A cura

By PG2022

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Um conto de fantasia e mistério, no qual a vida de uma criança dependerá das visitas misteriosas de uma estra... More

Nota da autora
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11

Capítulo 12

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By PG2022

(final alternativo – Parte 2)


Uma figura masculina, alta, musculosa e bela surgiu dentre os arbustos. Ele parecia mesclar-se nas sombras até que o Sol o iluminou por completo, reluzindo em sua pele dourada. Ele caminhou calmamente até Erick, observando-o com atenção. O cabelo loiro do homem brilhava como uma coroa, os olhos verdes faiscavam com autoridade e os ombros largos foram esculpidos para intimidar os que o rodeavam. À medida que ele andava, os arbustos, as folhagens das árvores e pequenos animais escondidos na periferia da clareira pareciam reverenciá-lo, curvando-se à sua passagem.

Ele parou à dois passos de Erick, encarando-o de frente. O homem e Erick tinham a mesma altura e, portanto, se encararam nos olhos com facilidade. O conde não recuou, manteve-se firme, mas encarou o rei dos seres da floresta com respeito.

-- O que faz de você um ser digno da filha de um rei? – ele perguntou para Erick.

-- Ela. – Erick respondeu sem hesitar. – Ayla me torna digno. Meu amor por Ayla me faz ser alguém melhor e aumenta o poder que corre nas minhas veias. E o amor dela me guiará ao destino que tivermos, me ajudando a proteger nossos povos.

-- Meu povo não é o seu povo. – Aslan disse seco.

-- É. – Erick retrucou. – O seu poder corre nas minhas veias, quer você queira ou não, e o amor da sua filha por mim corrobora esse poder.

O rei Aslan crispou os lábios e fuzilou o conde. Ele tinha coragem, ele admitia isso, mas era petulante demais. Insolente demais.

-- Por favor, não confunda minha certeza com insolência, alteza. – Erick disse, interpretando corretamente a expressão de Aslan. – Minhas palavras foram proferidas com base no que sinto. Eu não apenas amo sua filha, como a sinto à cada momento. O laço que nos une foi escrito há muito tempo, na profecia do seu povo. Eu não poderia ficar longe de Ayla nem que eu quisesse. E não quero!

-- Você não conhece nossas profecias e costumes. Não sabe nada.

-- Sei o que aprendi com meus pais. Sei o que meu coração sente. E sei que Ayla pode me ensinar ainda mais. Eu não ficarei longe dela. Eu dormirei nessa floresta dia e noite até que eu possa estar com ela novamente.

Aslan arqueou as sobrancelhas, surpreso com a atitude do conde. Ele o encarou detalhadamente, observou além de sua aparência precária e buscou a nobreza que ele parecia ter.

O rei olhou para a esposa e eles conversaram sem precisar de palavras.

-- Você pode ficar aqui por meses e não mudaria nada para nós. – Aslan ameaçou Erick.

-- Se Ayla estiver por perto, e eu souber que ela está bem, ficarei anos.

O rei Aslan o encarou e bufou desdenhoso. Ele deus às costas para o conde e seguiu em direção à esposa. Porque ele deveria acreditar naquele híbrido?

-- Eu AMO a sua filha. Isso nunca vai mudar. – Erick disse e fez o rei estancar no lugar. – A união da minha mãe com meu pai criou uma ruptura na magia, permita que a minha união com Ayla conserte isso.

-- Como um novo erro consertaria o primeiro, rapaz? – o rei Aslan quase cuspiu as palavras com arrogância.

-- Não seria um erro... – Erick começou a falar, mas se calou ao ver a fúria surgir nos olhos do rei. Assim, mudou de tática. – Seu povo já é capaz de evitar que os espíritos saiam quando há uma ruptura, então nosso casamento não será um perigo – Erick disse com paciência --, porém, quando nosso filho nascer, o sangue de uma criança proveniente da união de descendentes direto e com poder, será irresistível para o Duroia presente em nossas terras. E nesse dia, estaremos preparados para aprisioná-lo novamente.

O rei estreitou os olhos e encarou Erick. Era uma ideia lógica e viável, mas também era perigosa. Isso mostrava que aquele híbrido estava disposto a arriscar muita coisa para conseguir o que queria.

-- O que o faz pensar que eu permitiria que você arriscasse minha filha, ou qualquer descendente que eu venha a ter, nisso?

-- A escolha não é sua, papai.

E simplesmente assim, como se todo o mundo entrasse em pausa, Erick viu Ayla novamente. Ela surgiu no meio das árvores, vindo do mesmo caminho de onde seu pai aparecera, e sorriu ao vê-lo. Ela era ainda mais bonita do que ele se lembrava. Os cabelos dourados, os olhos verdes e expressivos, a covinha da bochecha surgindo junto com um sorriso tímido. O caminhar leve, como se flutuasse. Tudo nela era dolorosamente familiar e impactante.

Os pés do conde se movimentaram por conta própria e quando ele se seu conta já estava com Ayla nos braços, abraçando-a forte e enterrando o rosto no seu cabelo macio.

-- Minha pequena dama-da-noite. – ele sussurrou aliviado ao sentir que ela o abraçava com força.

Tê-la nos braços, sentir seu cheiro, ouvir sua respiração tão próxima da sua funcionou como um elixir para ambos. O poder de ambos se intensificou em segundos e a floresta toda reverberou em volta deles.

-- Ayla... – a voz de Feyre surgiu dentre o retumbar das folhagens. – Você despertou!

A ninfa rainha correu para o casal e abraçou a filha, que agora se desvencilhava do abraço do conde. Erick enlaçou a mão de Aya na sua, mas manteve-se em silêncio.

-- Você despertou. – a ninfa repetiu.

-- Como isso aconteceu? – o rei Aslan se aproximou.

-- Eu... eu apenas abri os olhos, papai. Por algum tempo senti um retumbar à minha volta, mas não conseguia vislumbrar mais do que escuridão. Então, de repente, como se um grito soasse, eu consegui abrir meus olhos e ouvi a voz de Erick. – Ayla respondeu.

-- Você estava desacordada há semanas... – Feyre disse.

O rei Aslan encarou o conde, ciente da mão que ainda segurava sua filha perto dele. Depois observou a reverberação da floresta, que pareciam responder à presença dos dois. Por fim, voltou a encarar Erick e disse:

-- Se Ayla decidir por seguir seu caminho com você, eu não os impedirei. Mas você terá que cumprir sua palavra e acabar com essa maldição.

O sorriso de felicidade que iluminou o rosto de Erick só foi escondido pela felicidade da própria Ayla, que agora parecia brilhar. O conde estendeu a mão para o rei Aslan, agora seu futuro sogro, e ambos selaram um acordo.

Erick olhou para Ayla e esperou. Ela o encarou com seriedade e ele disse, olhando-a nos olhos:

-- Eu sei que já havia dito que te amava, e deveria estar mais preparado com um anel ou coisa assim, mas no momento, seu pai precisa ter a certeza de que seu sentimento por mim é recíproco. – ele sorriu maroto. – Talvez você possa confirmar a ele que aceita ser minha esposa e deixá-lo saber o motivo.

Ayla sorriu. Seu coração batia forte e ela sabia que Erick estava tentando deixar o momento mais leve para ela. Ela iria escolher deixar seu mundo por ele. Ele sabia o quanto isso era inquietante.

A garota tocou seu rosto com carinho e o olhou nos olhos.

-- Ser sua esposa vai unir e ajudar nossos povos, mas acima de tudo, ser sua esposa vai permitir que eu tenha a oportunidade de te dizer todos os dias o quanto eu amo você.

Todo o cansaço e apatia de Erick esvaneceram ao ouvir as palavras de Ayla e ele a ergueu no colo, levando-a consigo para o castelo. Ele estava com a mulher que amava nos braços, ela seria sua futura esposa, sua companheira, sua nova vida.

Em uma semana eles estavam casados e a felicidade que emanava deles começou a preencher o castelo. O Duroia permanecia adormecido, com a ajuda dos seres da floresta, e seis meses se passaram na mais perfeita alegria.

Ayla tornou-se mãe de Alice, ensinando-a a usar seus poderes para o bem dos seres que habitavam os arredores da floresta e, de vez em quando, para seu próprio bem. Alice conheceu o rei e a rainha das ninfas e ficou encantada com as histórias que aprendeu. Aslan e Feyre não conheciam a pequena e se encantaram em ver alguém tão jovem e puro usufruindo do seu próprio poder.

Contudo, quando o casamento completou um ano e Ayla engravidou, uma aura de preocupação caiu sobre o castelo. O desenvolvimento de um novo híbrido começava a gerar uma nova ruptura e os seres da floresta precisaram se concentrar em impedir os espíritos ainda aprisionados na floresta de saírem. O despertar do Duroia começava a ser eminente.

Erick havia se preparado para isso, e acalmava a todos com sua confiança e liderança.

Na noite do nascimento do filho deles, Erick e Ayla foram para a floresta. Eles caminharam com cuidado entre as árvores e chegaram até a clareira em frente ao lago. Lá eles se sentaram ao pé de uma árvore

-- Você está bem? – Erick perguntou para Ayla, encaixando-a no seu corpo, entre suas pernas, e abraçando-a de modo que ela pudesse encostar as costas confortavelmente em seu peito.

-- Sim. – ela respondeu aconchegando-se nele.

-- Está com medo? – ele acariciou seu rosto com carinho.

-- Um pouco... Mas confio em você.

-- Vai dar tudo certo. Apena concentre-se no nosso garoto.

-- Porque acha que é um menino? – Ayla riu.

-- Eu só sei... – Erick deu de ombros.

Ayla não respondeu, pois a dor de uma contração a fez se calar e apertar a mão de Erick.

O parto teria início e a atmosfera tornou-se tensa. Eles estavam sozinhos na floresta, a lua os iluminando, permitindo que vissem o amor em seus olhos, mesmo diante da dor e do medo. Seus corações batiam com força e eles se concentraram no nascimento do filho.

O farfalhar das árvores começou no momento em que os gritos de Ayla ficaram mais frequentes. Uma escuridão caiu sobre eles, como se a lua tivesse sido apagada por nuvens, ou espectros, escuros.

Erick incentivava a esposa com palavras de carinho e coragem, enquanto sustentava seu corpo junto ao seu peito e a mantinha firme em cada contração. Ele a fez ignorar o vulto que se aproximada e a fez se concentrar no barulho do vento, cada vez mais forte.

No castelo, a condessa viúva cuidava de Alice e orava para que tudo desse certo. Os gritos de Ayla chegavam até ela, mas a confiança no filho e na nora era inabalável.

E quando o grito de Ayla foi substituído por um choro de bebê, a luz da lua voltou a aparecer, querendo presenciar um milagre tão grande.

Foi então que tudo aconteceu. O vulto do Duroia, sedento pelo poder de um novo descendente, escureceu novamente a floresta. Quase cego pela fome, o espírito se atirou dentro da clareira e voou para onde pai, mãe e filho se abraçavam. Ele podia sentir o gosto do poder emanando, mas nunca chegou a tocá-lo. No momento em que ele cruzou a fronteira das árvores, as folhagens se fecharam e dezenas de ninfas rodearam a nova família, como um escudo.

O Duróia ficou entre eles e o lago, que agora se abria em um vórtex, incitado pela presença do espírito. De dentro do lago, sons de lamurio foram ouvidos e uma força invisível começou a sugar o espectro escuro que rodeava o conde e sua família.

Com um lamurio desesperado, o Duroia foi arrastado para dentro do lago e as águas se fecharam sobre ele. Em segundos, a superfície estava calma e o conde estava novamente sozinho com Ayla e seu filho recém-nascido.

A clareira começou a se iluminar com a chegada do amanhecer e Erick olhou para o rosto cansado de Ayla.

-- Você está bem?

Ela sorriu e encostou a cabeça no ombro do marido.

-- É um menino... – ela sussurrou.

-- Eu te disse. – ele sorriu feliz e a ergueu nos braços.

Mãe e filho aconchegados no colo do pai. Erick começou a andar, levando-os na segurança de seus braços. Todos precisavam voltar ao castelo, se lavar e descansar.

-- Deu certo... – Ayla disse sonolenta.

-- Fico ofendido ao pensar que você duvidou do meu plano. – Erick riu.

-- A parte difícil nem foi sua... – Ayla torceu o nariz, e aconchegou seu filho melhor entre ela e o pai.

Erick riu alto, feliz, e deu um beijo na testa de Ayla.

-- Prometo te recompensar...

Quando estavam chegando no castelo, Ayla respirou fundo.

-- Não existe mais opressão. O ar parece bem mais fresco e leve agora.

-- Você também sente isso? – Erick perguntou.

Ayla assentiu com a cabeça e completou:

-- Alice também sentirá. Você foi muito esperto em pensar nisso tudo.

Erick deu um sorriso com o canto da boca e respondeu:

-- Eu tinha que achar um jeito de convencer seu pai a deixar você casar comigo, não é mesmo?

Erick sentiu o corpo de Ayla balançar enquanto ela ria. Eles chegaram ao quarto e ele a colocou na cama com delicadeza. Seu filho dormia tranquilamente sobre o peito da mãe. Ele era absurdamente lindo.

Metodicamente o conde se muniu de uma bacia de água limpa e toalhas e então, com cuidado, foi limpando cada pedaço do corpo da esposa e do filho. Quando ficou satisfeito, deitou-se ao lado deles e os aconchegou junto ao seu peito.

-- Erick... – Ayla disse baixinho.

-- Hum? – Erick respondeu roçando os lábios na têmpora da esposa.

-- Eu amo você.

-- Eu também te amo, minha dama-da-noite. – ele a estreitou nos braços – Mas eu tenho uma dúvida agora.

-- Qual?

-- Que nome daremos ao nosso pequeno herdeiro?

Ayla sorriu, feliz.

-- Gael. Pois ele será o protetor de dois mundos.


                                                                                                     FIM

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