INDOMÁVEL ⸻ HOUSE OF THE DRAG...

By jhopiest

53.2K 3.8K 16.2K

INDOMÁVEL; a única palavra digna para definir os filhos da fênix ╾ Daenerys Velaryon era certamente a pior de... More

(❦). ÍNDICE ━━━━━ INDOMÁVEL
⸻ graphics : almas indomáveis
ATO UM ⸻ PRIMAVERA DE NARCISO
❦ 01 : ❛Sombras do Passado❜
❦ 02 : ❛Casa do Dragão❜
❦ 03 : ❛Veneno da Safira❜
❦ 04 : ❛Belas Criaturas❜
❦ 05 : ❛Romeu e Julieta❜
❦ 06 : ❛Canto da Sereia❜
❦ 07 : ❛Rainha do Amor e Beleza❜
❦ 08 : ❛Vicissitudes❜
❦ 09 : ❛Câmara dos Sussurros❜
❦ 10 : ❛Conquista Digna❜
❦ 11 : ❛Pequenos Sinais❜
❦ 12 : ❛Eterno Deleite❜
❦ 13 : ❛Marés Ardentes❜
❦ 14 : ❛Inundação Valiriana❜
❦ 16 : ❛Estilhaçados❜
⚘ EXTRA ▏ ❛Laços de Sangue❜
❦ 17 : ❛Arte do Caos❜
❦ 18 : ❛Língua do Diabo❜
❦ 19 : ❛Pacto da Ruína❜
❦ 20 : ❛Baile das Donzelas❜
❦ 21 : ❛Alma Profanada❜
❦ 22 : ❛Verdades Secretas❜
❦ 23 : ❛Sangue do Dragão❜
❦ 24: ❛Noite Estrelada❜
❦ 25 : ❛Doce Dissabor❜
❦ 26: ❛A Guarnição dos Dragões❜
❦ 27: ❛Inseguranças❜
❦ 28: ❛Valsa dos Corações❜
❦ 29: ❛Suplício Maternal❜
❦ 30: ❛Vingança Esmeralda❜
❦ 31: ❛Promessas Desfeitas❜
❦ 32: ❛A Bela e a Fera❜
ATO DOIS ⸻ SEMENTES DE ÉRIS

❦ 15 : ❛Legitimidade❜

770 75 377
By jhopiest

↳ ❝INDOMÁVEL ¡! ❞

black out days — panthogram

. . . . . ╰──╮╭──╯ . . . . .

É um mero vôo.

Baelon afirmava em sua mente, em busca de livrar-se do impertinente frio na barriga, como um enervante estupor alastrando-se por seu corpo inteiro ao pensamento de acompanhar Daemon Targaryen em um vôo com seus respectivos dragões. 

Sem dúvidas, uma experiência única, um notório símbolo de sua redenção ou, se assim preferir, desistência em torno do comentário envolvendo sua legitimidade quando ainda era um adolescente repleto de questionamentos e inseguranças.

Convenceu-se ser um erro cometido por pensamentos errôneos. Sua viagem de volta as Terras Médias, comparecendo ao casamento de seu irmão mais velho, Maegor e Helaena abriu seus olhos ao quanto desperdiçou, as experiências as quais nunca pôde recuperar por um mero fiasco, uma possibilidade incoerente, esta que fazia menos sentido cada vez que racionalizava propriamente.

Sua mãe não a esconderia tamanha situação, nem mesmo seu pai permitiria. E, certamente, minha madrasta, Rhaenyra, seria tão sincera quanto minha avó, Rhaenys. Foi o que pensou, adicionando a possibilidade de seus irmãos descobrirem um indício, flagrou-se em uma armadilha fajuta.

Daemon Targaryen era um indivíduo de cunho duvidoso — isso não era uma incerteza, era a verdade.

O Príncipe Westerling nasceu com o âmago de um diplomata cauteloso, com os olhos azuis intenso dotados de cuidado em torno de cada possível temporal, alimentando-se dos ensinamentos de Rei Viserys, à quem o encorajava a seguir a veia mais terna e amável possível em nome da justiça, ordem em busca do progresso.

Por isso, lidar com um homem como Daemon casar-se com sua mãe e madrinha após o falecimento de seu pai, Príncipe Caspian — notório por ser um homem de caráter íntegro e mais nobre de sua existência — era intragável ao garoto de treze dias de nome com problemas de raiva suprimidos.

Os motivos para seus receios eram incontáveis, mas continuava a ser sua família. E, de forma mais surreal possível, Daemon além de seu padrasto era seu sogro. O temperamento turbulento herdado por Baela Targaryen, sua noiva à quem aprendeu a amar e considerava-se um devoto, chocava-se contra o seu apaziguador, mas de alguma forma, o oposto poderia ser confortável.

Na noite anterior, os olhos azulados de Baelon percorreram a espada dada por sua mãe, Deianyra Velaryon como um presente, a primeira da mulher — esta que ganhou de Daemon Targaryen — e refletiu sobre aquilo, havia pensado mais do que deveria: ela não deu a espada por ser um bastardo do homem ou nem mesmo por culpa, ela queria vê-lo carregar parte de sua história, sua espada.

— Onde o senhor pensa que vai? — a voz feminina instaurou um sorrisinho na face de Baelon. Um tanto familiar, pode sentir a Princesa Targaryen inclinar-se sobre seus ombros largos, a ação que o forçou a reprimir um sorriso mas, não a respondeu. Um tanto impaciente, Baela o apertou, causando um grunhido baixinho e uma risada da platinada. — Ei! Me responda, Baelon Westerling.

O Príncipe virou-se, segurando-a pela cintura, impedindo-a de reagir de forma explosiva com as sobrancelhas erguidas questionadoras em sua direção.

— Estou indo voar, não irei demorar nem um pouco — explicou, arrancando um olhar desconfiado vindouro da Targaryen.

— Indo voar, essa hora? Sozinho? — Baelon quis rir com a reação. Sua noiva franziu o cenho, vendo-o de costas, arrumando parte de suas botas. — Aconteceu alguma coisa, Bael?

Achou a consideração adorável, não negaria. Acostumou-se ao hábito de voar sobre os céus quando atribulado por devaneios ou sentimentos dolorosos, uma válvula de escape para lidar com suas próprias questões pessoais, uma mania desvendada pelos quais estavam ao seu lado há muito tempo.

— Não vou sozinho — a revelação fez-a arquear a sobrancelha. Cogitou até mesmo Príncipe Aragorn, mesmo que a possibilidade fosse nula mas, a resposta do Westerling surpreendeu-a mais do que poderia demonstrar. — Eu...vou voar com o Príncipe Daemon.

O ar nos pulmões dela cessou, em surpresa.

— Você vai voar com meu pai? — parecia não estar escutando direito. Piscou uma vez, virando-se para o Westerling. — Tão repentinamente?

— Por que? Isso não é...— Baelon molhou os lábios, um tanto confuso, averiguando a situação.

Teria sido uma situação tão atroz assim ele tentar se aproximar? Ou, Daemon não dizia sério quando mencionou encontrar-se com ele e seria uma armadilha?

— Isso me deixa muito satisfeita — impediu-o de ter seus pensamentos atribulado sua mente. — Divirta-se, meu amor.

Ele exibiu um sorriso adorável com seus dentes brancos perolados.

— Isso parece a agradar, não acho que nossa avó vá achar tão adorável, no entanto — diminuiu aos poucos, observando com cautela a situação. — Embora seja ela a dizer que eu deveria me aproximar novamente.

— Essa decisão foi sua. Não é como se você seguisse cegamente tudo que lhe é dito. Nossa avó tem suas razões, mas nós temos outras razões. Quando conhecer meu pai você entenderá propriamente. Eles possuem uma relação diferente do que nós devemos ter. Ele é meu pai e também seu padrasto — Baela recordou, trazendo juízo novamente a mente do protagonista que assentiu, não deixando de adicionar, zombeteiramente: — E genro mas, acredito que ele o enxergue mais como um enteado do que outra coisa.

— Como pode estar sempre certa? — o domador de dragão sorriu para ela, fitando-a com certo esmero, possuía plena noção de como tudo ao seu redor teria sido caótico se não fosse a presença de Baela.

— Você não seria nada sem mim, admita garotinho — a Targaryen esbanjou convencimento. Baelon rolou os olhos azulados mas, Baela tomou-o pelas mãos. — Venha aqui..

O Príncipe seguiu as ações de sua noiva, vendo-a beijar as mãos, um gesto que ele mesmo costumava fazer mas, vindo da platinada, causou um sorriso apaixonado de sua parte. Decerto, se havia um acerto mesmo na insanidade de sua criação, ele diria que este havia sido a promessa de casamento dele com Baela Targaryen.

— Essa marca, eu nunca havia reparado — os olhos da jovem passearam sobre uma marquinha na mão do mesmo.

Parecia imperceptível mas ao vê-la, uma sensação inquietante pairou no interior de Baela, reconhecendo-a de imediato, não era a primeira vez à vê-la mas, certamente nunca reparou que seu noivo também possuía uma.

— É igual à sua marca de nascença — dessa vez, Baelon transbordou inocência. — Uma coincidência, não? Nossa avó disse que é um bom agouro.

— É, isso...— Baela forçou um sorriso, não dizendo nem uma palavra.

A Targaryen não contou-lhe sobre como Rhaena detinha uma idêntica. Tampouco, controlou-se ao reparar que o pequeno Viserys e Aegon compartilhavam a marca de nascença, todos filhos de seu pai.

Uma coincidência peculiar.

— Se eu for morto por seu pai, ao menos eu tentei — Baelon inclinou-se, selando os lábios, o suficiente para trazê-la de volta à realidade, flagrando a expressão radiante no rosto do noivo. — Nos vemos depois meu amor.

Seu coração fragmentou-se, suscitando um questionamento que antes nunca passou por sua mente.

Por que diabos ele possuía uma marca de nascença igual a todos os filhos de seu pai? E, inclusive, qual seria a motivação pela qual seu pai parecia tão relapso quanto a ele em relação a todos os outros enteados.

O Príncipe Westerling deixou seus aposentos, deixando sua noiva à mercê de reflexões perigosas mas, tudo que o loiro poderia pensar era sobre controlar o turbilhão de excitação e nervosismo. Seu dragão, Vermithor, seria o primeiro a notar o temperamento distinto de sua calmaria comum. 

Ou, pensou que fosse ao adentrar o grandioso Fosso dos Dragões, a estrutura durante à noite instaurava um ar gélido e o senso de risco, como se estivessem cavando sua própria cova ou jogando-se em uma armadilha.

Aguardando-o, o Príncipe Daemon flagrou-o adentrar o recinto. O Targaryen fitou-o por alguns segundos, a postura erguida e nem um pouco temerosa de Baelon o agradou. Embora pudesse captar hesitação vindoura do loiro, poderia ver que não era propriamente do voo ou dos dragões.

— Está nervoso? — essa foi a primeira pergunta feita por Daemon. Uma nada adequada deve ser adicionada mas, não era como se o Targaryen soubesse ter uma conversa civilizada sem suas famosas provocações, mesmo que estivesse esforçando-se para quebrar o clima. — Caraxes finalizará o trabalho da minha armadilha.

Uma risada sonora esvaiu de Baelon perante a piada.

— Seria tolice que o fizesse — o comentário fez Daemon arquear a sobrancelha com a convicção do Westerling. Descobrindo que, por mais cuidadoso com as palavras que fosse, Baelon também poderia jogar com as palavras se quisesse, adicionando: — As suposições que o rondam o condenariam, uma fama que o precede diriam muito.

A expressão do Targaryen tornou-se mais séria. Ele não achou que Baelon fosse capaz de ser tão sincero, não de imediato. Isto é, o Príncipe Daemon não o conhecia. De forma infeliz, nem mesmo sua mãe, madrinha poderia flagrar a totalidade, o que Baelon tornou-se desde que era uma criança esperançosa, fragmentada pela decadência da Casa Targaryen.

— Seja lá o que tenha ouvido à meu respeito, pode ser verdade ou não mas..— a seriedade na voz de Daemon extrapolou, aproximando-se do Westerling. — Nós somos uma família, isso é mais do que o suficiente para saber que nunca feriria nenhum dos meus, eu mataria por minha família, essa é a diferença, não é uma atitude à qual todo homem está disposto, essa é a clara diferença.

Os olhos azulados como o oceano isolado pelo tempo encararam o Príncipe Rebelde antes de abrir os lábios, proferindo o veredito de suas convicções dali em diante, as quais certamente tornar-se-iam uma faca de dois gumes em seu próprio peito.

— Agradeço por ter zelado por minha mãe e minha madrinha por anos. Por ter feito-as felizes, construindo uma família, em meio à melancolia após o falecimento de meu pai, se tornado uma figura paterna necessária aos meus irmãos — Baelon era orgulhoso mas, ele disse de forma natural e sincera, de forma tão tranquila que causou um bolo de remorso no interior de Daemon. — Por isso tem minha gratidão.

O Príncipe Westerling desviou seu olhar em direção às grandes grades as quais prendiam diversos dos dragões em celas especiais às necessidades e tamanhos forjadas para cada um, buscando com o olhar seu majestoso e primoroso Vermithor. Invés de rugidos e rosnados da fera alada, o dragão exibiu mansidão, a confiança da conexão com seu domador e Príncipe Daemon reparou.

— Devemos ir? — o mais novo indagou, Daemon apenas concordou, buscando Caraxes com uma sensação excruciante em seu interior ao ver o Príncipe dirigir-se em direção a Vermithor.

Conforme ele se afastava, memórias mancharam a mente de Príncipe Daemon Targaryen. As lembranças das quais seriam seu eterno tormento e culpa a cada instante que cravava sua atenção sobre o rosto do jovem príncipe, este noivo de sua filha. Embora estivesse convicto de que a revelação enervante permanecesse oculta sob sete palmos abaixo da terra até sua morte.

Os braços de Príncipe Caspian envolviam o corpo pequeno, a mísera criaturinha frágil rente ao seu corpo, aninhando-se, agradando-se com o calor vindouro do corpo do moreno. Os olhos escuros fitavam cada pequeno traço da figura infantil de apenas três dias de nome, caminhando de um lado para o outro, vendo-o dormir profundamente em seus braços.

Do outro canto do cômodo, duas outras figuras conversavam entre si: Deianyra Velaryon e Daemon Targaryen. Apoiando-se sobre o ombro do homem, a guerreira cedia sua atenção às questões vindouras de Porto Real enquanto o platinado resmungava o quão insignificante o lugar era para que dessem tamanha atenção enquanto possuíam uma boa vida.

Deve ser dito, é claro, que a relação envolvendo Daemon, Deianyra e Caspian não era comum, diga-se de passagem. Desde que Deianyra Velaryon casou-se com o Príncipe, sua vida mudou, ao aceitar o convite de sua irmã mais nova, Laena Velaryon para desfrutar de uma temporada com seu marido, Daemon Targaryen, tudo tornou-se um espiral de intenso caos, tendo em vista a prévia relação de Príncipe Daemon com a Donzela Guerreira.

Não o suficiente, Príncipe Caspian e Lady Laena Velaryon encantaram-se um com o outro, uma situação atroz e digna de escândalos, a qual culminou em um acordo mútuo entre os casais, que deveriam viver juntos para que pudessem exercer suas verdadeiras paixões, limitando-se ao público transparecer como se estivesse construindo meramente uma família adequada.

Um acordo frutífero.

Flagrando uma pequena marca de nascença em Baelon, unida às anteriores convicções, uma conclusão serpenteia sua mente. Um mero comentário proveniente do Príncipe Herdeiro, Caspian Westerling seria o suficiente para causar um baque em cada um dos presentes.

— Ele de fato, é filho de Daemon, não meu — a fala repentina de Caspian causou um choque em Deianyra e Daemon.

A Velaryon franziu o cenho, em certo choque. Trocando um olhar com Daemon, um tanto hesitante como o mesmo havia chegado a tal conclusão, tendo em vista que seria imprevisível. Isso incluía o facto de que Baelon poderia ser apenas uma cópia fiel da aparência de sua mãe, ao contrário de seus outros dois irmãos que claramente herdaram os cabelos escuros e traços de Príncipe Caspian.

— Você tem o mesmo sangue — Caspian reiterou, deixando claro que, independente, ele era seu filho também mas, a afirmação dita de forma repentina causou confusão, isso é claro, porque nem Deianyra ou Daemon poderiam saber de fato se ele era o pai da criança.

Tendo em vista que ambos envolveram-se em datas próximas, seu matrimônio com Caspian ocorreu em um espaço de tempo de dias, tendo em vista a ansiedade do próprio para casarem-se.

— Isso não é possível — Deianyra argumentou, seus olhos seguindo o do marido.

Você sabe que é mais do que possível — dessa vez, ele disse com mais seriedade.

— Como chegou à essa conclusão? — Daemon atreveu-se a indagar. — Ele pode apenas ser parecido com Deianyra. No fim das contas, nós dois carregamos sangue Targaryen.

O Príncipe Westerling fitou Baelon que dormia, mesmo em três anos, sobre seu colo, fazendo com que Caspian se sentasse, deixando o pequeno sobre um dos divãs, vendo-o imerso em um sono tranquilo após passar o dia inteiro na companhia de seus irmãos.

— Em minha família, há séculos, existe uma tradição: nascemos com uma marca de estrela de cinco pontas. Maegor possui uma sobre o calcanhar, Daenerys sobre a costela e Aragorn ao pé. A única marca que Baelon tem é retilínea e idêntica a de Baela e Rhaena, suas filhas — Caspian havia pensado nos pormenores e era mais analítico do que lhe dariam crédito ao adicionar: — Alguns dias atrás eu achei uma mancha em meio aos cabelos dele branca, platinada.

O interior de Daemon Targaryen encheu-se, eclodindo em diversos sentimentos. Suas mãos formigam, o mero pensamento de ter um filho com Deianyra Velaryon pareceu tão aprazível quanto temeroso em meio às condições ao redor. 

Passou os últimos três anos convencendo-se de ser um mero devaneio junto à mulher mas, diante a convicção inquebrável de Caspian, dúvidas eram levantadas.

— Não são apenas esses os motivos, não é? — a guerreira passeou seu olhar sobre o marido, captando uma razão desconhecida, o Príncipe não faria questão em dizer aquilo se não houvesse uma evidência tão sólida quanto uma rocha.

Daemon direcionou-se com certa expectativa ao flagrar o olhar do amigo em sua direção, confirmando.

— Fúria da Noite é um Dragão especial. Dragões não são heranças para serem passados de geração em geração mas, eu não deveria ser hábil para domar ele, não tenho sangue de dragão como os da antiga valíria mas ele não é pertencente de lá. Nas Terras Médias há a ligação conhecida como Linha Carmesim é uma crença de que os dragõe reconhecem os filhos de seus domadores, por isso eles se tornam dóceis sem precisarem ser domados sobre a presença desses — Caspian explicou com certa cautela, respirando fundo ao seguir as próximas palavras.

— Por mais arriscado que tenha sido, acabei por apresentar Maegor e Daenerys à Fúria da Noite, tanto quanto ao pequeno Aragorn mas, quando eu tentei fazer isso com Baelon...

— Ele não o reconheceu como parte de seu sangue — completou Deianyra, o interior revirando-se com a verdade em seu âmago. O coração bateu mais forte, não sabendo diagnosticar o que fazer com a verdade mas, nada superaria como Daemon afogou-se em pensamentos com a verdade.

Ele tinha um filho, seu primeiro herdeiro, um segredo.

— Os dragões são mais sábios que todos nós — Caspian repetiu as palavras que seu pai costumava lhe dizer. — Fúria da Noite negou-se a curvar-se ou ceder enquanto eu estivesse com ele sobre meu colo, porque não havia laço de sangue.

— Caspian, eu...— a Velaryon tremulou, um tanto inquieta.

— Não se preocupem, ele é meu filho tanto quanto é de Daemon — assegurou o Príncipe Caspian. Embora sua expressão se tornasse mais cautelosa, mais atenta com o aviso final: — Um dia, ele terá o direito de saber.

Daemon e Deianyra se entreolharam por breves segundos diante do comentário de Príncipe Caspian. Nenhuma palavra precisou ser dita, isto porque, para a proteção de Baelon, os dois acreditaram que ele não deveria saber mas, ambos não sabiam que a decisão seria a pior possível, deixando um gosto amargo em suas goelas quando o futuro retornasse com a atroz questão para os assombrar."

O julgamento em torno da sucessão do Trono de Derivamarca e o título de Mestre das Marés não era um devaneio, ele ocorreria. Todos uniram-se diante o grande salão do Trono de Ferro, na ausência de Rei Viserys Targaryen — o mais velho não estava em condições apropriadas devido uma crise —, dando a autoridade maior sobre o arredor nas mãos de Rainha Alicent Hightower e a Mão do Rei, Otto Hightower, uma situação em que a vantagem pingava nos verdes.

Príncipe Aragorn lançou um breve olhar para Lucerys, em uma tentativa de o acalmar. Os dois permaneceram acordados durante toda a noite, em uma tentativa de acalmar os nervos do Príncipe Velaryon em torno do julgamento que causava um nó em sua garganta a ponto de dormir ser um verdadeiro sacrifício.

Cada um dos lados separados à direita e esquerda, permitindo o grande vão ao qual servia como o corredor, dividindo-os, repartindo como a Casa Targaryen encontrava-se. A presença desagradável de Vaemond Velaryon e seus dois filhos: Daemion Velaryon e Daeron Velaryon, os quais exibiam nada além de desdém aos que estavam ao seu redor mas, os dois pareciam ter um alvo em especial a direcionar seus olhares sendo a Princesa Daenerys.

Daenerys flagrou seu irmão mais velho, Baelon, regressar próximo a Daemon, causando um pequeno sorriso em sua face com o pensamento de que ambos poderiam começar a se aproximar. Baelon Westerling era, sem dúvidas, o irmão favorito de Daenerys. Ela queria vê-lo feliz, em meio à sua família e saber que o padrasto, a quem tanto lhe apoiava estava ao redor do irmão, a deixava feliz.

Seu sorriso dissipou-se ao sentir um olhar chocar-se contra o seu. Do lado oposto, Príncipe Aemond fitou-a, ela reconheceu a sua expressão, a mensagem por trás de seu único olho e forma que os lábios se curvaram e roçaram-se discretamente: ela continuaria a fingir-se de tola pelo bem de sua família mesmo que isso culmine em sua queda.

Os dois travaram contato visual, mais intenso que o pretendido, este que foi notado por Príncipe Jacaerys. O moreno inclinou-se na direção de Daenerys, quebrando sua atenção e Aemond o encarou, vendo-o sussurrar algo no ouvido da Velaryon e como se fosse a sina, o julgamento iniciou-se com as palavras da Mão do Rei, Otto Hightower.

— Embora seja do desejo de toda a corte que o Lorde Corlys Velaryon sobreviva aos ferimentos, nos reunimos aqui com a sombria tarefa de lidar com a sucessão de Driftmark. Como Mão, falo com a voz do Rei sobre este e todos os outros assuntos. A Coroa agora ouvirá as petições — Otto Hightower declarou, chamando à quem exigia o julgamento: — Sor Vaemond da Casa Velaryon.

Otto Hightower sentou-se sobre o Trono de Ferro. A atitude causou um revirar no estômago de Príncipe Aragorn, piorando ainda mais quando o irmão de seu avô, Vaemond, iniciou sua petição.

— Minha rainha. Lorde Mão do Rei..— Vaemond trajou-se sobre o manto respeitoso abominável.

— A história de nossas casas nobres se estende além dos Sete Reinos até os dias da Velha Valíria. Desde que a Casa Targaryen governou os céus, a Casa Velaryon governou os mares. Quando a Perdição caiu sobre Valyria, nossas casas se tornaram as últimas de sua espécie. Nossos ancestrais vieram para esta nova terra, sabendo que se eles fraquejassem, isso significaria o fim de suas linhagens e de seus nomes.

Os olhos de Baelon percorreram os dos filhos do homem, reparando que eles o encaravam de volta. O temperamento bom e adequado de um Príncipe como o Westerling também nutria seus limites, este que os dois irmãos cautelosamente adorariam testar.

— Passei toda a minha vida em Driftmark defendendo o assento do meu irmão. Sou o parente mais próximo de Lorde Corlys, seu próprio sangue. O verdadeiro e irrepreensível sangue da Casa Velaryon corre em minhas veias — Vaemond dizia, sua voz convicta sem um pingo de hesitação, como se ele fosse a mais límpida verdade.

Deianyra Velaryon travou a mandíbula, irritada e inquieta diante do insulto feito à si. Ela era filha do homem, a única viva. Se existia alguém com direito a suceder que não fossem os filhos de Princesa Rhaenyra, esse alguém era ela mas, seu tio buscava poder, isso era explícito e lutando pela pureza da linhagem de sua casa claramente a desconsiderou.

Ao nascer, muito havia sido sussurrado sobre sua legitimidade. Ela era a cópia de sua mãe, Princesa Rhaenys Targaryen mas, era claramente a filha predileta de Corlys Velaryon, a mais velha que carregou mais do que honra para a Casa Velaryon como nenhuma outra mulher.

O detalhe enervou Rhaenyra Targaryen ao cume, não poderia descrever como o ataque à seus filhos e esposa retirou-a do eixo.

— Como acontece com minha esposa, Deianyra Velaryon, a primeira filha de Corlys Velaryon, à quem lutou ao seu lado por anos, defendendo toda honra de seu pai. Assim como meus filhos, descendentes de Laenor Velaryon — A princesa interrompeu-o, não aguentando ao destilar sua língua, ardendo em meio à ressentimento.

— Se você se importasse tanto com o sangue de sua casa, Sor Vaemond, não seria tão ousado a ponto de suplantar seu legítimo herdeiro. Não, você só fala por si mesmo e por sua própria ambição — por pouco, não cuspiu as palavras, o contato visual intenso tornou-se claro.

— Você terá a chance de fazer sua própria petição, Princesa Rhaenyra. Faça de Sor Vaemond a cortesia de permitir que ele seja ouvido — a Rainha Alicent interveio, como um genuíno puxão de orelha, fazendo com que Rhaenyra tivesse de calar-se.

Deianyra franziu o cenho, sentindo o olhar de Vaemond a sua direção.

— O que você sabe sobre o sangue Velaryon, princesa? Eu poderia cortar minhas veias e mostrar para você e você ainda não reconheceria. Trata-se do futuro e da sobrevivência da minha casa, não da sua — o ataque direto continuou à medida que oscilou o olhar perante os filhos de Rhaenyra à Deianyra, virando-se à Mão do Rei.

— Coloco a continuação da sobrevivência da minha casa e da minha linhagem acima de tudo. Eu humildemente me coloco diante de vocês como o sucessor de meu irmão... o Senhor de Driftmark e Senhor das Marés — o comentário causaria uma risada de desgosto e desagrado vindoura dos lábios da matriarca Deianyra se não fosse tamanha indignação.

— Obrigado, Sor Vaemond. Princesa Rhaenyra, agora você pode falar por seu filho, Lucerys Velaryon — Otto Hightower declarou, vendo o homem recuar à seu lugar.

Deianyra Velaryon tocou a mão da esposa em um sinal de apoio, vendo-a ir enquanto permanecia ao lado de Daemon Targaryen à quem trocou um breve olhar, os dois sabiam que medidas drásticas poderiam vir a ser tomadas.

— Se eu quiser agraciar esta farsa com alguma resposta, começarei lembrando ao tribunal que há quase 20 anos, nesta mesma...— antes que Rhaenyra pudesse continuar, um barulho orquestral, o anúncio inesperado ressoou, ao qual chocou os presentes.

As portas largas e grotescas da Sala do Trono abriram-se, revelando Rei Viserys, ao qual erguia-se de forma dificultosa, parecendo lutar para permanecer em pé, em uma condição péssima mas, a cena digna de um homem em luto para proteger seu bem mais precioso: sua filha e seus direitos.

— Rei Viserys da Casa Targaryen, o Primeiro de Seu Nome, Rei dos Ândalos e dos Roinares e dos Primeiros Homens, Senhor dos Sete Reinos e Protetor do Reino — havia sido anunciado, a voz bradou, revelando a figura, os presentes chocaram-se.

Príncipe Baelon seguiu seu olhar, em preocupação. Os passos cada vez mais próximos, à medida que se aproximava, alguns curvaram-se, a cena fez um nó na garganta da Princesa, em choque ao ver o pai mas, ao aproximar-se, ele declarou que sentaria-se ao trono, mesmo com dificuldades de caminhar, quase fraquejando, o instante em que sem perceber, Daemon dirigiu-se para ajudar o irmão, flagrou ao seu lado, segurando o outro lado, Baelon — seu filho parecia tão cauteloso quanto ele.

— Vamos — Daemon sussurrou ao irmão, ajudando-o, impedindo que a coroa caísse, ao deixá-lo sobre o trono, Baelon apenas desceu retornando a sua família, ao lado de sua mãe, reparando o longo olhar de Aegon em sua direção, ciente de que o papel de filho certamente havia sido ocupado por ele.

O Targaryen mais velho pôs a coroa na cabeça de Viserys. Trocando breves olhares antes que Daemon pudesse descer as escadas, recebendo o acalento sutil de Deianyra sobre suas mãos. Ela viu o lapso nas orbes do Targaryen, o quão afetado ele pareceu ao estado debilitado de seu irmão mais velho.

— Devo admitir minha confusão. Não entendo por que as petições estão sendo ouvidas sobre uma sucessão estabelecida. As únicas presentes que podem oferecer uma visão mais aguçada dos desejos de Lorde Corlys é a princesa Rhaenys e sua única filha, Lady Deianyra Velaryon — Rei Viserys anunciou, uma fala, deve ser dita, que mudaria o percurso dali em diante.

Embora Deianyra não abrisse a boca durante o julgamento por uma série de fatores. Rhaenys tomou à frente, trocando um breve olhar com a filha, em uma forma de apoio, ela faria tudo que estivesse ao seu alcance.

— De fato, Vossa Graça. Sempre foi a vontade do meu marido que Driftmark passasse por Sor Laenor para seu filho legítimo... Lucerys Velaryon. Sua mente nunca mudou. Nem o meu apoio a ele — a declaração causou parte do alívio a facção dos pretos.

Rei Viserys pareceu satisfeito.

— O assunto está resolvido. De novo. Por meio desta, reafirmo o Príncipe Lucerys da Casa Velaryon como herdeiro de Driftmark, do Trono de Madeira e do próximo Senhor das Marés — anunciou mas, não pareceu o suficiente, não para Vaemond e seus filhos.

— Você quebra a lei... e séculos de tradição para instalar sua filha como herdeira. No entanto, você ousa me dizer... quem merece herdar o nome Velaryon. Não. Eu não vou permitir isso — Vaemond Velaryon atreveu-se a bradar, de peito cheio, gritando sua coragem. Seus dois filhos atrás deles, tão transtornados quanto.

Permitir? Não se esqueça de quem é, Vaemond — Rei Viserys não ocultou sua indignação perante a fala.

Um breve olhar fora trocado entre Daemon e Deianyra, este flagrado por Rhaenyra que assentiu brevemente à sua esposa e marido. Ela, mais do que ninguém, poderia captar o que se passava nas mentes das duas pessoas à quais era casada.

— Esse não é um verdadeiro Velaryon, e certamente nenhum sobrinho meu. Tanto quanto Princesa Daenerys que carrega um sobrenome à qual não pertence à casa ou o Fogo do Reino à quem apenas representa a aberração de minha casa — a declaração seria o suficiente para iniciar uma tempestade dotada de tribulação.

— Vá para seus aposentos. Você já disse o suficiente. Lucerys é meu neto legítimo. Não passa do segundo filho de Driftmark — Viserys ordenou, sua voz transparecendo a autoridade de um rei.

— Você pode administrar sua casa como achar melhor mas não decidirá o futuro da minha. Minha casa sobreviveu à Perdição e a mil tribulações. E que os deuses os amaldiçoem! Não vou ver acabar por conta dessa...— Vaemond parou suas palavras, notoriamente alterado, seu olhar chocou-se contra de Príncipe Daemon Targaryen.

Diga...— o Targaryen sentiu a sede, ele sabia o que estaria prestes da língua do Velaryon ou, ao menos, presumiu que saberia porque Vaemond possuía mais maledicência do que seria capaz dizer.

Os murmúrios tornaram-se mais audíveis entre os presentes no julgamento diante a situação.

— Essa abominação, está fraqueza e blasfêmia. Uma Princesa que deita-se com outra aberração. Tal como Lady Daenerys é uma farsa, seu sangue sujo manchando minha linhagem, proclamando uma forasteira e dando-lhe o nome de minha casa enquanto produz bastardos similar à quem se une — Vaemond Velaryon bradou, as ofensas sendo destiladas não apenas a Princesa mas a Lady porém, ele caminhou como uma serpente, berrando:

— Baelon, Jacaerys, Lucerys e Joffrey são todos.....bastardos!

O interior de Baelon se contorceu, a declaração dita com afinco causou um refluxo em seu estômago. Tudo recaindo ao seu redor, a certeza, parecia cada vez mais surreal a ponto dele sentir que nada aquilo era real, o interior fez com que ele paralizasse remoendo-se sobre os sentimentos.

— E ela... é... uma meretriz — O segundo filho, Vaemond declarou, sua voz mais calma, não deixando transparecer suas ofensas. — Elas duas, Princesa Rhaenyra e sua amante, Lady Deianyra são duas meretrizes!

Rei Viserys ergueu-se, retirando uma adaga, mal podendo pôr-se em pé: — Terei sua língua por isso!

Em um lapso, em uma instância, Daemon Targaryen cortou-lhe a cabeça fora com a irmã-sombria, arrancando gritos de horror e expressões ultrajadas.

— Ele pode manter sua língua — declarou Daemon, notoriamente em desgosto perante o mesmo mas, agradando-se em ter cortado sua cabeça.

— Desarme-o!

— Não há necessidade.

Um grito esganiçado espalhou-se sobre o salão com a revelação, Princesa Daenerys e o Príncipe Aragorn foram puxados de forma violenta pelos dois irmãos e filhos de Vaemond Velaryon, aos quais não tiveram misericórdia alguma ao puxar a única herdeira da fênix pelos cabelos. 

O mais novo filho do Velaryon, Daerion acabou por segurar uma adaga na barriga de Aragorn, o imobilizando mas, nada comparava-se com o aperto no pescoço de Daenerys, a lâmina prata brilhou enquanto seus cabelos eram puxados violentamente causando o desespero dos presentes.

— Vocês assassinaram meu pai, o sangue verdadeiro! — Daemion bradou, gritando. — O mínimo que minha casa faz é livrar-se dessa abominação! Dessa usurpadora de nome, tanto quanto sua mãe.

O horror estampava a todos ao vê-los sobre tão delicada situação, bastava apenas um passo em falso para que Daenerys tivesse seu pescoço rasgado e o Príncipe Aragorn fosse gravemente ferido. Os olhos de cada um dos membros da família estavam entorpecidos. Ela engoliu em seco, os lábios trêmulos e contendo um gemido sobre a garganta.

— Verá a dor de perder seus únicos filhos legítimos, Lady Deianyra — Daerion declarou, a verdade nua e cruel. — Tendo em vista que Baelon parece tão confortavelmente com seu verdadeiro pai Daemon Targaryen, ao qual arrancou a cabeça do nosso por apenas falar a verdade, isso será misericordioso.

— Larguem-os, imediatamente! — Viserys declarou, inutilmente sem perceber duas sombras moverem-se em direção a um dos rapazes.

— Princesa Serpente, hm? — o sussurro asqueroso sobre seu ouvido. Um grito agudo e doloroso esvaiu de Daenerys, sentindo a lâmina aprofundar-se, gotas de sangue escorreram, manchando-os enquanto ela era obrigada a permanecer. — Iremos ver se seu sangue é tão grosso quanto de um Velaryon.

Nem um segundo passou-se em meio à declaração de Daemion para que um ricochetear, o ressoar de uma lâmina cortante sobre o crânio do mesmo, ao qual caiu ao chão mas, sem antes acabar por cortar Daenerys que caiu sobre o chão, espatifando-se, completamente ensanguentada sobre o corpo do Velaryon á quem ameaçou-lhe. Do outro lado, Daemon tomou o tempo de distração do mais novo filho de Vaemond para arrancar suas mãos com a espada, seria apenas isso, se Príncipe Aragorn não tivesse se atrevido a tomar a adaga das mãos, cravando no pescoço de seu parente distante.

Em meio a cena sangrenta, a surpresa partiu de Príncipe Aragorn, ao qual, o mais novo entre todos eles, os filhos das casas pareceu estranhamente tranquilo a situação. As mãos cobertas de sangue, levantando seu olhar à Daemon, buscando-o como um filho faria para receber um assentir.

— Pelo que vejo, meus primos possuem sangue de traição. Tais calúnias e ameaças à vida de meus filhos são de assunto interno de minha família, tanto quanto ameaçar a integridade do Reino das Terras Médias — o Fogo do Reino, Lady Deianyra Velaryon declarou, sua voz grave e forte ressoando como um veredito, caminhando por entre o sangue, em direção à mais perto do trono, a postura digna de uma reencarnação de Visenya em seus olhos tempestuosos: — Tais absurdos não serão tolerados, Vossa Majestade.

Rei Viserys grunhiu em dor mas, antes que ele abrisse seus olhos, para falar sobre a situação, um gemido grave acabou por atrair atenção de todos ao ver que Princesa Daenerys sobre o chão sangrava, fazendo com que todos notassem o pior: ele havia cortado-a no pescoço e ela mal possuía forças para erguer-se, o desespero cobriu à todos mas, Baelon havia sido o mais rápido ao tomar a irmã mais nova aos braços, sujando-se com a coloração carmesim.

— Abra os olhos, minha irmã — Baelon suplicou, à essa altura, Deianyra e Daemon iam sobre a direção transbordando expressões preocupadas.

— Levem-a aos Meistres imediatamente! — Viserys ordenou, iria mover-se mas, a dor latente o acanhou, fechando os olhos com dor. — Pelos Deuses...

— Por favor, meu amor. Você deve tomar algo para a dor — Alicent dirigiu-se ao seu marido, mesmo em meio ao caos, enquanto tudo era feito. A Rainha recebeu uma negação veemente.

— Eu não vou nublar minha mente. Devo consertar as coisas — Rei Viserys proferiu, com convicção. Respirando fundo, declarando por fim: — Deem toda atenção à Princesa Daenerys.

Agonia.

Este havia sido o sentimento mais apropriado para descrever o que passava-se na mente de Baelon. O segundo filho, ou melhor primeiro era um bastardo. Ele soube que sim ao flagrar a expressão de sua mãe, a forma que ela parecia culpada e como Daemon não o encarou nos olhos. Tudo que importou-lhe foi sua irmã mais nova, a única que poderia invadir seus pensamentos no instante devido a preocupação em torno de sua vida — ela por pouco não havia sido morta esfaqueada.

O Príncipe Westerling deixou-a sob os cuidados adequados e fugiu durante a tarde para voar com Vermithor. Princesa Baela Targaryen diagnosticou a situação, não precisando falar com seu pai para flagrar a situação mais apropriadamente para compreender a verdade.

Ela perdeu a consciência durante toda a tarde. Suas forças retornaram ao receber os cuidados, não dos meistres mas de servos vindouros das Terras Médias. Dizem que os berros de Deianyra Velaryon — a mulher tão gentil com os servos — perante os Meistres foi o suficiente para os afastar e permitir que a medicina tradicional de terras distantes cuidassem da Princesa.

Isto revelou-se verdade pois, durante a noite, em que haveria um jantar familiar, a Princesa Daenerys apareceu, uma marca suave em seu pescoço aparecia, fruto de um trabalho extraordinário.

Poderia parecer cuidada mas notoriamente abalada. Cada um deles estava mas, não existiam mais atribulados mentalmente que Baelon e Daenerys. Os dois irmãos adentraram o recinto ao qual o belo jantar seria sediado, notando como todos deveriam reunir-se, recebendo olhares. Daenerys não quis encarar ninguém mesmo que se permitisse fitar Jacaerys que claramente estava perturbado pela cena anterior. Um tanto inquieta, ela movia suas mãos, uma contra a outra, impaciente mas, as quentes e acolhedoras do Príncipe Velaryon buscavam as suas por baixo da mesa.

O suficiente para acalmá-la um pouco mais.

A Velaryon não sentou-se ao lado de sua mãe ou Rhaenyra, como era de seu hábito. Ao invés disso, recolheu-se ao lado de Baelon e Jacaerys. Não atreveu-se a falar uma palavra, sua garganta doía mas, acima disso, ela sentia-se envergonhada pelas ofensas e sobre como transpareceu tanta fraqueza.

Sobre a presença de Viserys, todos ergueram-se em sinal de respeito. Não tardando para que um silêncio sepulcral formasse sobre a mesa e a sugestão de Alicent para que uma prece fosse feita, causou um rosto dotado de incredulidade de Aragorn partilhado por um sorriso de Daemon.

— Que a Mãe sorria neste encontro com amor. Que o ferreiro conserte os laços que foram quebrados por muito tempo. E para Vaemond Velaryon, que os deuses lhe deem descanso — a Rainha rogou, seus filhos de olhos fechados, em forma de oração.

Em meio a isso, Daenerys lançou seu olhar à Aemond, vendo-o após a oração abrir os olhos, o Targaryen fitou seu pescoço. Ela estava satisfeita que todos morreram. Aemond sabia que sim.

A menção sobre ser uma comemoração vindoura de Viserys acalentou parte da situação, o clima amenizando-se aos poucos, brindando em nome de Lucerys e um detalhe sutil sobre os matrimônios de Baelon e Lucerys fora suscitado. Um tanto preenchido por deboche e buscando atenção, o Príncipe Aegon Targaryen inclinou-se, na direção de Jacaerys, aproveitando o fato de Daenerys estar ali.

— Muito bem, Jace. Parece que você é o único solteiro mas isso poderá o dar experiência, eu presumo — Aegon disse com certo deboche, ao colocar vinho em seu copo. — Você ao menos sabe como o ato é feito, eu presumo? Pelo menos em princípio? Onde colocar seu pau e tudo isso.

— Aegon, pare com isso — Daenerys pediu, seus olhos de safira contra os dele, fizeram com que o Targaryen forçasse uma risada soprada. 

— É apenas uma brincadeira, minha princesa — ele não poderia ser mais asqueroso ao fazer uma pausa, virando-se à ela, crendo ser a forma mais adequada do mundo ao falar aquilo a uma mulher. — Acha que ele dará conta quando noivar com uma pobre coitada?

Jacaerys franziu o cenho.

— Você pode bancar o bobo da corte se quiser, mas cale-se diante Princesa Daenerys — disparou o Velaryon, seus olhos violáceos transmutaram autoridade. — Ela já teve o suficiente hoje, não precisa de você agindo dessa forma ridícula.

Diversas foram as falas, um discurso emocional de Rei Viserys, ao qual Baelon não pôde prestar atenção, estava imerso nos confins de sua mente para dar-se ao luxo de tal. Daemon Targaryen não deixou de fitar o loiro por vezes. 

Quando Rhaenyra ergueu-se e levantou sua taça em uma fala emocional de agradecimento a Rainha e ela fez o mesmo, o clima instaurado tornou-se nostálgico mas Deianyra Velaryon não sentiu nada além de desprezo perante a situação e Daemon soube disso.

A Lady esconde mais segredos que o mundo poderia suportar.

O cúmulo da noite, no entanto, tornou-se verídico quando Aragorn e Lucerys frente à frente viram um porco chegar sendo postos na mesa e eles riram entre si, descaradamente direcionando o olhar à Príncipe Aemond que travou o maxilar, sua incredulidade subindo à seus nervos.

— Baelon, acompanhe-me — Viserys grunhiu de dor, queria ser levado aos seus aposentos mas o pedido foi o suficiente para acordar o Westerling de seus pensamentos. — Vamos conversar um pouco.

Os guardas o levaram junto à cadeira, Príncipe Baelon seguiu-o, ciente de que seja o que acontecesse na ausência de Viserys durante o jantar não seria nada agradável.

Seus devaneios provaram-se completamente corretos quando Príncipe Aemond Targaryen ergueu-se. Os olhares voltaram-se a eles. Deianyra conhecia o sobrinho, ao flagrar seus olhos, captou a faísca, ele quis confusão, a sede insaciável pelo desejo de caos ali.

— Por favor, sente-se — Rainha Alicent, a mãe do rapaz de cabelos brancos pediu.

— Última homenagem. Pela saúde dos meus sobrinhos, Jace... Lucas... e Joffrey — ele ergueu a taça, os olhos de Daenerys voltaram-se à eles. Flagrou ele encarar ela por segundos antes de oscilar para Jacaerys, como se fosse algo muito sério mas, era óbvio o quanto ressentimento colocaria ali. — Cada um deles bonitos, sábios... fortes.

— Aemond.

— Vamos esvaziar nossas taças para esses três... Meninos fortes — existia diversão em seu tom de voz, Jacaerys levantou-se de sua mesa, com fúria, era notável a irritação em seu olhar mas, não havia sido o único a fazê-lo.

A tensão serpenteava pelo ar.

— Eu te desafio a dizer isso de novo — a voz grave ressoou, a tensão entre os dois rapazes eclodindo, Aemond encarou-o, os malditos olhos violetas que disfarçaram sua legitimidade por anos, aos quais ele ausentava-se de ter, ocultando a verdade nua e crua.

Ele deu um passo à frente, Príncipe Aemond detinha o diabo em seus lábios e o apetite por destruição, a dois passos de fazer Jacaerys perder totalmente o controle.

— Por que? Foi apenas um elogio. Você não se considera Forte? — Aemond estaria tirando-o do eixo, Jacaerys iria o socar ali mesmo mas, a presença de outra figura bastou para que toda atenção não se voltasse à eles mas, de uma figura feminina claramente entorpecida de irritação.

A Princesa Serpente estava exausta.

— Sim, eles são fortes — a declaração de Daenerys com convicção os surpreendeu mas, sua fala seguinte foi o suficiente para enfurecer Aemond ao vê-la contornar a situação com sua língua: — Descendem do sangue de Rhaenyra Targaryen, sua meia irmã e herdeira do trono, reis precisam ter sangue forte, desejava que todos os Targaryen pudessem ter a mesma sorte.

— Cuidado, minha princesa. Quem sabe eu corte sua língua por suas insinuações — Aemond aproximou-se, todos viram, flagraram como os dois amigos de infância assemelhavam-se mais como inimigos, nunca sendo tão diretos assim, tão diferente de suas versões na infância, a violência manchando os laços por anos divididos.

Tornou-se tão explícito e visceral.

Sei o que está pensando mas deve saber que nunca será metade do homem que ele é, corte minha língua e eu lhe deixarei completamente cego — Daenerys atreveu-se à dizer, não em alto valiriano ou em élfico mas, na língua deles, a nomeada língua dos deuses, essa que criaram quando crianças, a linguagem perfeita para ambos, os quais nenhum dos presentes compreenderam mas, apenas Aemond.

Certamente, ficarei cego de desgosto por sua devoção cega. Parece que mais do que nunca, você está ao pé de seu noivo — Aemond acusou-a de estar com Jacaerys, um detalhe que arrancou uma risada dotada de indignação por tamanho atrevimento.

Se eu fosse devota à você, eu seria mais atroz ainda, Príncipe Aemond. Estou errada? Afinal de todas, do que adianta a honra de carregar um título se ela está banhada no veneno da maleficência ? — Daenerys fitou-o por segundos, eles afetaram-se. Isso porque ele sabia o quão destroçada a Princesa estava e ele soube o quão cego por reparação Aemond poderia ser.

— Parece que houve um equívoco, peço perdão. Faz um longo tempo desde que o Príncipe Aemond e eu não convivemos propriamente — ela voltou-se aos presentes, retornando a língua comum, um sorriso digno de sua persona mais charmosa e cautelosa, existia a tensão.

De uma forma ou outra, Daenerys impediu que uma situação mais grave ocorresse.

— Sem dúvidas, Princesa Daenerys — Aemond fitou-a intensamente, os olhos de safira impregnados em sua mente. Virando seu olhar para os presentes, um sorriso forçado em sua face.

— Há um longo tempo desde que não convivemos.

A noite em questão tornou-se um festival de horrores mas, nenhum deles tão explícito quanto a verdade insuportável formando-se sobre os pés de cada um deles: a Casa do Dragão estaria repartida e os pecados de cada um deles seriam os motivos de sua queda tanto quanto os sentimentos que os devoravam de dentro para fora, seria apenas uma questão de tempo para que o reino estivesse em chamas. 

✧˚ · ↳ ❝ [𝐍𝐎𝐓𝐀 𝐃𝐀 𝐀𝐔𝐓𝐎𝐑𝐀] ¡! ❞✧˚ ·

[01] — Um capítulo recheado eu diria. Retornei para vocês, minhas férias começam nesse mês lindos, ainda não estou oficialmente mas, devo dizer que as atualizações irão vir com maior frequência e estou VIVENDO pra isso, de verdade. 

[02] — O que acharam dessa intensidade inteira no julgamento? O jantar? Alguma parte predileta disso tudo? Fiquei em dúvida se esse julgamento foi previsível mas digam qual foi a coisinha que gostaram mais ou chocou. 

[03] — Nos vemos no próximo capítulo, vou dizer que devem esperar umas grandes emoções e deixando claro que cada personagem tem sua perspectiva com base nas suas experiências viu, ninguém é santo ou o vilão, tudo depende de como você vê (menos alguns podres como Larys Strong).

✧・゚: *✧・゚:*

Data de Postagem: 13/06/2023

Contagem de Palavras: 7.400

Continue Reading

You'll Also Like

534K 32.7K 66
Apos Sarah Broad voltar a sua cidade natal, sua vida vira de cabeça para baixo quando reencontra o japonês que ela mais odeia no mundo.
183K 11.5K 131
invenções loucas da minha mente
2.4M 75.3K 43
Você e sua mãe tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi então que você descobriu que teria um meio-irmão, você só não esperava sa...
1.8M 123K 90
📍Rocinha, RJ Quais as chances de encontrar paz e aconchego num lugar perigoso e cheio de controvérsias? pois é, as chances são poucas, mas eu encon...