Misty (Girl's Love)

By LidFlower

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(Obra Em Andamento) Títulos da obra: Misty; Nebuloso. Autora: LidFlower. Gêneros: Drama, fantasia, romance, a... More

Aviso
1 - O azul dos olhos medonhos
2 - A maciez daqueles belos lábios
3 - Vermelho como o vinho
4 - Os padrões espiralados
5 - As criaturas da montanha
5.1 - Extra: As íris azuis na pele alva
6 - Bondade justificada
7 - A pele morena refletida sob a luz
8 - O brilho cintilante das estrelas
8.1 - Extra: Os traços negros como azeviche
9 - O sorriso da beleza
10 - O homem espalhafatoso
11 - Desenterrando memórias
12 - Lembranças
12.1 - Extra: Sacrifício
13 - Artefato
14.1 - Extra 4: Treinamento
15 - Luz e água
16 - A beleza da natureza

14 - Os brincos perolados

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By LidFlower

"Mas... como isso pode ser possível?" Minha mente começou a vagar, eu estava cheia de perguntas, e cada vez mais, mais dúvidas preenchiam o meu coração.

"Eu também não sei." Meish suspirou, estávamos sem pistas. "Vamos entrar, talvez possa haver alguma outra coisa que possa ser útil."

"Tudo bem." Concordei, caminhando para a porta de madeira escancarada.

"E.... Lyna?" A voz hesitante de Meish soou.

"Sim?" Parei meus movimentos, virando a cabeça para olhá-la.

"Nada, deixa para lá,"

Arqueei as sobrancelhas em desconfiança, claramente havia algo, mas ela desistiu de falar por algum motivo. Estreitei os olhos para ela, deixando claro que eu não acreditava naquilo, mas no fim, continuei meu trajeto para dentro da casa, ela não queria falar o que estava em sua mente, eu respeitaria.

Caminhei novamente por aquele lugar, mas agora, Meish estava comigo, ela observava cada detalhe, o olhar curioso percorrendo cada centímetro das paredes, dos móveis velhos, o musgo que se alastrava pela superfície rugosa.

Refizemos todo o trajeto que eu havia feito anteriormente, mas nada pareceu chamar atenção dela, a não ser o baú com os pertences de Miranda. Meish se aproximou dele já aberto, alguns objetos ainda estavam guardados, e outros, espalhados pela cama, mas o que Meish fitava com atenção era o par de brincos. Os brincos perolados que Miranda mantinha sempre guardados, dentro de uma gaveta pequena na cômoda de seu quarto. Uma vez perguntei à ela porque ela não usava, ela sorriu, não respondendo a minha pergunta, aquilo não era importante para a criança que eu era, então nunca insisti em perguntar novamente, e Miranda não fazia questão de tocar no assunto.

Meish me encarou. "Esses brincos..."

"Também pertenciam à sua família?" Completei.

"Sim."

Dei um aceno curto, não havia nada para fazer a respeito disso a não ser tentar descobrir como esses objetos acabaram nas mãos de minha mãe, e de que forma Meish estava relacionada à mim.

"Quero te mostrar uma coisa." A voz de Meish me tirou de meu devaneio, e eu levantei a cabeça para ver o que ela possivelmente exporia.

Ela levou a mão até o vestido, alcançando a parte interna, provavelmente algum tipo de bolso na parte de dentro do vestido. Quando ela tirou a mão, segurava algo, no mínimo, curioso.

Era um anel, eu não sabia descrever exatamente de que cor era, parecia esverdeado como uma esmeralda, mas ao mesmo tempo, era cintilante e vítreo como um diamante polido, era uma cor bonita, mas eu não sabia como descrever o quão belo aquilo parecia aos meus olhos. No entanto, além da cor, não havia nada de anormal no anel, ele era simples, sem qualquer enfeite ou outros detalhes.

"Porque quer me mostrar isso?" Perguntei, ainda encarando o que ela segurava.

"Este é um anel de armazenamento."

Franzi o cenho, Meish percebeu minha confusão, e esclareceu a dúvida que estava em minha mente. "É um anel com um armazenamento interno criado a partir de magia, é por isso que eu consigo guardar muitas coisas sem precisar de uma bolsa.".

Oh? Olhei para o anel com interesse, era por isso que ela conseguia retirar objetos do nada? Lembrei-me de quando ela, magicamente, conseguiu cobertores para dormirmos na floresta. "Posso ver?"

"Claro."

Peguei o anel das mãos de Meish, era suave ao toque, um material confortável, não parecia ser feito de metal ou qualquer outra coisa que eu conhecia, era quase como se eu não estivesse segurando um anel, eu sabia que tinha algo errado com ele em um único olhar. Era a magia contida nele?

"Como ele funciona?" Tracei a superfície lisa com a ponta dos dedos, meus olhos estavam presos naquela cor quase translúcida e esverdeada.

"Você faz um contrato com o anel. Injeta a sua energia nele, e será seu novo proprietário. Outras pessoas não conseguirão ter acesso ao que está armazenado dentro dele, quando você aprender a usar magia, pode tentar usar um desses."

"Entendi." Murmurei baixinho e devolvi para ela o objeto.

Aquilo era, definitivamente, interessante.

Eu sabia que não era uma pessoa experiente, sabia que o mundo era muito maior do que eu podia imaginar, mas não esperava conhecer tantas coisas novas. E pela primeira vez em muitos anos, eu senti que, talvez, houvesse algo pelo qual eu me interessava. Queria saber mais sobre magia, entender como Meish fazia aquelas coisas.
Desde a morte de Miranda, a única coisa que eu fazia era sobreviver: comer, dormir, trabalhar e suportar a dor das marcas em meus braços, e não havia nada além dos momentos onde eu podia saborear uma boa refeição.

Eu me esforçava para viver pelo simples pensamento de que não queria morrer, mas parecia que, finalmente, havia uma luz, era pequena, muito pequena, mas estava começando a acender no fundo da minha mente.

E eu gostava daquilo, gostava da ideia de ter um motivo para querer viver. Enquanto eu divagava em meus pensamentos, vi Meish colocar todos os objetos no baú novamente e fechá-lo, em seguida, ela tocou em sua tampa, e imediatamente, ele desapareceu, como se nunca tivesse estado lá. A visão me chocou por um tempo, mas então eu me acostumei, de fato, ainda haviam muitas coisas que eu precisava descobrir. Meish sinalizou para mim, e eu a segui até o lado de fora.

"Há algo que você queira fazer aqui antes de irmos embora?"  Disse ela assim que saímos de casa.

Olhei para a madeira velha, aquela visão, de fato, despertava em mim muitas emoções e lembranças. Mas fazia parte do meu passado, e não importava o quanto eu queria que aqueles tempos voltassem, eu não teria a minha mãe de volta, não teria aquela vida nunca mais. Me restava apenas aceitar a realidade e tentar descobrir o que quer que tenha acontecido com Miranda.

Antes, eu não sabia o que fazer, sequer tive esse pensamento, mas agora, eu tinha a oportunidade de ir atrás, de descobrir sobre meu passado, eu não a deixaria passar.

"Não." Minha voz saiu fraca, reuni forças para dar as costas para aquele lugar que eu tanto queria ter de volta. "Podemos seguir em frente. Para onde vamos agora?"

Ergui a cabeça e baixei os ombros, eu estava preparada para o que viesse.

Meish sorriu, virando de costas para mim. "Então, está na hora de você aprender magia." Ela levantou os braços, e os sussurros começaram.
Não demorou para que a superfície translúcida aparecesse à nossa frente. Meish balançou os braços suavemente enquanto a superfície aumentava de tamanho.

"Assim que eu terminar de apagar nossos rastros por aqui, vamos embora." Ela disse enquanto caminhava para dentro de casa, alguns minutos depois ela saiu.
Eu podia ver uma névoa muito, muito suave e quase invisível rodeando-a.

Não, não estava rodeando-a, estava sendo absorvida por ela, os fios finos penetravam sua pele pálida e desapareciam completamente.

"O que você está fazendo exatamente?" Questionei.

"Depois que eu rompi os arranjos de proteção, as pessoas que estão atrás de mim podem vir a sentir os resquícios de magia contidos aqui, então, estou absorvendo cada traço de magia, eles não vão nos encontrar tão facilmente." Respondeu ela, e logo depois segurou a minha mão. "Tudo finalizado, podemos ir agora."
Meish me guiou até o portal, permiti que ela continuasse segurando a minha mão, ela me abraçou em seguida.

Depois que adentramos o portal, eu me vi novamente em um vazio assustador, fechei os olhos para disfarçar a sensação estranha e me preparei mentamente para a onda de enjôo que sentiria quando chegasse ao nosso destino.

De repente, a sensação de vazio foi substituída pelo frio, um vento congelante tocava meu rosto, e imediatamente me desvencilhei de Meish para abraçar o meu corpo, estava muito frio, gelado, o vento continuava tocando a minha pele, causando arrepios e tremores pelo meu corpo. Meus dentes estavam começando a atritar-se uns nos outros e eu fechei os olhos ainda mais forte. Meish tocou meus ombros e uma sensação calorosa se espalhou pelos meus membros, finalmente aliviando as dores que estavam surgindo.

Por fim, tomei coragem para abrir os olhos, e tudo o que eu podia ver era neve, neve sem fim. A cor branca gelada era a única que pintava todo aquele lugar, a neve caía sem parar, e eu me sentia estranha por estar em um lugar tão frio enquanto usava roupas tão finas. Meish não parecia estar sentindo nada, como se a neve e a frigidez intensa não fossem capazes de afetá-la ao mínimo.

"Venha comigo, há um lugar aqui onde ninguém nos encontrará, podemos ficar lá até o dia do exame." Ela liderou o caminho.

Caminhamos por um tempo, a camada de neve no solo era espessa, atrapalhando um pouco o percurso, mas por fim, paramos em frente a uma montanha, era muito alta e íngreme. Meish me impediu de prosseguir e me guiou para uma parte muito específica na neve, não parecia haver nada incomum. Mas então, Meish segurou a minha minha mão e me puxou naquela direção, me assustei com o impulso repentino, me preparando para cair sobre o acúmulo de cristais de neve, mas não foi o que aconteceu.

Em vez disso, foi como se não houvesse nada à nossa frente, ultrapassamos aquela camada diretamente, sem nenhum empecilho, e eu me vi em um corredor escuro com Meish, que continuou seguindo em frente.

Caminhei atrás dela hesitante, eu não conseguia ver nada à frente e a única coisa que me impedia de tombar contra o chão era mão dela, andamos lentamente, tentei dar passos mais estáveis possíveis, mas não consegui evitar tropeçar em alguma coisa, mas antes que eu caísse, Meish fez um impulso vertical, trazendo meu corpo de volta para cima, rente ao seu, apoiando-me para que eu não tropeçasse novamente.

"Cuidado." Ela tocou meus ombros. "Você não consegue ver nada?"

"Não..." Eu disse.

"Tudo bem, tente caminhar lentamente, vamos mais devagar agora, se houver alguma pedra no chão, vou te avisar."

Assenti, e daquela forma continuamos durante um tempo, até que Meish finalmente pareceu tocar uma parede, como se o corredor acabasse exatamente ali, não havia mais como continuar. E de repente, um ruído baixo soou, como uma grande pedra sendo lentamente atritada contra o chão, e Meish me puxou para seguirmos na direção do ruído, soltando a minha mão em seguida.
Então, um único ponto de luz foi captado por meus olhos, era fogo. Meish havia acendido uma tocha, e finalmente pude ter um vislumbre de como aquele lugar parecia.

Era como um quarto, não era muito grande, mas também não tão pequeno, havia uma cama e um criado mudo ao lado, pude ver estantes e uma escrivaninha. "O que é tudo isso?" Inquiri.

"Um esconderijo." O tom de Meish era divertido. "Faz muito tempo que não venho aqui, está um pouco sujo, precisaremos limpá-lo depois."

Anuí, tomando a tocha das mãos dela para observar melhor o quarto-escritório. "Vamos ter que acender tochas todos os dias?"

Meish caminhou para ficar do meu lado. "Geralmente, eu não precisava de tochas, guardei algumas e um pouco de óleo por capricho, não pensei que viria a usá-los no futuro."

"E quando queimarmos tudo? Como vamos iluminar?"

"Depois disso, vai depender de você." Na claridade bruxuleante pude ver o sorriso leve de Meish, seu olhar pousando em mim de forma sugestiva.

"Por que?" Indaguei.

"Se você aprender a usar magia para criar uma esfera luminosa, não vai precisar ficar no escuro." 

"E como vou fazer isso?" 

"Eu não posso fazer encantamentos desse tipo, mas conheço-os como a palma da minha mão. Preciso que aprenda o quanto antes, você não vai precisar se preocupar com comida, eu me certifiquei de trazer o suficiente para você durante o tempo que passaremos aqui. No entanto, para sobreviver, você vai precisar de luz e de água, eu trouxe apenas comida, se você é capaz de criar luz com magia ou transformar o gelo lá fora em água, tudo depende de você. É o primeiro desafio que terá que enfrentar."

A luz da tocha parecia gerar miragens ao nosso redor, e o rosto de Meish pareceu cada vez mais divertido.

"Tudo bem, podemos começar agora, se possível." Dei minha resposta final, eu daria o meu melhor para aprender.

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