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By catratonks

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𝐚𝐫𝐭𝐞. substantivo feminino ? ΰ₯§ 𝐒. produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concret... More

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π˜π„π€π‘ π…πŽπ”π‘
π˜πŸ’: Quidditch World Cup
π˜πŸ’: The Triwizard Tournament
π˜πŸ’: The Four Champions
π˜πŸ’: Potter Stinks
π˜πŸ’: The First Task
π˜πŸ’: Will You Dance With Me?
π˜πŸ’: Yule Ball
π˜πŸ’: The Golden Egg
π˜πŸ’: The Second Task
π˜πŸ’: Truth Or Dare
π˜πŸ’: The Third Task
π˜πŸ’: Everything Changes
π˜π„π€π‘ π…πˆπ•π„
π˜πŸ“: Grimmauld Place
π˜πŸ“: The Silver Dress
π˜πŸ“: The Prank
π˜πŸ“: Dolores Umbridge
π˜πŸ“: Firefly Conversations
π˜πŸ“: Harry, My Harry
π˜πŸ“: The Astronomy Tower
π˜πŸ“: The High Inquisitor
π˜πŸ“: The Revenge
π˜πŸ“: The Reunion
π˜πŸ“: Midnight Talking
π˜πŸ“: Dumbledore's Army
π˜πŸ“: Weasley Is Our King
π˜πŸ“: Love Potion
π˜πŸ“: Nightmares
π˜πŸ“: Holly Jolly Christmas
π˜πŸ“: Maddie's Birthday Party
π˜πŸ“: Happy New Year!
π˜πŸ“: Fireworks
π˜πŸ“: Draco Malfoy
π˜πŸ“: Honeycomb Butterflies
π˜πŸ“: Expecto Patronum
π˜πŸ“: The New Seeker
π˜πŸ“: Breakdown
π˜πŸ“: A Whole New Perspective
π˜π„π€π‘ π’πˆπ—
π˜πŸ”: Horace Slughorn
π˜πŸ”: The Burrow
π˜πŸ”: Weasley's Wizard Wheezes
π˜πŸ”: August 11th
π˜πŸ”: Back to Hogwarts
π˜πŸ”: Amortentia
π˜πŸ”: The Quidditch Captain
π˜πŸ”: Draco?
π˜πŸ”: Falling Apart
π˜πŸ”: The Bookstore of Mysteries
π˜πŸ”: The Curse
π˜πŸ”: Slug Club
π˜πŸ”: Champagne Problems
π˜πŸ”: Dirty Little Secret
π˜πŸ”: Sign Of The Times
π˜πŸ”: Road Trip
π˜πŸ”: Whispers and Secrets
π˜πŸ”: Shopping Day
π˜πŸ”: Rufus Scrimgeour
π˜πŸ”: The Hunt
π˜πŸ”: Valentine's Day
π˜πŸ”: Quidditch Disaster
π˜πŸ”: Sixteenth Birthday
π˜πŸ”: Liquid Luck
π˜πŸ”: Sectumsempra
π˜πŸ”: The Cave
π˜πŸ”: What Starts, Ends
π˜π„π€π‘ 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍
π˜πŸ•: The Seven Potter's
π˜πŸ•: The Birthday Party
π˜πŸ•: The Wedding
π˜πŸ•: The Murderer
π˜πŸ•: September 1st
π˜πŸ•: The Sins Of Tragedy
π˜πŸ•: Body and Soul
π˜πŸ•: Slytherin's Locket
π˜πŸ•: The Depths Of Fall
π˜πŸ•: Godric's Hollow
π˜πŸ•: The Sword
π˜πŸ•: The Deathly Hallows
π˜πŸ•: Bellatrix's Vengeance
π˜πŸ•: Highs And Lows
π˜πŸ•: The Talk
π˜πŸ•: The Plan
π˜πŸ•: Knives? Sure!
π˜πŸ•: The Boy Who Lived
π˜πŸ•: When Nightmares Come to Life
π˜πŸ•: Blood And Bone
π˜πŸ•: Voids
π˜πŸ•: Death Comes
π˜πŸ•: Sunflowers
π˜πŸ•: Turning Page
π˜πŸ•: Intertwined Fates
𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐀𝐑
I. Surprises
II. Soft Kisses And Bad Dreams
III. Death's Lullaby
IV. WARNING: DANGER!
V. Hunting Season
VI. The Corner Of The Lost Souls
VII. The Letter
VIII. Sex On The Beach

π˜πŸ•: Breaking Hearts

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By catratonks

Novembro chegou num piscar de olhos, com galhos secos de árvores e ventos gelados, cortantes como navalhas. Em breve, nevaria. Devido à rigidez do frio, seria um pouco mais difícil de nos deslocar. 

Mal usamos a TV que Harry trouxera, antes que quebrasse. Era bem velha, danificada pelo tempo e pela umidade do ar. Hermione pareceu satisfeita quando aconteceu; Ron pouco se importou.

Sem notícias de nada nem de ninguém, seguimos nosso caminho. Às vezes, eu permitia que minha mente afundasse nos pensamentos depressivos de que eu nunca mais poderia ver minha família. Maddie, Dorcas, Remus, minha mãe. Além disso, havia Draco. Ele se arrependia de ter fugido, deixando-me para trás, na Torre de Astronomia, ou se orgulhava por tê-lo feito? Estaria vivo? Os Comensais teriam descoberto acerca de sua traição?

O que mais me intrigava, no entanto, era o sumiço de minha irmã. Como uma auror conhecida, filha de uma das bruxas mais famosas do mundo, não virara notícia de especulação mundial? Ainda que não fosse querida pelas forças das Trevas, àquela altura, já deveríamos ter ouvido falar do caso.

Quando eu pensava em Maddie, era impossível não recordar de Ginny. As lembranças do último natal que tivemos na Toca ainda assombravam minha memória, como fantasmas. Depois de tanto tempo desaparecida, nem mesmo eu conseguia acreditar que estava viva. E supondo que fosse alimentada (na melhor das hipóteses), nada garantia que a comida não continha veneno.

No geral, minha rotina era a mesma, sempre. Acordava, tomava café, ouvia o diálogo de Harry com Hermione acerca de nosso próximo destino. Além disso, vasculhávamos os arredores, para nos certificarmos de que não estávamos deixando nada passar. Depois do almoço, Harry e eu treinávamos até a exaustão, cozinhávamos o jantar e conversávamos até dormir. Hermione participava mais do que Ron, embora preferisse a companhia noturna de um bom livro. Dizia que meu namorado e eu precisávamos de um tempo sozinhos. Nunca contestei, mas sentia falta de nossa dinâmica em Hogwarts; os dias pareciam melhores quando não estávamos correndo contra o tempo.

Ron, por sua vez, voltou a ficar mau humorado; mesmo após conseguirmos comida. Cismou em usar o medalhão no pescoço, de modo que isso passou a fazer parte da rotina dele. Retirava-o apenas para comer e dormir. Hermione acabou aceitando. Segundo ela, Ron usava o medalhão para compensar o sentimento de inutilidade que habitava seu peito. Todos estávamos sem rumo, mas até eu admitia que ele parecia pior. E se ficar com aquela Horcrux de merda fosse manter a sanidade dele no lugar, ainda que evitasse a nossa, por mim, tudo bem.

Em um dia particularmente frio, quando entrei na barraca com Hermione, após sairmos para procurar lenha, me deparei com Ron, Harry, e um aparelho de rádio.

— O que está fazendo? — perguntei ao ruivo, que mexia aleatoriamente em todos botões.

— Tentando encontrar uma frequência. Exige concentração, em especial...

— Onde você conseguiu um desses? — quis saber Hermione, referindo-se ao aparelho.

Ron deu de ombros.

— Aqui mesmo, na barraca. Acho que era de meu pai.

— Ah.

Hermione seguiu até a cozinha, deixou a lenha sobre a mesa e tornou a sair da barraca para buscar mais. Eu faria o mesmo. Antes de acompanhá-la, porém, puxei Harry para um canto, aproveitando que Ron estava entretido com o aparelho de rádio, para perguntar:

— Senti sua cicatriz doer. Está tudo bem?

Harry deu de ombros.

— Acho que ele está com raiva de alguma coisa. Na verdade, "frustrado" é melhor. Toda aquela história de Gregorovitch só serviu para irritá-lo — respondeu Harry, referindo-se, obviamente, a Voldemort.

— Hmm. E Ron?

— Continua ranzinza, mas não por causa da comida. Não sei explicar, sempre que Hermione está por perto, Ron fica revirando os olhos. Melhorou quando vocês duas saíram.

Mordi o lábio.

— Acho que sei o que está acontecendo — falei. — No dia em que você e Hermione estavam lá fora, e viram Comensais perto do perímetro da barraca, Ron comentou comigo sobre sua proximidade. Falou como se incomodasse, como se não suportasse ver vocês juntos. Ele até tentou colocar umas paranóias na minha cabeça...

— Você acha que Ron está com ciúmes? — perguntou Harry, chocado. — Isso é loucura.

— Sei que é, mas ele realmente pareceu perturbado. Falei que você e Hermione não estavam fazendo nada demais, só que isso não pareceu entrar na cabeça dele.

— Não faz sentido. Hermione e eu nunca, nunca mesmo, ficaríamos juntos, porque eu amo você — disse Harry. — Além disso, ela é como uma irmã para mim.

— Sei disso — falei, com um suspiro. — Ron parece inseguro. Talvez tenha relação com o medalhão, já que vive com aquela coisa no pescoço. Pode ser que Tom Riddle o esteja manipulando, assim como fez com Ginny, através do diário. Deveríamos perguntar?

Harry balançou a cabeça.

— Não sei, acho que não. Pode ser que Ron abandone a ideia quando perceber que mais nenhum de nós liga para minha aproximação com Mione — respondeu Harry. — Quero dizer, eu literalmente estou namorando você há dois anos. Temos planos de nos casar e de construir uma família, e Ron sabe disso. Não é possível que ele seja burro ao ponto de pensar que eu desistiria de você. Porque eu nunca faria tamanha atrocidade, amor. Nem mesmo em meus piores pesadelos.

Dei um sorrisinho.

— Eu te amo — falei.

Do nada, começou a tocar Strawberrys And Cigarettes, e o som preencheu a barraca. Harry e eu olhamos para Ron ao mesmo tempo, vendo que ele comemorava por ter conseguido sincronizar o aparelho de rádio a uma frequência trouxa.

— Consegui! — exclamou Ron. — Demorou um tempo, mas deu certo!

Acabei sorrindo. Um pouco de música para acalmar os nervos seria bom. E quando Ron decidisse voltar a agir como um completo babaca, era só acionar o volume máximo do aparelho de rádio para abafar a voz dele.

— Será que você consegue colocar Sign Of The Times para tocar? — perguntei. Fazia tempo que eu não ouvia a música, então já estava entrando em crise de abstinência.

— Não — disse Ron. — Deu um trabalhão para sincronizar. Se eu mexer muito nos botões, vou desconfigurar tudo.

— Mas será que...

— AAAAAHHHHH!!! — Hermione gritou lá fora.

Harry e Ron saíram correndo na mesma hora, tropeçando nos próprios pés e empunhando suas respectivas varinhas. Segui atrás, com o coração martelando no peito.

Lá fora, nada parecia diferente, exceto a expressão de susto no rosto de minha melhor amiga.

— Que aconteceu? — perguntei, assustada.

Hermione não respondeu de imediato. Levou uma das mãos ao peito, tentando conter a própria respiração. Depois, quando se acalmou, e ignorando os olhares de desespero de Harry e Ron, disse:

— Tomei um susto, só isso — em seguida, apontou para um ponto à frente. — Não estamos sozinhos. Olhem.

Fiquei surpresa quando vi Dino, acompanhado por um homem adulto e dois duendes. Meu coração começou a bater mais forte; minha cabeça, a doer. Era a primeira vez que eu avistava um rosto conhecido em meses; e o mais importante: um rosto amigo. Pensei que nunca mais tornaria a vê-lo. Meu companheiro de risadas; a pessoa que sempre me protegia de olhares maldosos de garotos pervertidos; que aguentava me escutar tagarelando a respeito de Harry sem cansar; a saudade era enorme, não cabia em meu peito.

Quis me aproximar; quis correr para abraçá-lo, para depois convidá-lo para dentro. Mas eu não podia. Seria arriscado para nossa segurança, uma vez que não podíamos ter a certeza de que as pessoas que estavam com ele eram confiáveis. Isso fez a cúpula de vidro que guardava meu coração rachar.

— O que eles estão fazendo aqui? — perguntou Harry.

— Bem, acho que Dino é nascido trouxa — falei. — E aquele homem... O reconheço, é o pai de Tonks, Ted. Trouxa, casado com uma traidora de sangue. Quanto aos duendes, não faço ideia. Suponho que estejam fugindo do Ministério.

— Faz sentido — disse Harry. — Parando para analisar, um daqueles duendes me é familiar. Devo estar reconhecendo ele do Gringotes. Grampo, se não me engano. Ele é o guardião do nosso cofre, não é, amor?

— Sim, acho que é ele mesmo.

Ron pareceu contemplativo.

— Não podem nos ver, né?

— Não — respondeu Mione.

— Ótimo. Então vamos bisbilhotar — concluiu Ron. — Esperem, volto já.

Ele correu para dentro da barraca. Não entendi nada, mas também não precisei. Segundos depois, retornou com uma Orelha Extensível: presente de Fred e de George para ouvirmos as conversas alheias.

Escandalizada, Hermione exclamou:

— Ron! Isso é errado, não deveríamos...!

— Não é errado, Hermione, é buscar por informação — Ron cortou-a. — Além disso, é uma das maneiras que temos de assegurar que estamos nos precavendo.

— Se descobrirem, estaremos ferrados.

— Não foi você quem disse que não podem nos ver nem ouvir?

— ... Sim.

— Então ficaremos bem. "O que os olhos não vêem, o coração não sente".

Hermione não protestou mais. Mordeu a própria língua; era óbvio que estava curiosa, todos estávamos. Por isso, deixou que Ron lançasse a Orelha Extensível próximo ao riacho, cujas margens foram ocupadas por nossos novos hóspedes. Suas vozes propagaram-se através do vento:

— Vamos montar uma fogueira para comer alguma coisa — disse Grampo, o duende, de forma ríspida. — Depois seguimos viagem.

— Será que tem salmões nessas águas? — perguntou Ted, o pai de Tonks, com um tom de voz calmo.

— Provavelmente — respondeu Dino. Sua voz me fez sentir uma pontada de nostalgia. Nunca mais tornaríamos a estudar em Hogwarts; nunca mais faríamos reuniões ou festas em comemoração às vitórias do time de quadribol da Grifinória. "Nunca mais" era muito, e eu não estava preparada para admitir. — Vou procurar alguns.

Esperamos pacientemente até que eles montassem uma fogueira, que pescassem o peixe e que o cozinhassem. Demorou bastante, mas meus amigos e eu não nos importamos. Não tínhamos nada melhor para fazer mesmo. Quando sentaram para comer, o tempo já havia esfriado; minhas mãos formigavam.

— Tomem aqui, Grampo, Gornope — disse Dino, oferecendo dois pratos aos duendes, que aceitaram.

— Obrigado.

— Então, há quanto tempo estão fugindo? — perguntou Ted Tonks.

— Seis semanas... Sete, não lembro — respondeu Gornope, o outro duende. — Certo dia encontrei Grope, e segui com ele desde então. E você? O que o fez fugir?

— Sabia que vinham me prender. Tinha ouvido falar que os Comensais da Morte estavam por perto, e resolvi sumir. Minha mulher deve estar bem, tem sangue puro. Encontrei, então, Dino, há o quê, três dias, filho?

— É — confirmou Dino.

— Nascido trouxa, ein? — quis saber Grampo.

— Não tenho certeza, porque meu pai abandonou minha mãe quando eu era pequeno, mas suponho que sim. Não há notícias de que era bruxo.

Grope pareceu contemplativo. Como ninguém disse mais nada, Dino acrescentou:

— Eu achava que a maioria dos duendes apoiassem Você-Sabe-Quem.

— Teve uma impressão errada — disse o outro duende. — Não tomamos partido, pois é uma guerra de bruxos.

— Por que estão na clandestinidade, então?

— Por prudência — respondeu Gornope. — Recusei um pedido que punha minha segurança pessoal em risco. Não sou um elfo doméstico.

Dino encarou Grampo.

— E você?

— Por razões semelhantes.

Vendo que não obteria mais informações sobre a questão, Dino resolveu mudar de assunto:

— Algum de vocês têm notícias de Harry e de S/N?

— Mckinnon Black? — quis saber Gornope. Quando Dino concordou, ele respondeu: — Não. Não tenho, nem quero; e você deveria seguir o mesmo caminho. Ela é perigosa, todos estão comentando. Não soube que matou Dolores Umbridge com apenas um toque? Virou notícia nacional.

Meu coração errou uma batida.

Merda.

— S/N não é perigosa, é um doce de pessoa — disse Dino, tentando me defender e ignorando o comentário a respeito do assassinato. A gratidão que senti foi enorme.

— Não é o que Bellatrix vem dizendo.

— Como assim?

— Ela está doida para matar a garota. Lentamente. Vive falando isso para os repórteres, sem se importar com a imprensa.

— E como é que você sabe?

— Todos estão falando disso — respondeu Gornope. — Bellatrix planeja torturar Mckinnon Black como fez com os Longbottom: até a insanidade. Mas só após a efetiva vitória das forças das Trevas, porque Você-Sabe-Quem pretende usar a garota como arma, com o auxílio da Maldição Imperius. Foi por isso que capturou Madeline.

— Capturaram Maddie? — perguntou Ted, chocado. — Ela é a melhor amiga da minha filha.

— Sim — confirmou o duende. — Eu soube por Gui, que trabalha no Gringotes. Aconteceu durante o casamento dele. Além disso, Weasley me contou que tentaram roubar a espada de Gryffondor do escritório de Snape, e...

— É falsa — interrompeu Grampo, ríspido. — A verdadeira espada está desaparecida, acreditam que Dumbledore a escondeu. Ninguém parece saber disso, no entanto. Também ouvi essa história. Sei que mandaram a cópia para o cofre da família Lestrange, achando que era a original.

— Como não perceberam que é falsa? — perguntou Dino, intrigado.

— É uma cópia bem realista — disse Gornope.  — Apenas duendes conseguem identificá-la, porque a espada foi forjada por nós.

— Hmm. Eu só não entendi uma coisa — disse Dino. — O que Maddie tem a ver com Você-Sabe-Quem querer capturar S/N? Você não terminou de explicar.

— Ah, sim. Ele espera convencê-la a ajudá-lo, por bem ou por mal. Acho que já aceitou que só vai ter chance contra Harry Potter na batalha final, mas quer obter vantagens capturando a namorada dele. Além de ser o ponto fraco de Harry, é uma Mckinnon Black, e tem poderes. S/N tem tudo o que Você-Sabe-Quem almeja.

— Maddie nunca o ajudaria. Não tem por quê.

— Não sei. Talvez não tenha mesmo, mas não dá para ter certeza. Você não soube da novidade? Saiu no Profeta Diário.

— O quê?

— Madeline é filha do Lorde das Trevas.

Nesse momento, meu mundo despencou. Começou a girar infinitamente em milhares de ondas, deixando-me tonta, fazendo-me tropeçar e cair. Harry me segurou de última instância. Minha vista ficou turva; tontura me consumiu de tal modo que senti minha pressão cair, minhas mãos tremerem, minha testa suar — um suor gelado, frio como os primeiros flocos de neve do inverno.

Tudo fez sentido; as peças encaixavam-se perfeitamente, como num quebra-cabeça. Era por isso que Maddie podia ler mentes sem o menor esforço; por isso que entendera a língua das cobras falada pela senhora que nos atendeu na livraria de Hogsmeade. Esse tempo todo, as informações dispunham-se tão óbvias, que bastava abrir os olhos para notar. E estive cega.

Sentada na grama, meu coração se acalmou em meu momento de percepção. Então era assim que significava sentir-se impotente. Não podia fazer nada; sentir nada, senão um vazio ruim. Foi desesperador.

— Maddie é filha... Ai meu Deus.

— Você está bem? — perguntou Hermione, chegando perto. — Quer que eu prepare um chá?

— Não. Não quero um chá. Temos que achá-la, Hermione, antes que a usem em benefício das Artes das Trevas — falei, decidida. — É isso, não posso perder a cabeça. Tenho que pensar em alguma coisa. Será que você consegue rastrear minha irmã? Posso bolar um plano, e depois...

— No momento, não vamos a canto nenhum — respondeu Hermione, firme. — Você está surtando, S/N, precisa se acalmar. Não quero ser rude, mas estamos melhor sem Maddie.

— Como você pode sequer dizer uma coisa dessas?!

— Você ouviu o que os duendes falaram, Voldem...

— Não diga o nome dele!

— Ah, cale a boca, Ronald. Como eu ia dizendo, ele quer usar Maddie para capturar você. Partir ao encontro dela, no presente momento, seria suicídio.

— Não podemos ficar parados! — argumentei.

— Podemos, sim. Pense, S/N! Eles precisam de Maddie se quiserem colocar as mãos em você, então não vão fazer nada para machucá-la. Sua irmã está segura, na medida do possível. O que precisamos agora é nos concentrar no mais importante: destruir as Horcruxes que restam. Você-Sabe-Quem está distraído demais com os próprios planos maléficos para notar qualquer coisa. E quando perceber o que estamos fazendo, será tarde.

— É, mas...

— Vou preparar seu chá — disse Hermione, séria. — Ron, venha comigo, preciso de ajuda com o fogão. Harry, por favor, converse com ela.

Mione agarrou o braço de Ron, arrastando-o rumo à entrada da barraca. Harry sentou ao meu lado. Ao longe, mas nem tanto, Dino, Ted e os duendes terminavam de comer para depois seguirem viagem. Eu não queria que fossem embora porque a sensação de estar à deriva ficava pior quando não havia movimentação por perto, mas não podíamos fazer nada.

Senti Harry me dar um empurrãozinho, fazendo-me encará-lo. Ele disse:

— Mads vai ficar bem, você sabe.

Suspirei.

— Eu sei — falei. — Mas estou preocupada. Nunca ficamos tanto tempo sem ter notícias dela. Não como agora. Mesmo quando brigávamos, Maddie aparecia de vez em quando — mordi a língua. — Fico me perguntando o que está fazendo agora, como está sendo cuidada. Obviamente que não ganhou um quarto num hotel cinco estrelas.

— Você acha que Draco tem algo a ver com seu sumiço?

— Não, mas ele provavelmente deve estar metido onde não deve — respondi. — Draco detesta a vida que leva, detesta Bellatrix e o próprio pai. Se realmente tiverem tirado Lucius da cadeia, a Malfoy Manor é o último lugar em que gostaria de estar. Acredite, se ele pudesse libertar Maddie, faria isso.

Harry me encarou com um brilho de admiração no olhar.

— Como consegue gostar dele? Sinceramente, admiro isso. Eu nunca poderia ser tão empático quanto você está sendo agora.

Mordi a língua.

— Draco me magoou muito quando me trancou na Torre de Astronomia, mas eu reconheço que fez o que fez para me proteger. Era isso, ou me entregar aos leões.

— Ele poderia ter ficado.

Neguei.

— Não, não poderia. Quando você tem a Marca Negra, eles podem te rastrear de qualquer lugar. O único canto relativamente seguro para Draco, na situação em que está inserido, é ao lado do pai, onde pode garantir a própria proteção e zelar pelo bem-estar da mãe.

— Ele cometeu milhões de traições, no ano passado. Assassinato e envenenamento. Amaldiçoou Katie Bell.

— Todos fazemos coisas horríveis de vez em quando — falei. — Matei Umbridge, Dolohov, Rookwood. Feri Bellatrix e Greyback. Não quer dizer que eu seja alguém ruim.

— Você é a pessoa mais maravilhosa que conheço, meu amor.

Segurei a mão dele.

— Sinto o mesmo por você — afirmei. — Você também é bom, e nunca vai deixar de ser. Mesmo tendo, por exemplo, quebrado o nariz de Córmaco, no ano passado.

— Ele estava te beijando à força.

— Exatamente, e apodreceu na cova.

— Tinha me esquecido de que Draco o matou — disse Harry. — Pensando assim, até que gosto dele.

— Viu? Draco já pode ser padrinho do nosso casamento.

— É, mas ele ainda vai precisar se esforçar muito, se quiser ser meu amigo.

— Ownn, que fofo. Você está cogitando a possibilidade.

— Por você.

Dei um sorrisinho. Sentindo meu coração derreter com as palavras dele. Incrivelmente, depois daquela conversa, eu me sentia bem mais calma.

— Obrigada por ficar comigo.

Harry tirou uns fios de cabelo do meu rosto.

— Sempre farei isso.

— Eu sei. É por isso que amo tanto você.

Em resposta, Harry beijou minha testa. Seus lábios quentes contra minha pele fria me fizeram pensar que eu estava sobrevivendo devido a esses nossos pequenos choques termais.

— Sobre nossa conversa... Fique tranquila, tudo bem? Tenho certeza de que veremos Maddie novamente. Em breve.

Assenti.

É, eu também tinha. Só que essa sensação não era, nem por uma fração do inteiro, boa.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Os dias seguintes passaram voando. Em pouco tempo, as primeiras tardes de novembro deram lugar às últimas, e dezembro teve início com o cair suave de flocos de neve.

Nos mudávamos sempre, a pé quando tínhamos a chance. Era mais fácil de manter nossa localização intacta, caso fôssemos surpreendidos por Comensais. Montávamos a barraca, colhíamos frutos, procurávamos por novas Horcruxes. Não obtivemos sucesso durante esse período, mas tentávamos não nos abalar. Tínhamos ciência de que nossa caçada poderia levar longos meses, senão anos. Dependia da sorte estar conosco, ou não.

Depois que Ron aprendeu as principais frequências do aparelho de rádio, não o largou mais. Ficava o tempo todo escutando músicas que não conhecia, e umas poucas que sim. Em certo momento, também descobriu como ter acesso a uma frequência bruxa, cujo principal programa consistia numa voz que falava os nomes das pessoas que tinham morrido devido aos ataques das Trevas.

Harry já estava se irritando, mas não dizia nada porque o silêncio de Ron era bem melhor que sua raiva. Hermione não exprimia opiniões.

Devido a isso, nossas brigas com ele diminuíram bastante. Ron ainda usava o medalhão de Slytherin, o que tornava esse silêncio muito mais estranho. Eu imaginava que tivesse relação com seus ciúmes de Harry com Hermione, mas também podia ser devido à sua concentração no programa da rádio. Queria se certificar de que não ouviria nomes conhecidos; pessoalmente, eu achava que ele deveria poupar a própria sanidade mental.

Em uma tarde, durante uma de nossas mudanças, tentei conversar com ele. Quem sabe, assim, conseguiria livrá-lo da responsabilidade de cuidar da Horcrux que tanto fazia questão de carregar. Faria bem.

Andávamos atrás de Harry e Hermione, que conversavam a respeito de nosso próximo destino. A garota argumentava que tínhamos que seguir para uma floresta, enquanto Harry dizia que preferia procurar por uma planície em que pudéssemos ter acesso a água corrente, ou a um lago inteiro; aproveitaríamos para procurar pela espada de Gryffindor.

Quando me aproximei de Ron, o aparelho de rádio ia dizendo:

— Lavínia Beckman, Ângela Jones, Robert McPalm, Jorge Williams...

— Você pode conversar por um momento? — perguntei a meu amigo. Lentamente, ele desviou sua atenção, que antes estava voltada para Harry e Mione, para mim. Havia rancor em seus olhos; um sentimento extenso e profundo que me assustou bastante. Preferi não tocar nesse assunto em específico naquele momento, a não ser que Ron começasse. — Por favor?

Suspirando, ele diminuiu o volume do programa de rádio.

— Sobre o quê? — perguntou.

— Sobra qualquer coisa.

Ron estreitou os olhos.

— Não, você quer alguma coisa. O que é?

— Conversar, eu já falei.

— Nós dois sabemos que é mentira.

Revirei os olhos.

— Tá, tudo bem. Quero saber por que está tão quieto.

— Ah, isso — disse Ron. — Sinceramente, não te entendo, S/N. Ou você reclama que estou falando muito, ou reclama que estou dizendo nada.

— Não reclamo quando você fala muito. Só não gosto quando é ignorante.

— Não sou ignorante.

Dei de ombros, sem realmente ter vontade de responder. Não queria afirmar nem negar nada. Era melhor, eu disse a mim mesma, ficar calada. Brigar nunca nos levava a canto nenhum, aprendi isso com o passar das semanas.

Mas nem foi preciso. Ron tomou a liderança:

— Eles estão grudados — falou, apontando com o queixo para Harry e Mione. — Não finja que não percebeu, sei que é inteligente.

— Quem?

— Harry e Hermione.

Revirei os olhos, indignada com a incapacidade que ele tinha de enxergar o óbvio.

— Não seja burro. Harry é meu namorado há dois anos.

— Isso nunca impediu ninguém de trair.

— Que absurdo! Como pode dizer uma coisa dessas?!

— São apenas fatos. Já percebi, e você deveria começar a enxergar também — disse Ron. — É apenas uma questão de tempo até que Harry resolva te trocar por Hermione... Para onde é que você está indo?

Abismada, apenas balancei a cabeça, em negação.

— Você está enlouquecendo — falei. — É isso, tenho certeza. É a única explicação lógica.

— Sou seu amigo, S/N. Meu papel é dizer a verdade, quer você queira, quer não.

— Você não está "dizendo a verdade", está colocando merda na minha cabeça! Me recuso a acreditar em tamanha atrocidade. Se você não estivesse usando esse medalhão estúpido por tanto tempo, nada disso estaria acontecendo!

— Lá vem você com suas acusações ao medalhão.

— Estou sendo sincera, se quer mesmo saber — disse eu. — Horcruxes são perigosas, mexem com a mente das pessoas. Foi o que aconteceu com Ginny e o diário de Tom Riddle, e é o que está acontecendo com v...

O movimento seguinte de Ron foi feroz. Ele me empurrou com força, quase me fazendo cair. Tropecei em meus próprios pés, esbarrando contra Harry e Hermione. Eles me seguraram, impedindo que eu caísse por completo. Ainda bem, porque eu poderia ter me machucado feio, caso tivesse aterrissado de mal jeito.

— Que é que você pensa que está fazendo? — perguntou Harry a Ron, ameaçador. — Perdeu o juízo, porra?!

Não houve respostas. Ao invés disso, Ron chegou mais perto, segurando meu antebraço com força quando pôde alcançá-lo. Ele disse, num tom de voz baixo que continha uma pontada de raiva impossível de conter:

Não se atreva. Não se atreva a dizer o nome dela.

— Ela era minha amiga.

— Não, não era. Você a machucou muito, sabe disso.

Chocada, tudo o que pude fazer foi piscar.

— Você sabia?!

— Todos os meus irmãos sabem. Ela era... Na verdade, por que estamos falando como se tivesse morrido? Ela é apaixonada por você. Descobri no verão retrasado.

— Sei que sim, mas por que nunca disse?

— Porque era loucura da parte dela achar que teria chance. Porque Harry é meu melhor amigo, e você, a namorada dele. Nada poderia separá-los.

— "Poderia"?

— Já que você não enxerga o óbvio, não acho que se importe o suficiente.

— Ok, chega, está bem? — disse Harry, afastando Ron de mim e livrando meu antebraço de seu aperto. — Não quero mais saber, você está indo longe demais com isso tudo. Deixe S/A em paz.

Com uma expressão de rancor estampada no rosto, Ron se afastou. E eu, sem acreditar no que tinha acabado de ouvir, fiquei de pé, encarando-o com ultraje. Sentia tanta raiva, tanta raiva mesmo, que poderia acabar explodindo alguma coisa.

Quem Ron achava que era para dizer com quem eu deveria me relacionar? Quem ele achava que era para dizer que eu não amava Harry o bastante? Eu o amava, sim; intensamente; sabia nunca me trairia. Nunca quis estar com uma mulher que não fosse eu; e tampouco o faria, àquela altura, quando já tínhamos passado por tanto.

Me doía saber que Ron não percebia também. Ele e Hermione poderiam ter ficado juntos logo no início, se não fossem cegos demais para notar os sentimentos que lhes afloravam da pele.

Dei-lhe as costas, emburrada, continuando nossa caminhada sozinha. Não queria olhar para trás para não cair na tentação de brigar com Ron. Eu estava com tanta vontade de xingá-lo, de dar-lhe um soco, que minha cabeça doía.

Pouco depois, os braços de Harry envolveram meus ombros. Minha musculatura estava muito tensa, rígida devido aos nós causados pelo estresse e pelo frio. Quando senti sua presença, tentei relaxar, ainda que minimamente, em meio ao calor proporcionado por seu corpo.

— Você deveria beber um pouco de água, meu amor. Faz tempo que não a vejo se hidratando.

— Minha garrafa está vazia.

— Não tem problema, use a minha — disse ele, passando o recipiente a mim. — E antes que você diga que eu também preciso me hidratar, bebi bastante água antes de desmontarmos a barraca para seguirmos viagem. Não sinto sede.

Pensei por um momento, embora soubesse que não precisava.

— Obrigada.

Tomei uns bons goles. Até aquele instante, não havia percebido que precisava tanto.

— Acho que estou beirando a insanidade — comentei, depois que devolvi a garrafa a ele.

Harry deu um sorrisinho, seguido por um beijo em minha bochecha, sem motivo aparente.

— Por quê?

— Não aguento mais ouvir os comentários estúpidos de Ron. Primeiro, as insinuações de que você vai me trair com Hermione. Depois, tudo aquilo sobre Ginny. Quero dizer, não é minha culpa que não posso me apaixonar por ela. Não posso, porque amo você.

— Ele disse mesmo isso? — perguntou Harry, chocado. — Sobre a traição?

— Disse.

— Amor, você sabe que eu nunca faria isso.

— Eu sei, foi o que falei a ele — respondi. — Mas Ron não parece querer enxergar. Ele faz questão de brigar por tudo, sem pensar, como estivesse desesperado para descontar as próprias frustrações em alguém.

Harry mordeu o lábio.

— Ron sempre foi uma pessoa difícil. Ainda mais agora, que está passando por um momento complicado. Pela primeira vez, não sei... Não sei como tirá-lo dessa. Agora, ele está pela própria conta e risco.

— Como assim?

— Tentamos de tudo para convencê-lo a abandonar a ideia de ficar responsável pelo medalhão de Slytherin. Mas Ron nunca quer ouvir, sempre procura dar alguma desculpa para mostrar que tem tudo sob controle e o usa sem interrupção diariamente. Ele tem que aprender a se controlar.

— Não está dando muito certo.

— Pois é. Isso reduz as nossas opções, porque significa que ele é o único que tem a capacidade de se tirar do próprio buraco — disse Harry. — Antes que seja tarde.

Não soube o que responder. Tinha consciência de que Ron estava passando por um período complicado, ainda mais se considerássemos sua preocupação do paradeiro da irmã, cujo nome ninguém ouvia havia meses, mas não era nossa culpa. Era impossível saber se Ginny estava viva, ou morta. Para completar, Ron mantinha-se recluso para esconder as próprias angústias. Isso dificultava a nossa vida porque não tínhamos como adivinhar os pensamentos dele, se ele nunca falava.

Olhei para trás, por cima do ombro, apenas para me deparar com o seguinte cenário: Ron e Hermione, lado a lado, encarando pontos opostos. Como se tivessem consciência de que eram fogo e pavio, e tentassem manter distância. Eu não sabia o que fazer para aliviar a tensão que pairava no ar, então me contentei com os braços quentes de Harry em torno de meu corpo.

Não era a melhor solução de todas, mas parecia ser melhor do que nada, naquela ínfima fração de momento. E estávamos juntos.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

No décimo quinto dia de dezembro, por volta das dez da noite, tive uma ideia brilhante.

— E se formos para a Albânia?

Harry e Hermione, que estavam perto, sentados, assim como eu, à mesa, franziram a testa em genuína confusão. Expliquei:

— Certo, estive pensando. Sabemos que Voldemort passou um tempo na Albânia, antes de ressurgir das cinzas. Podemos vasculhar a área em busca dos principais lagos da região, como em meu sonho.

— Não sei do que está falando a respeito dos lagos, mas o que isso tem a ver com Voldemort? — questionou Hermione.

— Pode ser que ele tenha escondido alguma Horcrux lá. E pode ser que Dumbledore tenha colocado a espada de Gryffindor no mesmo lugar, para que servisse de guia. Afinal, sabemos que ele suspeitava da localização de outras Horcruxes.

Harry comprimiu os lábios, pensativo.

— Não sei, amor. Acho que ele teria mencionado o fato.

— Bem, então não precisamos procurar na Albânia. Meu ponto é outro, vocês compreenderam mal: Dumbledore deixou a espada para mim, através de seu testamento, por uma razão. Conectando as peças, minha mente sempre insiste em pensar numa coisa que ele disse, há bastante tempo. Em primeiro momento me pareceu ser uma informação inútil, mas, quando analisei melhor, tudo se encaixou — falei. — "A espada absorve aquilo que a fortalece". Harry matou o basilisco com a espada de Gryffindor, que absorveu o sangue. E nós sabemos muito bem que uma das únicas coisas que podem destruir Horcruxes é...

— Veneno de basilisco! — exclamou Hermione. — S/N, isso é absolutamente brilhante! — ela então voltou-se para Harry. — Se conseguirmos ter acesso à espada, finalizaremos essa missão rápido. A tempo de evitarmos conflitos maiores.

— Precisamos procurar por posições estratégicas — disse Harry, concordando. — Voldemort é ganancioso, então temos isso a nosso favor: ele não esconderia os fragmentos da própria alma em um lugar qualquer. Se seguirmos os rastros certos, vamos achá-los. Tenho certeza.

— Ele ama dramaticidade e glamour, certo? Podemos visitar importantes pontos históricos, como os campos de batalha da Primeira Guerra Bruxa.

— Ou Godric's Hollow.

— Será que não é arriscado, no presente momento? Talvez devêssemos...

De repente, todas as luzes se apagaram.

Assustada, busquei pelos olhares de Harry e de Hermione, que também pareciam estar perdidos. Então, antes que pudéssemos exprimir pensamentos, fez-se luz, e a figura de Ron foi revelada. Ele nos olhava furiosamente, segurando o desiluminador que herdara de Dumbledore.

— Ron...?

— É, ainda estou aqui — disse ele, Quando ninguém respondeu, continuou: — Mas vocês podem continuar. Não quero ser estraga-prazeres.

Harry virou-se para encará-lo com seriedade.

— Qual é o problema? — quis saber.

— Problema? Não há problema nenhum. Não de acordo com você.

— Se você tem algo a dizer, não fique tímido — disse Harry, estreitando os olhos. Minhas costas ficaram eretas. — Desembuche.

— Tudo bem, eu vou desembuchar — disse Ron, elevando um pouco o próprio tom de voz. — Não espere que eu pareça grato só porque agora há mais uma coisa para achar. Como se não tivéssemos tarefas mais importantes com as quais perder tempo.

— Achei que você sabia no que estava se metendo. Eu mesmo avisei, um milhão de vezes.

— É, eu também achava.

Indignado, Harry ficou de pé. Pressentindo que aquilo tudo não teria bons resultados, acompanhei-o, permanecendo atrás. Hermione arrastou-se comigo. Tive que me esforçar muito, muito mesmo, para não encará-la nos olhos. Não sabia se teria estômago para a tristeza que iria encontrar.

— Desculpe, mas não estou entendendo — disse meu namorado, caminhando até o amigo e ficando cara a cara com ele. — Que parte do que está acontecendo não cumpre com as suas expectativas? Você esperava o quê, que ficássemos hospedados num hotel cinco estrelas, comendo iguarias e destruindo uma Horcrux por dia?

— Não. Apenas pensei que, depois de todo esse tempo, teríamos conseguido alguma coisa — respondeu Ron, ríspido. — Achei que sabia o que estava fazendo. Que tivesse um plano...

— Ron, pare com isso — pedi. — Você está sendo irracional, por favor, vamos conv...

— ... que Dumbledore houvesse te contado algo que fosse útil — continuou, pouco ligando para minhas tentativas de apaziguar sua fúria. — Algo com o que valesse a pena perder tempo. Mas, pelo visto, me enganei.

— Contei tudo o que Dumbledore disse a mim — disse Harry. — E, caso você não tenha percebido, ainda não achamos uma Horcrux nova. É por isso que precisamos encontrar a espada de Gryffindor: para termos por onde começar. Se fizermos isso, e destruirmos o medalhão, será uma a menos.

— Aham, só que estamos tão perto de achar essa maldita espada quanto estamos de nos livrar das Horcruxes que não possuímos ainda!

Hermione, com lágrimas nos olhos, tentou tirar o medalhão do pescoço dele. Ron a impediu. Mais de uma vez. Todas as suas tentativas foram falhas.

— Ron, por favor, tire-o.

Quando ele não respondeu, ela tentou de novo. Ron esquivou-se, impassível. Nem parecia que, naquele instante, fazia nossos corações quebrarem.

— Ron — insistiu Mione — , você não estaria dizendo essas coisas se não tivesse usado o medalhão o dia todo. Tire-o. Por favor.

— Você sabe por quê andei escutando àquele programa de rádio? — perguntou Ron a Harry, ignorando Hermione mais uma vez. O que mais me doeu foi o sofrimento nos olhos dela, que queria tanto ter com Ron o que Harry tinha comigo, mas que vivia em agonia porque não conseguia nada. — Para ter certeza de que não vou ouvir o nome de Fred, ou o de George, ou mesmo o de Ginny, cujo paradeiro não fazemos ideia.

— Você acha que não escuto também?! — gritou Harry. E a dor na voz dele, acompanhada pelo medo e por outras coisas que apenas eu, que estava em sua mente, sentia, me partiu. — Você acha que não sei como é a sensação?!

NÃO, NÃO SABE! — berrou Ron. — SEUS PAIS ESTÃO MORTOS! VOCÊ NÃO TEM FAMÍLIA!

Tomado pela raiva, Harry avançou sobre Ron, fazendo-o esbarrar na mesa. Hermione deu um gritinho desesperado, correndo para separá-los. Fiz o mesmo, me esforçando ao puxar Harry pela camisa. Não adiantou. Comparando nosso físico ao deles, minha melhor amiga e eu não tínhamos chance.

Eventualmente, os garotos acabaram afastados. Hermione desistiu de tentar usar força física e realizou um feitiço de impedimento com maestria, separando-os. Eles se encararam, sem fôlego devido à pequena luta, com muita raiva. Naquele instante, todos possuíamos corações quebradiços. Não sei como não estilhaçaram.

ENTÃO VÁ EMBORA! — exclamou Harry. Hermione encarou-o, horrorizada. — VÁ!

Ron não perdeu tempo. Tirou o medalhão do pescoço, jogou-o no chão e voltou-se para a saída da barraca com apenas o desiluminador de Dumbledore e a própria varinha na mão, além de umas poucas coisas que estavam embaladas na mochila que colocou sobre o ombro esquerdo. Hermione começou a chorar. Foi terrível.

— E você? — perguntou Ron, encarando minha melhor amiga. — Vem comigo, ou vai ficar?

Ela abriu a boca para responder, mas nada saiu. Outras lágrimas caíram. Mione não podia dar a resposta que ele queria ouvir, por mais que temesse por sua partida. Percebendo isso, Ron olhou para mim, a pergunta não dita estando implícita. Balancei a cabeça, negando.

— Nunca deixarei Harry, você sabe.

Lentamente, ele assentiu.

— Tudo bem, mas não diga que não avisei. Inúmeras vezes, disse a você que vi Harry e Hermione dando sorrisinhos um para o outro.

Hermione ficou tão chocada que pareceu esquecer-se de que chorava.

— Ron, você sabe que Harry ama S/N! Aquilo não foi nada!

— Bem, ela pode ser idiota, mas eu não sou. Vi vocês, na noite passada.

— Estávamos preparando chá!

— Mas não foi só isso, ou foi? — insinuou Ron. — Hoje, pela manhã, quando S/N ainda dormia. Não venham me dizer que não aconteceu.

Sem reação, desviei o olhar para Harry. Eu não sabia o que pensar.

— Falávamos sobre o aniversário dela, seu idiota estúpido — disse Harry, muito sério. Meu coração derreteu com a revelação, mas ao mesmo tempo ficou mais dolorido. — Escolhemos um momento em que ela estivesse dormindo porque queríamos planejar uma surpresa!

— Poderiam ter me chamado.

— Você estava dormindo. Só saiu da cama quando já estávamos lá fora — explicou Hermione. — Achei que não se importasse, já que anda rabugento.

— Claro que me importo.

— Por quê?

Ron ajeitou a alça da mochila sobre o ombro, encarou-a por uma fração de segundo e saiu, sem dizer nada. Por um momento, Hermione ficou paralisada onde estava, lágrimas escorrendo de seus olhos. Nem parecia notá-las. Depois, arrancou atrás dele, entoando seu nome.

Acho que ninguém realmente esperava que ele fosse. Mas Ron o fez, mudando o curso de nossas vidas completamente. Foi traumático para nós três, embora para Hermione tenha sido pior. Ela sabia que havia chances de ele morrer, estando sozinho, e isso torturaria suas noites de sono. Talvez nem fosse dormir. Não pude deixar de pensar, provavelmente por solidariedade, no que aconteceria caso Harry e eu tivéssemos que nos separar também.

Hermione retornou cinco minutos depois. Estava sem fôlego, os olhos vermelhos. Quando fiz menção de perguntar, ela disse:

— Ele f-foi embora! Desaparat-tou!

E caiu no choro.

Hermione nunca tinha quebrado assim. Geralmente, era ela quem me consolava, não o contrário — embora eu tenha tentado mesmo assim. Eu sabia como era a sensação de estar de coração partido. Sabia o que era desespero, puro e verdadeiro; louco; atroz; terror reverberado. Não tinha cura,

"De todas as paixões baixas, o medo é a mais amaldiçoada" — William Shakespeare.

Uma vez que ela dormiu, após muitas horas de insônia, cobri seus ombros com uma manta quentinha enquanto pensava, nos abismos de minha mente profunda, que tudo estava desmoronando, as ruínas que perpetuavam existência, em nosso pequeno universo de estrelas, quebrando-se em pedaços menores; que tudo parecia de cabeça para baixo; que eu não sabia o que fazer. Já passara do meu ponto de sanidade.

Foi então que minha visão periférica captou Harry, sentado em nossa cama, observando o vazio. Seus pensamentos invadiram os meus de forma tão perturbadora que meu corpo tremeu. Os olhos, as janelas da alma, perderam o brilho. Nem parecia que eram verdes.

— Ei — chamei, baixinho. Quando Harry não respondeu, ajoelhei-me diante dele, segurando seu rosto por entre minhas mãos. — Ei. Fale comigo, meu amor. Por favor, fale comigo.

Ele estava entrando em pânico, os olhos tristes e distantes.

— Harry.

— Ele está certo — sussurrou. Me espantei com sua fala.

— Quem está certo, meu amor?

— Ron. Sobre eu não ter uma família — disse Harry. — Ele está certo.

Foi então que vi suas lágrimas, e encontrá-lo assim me desesperou completamente. Harry quase nunca chorava, mas estava tão cansado, tão exausto de tudo. Senti sua dor; atravessou-me como milhões de facas dilacerando meu peito, cortando minhas entranhas, diluindo meus nervos e artérias e sistemas corporais. Sem que eu notasse, meus olhos também marejaram.

— Minha mãe morreu — sussurrou Harry. — Meu pai m-morreu. Sirius morreu. Dumbledore morreu. Além de muitos outros — ele fungou. — Minha família se foi, S/A.

Segurei-o com todo o cuidado do mundo. Quando os olhos de Harry encontraram os meus, juro que senti algo dentro de mim romper.

— Não é verdade — minhas mãos tremiam, mas mesmo assim tentei lhe passar segurança. — Isso não é verdade — repeti, beijando-lhe a testa. — Nós somos uma família, Harry. Você e eu — enxuguei as lágrimas dele com os polegares, de forma que entendesse que podia chorar, se quisesse. — Sempre seremos uma família, tudo bem? Sempre estarei aqui para você — beijei sua testa de novo, desejando tomar todas as suas dores. — Nada poderá nos destruir.

Harry desmanchou-se em lágrimas, e eu me sentei ao lado dele, abraçando-o com força. Permiti que chorasse até que secassem, até que a dor desse lugar ao alívio. Fiz carinho em seus cabelos e sussurrei: "estou aqui com você"; tentando confortá-lo. Ainda que não adiantasse muito. Quando Harry se acalmou, aconcheguei-o em meus braços, puxando-o para meu peito. Cobri-o. Fiquei sussurrando que o amava até que caísse no sono, as pequenas fungadas substituídas por uma respiração mais estável. Eu tinha consciência de que não conseguiria dormir depois de tudo o que acontecera naquele fatídico quinze de dezembro, mas fiquei deitada com Harry mesmo assim. Ficaria deitada com ele mesmo que o mundo estivesse se partindo.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Narradora ON

Maddie estava deitada no chão sujo, contando os detalhes esculpidos no teto da própria cela, quando Draco apareceu com uma maçã e uma garrafa plástica de água. Foi a primeira vez que ele a deixara só, com excessão dos dias em que tinha de participar das reuniões dos Comensais da Morte.

A princípio, Maddie sentiu alívio ao ver um rosto conhecido depois de algumas horas de solidão. Estava se sentindo pior do que gostaria de admitir, e pensar que a presença de Draco a fazia esquecer dos próprios problemas a irritava. Maddie, claro, ignorava tal sentimento; só que a raiva tomou conta dela: quem Draco pensava que era, para ir e vir quando bem entendia? Ela o desprezava.

Desprezava-o por agir como se fossem bons amigos. Não: ela nunca faria amizade com alguém como ele. Nunca, jamais, em tempo algum. Draco era um oportunista que trabalhava para Voldemort porque queria beneficiar a própria família. E, embora soubesse que ele falara a verdade quando disse que a teria tirado dos calabouços da Malfoy Manor, se pudesse, Maddie ainda lutava para convencer a si mesma do contrário.

Se ela o tornasse vilão, poderia culpá-lo, ao invés de a si própria.

O pior de tudo era que Draco era um ótimo companheiro de conversas. Por mais incrível que pudesse parecer, Maddie gostara de contar sua versão da história dos três porquinhos a ele. Gostara de provocá-lo, durante aquele tempo; gostara da sensação de expectativa quanto a como Malfoy iria reagir.

Eram como gato e rato; imãs de lados iguais que atraíam-se conforme a influência de campos magnéticos. Nuvens de chuva não combinavam com dias ensolarados, e no entanto produziam arco-íris vibrantes e bonitos, misturando as respectivas intensidades. Não mediam esforços para demonstrar sentimentos: Maddie, negando os desejos da própria alma; Draco, observando, consumindo-a com os olhos.

— Trouxe um lanche — disse Draco, entregando a garrafa e a maçã a ela, através dos pequenos espaços entre as barras da cela.

Tudo o que Maddie fez foi encará-lo, ignorando seus braços estendidos, e o que carregavam.

— Pegue — insistiu Draco.

— Não estou com fome.

— Bem, então ao menos beba água.

— Não estou com sede.

Draco suspirou, por fim desistindo e recolhendo o que outrora oferecera de bom grado. Não parecia descontente; mas desapontado.

— Por que age assim? — quis saber. Seu tom de voz assustou Maddie, capturando sua completa atenção.

— Estou sendo mantida de refém. Eu deveria agradecer por sua enorme generosidade?

— Maddie, pare. Você sabe que não estou fazendo o que estou fazendo de propósito. Não sei por que nega os fatos para si mesma, mas fui sincero desde o princípio. Não quero, de forma alguma, mal a você.

Novamente, não respondeu. Não sabia o quê. Draco acrescentou:

— Do que você precisa para gostar mais de mim? Estou me esforçando, sabe.

— Hmm... Você pode me libertar.

— Qualquer coisa, menos isso.

Maddie revirou os olhos.

— Tá, já que é assim, você poderia me deixar tomar um banho. Não aguento mais usar esse vestido, estou me sentindo suja e ridícula. Mas bem, é claro que você não... Que é isso?

— Uma chave — disse Draco, destrancando a porta da cela e a abrindo. — Vou te levar para meu quarto, você pode usar meu banheiro. Mas fique quieta, e não tente escapar. Acabaremos mortos, caso faça isso.

Ela não acreditava no que estava acontecendo. Tinha pedido por um banho de brincadeira, porque nunca pensara que Draco Malfoy concederia tal desejo. Achava que ele tinha perguntado porque ria dela; nunca pensara que se importasse o suficiente, ainda que Maddie pudesse ler sua mente.

Conforme andavam pelos corredores escuros, Maddie fez questão de mapear o local, tomando cuidado para não deixar passar nenhum detalhe. Tinha consciência de que aquele não era o momento certo para escapar; no fundo, embora nunca fosse admitir, não queria realmente prejudicar Draco. Sentia-se tentada, com toda a certeza do mundo, mas sabia que não era o melhor a se fazer. Não agora.

O quarto de Draco ficava no segundo andar da enorme Malfoy Manor, e era enorme. A mobília, em tons de verde e prata, contrastava com o preto do resto. A cama era grande o suficiente para comportar quatro Maddie's, com travesseiros feitos de penas de ganso e colchas confortáveis de seda. Tapetes aveludados preenchiam os canvas do chão; havia um lustre minimalista preso ao teto, climatizadores de ambiente nas extremidades do quarto; prateleiras repletas de livros presas às paredes. Se não tivesse testemunhado, Maddie nunca teria se atrevido a imaginar que Draco poderia ser um leitor ávido. Antes de vê-lo segurando O Morro dos Ventos Uivantes, nem sabia que ele podia juntar sílabas para formar palavras.

— O banheiro fica ali — instruiu Malfoy, apontando para uma porta que Maddie não havia percebido antes. — E acho que você vai ter que tirar a roupa.

Ela piscou.

— Quê?

— Preciso consertar seu vestido. Eu poderia te dar alguma coisa, mas se Você-Sabe-Quem perceber que está usando peças novas, saberá que saiu de sua cela.

— Não necessariamente. É só você dizer que me deu porque pedi.

— Não posso mentir para ele, Maddie.

— Não estará mentindo, porque estou, sim, lhe fazendo um pedido. Basta deletar o restante dos acontecimentos da sua mente, e pronto.

Draco suspirou.

— Tudo bem — ele indicou uma passagem no fim do quarto cuja porta inexistia. — Vá em frente, então. Pegue qualquer coisa.

Desconfiada, Maddie seguiu por onde Draco indicara. Até aquele momento, não estava acreditando no que acabara de acontecer. Que motivos ele tinha? Poderia muito bem tê-la deixado nos calabouços da Malfoy Manor, sem banho, sem nada.

A passagem indicada por Draco dava para um outro quarto, que servia de closet. Maddie também tinha um, na casa de suas mães, mas não era nada como aquilo: móveis de vidro temperado com acabamento em mármore preenchiam cada centímetro do cômodo. Assim, era possível ter uma visão das roupas que ocupavam o interior dos armários. Um lustre extravagante pendia do teto, acima de uma mesa que também era feita de vidro, através da qual podia-se enxergar gravatas de todos os tipos.

Sem querer admitir que tinha adorado o bom gosto de Draco, Maddie pegou a primeira camiseta que encontrou, bem como uma calça de moletom que ficava larga nela. Depois, seguiu para o banheiro luxuoso que a aguardava, ansiando por uma ducha quente.

Não demorou-se, sabendo que tinha que voltar para sua cela. No entanto, agora que observara parte da casa, em breve fugiria. Sentia um pouco de culpa ao pensar em abandonar Draco, tendo em vista o que ele fazia por ela agora, mas não podia prender-se a isso.

Ao sair do banho, Maddie vestiu as roupas dele, borrifou um pouco de um perfume caro que encontrou e saiu procurando por desodorante. Encontrou um em formato de spray no armário que ficava ao lado do espelho. Ao final, um alívio enorme por estar de rosto limpo, usando peças de roupa lavadas, a preencheu. Era como se pudesse respirar de novo. Só então, satisfeita com o resultado que obteve, saiu do banheiro.

Draco paralisou, ao vê-la usando algo que era seu. Maddie não só percebeu, como sentiu. E ficaram se encarando, até que ela quebrasse o silêncio. Não aguentava os olhos de Draco por muito tempo; eram frios como gelo, ofuscantes como tempestades cortantes de inverno.

— Gostou tanto assim de me ter fora da cela? Podemos acampar na sua cama — disse Maddie.

Draco corou.

Corou.

Ela percebeu, dando um sorrisinho maroto igualzinho ao de Sirius. Aproximou-se dele até que estivessem há centímetros, e Maddie precisasse olhar um pouco para cima para poder ter uma visão melhor de Draco. Com isso, experienciou um friozinho na barriga. Ignorou isso. Também relevou o fato de que não conseguia não achá-lo atraente, visto de baixo.

Era loucura. Maddie era uns quatro anos e meio mais velha, talvez mais. Ao mesmo tempo, a diferença não era muita: quando tivesse vinte e oito, Draco teria vinte e quatro. Muitos casais ao redor do globo possuíam diferenças maiores. E quando pensou nisso, perguntou-se por quê.

Uma coisa, porém, era certa: Maddie amava implicar com ele. Fazê-lo ficar vermelho era gratificante demais.

— Você está nervoso — observou Meadowes.

— Você está enganada.

Maddie arqueou as sobrancelhas.

— Estou mesmo? — quando percebeu que Draco não responderia, Maddie segurou-o pelo queixo, propositalmente inclinando-o de tal forma que, se ele quisesse desfazer a distância entre seus corpos, precisaria dar apenas um passo à frente. — Você me parece confuso, Draco. Acho que andou pensando demais em mim.

— C-Como?

Maddie deu um sorrisinho, mordendo o lábio. Ainda que não quisesse, Draco encarou sua boca, os olhos lutando para manterem-se abertos.

— Você me deseja, e isso te assombra — disse Maddie. — Você detesta pensar em mim frequentemente porque tem medo de como vou reagir. E não consegue parar — ela levou o polegar ao lábio dele, fazendo Draco estremecer. Maddie fingia, mas também não estava muito melhor. — Vai me dizer que estou mentindo?

— ... Não.

Tendo o que queria, o sorriso dela cresceu. Aproximou os lábios dos de Draco, sentindo-o estremecer, sentindo-o convulsionar diante de seu calor. Tudo pulsava; o tempo inteiro do universo era deles. Por um momento, Maddie esqueceu-se de quem era. Esqueceu-se de que estava sendo mantida em cativeiro, de que deveria odiá-lo, de que as pessoas para as quais Draco trabalhava foram as responsáveis pelo assassinato de Sirius, a única figura paterna que teve na vida. Suas morais eram desafiadas pela grandiosidade de Malfoy, assim como sua força de vontade.

Pensando nisso, recobrou o tantinho de consciência que esqueceu que possuía. Tendo tal fato em vista, Maddie se afastou. Soube disfarçar bem, com um sorrisinho no rosto, aderindo um tom sarcástico.

— Que idiota — riu. — Estava achando mesmo que eu ia beijar você?

— Eu não reclamaria — disse Draco, provocando-a.

— Own, pobre Draco e seu coração ferido.

Ele revirou os olhos.

— Cale a boca.

— É assim que você trata a mulher que quer tão desesperadamente?

Draco estreitou os olhos. Não negaria os fatos, mas também não tinha vontade de admitir, sabendo que levaria um fora. Disse:

— Vamos voltar. Rápido, antes que percebam que sumimos.

Não era a resposta que Maddie estava esperando; ela até se sentiu decepcionada.

— Tudo bem.

Fizeram o mesmo caminho da subida, só que escadaria abaixo. Novamente, Maddie fez questão de tentar decorar cada detalhe da mansão, desde onde ficavam os enfeites mais fáceis de quebrar até os cantos que poderiam conter passagens secretas. Eventualmente, pensou, encontrarei meu caminho para casa. Precisava acreditar nisso.

A porta que dava para os calabouços estava entreaberta. Draco congelou onde estava, o coração batendo muito rápido. Ele a fechara, quando escaparam para o banho de Maddie. Tinha certeza.

— O que foi?

Draco levou o indicador até a própria boca, pedindo silêncio. Maddie entendeu. Por instinto, levou uma das mãos ao bolso, achando que lá encontraria sua varinha. Não foi o caso; serviu apenas para frustrá-la. Tinha esquecido de que a tomaram dela.

Na ponta dos pés, seguiram até a cela de Maddie. Estava silencioso, como nas profundezas de uma caverna. Estranhamente, quando chegaram aonde pretendiam, tudo parecia dentro do normal.

— Estranho — murmurou Draco.

— O quê?

— Eu jurava que tinha fechado a porta.

— Não sei, não lembro.

— Hmm... Talvez tenha me esquecido — disse ele. — Acho melhor...

De repente, uma luz acendeu-se atrás deles, revelando o rosto pálido de Bellatrix.

— Você me subestima, querido sobrinho.

Maddie pulou de susto, enquanto os ombros de Draco ficaram tensos. Haveria uma punição, ele tinha certeza disso. Só não sabia qual.

— Acho melhor você entrar em sua cela obedientemente, Madeline — disse Bellatrix, num sussurro baixo e ameaçador. — Tranque-a, Draco. E depois venha comigo. Quero ter uma conversinha com você.

Draco engoliu em seco, mas obedeceu, lançando um olhar de "sinto muito" à Maddie. Depois, seguiu a tia até outra ala dos calabouços, onde havia celas vazias.

O tapa que estava esperando não veio, o que o assustou ainda mais. Não era típico de Bellatrix manter a calma. Principalmente em situações que envolviam Voldemort.

O sorriso dela era vil. Cruel, como se se divertisse. Sempre que fazia isso, Draco a odiava mais um pouco.

— O Lorde das Trevas conhece seu coração, Draco — disse Bellatrix.

— De que ele sabe? — perguntou Draco, impassível, porém temeroso.

— Que você anda conversando com Meadowes — respondeu ela. — Não me diga que está apaixonado.

Draco revirou os olhos.

— O que você sabe sobre o amor?

— Sei muito.

— Ah, por favor. Não amou nem a própria mãe.

Antes que pudesse raciocinar, Bellatrix deu-lhe um empurrão.

— Insolente! Tudo o que fiz, desde o início, e o que estou fazendo, é por amor!

— Ao Lorde das Trevas?!

— Sim! Ele me recompensará, quando vencermos a guerra. Eu, sua serva mais fiel. Num trono ao seu lado, como sua rainha.

— Acho que a senhora está se empolgando demais, tia Bella. Ele certamente quererá ocupar o pedestal sozinho.

Bellatrix encarou-o com severidade.

— O Lorde das Trevas sempre cumpre com sua palavra, Draco. Inclusive, disse que daria tudo o que a garota quisesse, contanto que ela o ajudasse a realizar uma simples tarefa. Então, ao invés de ficar conversando trivialidades com ela, procure persuadi-la. Quando os bons resultados surgirem, você será recompensado.

— Maddie nunca se deixaria manipular dessa forma.

— "Maddie". Já está a chamando pelo apelido.

— É como ela gosta — revidou Draco. — É bem mais fácil tentar agradá-la, estando com ela por vinte e quatro horas diárias, que ficar agindo como se fôssemos gato e rato.

— Se ela recusar fazer parte do plano do Lorde das Trevas, então merece apodrecer numa ratoeira! — exclamou Bellatrix, histérica.

— Não acho que alguém mereça tal coisa.

Bellatrix teria respondido, caso Voldemort não houvesse aparecido bem na hora, descendo as escadas que davam para o lado de fora. Uma luz tênue iluminou sua face, fazendo-o parecer mais ainda com uma cobra. Nagini ficaria orgulhosa. E quando ele sorriu, Draco pensou, fazendo esforço para não deixar transparecer, que Voldemort ficava mais horroroso a cada vez que ele o via.

Bellatrix realizou uma reverência profunda, quase tocando o chão com a cabeça. Draco fez o mesmo, só que com menos exagero; ainda que discordasse dos ideais propostos pelas Artes das Trevas, precisava permanecer fiel à causa, pelo bem de sua mãe, e pelo próprio.

— Vocês estavam falando sobre Madeline — disse Voldemort. — Eu vinha mesmo para vê-la. E gostaria de sua companhia, Draco.

— Sim, milorde — respondeu Malfoy prontamente.

O Lorde das Trevas continuou seu caminho, sem olhar para trás, esperando que Draco o seguisse. Bellatrix empurrou o sobrinho na direção dele, antes que o garoto pudesse seguir por si só. Malfoy precisou conter a própria língua para não dizer o que não devia.

Draco temeu que Voldemort o questionasse a respeito de sua conversa com Bella, mas isso não aconteceu. Não pôde deixar de sentir alívio. Significava que o Lorde das Trevas não tinha se dado o trabalho de ler a mente dele, ainda. Embora soubesse que Draco gostava de Maddie.

Isso perpetuava arrepios por toda sua espinha dorsal. Ele sabia que Voldemort gostava muito de usar as fraquezas das pessoas contra elas e, por essa razão, não deixou de pensar que a conversa que teria com Madeline não seria exatamente agradável.

Maddie, que estava sentada, ergueu a cabeça quando ouviu os passos deles. Seu coração disparou, tomado pelo pânico. Voldemort nunca a visitara, durante o período em que estivera encarcerada ali. Por que o faria agora?

Ele parou diante da cela dela. Draco ficou atrás, temendo por seu bem-estar. Não queria que Voldemort a machucasse... Mas sabia que acabaria acontecendo, mais cedo ou mais tarde.

— Vejo que trocou de roupas — observou Voldemort, fechando a cara.

Temeroso, Draco explicou-se:

— Tive um pressentimento, milorde. Soube que o senhor agiria hoje, e decidi prepará-la. O vestido surrado que estava usando não era conveniente para a movimentação de seus braços e pernas.

Isso pareceu satisfazer Voldemort. Maddie, porém, sentiu o próprio coração rasgar, tanto que precisou levar uma das mãos ao peito. Não sabia por que motivo, mas achara... Achara que a pequena paixão que Draco tinha por ela significava alguma coisa. Que ele faria o que combinaram, que diria que deu roupas novas a ela porque Maddie requisitou. E quando tentou ler a mente dele, em estado de negação, esperando encontrar evidências, deparou-se com o vazio.

O idiota estava usando Oclumência para bloquear a mente, apenas para salvar a própria bunda de um encontro prematuro com a guilhotina.

— Seu mentiroso de merda! — berrou Maddie, tentando alcançá-lo através das barras da cela. Obviamente que não conseguiu. Até pensou ter visto, por um ínfimo instante, dor nos olhos de Draco, mas a impressão passou num piscar de olhos. — Você me levou ao seu quarto por livre e espontânea vontade!

— Eu estava cumprindo com um propósito.

A respiração de Maddie falhou. A raiva tomou conta dela, fazendo seus braços tremerem. Estava cansada de precisar se conter. Exausta de fingir calmaria, quando tudo o que queria era escapar daquela prisão miserável. Ainda bem que não estava na posse de sua varinha, senão era capaz de cometer o assassinato de Draco; S/N com certeza nunca a perdoaria por isso.

— Não seja escandalosa, Madeline — disse seu pai, severamente. — Pare de gritar. Estou aqui por uma razão muito mais importante que suas birras e conflitos pessoais.

MESES! ESTOU TRANCADA AQUI HÁ MESES, PORRA! — gritou Maddie. Ela nunca chorava, nunca mesmo. Mas sentiu vontade. — NÃO ACHE QUE TEM O DIREITO DE ME PEDIR PARA PARA FICAR CALMA, SEU IDIOTA ESTÚPIDO DE MERDA, FILHO DE UMA PUTA, CAFAJESTE DE MEIA...!

A fúria de Voldemort foi incontrolável: a porta da cela de Maddie escancarou-se, a pouca luz do ambiente extinguiu-se; lamparinas de vidro explodiram, espalhando cacos e fazendo bagunça. Maddie deu uns passos para trás, paralisando quando Voldemort fechou os dedos finos contra seu pescoço e jogou-a contra uma parede, fazendo-a bater a cabeça. Caiu sentada no chão, apalpando a própria nuca. Sentiu um líquido quente escorrer por entre seus dedos, não demorando a entender que era sangue.

O que mais doeu foi o fato de que Draco observava tudo, sem fazer nada.

Voldemort agarrou-a pelo pescoço outra vez, fazendo-a ficar de pé. Maddie quase sufocou, sua visão ficando escura por um momento. Seu pai disse:

— Eu vinha com o intuito de lhe fazer uma proposta, mas decidi que não terá escolha. Sua insolência é impertinente, e você deve aprender a respeitar o seu pai.

— Você não é o meu pai — disse Maddie, cuspindo na cara dele.

Como resposta, Voldemort empurrou-a contra a parede novamente, fazendo com que a cabeça dela batesse contra a pedra uma segunda vez. A dor que Maddie sentiu foi alucinante, pior que a primeira. Não sabia por quê não desmaiara — talvez Voldemort estivesse usando os próprios poderes para impedir que isso acontecesse.

— Não se preocupe, Madeline. Vai passar, em breve.

— Se você continuar tentando me matar, não, não vai — balbuciou Maddie.

— Te matar? — Voldemort riu, sem humor. — Eu nunca mataria alguém que ainda tem utilidade para mim. Não, pode ficar tranquila quanto a isso. Você só vai morrer quando eu permitir que aconteça. Para sua infelicidade, ou não.

"O que quero de você é simples: deixarei que escape de sua cela, com a condição de que caçará sua irmã, e de que a trará a mim. Caso consiga capturar Harry Potter, faça isso. Mas a prioridade é Mckinnon Black. Preciso dos poderes dela para fortalecer meu exército, e você servirá perfeitamente para a realização dessa tarefa".

— Não vou fazer tal coisa — disse Maddie, como se fosse óbvio.

— Imaginei que diria isso — falou Voldemort, tirando a própria varinha do bolso das vestes e apontando-a para o rosto de Maddie. — Mas creio que não lhe dei muitas alternativas.

Maddie riu.

— Sou uma auror. Não tenho medo de sua varinha apontando para meu pescoço.

— Você não pensará por conta própria por muito mais tempo para decidir que pode opinar sobre isso, então posso garantir, Madeline, que seus desejos em nada fazem diferença em minha vida — disse Voldemort. — Agora, curve-se.

— Não.

Ele a forçou assim mesmo, até que ficasse de joelhos. E como Maddie estava fraca, não teve forças para se levantar.

Satisfeito, Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado pôde prosseguir com seus planos. Ainda apontando a varinha para o rosto de Maddie, agora de uma distância maior, pronunciou:

— Imperio.

Não houve contra o quê lutar. Maddie sentiu seus ossos pesando, sua mente perdendo a capacidade de discernir, a dormência se instalando em cada centímetro de seu corpo. Sua cabeça, dolorida devido às pancadas, pendeu para a frente, o sangue que escorria começando a coagular. Pensamentos que não eram dela invadiram cada cavidade, preenchendo-a, tornando-a confusa. Os ombros ficaram tensos, o pescoço estalou uma ou duas vezes. Nem sabia por que motivo lutava antes, se a ausência de dor do controle mental imposto pelo próprio pai era mais confortável que o sofrimento; era a mesma sensação de estar presa, só que dentro da própria cabeça. Para seu corpo, era revigorante. Mas para sua mente, comprimida com as obrigatoriedades da maldição, era desesperador.

Draco agradeceu pelo fato de que Voldemort não o olhava naquele momento, porque não conseguiu esconder o próprio desgosto. Maddie não merecia aquilo; ninguém merecia. Mas foi apenas quando ela abriu os olhos, e Draco teve o vislumbre de íris vermelhas no lugar da cor original, que percebeu que era tarde. Não havia como voltar atrás.

— Siga os rastros de S/N Mckinnon Black e traga-a a mim. Viva.

E Maddie respondeu:

— Sim, pai.

Narradora OFF

——————————————

notas da autora:

oiii gente!! tudo bem?! MIL DESCULPAS pela demora, essas últimas semanas foram super corridas...

esse capítulo tem mais ou menos 10.500 palavras, então ao menos tentei compensar vocês <3

no dia 04/05 masterpiece completou dois anos!! eu estou muito feliz!! sou muito grata a todos vocês, por continuarem lendo, votando e comentando em todos os capítulos 💕 amo muiito vocês ❤️❤️❤️

e como estão as leituras de vocês? ainda tô no mesmo livro KKKKKKK mas do nada encontrei "o fantasma da ópera" na biblioteca da escola e comecei a ler. até agora tô gostando, mas não estou com muito tempo para continuar, então vou ler devagar para aproveitar direitinho.

ontem eu meio que mudei de ideia sobre a profissão que eu vou exercer, acho que vou fazer direito... me sinto muito pressionada porque tenho que decidir em poucos meses e são muitas opções.

vou fazer umas perguntas para interagir! o tema vai ser escola/faculdade!

1) qual é a matéria que você mais gosta?

2) qual é a matéria que você menos gosta?

3) você prefere fazer trabalho sozinho(a), ou em grupo?

4) quais são os materiais que não podem faltar na sua mochila?

5) o que você mais gosta de comer enquanto estuda?

é isso, não tenho mais criatividade KKKKKKK beijos gente, amo muito vocês ❤️

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