𝐀𝐅𝐄𝐓𝐑𝐎𝐏𝐈𝐀 ── larry s...

By heschicago

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O que acontece quando você tem que fingir um relacionamento com seu orientador de mestrado? Harry é professor... More

#𝟎𝟎𝟏 𝐏𝐈𝐋𝐎𝐓
#𝟎𝟎𝟐 𝐖𝐇𝐄𝐍 𝐇𝐄 𝐃𝐎𝐔𝐁𝐓𝐄𝐃 𝐀𝐁𝐎𝐔𝐓
#𝟎𝟎𝟑 𝐈𝐓'𝐒 𝐍𝐎𝐓 𝐖𝐇𝐀𝐓 𝐘𝐎𝐔'𝐑𝐄 𝐓𝐇𝐈𝐍𝐊𝐈𝐍𝐆
#𝟎𝟎𝟒 𝐖𝐇𝐄𝐍 𝐇𝐄 𝐏𝐑𝐀𝐈𝐒𝐄𝐃
#𝟎𝟎𝟓 𝐂𝐇𝐈𝐋𝐃𝐇𝐎𝐎𝐃 𝐓𝐑𝐀𝐔𝐌𝐀
#𝟎𝟎𝟔 𝐃𝐈𝐄 𝐘𝐎𝐔𝐍𝐆
#𝟎𝟎𝟕 𝐑𝐔𝐍 𝐀𝐖𝐀𝐘 𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐌𝐄
#𝟎𝟎𝟖 𝐀 𝐏𝐋𝐀𝐂𝐄 𝐘𝐎𝐔 𝐖𝐀𝐍𝐍𝐀 𝐒𝐓𝐀𝐘
#𝟎𝟎𝟗 𝐖𝐄 𝐀𝐑𝐄 𝐍𝐎𝐓 𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐔𝐂𝐊𝐘 𝐎𝐍𝐄𝐒
#𝟎𝟏𝟏 𝐃𝐀𝐘𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓
#𝟎𝟏𝟐 𝐒𝐇𝐔𝐓 𝐔𝐏 𝐀𝐍𝐃 𝐊𝐈𝐒𝐒 𝐌𝐄, 𝐘𝐎𝐔𝐑 𝐅𝐎𝐎𝐋!
#𝟎𝟏𝟑 𝐈 𝐊𝐈𝐒𝐒 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐂𝐀𝐑𝐒 𝐎𝐍 𝐇𝐈𝐒 𝐅𝐀𝐂𝐄
#𝟎𝟏𝟒 𝐃𝐄𝐄𝐏𝐄𝐑 𝐈𝐍 𝐌𝐘 𝐒𝐎𝐔𝐋
#𝟎𝟏𝟓 𝐀𝐊𝐖𝐀𝐑𝐃
#𝟎𝟏𝟔 𝐈'𝐌 𝐓𝐑𝐘𝐈𝐍𝐆
#𝟎𝟏𝟕 𝐘𝐎𝐔'𝐕𝐄 𝐆𝐎𝐓 𝐌𝐘 𝐃𝐄𝐕𝐎𝐓𝐈𝐎𝐍
#𝟎𝟏𝟖 𝐈 𝐃𝐎𝐍'𝐓 𝐖𝐀𝐍𝐍𝐀 𝐇𝐄𝐀𝐑 𝐀𝐁𝐎𝐔𝐓 𝐇𝐈𝐌
#𝟎𝟏𝟗 𝐏𝐋𝐀𝐘 𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐌𝐄, 𝐁𝐀𝐁𝐘
#𝟎𝟐𝟎 𝐍𝐎𝐓 𝐅𝐋𝐀𝐖𝐋𝐄𝐒𝐒
#𝟎𝟐𝟏 𝐅𝐀𝐂𝐄 𝐓𝐇𝐄 𝐓𝐑𝐔𝐓𝐇
#𝟎𝟐𝟐 𝐓𝐀𝐊𝐄 𝐌𝐘 𝐓𝐈𝐌𝐄
#𝟎𝟐𝟑 𝐅𝐀𝐌𝐈𝐋𝐘 𝐈𝐒𝐒𝐔𝐄𝐒
#𝟎𝟐𝟒 𝐖𝐎𝐍𝐃𝐄𝐑𝐖𝐀𝐋𝐋
𝘁𝗵𝗲 𝗹𝗮𝘀𝘁 𝘀𝗵𝗼𝘁

#𝟎𝟏𝟎 𝐘𝐎𝐔'𝐋𝐋 𝐁𝐄 𝐎𝐊𝐀𝐘

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By heschicago

Notas:

Autora é clickbait essa capa ou não?

  O capítulo ficou longo mas ficou completinho e dá forma que eu gostaria, então espero que vocês gostem de ler tanto quanto eu gostei de escrever esse capítulo.

   Lembrem de votar caso gostem, beijos.

All the love, Ruthinha ✿

────────────────────
─ Você está tão calado hoje Harry, o que houve? ─ minha mãe me pergunta do outro lado da mesa e pela primeira vez no dia eu tiro os olhos do meu prato e retribuo seu olhar.

Vamos contextualizar o porquê que estou sentado na mesa de jantar da minha mãe bipolar almoçando com ela e com a minha irmã descontrolada sem ser uma quinta-feira em que somos obrigados a fingir ser uma familia feliz jantando juntos. Na verdade, hoje é um sábado.

Gemma foi quem fez o convite, surpreendentemente sendo um porta voz da minha mãe que fez questão da minha presença, dando ênfase que tudo isso era para manter o espírito familiar.

Quando acordei e vi a mensagem quis ligar para minha mãe e gritar que não existe espírito familiar além da discórdia e rancor e boa parte da culpa disso é dela. Mas então minha irmã me surpreendeu quando também fez questão de garantir que eu fosse porque tinha notícias a nos contar

Desde que cheguei pude perceber em silêncio muitas coisas. Ver de perto como minha irmã cai como pato na lagoa no que minha mãe vende me deixou surpreso.

Não me leve a mal, eu não dou a minima em ver minha irmã fazendo papel de idiota. Eu deixo a minha irmã viver a vida utópica dela a vontade, como se meu pai nunca tivesse nos abandonado, como se nossa mãe não tivesse se tornado um monstro depois disso e nos deixado de lado como se fossemos nada, e claro, a cereja do bolo, como se o namorado dela não fosse um completo cuzão que age como nosso pai cem porcento do tempo.

Mas agora ela não finge acreditar que minha mãe está sendo um ser humano melhor como ela faz em todos os outros aspectos de sua vida. Ela realmente acredita em sua mudança e isso me choca. Ela teve um lembrete frequente todos esses anos, nós tivemos, sobre o ser humano que minha mãe é e o quão manipuladora ela pode ser quando bem pretende, e mesmo assim se deixa levar no seu teatro.

Então esse é o motivo pelo qual estou monossilabico e sendo interrogado por Anne.

─ Só estou pensando na prova que vou dar para os meus alunos amanhã, apenas isso.

─ Então está indo tudo bem no seu estágio? ─ encaro seu sorriso com raiva queimando nas minhas veias.

─ Eu já terminei a minha faculdade de pedagogia faz mais de um ano mãe, eu não preciso de estágio mais. Tenho um trabalho de verdade agora.

─ Oh, é claro, filho. Eu apenas tinha me esquecido por um momento. É que vocês crescem tão rápido. ─ ela dá uma risada maligna e Gemma ri junto.

É isso que acontece quando você não dá atenção para seus filhos na infância deles mamãe, você não os vê crescer.

─ É, deve ser isso. ─ murmuro voltando a encarar a salada intocada no meu prato. Então lembro que fiquei de ligar para Niall hoje já que ele irá fazer uma viagem para Irlanda a fim de visitar sua família. ─ Podem me dar licença um minuto?

Não espero a real permissão e me coloco de pé, tirando o celular do bolso e já procurando o contato do meu amigo enquanto sento no sofá da sala, afastado da mesa de jantar. São necessários apenas três toques até que ele atenda.

─ Graças á Deus que você me ligou, acho que vou desmaiar de nervoso.

Não sei se já disse antes, mas Niall é uma das únicas pessoas que conseguem amenizar as coisas na minha vida sem nenhum esforço e ouvir sua voz já me fez mais calmo.

Dou risada de todo o drama.

─ Você pagou tão caro nessas passagens, será que dá para esperar para desmaiar dentro do avião?

─ Eu sabia que tinha ligado para pessoa certa para me acalmar. Mas e aí, como vai o almoço da grande família?

Olho para os lados antes de bufar e falar baixo ao telefone.

─ Tudo muito estranho. Desde que cheguei minha mãe está com um sorriso sinistro no rosto e minha irmã com uns olhos de quem a qualquer momento vai jogar uma bomba em cima da mesa. Só quero ir para casa.

─ Ou você pode ir direto para os braços do seu amado. Já separou sua roupa para o encontro com Louis?

Ah, e tem isso. Além da importuna mensagem da minha irmã, meu celular também tinha uma mensagem não lida de Louis, já que eu havia avisado que estaria disponível hoje. Ele fez suspense sobre o lugar que irá me levar, mas confesso que estou bastante ansioso.

Apesar de estar corroendo em ansiedade tento fingir que não é grande coisa. Ontem mesmo fiz questão de não procurar a roupa perfeita para essa ocasião, mas ainda assim sonhei com as peças que deveria usar.

É inegável que eu estou nervoso, o que vai justamente contra o propósito dessa saída. Mas não dá! Semanas atrás eu ao menos cogitaria sair com ele e então Louis me convida derrepente para um encontro.

─ Não. Mas não grite comigo, eu já tenho uma ideia do que usar.

─ Se você esta pensando em calça jeans preta e aquela bota Chealsea que já esta destruída, nossa amizade acaba por aqui.

─ Oque?! Por que? ─ exclamo.

─ Harry, fala sério. Além do fato de que ele já te viu com essas roupas inúmeras vezes, você tem que se destacar pelo menos um pouquinho nessa ocasião.

─ Você sempre sabe melhor. Me dê umas dicas então.

─ Vai com aquela sua calça social branca com estampa tropical e pra ficar casual, uma blusa de botões preta e aquela bota de couro preta que eu te dei no seu aniversário.

─ Você é o melhor amigo de todos os tempos.

─ Eu sei disso, agora tenho que ir porque meu avião já vai decolar. Boa sorte com a sua família descompensada.

─ Obrigado, algo me diz que eu vou precisar. Mande mensagem quando chegar na Irlanda!

─ Pode deixar. Bom encontro com o bonitão. ─ revirei os olhos com o apelido mas segurava um sorriso na boca. Quando desliguei o celular as vozes altas na cozinha me chamaram a atenção e eu voltei para lá.

─ Bom, mudando de assunto, eu acho que agora é o momento certo para fazer o anúncio. ─ foi a primeira coisa que Gemma disse quando me viu retornando ao meu lugar. A sobremesa já estava servida apesar de que a comida ainda rodava um pouco em meu estômago.

Minha mãe larga os talheres no prato de cerâmica e batuca as mãos repetidas vezes sobre a mesa, imitando o som de uma bateria para fazer suspense.

─ Como sabem, eu e Michael completamos dez anos juntos esse mês e ele quis fazer uma surpresa para mim. ─ ela levanta a mão no ar e mostra o diamante brilhando no dedo anelar. ─ Eu estou noiva.

─ O que? ─ digo não acreditando no que acabei de ouvir, enquanto minha mãe pega sua mão de forma animada comentando sobre o quão lindo é o seu anel de noivado.

─ É isso. Fui pedida em casamento, nós vamos se casar em novembro.

─ Isso é uma notícia tão boa, minha filha. Nós temos que comemorar, esperem, esperem. ─ ela se levanta da mesa e eu me apoio na mesma, me aproximando de Gemma.

Quero dizer para ela que isso é uma loucura e ela perdeu a cabeça por ter aceitado, mas nada que saia da minha boca terá o mínimo efeito na minha irmã a não ser raiva.

─ Novembro? Você vai para a América em novembro.

No nosso último jantar me permiti sentir felicidade genuína por Gemma. Ela me contou que irá para a América porque foi promovida pela empresa em que trabalha.

Mesmo que não seja seu emprego dos sonhos, fiquei feliz porque quando éramos pequenos ela tinha fotos pregadas na parede do quarto que dividiamos e nelas tinham diversos países da América do Sul que ela sonhava em visitar.

Eu senti que a antiga Gemma não havia realmente morrido e que no fundo ela ainda tinha os sonhos que sempre falávamos de madrugada sobre. Esse sentimento me acolheu e eu me agarrei a ele. Mas agora a mínima chance de que ela deixe isso por causa de Michael me revolta.

─ Isso não importa mais, o amor não tem hora nem lugar para acontecer, Harry. ─ ela alega.

─ O que você quer dizer com 'isso não importa mais'? Isso é literalmente tudo para você. E se isso é realmente amor porque ele não respeita as suas vontades e sonhos?

─ Você está falando bobeira, como sempre. Como você sabe que foi ele que me fez desistir de ir para América e não foi uma decisão minha de não ir?

─ É porque eu te conheço, Gemma. Fala sério, é o seu sonho desde sempre ir para lá. Porque ele não poderia simplesmente marcar o casamento para outra data, se é que você sente mesmo a vontade de fazer essa maluquice e se casar com Michael.

A essa altura de campeonato nos dois já estamos falando alto e inclinados ao máximo na cadeira.

─ Não, você não me conhece. Eu e Michael temos prioridades e a América não é uma delas.

─ Caramba, você não enxerga? ─ minha risada é incrédula. ─ Você não é prioridade! Ele não te respeita e fez a porra de uma lavagem cerebral em você. Que porra você está fazendo da sua vida, Gemma? Que merda, você quer se tornar a mamãe.

Me recolho na cadeira quando ela se levanta de abrupto da cadeira e agora sim reparo em suas bochechas vermelhas e sua boca curvada em ódio.

─ Já chega. Lava a sua boca para falar do meu marido. ─ ela bate o punho na madeira da mesa e eu me encolho mais. ─ Sabe o que você é Harry? A porra de um invejoso. Ninguém te suporta, ninguém consegue te amar. O maior tempo que as pessoas passam na sua vida é o tempo que passam na sua cama! Você não me conhece e não conhece nada do meu casamento.

Sabe a sensação de estar preso no vácuo? Onde qualquer voz se torna distante demais para ser assimilada e sua própria respiração vaga demais para ser escutada e controlada? É assim que me senti naquele momento.

Neste momento minha mãe chega na sala de jantar novamente com uma garrafa de vinho na mão, pronta para comemorar a grande notícia. É aí que me dou conta e me levanto da mesa, respirando fundo e controlando meu tom de voz.

─ Pode se afundar na mentira que é sua vida Gemma, faça o que você quiser, mas eu não vou ficar assistindo. Viva o seu casamento infeliz e continue sendo controlada pelo seu marido narcisista. E lembre de pegar dicas com mamãe sobre casamento porque ela deve ser o seu melhor modelo de relacionamento, por isso que o seu é um show de horrores. ─ pego meu celular em cima da mesa e encaro a figura estática da minha mãe. ─ Obrigado pelo almoço, mas eu não volto aqui tão cedo.

Saio de lá segurando as lágrimas de raiva por ter sido humilhado por minha irmã. Por ver que eu estava enganado e que sim a sua melhor parte está morta e não voltará nunca mais.

Minha respiração começa a cessar e a mesma sensação de que meus pulmões estão formigando vem à tona. O que meus olhos conseguem enxergar além do borrão dos carros passando pela rua da casa da minha mãe são as minhas mãos trêmulas demais.

Desbloqueio o celular e abro minha lista de contatos. Mesmo sabendo que a não ser que aconteça um milagre, é impossível que Niall me atenda, eu ligo para ele. Cai na caixa postal na hora e eu me desespero mais ainda, porque minha âncora está longe e agora nada me impede de me afundar.

Eu me sinto tão vulnerável nesse momento, tão sobrecarregado que as lágrimas saem dos meus olhos antes que eu possa impedir.

Tiro o celular da orelha e vejo o contato de Atlas. Ele seria alguém que eu facilmente ligaria em uma ocasião como essa, como eu costumava fazer, mas depois de tudo ele não é a pessoa mais adequada.

Mas então uma mensagem chega.

Você gosta de vinho seco?

É Louis quem manda, mas eu não sou capaz de pensar sobre meu gosto nada requintado para vinhos no momento. Só então lembro que hoje tenho um encontro com Louis e que talvez tenha que desmarcar por causa da minha situação. Não sei como melhorar até o final do dia e ficar por horas falando com ele com um sorriso no rosto.

─ Merda. ─ murmuro e entro no chat, piscando para as próximas mensagens que chegam em seguida.

Esqueça. estou levando os três tipos. Vinho tinto, branco e comum

Meu deus, você gosta de vinho, não é?

Um riso me escapa e eu mordo os lábios antes de tomar uma decisão que provavelmente me arrependerei sobre.

O segundo toque nem termina de ressoar e Louis atende.

─ Você está me levando para um encontro ou para a cama do hospital em um coma alcoólico?

─ Eles deixam entrar com garrafas de vinho no hospital? Porque agora tenho muitas comigo. ─ dou uma risada meio chorosa. ─ Você está bem?

Ele pergunta depois de um tempo, parecendo prender a respiração. Eu apenas não posso mentir para ele, então também prendo a minha, tentando segurar o choro que insiste em escapar.

─ Louis, eu- eu acho que preciso de um amigo agora. ─ digo com dificuldade pelo bolo em minha garganta. ─ Eu não quero te atrapalhar- Eu. Podemos só... Falar pelo telefone? Você não precisa parar de fazer o que está fazendo.

─ Harry, não fale assim. Se você precisa de mim então eu estarei aí para te confortar, tudo bem? Sem problemas. Me diga seu endereço e então eu vou até você.

Meu choro engata mais ainda pela vergonha de estar vulnerável o suficiente para precisar dele.

─ Harry, fale comigo.

─ Eu não consigo, eu... Eu estou na rua Everdeen, paralela a Millsville, se eu não me engano.

─ Tudo bem, eu estou indo até você. Não vou desligar a chamada, ok? Escuta minha respiração e tenta seguir o ritmo.

Não deveria funcionar muito porque a sua própria respiração parece um pouco descompassada, como se ele estivesse correndo, mas ainda assim consigo me acalmar mais e eu sento no meio fio, colocando o rosto entre as mãos, ainda segurando o celular com uma delas.

Depois de um tempo, olho para o lado, um pouco distante de onde estou sentado, mas ainda na calçada, e vejo as minhas iniciais e as de Gemma rabiscadas com giz no cimento. Passo os dedos sobre o rabisco e sou levado diretamente para o dia em que o fiz. Eu tinha 7 anos, foi logo quando nos mudamos para esta casa.

Eu sempre odiei mudanças, mas essa superou todas porque foi logo depois que meu pai saiu de casa. Minha mãe depois de sair da sua fase de negação completa, foi para a fase da raiva absoluta. Raiva do meu pai, de mim, da casa e até da minha gata Misty. Ninguém saiu ileso a sua fúria e nós nos mudamos porque ela não queria morar na mesma casa que antes vivíamos como uma família.

Mas eu não conseguia compreender isso, porque tudo que eu queria era a minha família de volta, minha casa e as memórias que lá construí. Eu queria meu pai de volta e a sobriedade da minha mãe. No dia em que viemos eu via minha mãe entrar e sair da casa com caixas e mais caixas de mudança e eu só conseguia assistir aquilo com lágrimas nos olhos e a caixa com as minhas coisas nas mãos, sem coragem para entrar na casa, porque mesmo sendo criança, eu sabia. Eu sabia que quando a mudança realmente acontecesse aquele pesadelo da separação dos meus pais se tornaria mais real do que jamais foi. Meu pai não iria voltar, ele não teria uma casa mais.

Eu me sentei na calçada com meu coelho de pelúcia nas mãos e chorei como nunca. Gemma sentou do meu lado e me abraçou, me consolando.

" Não fica triste, Harry. Memórias nós fazemos em qualquer lugar! E pense bem, o que importa é que ainda temos um ao outro. A casa se foi mas ainda somos Hazz e Gem. - ela pega um giz na minha caixa de mudanças e escreve no chão ' G + H ' - Viu? Você sempre vai ter a mim, não importa onde iremos depois. - eu finalmente parei de chorar, agarrando o giz da sua mão e fazendo um coração em volta das iniciais. Porque naquela hora era isso que importava, eu tinha à ela"

─ Eu estou aqui. ─ sou tirado dos meus pensamentos pela figura ofegante de Tomlinson parando de correr e colocando as mãos nos joelhos.

─ Você veio correndo? E a pé? ─ indago.

Ele sorri charmoso e se senta ao meu lado. É ali que tenho a minha certeza de que mesmo que Gemma tenha mentido e que não, eu não tenho à ela, tudo vai ficar bem, porque foi apartir de uma mudança que agora tenho à ele.

Quando fico enjoado em ver o borrão verde que passa rapidamente pela janela do carro, minha cabeça pende até encostar no estofado do banco. Ladeio ela até meus olhos encontrarem Louis, sentado ao meu lado.

─ Para onde estamos indo? ─ me preocupo em perguntar pela primeira vez desde que entrei no táxi que ele pediu. Ele me olha e desliga o celular, colocando-o no bolso antes de responder:

─ Para a minha casa. Me desculpa eu- eu nem perguntei se está tudo bem para você.─ ele lambe o lábio inferior e olha pra longe, parecendo assustado. ─ Eu realmente fiquei preocupado, Harry.

Quando ele me olha novamente é isso que seus olhos e sua voz trêmula transmitem. Preocupação. Suas íris estão claras e ele tem um vinco nas sobrancelhas.

Queria tranquiliza-lo, dizer que vou ficar bem e explicar o que houve, mas dou uma olhada rápida no banco da frente e vejo os olhos fixados do motorista em nós pelo espelho do carro, então me limito a acenar em entendimento e deito devagar minha cabeça no seu ombro, como um pedido de desculpas por isto.

Chorar me dá sono e eu acabo cochilando no ombro de Louis, o que não parece ser um problema já que no minuto em que chegamos na sua casa sou acordado por seus chamados.

Quando entramos um cachorro preto e muito bonito pula nas pernas de Louis, animado com sua chegada.

─ Papai chegou, bebê. E trouxe companhia. Esse aqui é o Harry, ele é muito legal. ─ o cachorro dele vem até meus pés me cheirar e eu me abaixo para fazer carinho nele.

─ Eu achava que você era o mais bonito da sua família, Louis, mas me enganei.─ digo enquanto acaricio o pelo do animal.

─ Não sei se fico ofendido ou lisonjeado com esse comentário. ─ nós rimos e um silêncio paira sobre sua sala de estar. É aí que paro para olhar o lugar e é bem...Louis. ─ Bem, fique a vontade. Eu vou preparar um chá para nós, tudo bem?

─ Certo. ─ quando ele sai eu me levanto e me sento no seu sofá, tombando a cabeça para trás.

Me sinto exausto emocionalmente. Quando saí de casa eu nem imaginava que todas as minhas energias seriam arrancadas do meu corpo contra a minha vontade. Hoje tinha tudo para ser um dia tão bom mas agora estou no sofá do meu mentor de mestrado após ter chorado como um bebê na sua frente. Sinto vontade de ir embora, ficar na minha casa, de baixo dos meus lençóis e chorar até que não sobre uma gota d'água no meu pobre corpo.

Tenho que parar de me lamentar quando Louis volta com duas xícaras de chá e me entrega uma delas, ouvindo o meu agradecimento e se sentando ao meu lado, me olhando.

─ Então, você está bem agora?

Minhas bochechas ficam vermelhas.

─ Sim, eu estou bem melhor, graças a você. ─ ele me da um sorriso carinhoso.─ Louis, eu realmente queria me desculpar.

─ Você não tem que-

─ E antes que você fale que eu não preciso me desculpar, ─ o corto ─ eu não estou me desculpando por me sentir triste porque sei que isso eu não controlo. Mas sou um homem crescido e deveria lidar com as minhas emoções sozinho. Eu gosto muito de você, mais do que deveria até, e foi por isso que te liguei, mas não queria tirar o seu descanso de sábado para vir me socorrer. ─ meus olhos ardem e lágrimas teimosas insistem em voltar, mas Louis é rápido em recolher a primeira delas no canto do meu olho com o seu polegar.

─ Eu posso falar agora? ─ sua voz é tão pacífica que sinto vontade de fechar meus olhos e cair em um descanso profundo, mas assinto, sentindo falta do seu toque no momento que seu polegar deixa meu rosto. ─ Eu também gosto de você Harry, muito mesmo, e sei que se fosse eu no seu lugar eu também pensaria em te ligar, mesmo que não fosse corajoso o suficiente para faze-lo. Eu quero que você conte comigo e não se sinta envergonhado em me chamar quando precisar de mim, a gente pode combinar isso? Hoje meu dia já era todo seu, você sabe disso.

─ O encontro... ─ olho pra longe. ─ Eu não esqueci, tudo bem? É só que, aconteceu tanta coisa que eu não sei se vou conseguir sair e me divertir como era o propósito da nossa saída, Louis. Eu sinto muito mesmo.

─ Para de se desculpar, homem! ─ ele ri. ─ Não pense que se livrou de mim, se você estiver melhor amanhã a gente sai e a diversão será garantida.

─ Você promete?

─ Com uma condição.

Que você não me ligue chorando como um bebê novamente.

─ Que você me prometa que irá passar a noite aqui. ─ ele diz sério e eu caio na risada.

─ Você ficou maluco? Eu tenho que ir para casa, Louis. Inclusive, logo, porque já está começando a escurecer.

─ Por que ir? Amanhã podemos sair juntos. ─ o olho apreensivo. ─ Vamos lá, a desculpa do trabalho não vai funcionar porque amanhã é domingo, então, é melhor que você tenha um bom arsenal de boas desculpas. Eu só aceitarei você saindo por aquela porta se for porque você não quer dormir aqui, o que eu acho difícil porque ter a companhia do Cliff a noite toda é maravilhoso, você tem que testar.

Tudo é muito tentador, principalmente quando todas as palavras persuasivas saem da boca rosa de Louis se encaixando perfeitamente na sua voz melódica e quando ele tem sua mão em meu joelho. Mas então sou levado mais uma vez para o acontecimento de mais cedo.

─ É meio inacreditável que você ainda me queira por perto mesmo quando te arrastei para um drama algumas horas atrás. ─ a risada sai envergonhada e minha voz baixa e embargada.

Me arrependo de falar isso no momento que a mão de Louis deixa minha perna e ele direciona um olhar machucado para mim.

─ Você realmente pensa tão mal assim de mim? ─ ele diz fraco e eu não me atrevo a responder porque sei que foi retórico e ele tem mais a dizer. ─ Harry, eu não gostei de ir até você hoje. Mas não porque você me incomodou e sim porque a situação me doeu fisicamente. Te ouvir- te ver chorar Harry, te ver machucado e não poder curar suas dores me doeu e me frustrou.

─ Eu não posso reclamar disto, Harry. ─ Louis ri sem humor algum. ─ Não quando eu sempre soube que você me afetaria desta forma. Desde que você entrou no meu escritório e começou a ser o ser humano mais atrevido que eu conhecia, desde que sorriu para mim pela primeira vez, eu sabia que me doeria se alguém tirasse aquele sorriso do seu rosto. Eu sabia que iria precisar te manter por perto para garantir que ninguém te ferisse. Se hoje você sair por aquela porta Harry, acho que nem vou conseguir dormir pensando na possibilidade de você ir dormir chorando. Então, fique.

Limpo meus olhos úmidos e penso no quão importante Louis se tornou para mim. Eu precisava do Louis hoje. Não adianta me enganar e me envergonhar como se Louis fosse a última opção, porque não era. Eu liguei para Niall já sabendo que não havia possibilidade de ser atendido, e pensei em Atlas porque lembrei do dia em que Louis me levou para aquele lugar e me contou sua história.

E neste momento, a razão de relutar para dormir aqui não é ter outros compromissos aqui e sim o medo de fechar os olhos e sonhar com Louis. De me apaixonar se eu ficar mais próximo ainda. Eu sei que ele é brasa quente, me aquece tanto quando estou perto que me sinto tentado a tocar, mas...Não tem outra opção além de ser queimado, e já consigo prever meu corpo pegando fogo por ele.

─ Eu acho que preciso testar mesmo se dormir com Clifford é tão bom assim. ─ digo prendendo o lábio inferior nos dentes para não sorrir.

O cachorro ao ouvir seu nome levanta as orelhas e sai de sua caminha, pulando entre mim e Louis e se jogando exageradamente no sofá.

─ Vou preparar a cama. ─ Louis diz depois de deixar um beijo estalado na cabeça de Cliff e antes de ir em direção as escadas deixa um beijo na minha bochecha.

Quando Louis some pelas escadas Clifford late alto e eu sussurro:

─ Eu sei? É tão bom, não é? ─ Ele late de novo e eu faço carinho na barriga dele tendo a certeza que esse cachorro possui muita mais sorte que eu.

Apareço no quarto de Louis com o pijama que ele me entregou minutos atrás para que eu ficasse mais confortável e apesar de ter ficado bem justo nas pernas por ser dele, ainda assim é mais confortável do que a calça jeans que antes usava. Ele está de costas para mim jogando os travesseiros com fronha trocada para a ponta de cama. Quando se vira passa os olhos devagar pelo meu quarto lambendo os lábios e eu me sinto envergonhado.

─ Ficou um pouco justo. ─ arregalo os olhos depois de falar porque sei que pareci meio rude, mas só estava tentando justificar minha aparência depois do seu olhar tão intenso que tive duvidas sobre ser julgador ou não. Ele apenas ri e olha nos meus olhos.

─ Para mim ficou ótimo. Olha, já troquei a roupa de cama, tudo cheirosinho e preparado para a sua melhor noite de sono.

─ Aposto que sim, mas tem certeza que não quer dormir na sua cama? Eu realmente não me importaria de dormir no sofá.

─ Pelo amor de Deus, não se preocupe com isso. Eu só vou tomar um banho rápido e então estarei lá embaixo caso precise de mim, ok? ─ assinto como uma criança ansiosa e o vejo sair do quarto.

Fico sentado na ponta da cama por um tempo, mas quando o escuto ligar o chuveiro no banheiro do corredor, apago as luzes e me coloco embaixo do edredom pesado.

Fico encarando a escuridão do teto até o chuveiro desligar e então minha mente curiosa se pergunta se Louis irá vim para o quarto de toalha. Eu não sou um tarado, é só uma dúvida porque seria uma situação que eu teria que estar mentalmente preparado para enfrentar e coincidentemente o closet dele fica no quarto onde estou.

Minha dúvida é sanada quando passa um tempo e ele não aparece, então a minha teoria de que enquanto eu trocava de roupa ele pegou uma troca das dele no quarto, é comprovada. me reviro na cama e tento dormir, mas não consigo.

Se passam vários minutos até que eu comece a ficar agoniado em não conseguir pregar os olhos. Escuto um interruptor sendo ligado e levanto da cama para descer as escadas e ver Louis sentado no sofá, com as sobrancelhas franzidas e olhando para Clifford.

─ Você pode ir parando de graça se não eu te coloco pra dormir lá fora. ─ ele diz com medo e eu dou risada, chamando sua atenção. ─ Ah, oi Harry.

─ Eu por um acaso deveria ter sido avisado de que você é sonâmbulo ou algo do tipo? O que você está fazendo?

─ Eu não sou sonâmbulo, meu bem. É que Clifford começou a encarar a parede do nada, vai que era algum bicho!

─ Louis Tomlinson tem medo de insetos, então? Que novidade.

─ É uma aversão à eles, apenas. Mas já que você é tão Dora Aventureira assim, vou parar de ter dó e te colocar para dormir aqui embaixo, aí eu quero ver. ─ dou risada e me sento no braço do sofá, inclinando a cabeça para o lado e encarando Clifford. ─ Não está conseguindo dormir? ─ Louis diz depois de um bocejo e eu o olho, pensando bem nas possíveis consequências do que vou dizer agora.

─ Eu estava pensando, sua casa é tão grande, você não fica pensando se estou bem protegido lá em cima também não? ─ Louis saca na hora o que eu quero dizer e sorri, colocando os braços atrás da cabeça. Sigo o movimento hipnotizado porque Louis tem apenas uma regata cobrindo o tronco, o que deixa seu bíceps completamente exposto, junto de suas tatuagens.

─ Você tem alguma solução para isto, então?

─ Talvez. Eu sou um pouco espaçoso mas tenho certeza que sua cama dá para nós dois. ─ ele aperta os olhos para mim. ─ O que foi? Eu não sou acostumado a dormir na casa das pessoas, tenho medo de algumas coisas.

Não sei como minha desculpa esfarrapada teve efeito sobre ele, mas quando vejo seu corpo já está afundando do lado do meu no colchão.

─ Boa noite, Louis. ─ viro de costas para si e fecho os olhos.

─ Com você de costas para mim não terei, que grosseria, Harry! ─ Rio do drama mas me viro, encarando seus olhos azuis. Estamos tão próximos que mesmo com o quarto na penumbra, os vejo.

─ Boa noite, Louis. ─ repito.

─ Boa note, Harry. ─ ele fala baixo, e devagar estende a mão até que ela esteja tocando meu rosto, onde ele faz um carinho que me faz fechar os olhos, prestes a me render ao sono quando sua voz retorna a ressoar. ─ Harry.

Murmuro uma resposta mas não abro os olhos, focando no seu toque que não deixa meu rosto.

─ Tem uma coisa que eu estava planejando para nosso encontro, mas não sei se irei conseguir aguentar até amanhã. ─ abro os olhos sentindo o sono deixar meu corpo e fico completamente focado no que diz. ─ Posso? ─ assinto mesmo sabendo que ele não pode me ver.

Ele avança e cola seus lábios nos meus. Demoro para reagir mas quando consigo, coloco uma mão em sua nuca e o puxo mais para mim, querendo fundir meu corpo ao seu no momento que sua língua toca a minha. É eletrizante e perfeito, e ele parece adorar quando puxo o cabelo de sua nuca e ele murmura um palavrão na minha boca.

A gente se beija até que nossos corpos se rendam ao cansaço e nós dormimos. Naquela noite sonhei com Louis.

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