"Não importa a cor do sangue, os homens sempre caíram."
Atlas agarrou o rosto de Alecsander em suas mãos, sentindo a pele macia contra seus dedos.
Alec o puxou por suas vestes, os aproximando ainda mais.
"Até os mais fortes podem cair."
O Khari separou, sua expressão confusa quando olhou para baixo.
Sangue.
Ele levantou seu olhar, sentindo-se escorrer por sua boca. Alec girou a adaga em seu estômago com mais força.
— Não suporto traidores — sussurrou o moreno, seus lábios se tocando. — Eu quero que mande um recado para os verdes — aproximou-se. — Os pretos se lembram.
Afundou a adaga, atravessando a barriga do homem loiro a sua frente.
Alec retirou a lâmina de uma só vez, deixando que Atlas caísse no chão em um banque alto.
Morto.
Sir. Erryk tivera entrado no quarto, não se espantando com o que viu.
— O que devo fazer com ele? — perguntou o cavaleiro.
— Corte a cabeça dele e mande de presente para os verdes junto dos restantes dos Khari's — respondeu, sem qualquer resquício de culpa. — E se perguntarem o que houve com a família de ouro, diga que a dança chegou para eles.
Se retirou de seu próprio quarto, sentindo-se mais revigorado dessa vez.
O cacheado adentrou a sala do Trono, vendo apenas Daemon olhando para as estátuas de pedra na mesa.
— Feito?
— Feito.
O platinado sorriu ladino, jogando o brasão dos Khari no chão.
A porta de madeira foi aberta, Rhaena apareceu exasperada.
Daemon ergueu uma sobrancelha, achando ser outras péssimas notícias.
— Lucerys! — ela exclamou, ofegante. — Lucerys acordou!
Alec sentiu o peito apertar, e passou rapidamente por ela, indo até o quarto de seu irmão.
O platinado logo atrás.
Entrando no quarto, nada parecia ter voltado ao normal. Diversos meistres estavam em volta de Luke, vendo-o se debater contra eles.
— O que está havendo? — a voz de Alec saiu autoritária e grave, mas sentiu-se vacilar quando o Targaryen mais novo o olhou.
Seus olhos estavam vermelhos.
O cacheado se aproximou, sentando-se na beirada da cama e tentando acalmar Lucerys com as mãos em seu rosto.
— Alec... — gruniu, pegando no braço do irmão. — Está doendo.
— Eu sei que dói, doce garoto. Eu sei. Você vai ficar bem... vai ficar tudo bem — sussurrou pra ele.
Sangue deslizou pelo o nariz de Luke, e ele sentiu-se engasgar com a própria língua.
Rhaenyra tentou entrar no quarto, Daemon a impediu, ela andava meio histérica por conta da perda de sua primeira filha.
Não poderia presenciar outra perda.
Alecsander olhou para os meistres, seus olhos desesperados.
— Façam alguma coisa! — gritou, assustando todos eles.
Aemond apareceu na porta, seu olho arregalado pela a confusão que se instaurava no local.
— Façam algo! Façam algo! Façam algo! — repetiu o garoto, sentindo Lucerys tremer em seus braços.
De qualquer maneira, ele teria que parar.
E ele o fez.
O aperto de Luke se afrouxou ao redor de seu braço, e ele parou de se mover.
Alec focou rapidamente em seu irmão, vendo que o garoto havia falecido com os olhos abertos em sua direção.
Tudo estava quieto, silencioso.
Vazio.
Os meistres tentaram falar com ele, o Targaryen não os ouviu. E quando tentaram se aproximar, Aemond os impediu, segurando o cabo de sua espada.
Daemon o olhou, dando um passo a frente, querendo que o mais novo saísse do quarto.
Aemond recusou, se mantendo no lugar e apertando com mais força o cabo com a lâmina afiada.
Sabia que não daria conta do irmão de seu pai, tivera ouvido diversas histórias sobre ele.
Entretanto, deixar Alecsander no momento era como pedir algo impossível.
Ele não o faria.
Rhaenyra tocou no braço do marido, sentindo sua mão tremer. Ela precisava dele, e Alec precisava de Aemond.
Não importava que desavenças eles tivessem.
— Deixe-o — suplicou, sua voz falha.
Daemon não queria, ele realmente não queria. Mas se importava com sua rainha, sua esposa.
Ele obedeceu, dando um olhar ameaçador para o príncipe caolho.
Aemond deixou o ar escapar, ao menos sabendo que estava segurando. O homem se virou para seu garoto, se aproximando dele com cautela.
— Ele se foi — sussurrou o cacheado, não tendo expressão.
O platinado se abaixou, mandando que os meistres saíssem do quarto.
Eles o fizeram.
Aemond se ajoelhou ao lado do moreno, notando que estavam apenas eles e o corpo falecido de Lucerys presente.
Seu toque foi gentil, massageando a perna do mais novo.
— Meu irmão se foi — sussurrou outra vez, erguendo a mão e fechando os olhos de Luke.
O príncipe caolho se atreveu, pegando as mãos do garoto e beijando seus dedos.
Virando-o para ele.
Ele era péssimo com palavras, era notável pela a forma que não conseguia dizer o que sentia ao cacheado em sua frente.
— Ei — ergueu uma mão, pegando no queixo de Alec. — Fale comigo. Eu sei que deve doer.
— Dói — respondeu, piscando os belos olhos. — Dói muito... — focou no platinado. — Eu achei que não ia doer tanto.
Ele já sabia.
Alecsander tivera deixado de frequentar o quarto de Lucerys.
Motivo?
Ele sabia que talvez seu irmão não pudesse acordar, e se acordasse...
Mas ele acordou, e morreu em seguida.
Provavelmente, envenenado.
Veneno.
Alec pensou, focando nas letrinhas que se tornavam gigantes em sua cabeça.
Tivera envenenado Hakon — O Rei do Extremo Norte — mesmo que tivesse sido uma dose pequena.
Ele não morreu por isso, mas sabia quem tivera ganhado com todo esse transtorno.
Arkin.
O maldito infeliz matou o próprio irmão.
Não!
Alecsander não poderia considerar ele da família, de modo algum.
— Eu quero ele morto, Aemond — deslizou seus dedos contra os do homem. — Preciso que Arkin morra imediatamente.
— Eu farei—
— Não! — interrompeu o cacheado. — Eu farei.
— Alecsander... — não era uma forma saudável de lidar com o luto.
— Preciso que faça outra coisa por mim — comentou, focando apenas em Aemond.
— O que quiser, eu sou seu — desabafou, se xingando mentalmente por ter falado algo sério em uma momento nada apropriado.
De qualquer maneira, Alecsander não percebeu, ou não se importou.
Aemond entendia agora o que era ser rejeitado.
Alecsander olhou uma última vez para o irmão, se despedindo com um beijo em sua testa.
— Os pretos se lembram — recitou, sua tristeza dando lugar a raiva.
Ele se levantou, seu queixo erguido quando se dirigiu para fora do quarto.
"Até os mais fortes podem cair."
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NOTAS—
• O Alec é tão esperto, a forma que ele está sempre um passo a frente é tão—
Não sei dizer. Eu te entendo, Aemond.
• "Lucerys será vingado." — não posso explicar o que estou sentindo.
Pequeno Luke, Alec vai vingar você.