Após algumas horas de viagem, chegamos à ilha onde passei a lua de mel com James. As lembranças do que vivi alguns meses atrás ficaram de lado, pois estava em luto. Aquelas perdas estavam fazendo meu peito perecer em sofrimento. O pior de tudo é que não fazia sentido. Como uma emboscada os levou aos meus pais e meu primo e sua esposa a serem assassinados em suas próprias casas?
Enquanto Melina conversa com os pilotos eu saí em direção ao carro que nos aguardava para nos levar a casa.
– Aqui é lindo. – Escuto a voz do menino olhando pela janela.
– Sim, Henry. – Melina fala acariciando o cabelo do filho. – Essa ilha é do seu pai. – Seus olhos estavam em mim ao invés do filho.
A frieza que ela terminou a frase me fez meu corpo arrepiar.
Eu estava em choque. Ela queria marcar território naquela situação que estávamos?
Chegando à mansão fomos recepcionados por alguns funcionários. Levaram Melina e Henry para um dos quartos de hóspedes e eu segui para o quarto principal.
Meu telefone tocou, chamando minha atenção.
– Amber? Vocês chegaram bem? – A voz atenta de James do outro lado chamou minha atenção.
– Sim. Você descobriu quem fez isso com eles? – Eu estava com ódio pelo luto que me consumia.
– Os Malloy.
– Quero a cabeça de todos eles. – Minha voz saiu grave enquanto as lágrimas marcaram o meu rosto. – Não hesite.
– Não vou, Amber.
A ligação ficou em silêncio por alguns minutos, até que percebi que não tínhamos mais nada para dizer um ao outro.
– Adeus, James.
Encerro a ligação.
Fiquei no quarto isolada desde que cheguei à ilha. Eva aparecia às vezes com comida ou para perguntar como eu estava. Mas nada me animava.
Da janela do quarto principal, vi que Melina estava se adaptando rapidamente à ilha. Ela andava por todo lugar e interagia com todos os funcionários. Ela parecia estar muito bem e algo que chamou minha atenção é que na ilha ela quase não interagia com o filho, uma das funcionárias ficou como babá da criança e com isso ela quase não via a criança.
O tempo estava correndo rapidamente, o pior era estar naquela ilha sem poder fazer nada.
Já James insistiam em ligar todos os dias, mesmo que eu não tivesse nada para o dizer. Com isso passamos duas semanas naquela ilha e com poucas informações do que estava acontecendo longe dali.
– É cansativo não saber de nada do que está acontecendo. – Escuto a voz da Melina ao entrar em meu quarto.
– O que você está fazendo aqui? – A encarei, aguardando sua resposta.
– Fiquei preocupada com você. James te ligou hoje?
– Não.
– Ele falou que estava perto de pegar quem fez isso com a nossa família, Amber. – Ela observava ao redor do quarto.
– Quero ficar só. – Falei apontando a porta.
– Tudo bem. Se precisar de alguém para conversar estou aqui. – Sua voz falsamente dócil não me enganava.
Viro-me para a varanda e escuto a porta ser fechada.
James me falou na ligação de hoje a localização do cofre do quarto principal e senha, lá tinha tem dinheiro e uma arma. Ele acredita que tinha alguém infiltrado da sua segurança passando as informações para os Malloy, mas eu não podia falar a ninguém sobre isso, nem mesmo para Melina.
No mesmo dia, a ilha virou um inferno em poucas horas daquele encontro com a Melina em meu quarto.
No início da noite o som de tiros e muitos gritos preenchia a silenciosa ilha. Estávamos sendo invadidos, peguei meu celular rapidamente, mas um dos seguranças entrou rapidamente no quarto.
– Senhora, precisamos sair. Estamos sendo atacados. – Ele olhava para o corredor atento.
Corri até ele e quando seguíamos em direção oposta à entrada da mansão, Melina surgiu no meio do corredor apontando uma arma em nossa direção.
– Aonde você está a levando? – Sua voz estava calma, porém seu olhar estava sério.
– Preciso tirar vocês duas daqui em segurança agor...
O segurança não conseguiu terminar de falar. Melina atirou várias vezes em sua direção, me deixando em choque.
– É melhor você não reagir Amber para não terminar igual a ele, morto.
O sorriso maldoso que estava no rosto da Melina em minha direção, me fez ter certeza que eu seria a próxima.
– Porque você fez isso? – Eu a olhei incrédula, sem entender a real motivação.
– Entra logo nesse quarto. – Apontando a arma em minha direção, ela ordenou para entrar no quarto que ela tinha saído a pouco tempo atrás.
Entrei no quarto e lá estava o pequeno Henry e sua babá. O menino estava abraçado a moça tentando buscar abrigo e proteção contra aqueles gritos e som de tiros. O mais preocupante é que a pessoa que deveria estar o protegendo era a que mais colocava medo naquele lugar.
Encolhidas e caladas no canto do quarto ficamos em silêncio como foi ordenado pela Melina. O som de tiros e gritos duraram por quase uma hora. Enquanto a Melina encarava a porta, escondi o celular por dentro da calça jeans.
A pergunta que não saia da minha mente era se James já sabia do ataque à ilha.
Escutamos muitos passos vindo na direção do corredor.
– Melina, cadê você?! – Um homem gritava no corredor.
A voz daquele homem parecia muito familiar. Porém eu não conseguia ligar a pessoa a voz, até que minha prima abriu a porta e gritou pelo seu nome.
– Estou aqui, Henry!
Enquanto ela estava no corredor a voz e nome do homem que Melina estava falando era idêntica ao do que eu conheci no Paraíso.
– Ela está ferida? – A voz dele a questionava.
– Não. Ainda não. – Melina falou fria.
– Deixe-a comigo. Não toque em um fio de cabelo dela. Você entendeu? – Sua voz grave ordenava sem deixar brecha para dúvidas.
– Sim.
O que estava acontecendo? Eu precisava sair dali.
Um homem armado surge na porta e fica nos observando, enquanto o som de passos se distancia do corredor.
– Senhora... – A babá do Henry fala baixinho. – O que está acontecendo aqui?
Seus olhos estão cheios de lágrimas, porém tentava manter o controle ao abraçar o pequenino que achou abrigo em seus braços.
– Não sei, mas precisamos nos manter calma para conseguir sair daqui. – Pressionei sua mão.
Ficamos trancadas no quarto com um ogro nos vigiando, até que outro homem armado surgiu com uma bandeja de comida, porém só quem conseguiu comer algo de lá foi o pequeno Henry.
Eu estava enjoada e precisava saber se o James sabia o que estava acontecendo.
– Preciso ir ao banheiro. – Disse ao segurança.
Aponto para a porta do banheiro aguardando-o me liberar para poder sair.
– Sim, mas volte rápido. – Ele responde me encarando.
Entro no banheiro e ligo o celular. Cada segundo que passa o telefone atualizado para ligar meu coração palpita como se fosse sair do lugar.
O celular liga e começa a procurar sinal. Algumas mensagens surgiram.
James: Amber, o que está acontecendo? Porque você não está atendendo minhas chamadas.
Amber: A ilha foi invadida. Precisamos de você, a Melina é aliada deles.
Escuto uma batida na porta e o segurança pedindo para sair logo do banheiro.
– Já estou terminando. – Avisei
Tento ligar para James, no entanto o celular está desligado.
Desligo o meu celular e novamente o escondo, orando a Deus que James esteja bem e que veja a mensagem.