uma lágrima solitária correr  e cair para manchar a blusa de Christopher. Seus braços apertaram-me com muito mais força, quando disse:

-Não importa o que aconteça ou o que eu tenha que fazer...-jurou com sua voz gutural-Eu sempre te amarei mil milhões...

Um arrepio gélido cruzou minha espinha com a promessa que selava minha prisão com chave banhada à ouro. Apertei as mãos em punhos em sua camiseta. Seria como vislumbrar o real fato, ao qual Charles Perraul ou Irmãos Grimm fizeram Chapeuzinho Vermelho encarar: os olhos, a boca e as mãos. Meu lobo mau não se disfarçava de vovozinha e não me esperava deitada em sua cama.

Ele era meu pai e vivia em uma cabana rodeada por uma floresta assombrada.

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