"Mesmo que nós estejamos passando por isso e isso faz com que você se sinta sozinho. Apenas saiba que eu morreria por você! Amor, eu morreria por você, sim"
Die for you - The Weeknd ft. Ariana Grande
Eram tarde da noite, os membros da The Black já dormiam a muito tempo, cada um com seus parceiros, mas um deles chorava sozinho sentindo a cama gelada e com um cheiro fraco de morango e chantilly.
Jeon estava chorando a um bom tempo, não conseguia parar. Seu lobo se sentia sozinho e uma dor mostrava ao portador a falta de seu ômega. Os olhos já eram fundos, as veias passavam o sangue devagar, a cabeça e o corpo não paravam de doer e a marca de Jimin em seu pescoço ardia como ferro quente.
Com a audição lupina, Jungkook escutou a porta do saguão no andar de baixo abrir e fechar. O respirar conhecido chegou aos ouvidos do alfa. Era Park Jimin. O maior levantou apagando as luzes do quarto e foi em direção ao closet pegando a Glock carregava que ficava por ali.
Sugou seu cheiro fazendo o quarto ter apenas o odor de morangos. A porta foi aberta devagar e uma voz doce passou pela porta.
— Jungkook? — a voz do ômega fez o maior fechar os olhos com força, pensando nas coisas que escutou para ter controle o suficiente de seu corpo.
Escutou Jimin ir até o banheiro que ficava perto da porta do quarto e abrir a torneira da pia. Lentamente Jungkook começou a se aproximar do cômodo, quando já estava próximo levantou a arma apontando a cabeça do omega. Cabelos loiros, pele branquinha e sua marca no pescoço. Sua marca ainda estava ali.
Park subiu a cabeça e pelo reflexo do espelho viu seu alfa apontar uma arma para si. Não se assustou, apenas o olhou, bem no fundo dos lumes perdidos, tão iguais aos seus. Jimin sangrava, tinha a boca e a sobrancelha cortada. A roupa rasgada estava em fiapos. Seu rosto estava mais branco e os olhos vermelhos.
— Atire. — Jimin se virou para Jeon que rosnou baixo dando dois passos pra trás — Sei que escutou tudo. Então apenas atire em mim...
— Quem é você? — Jungkook chorava compulsivamente outra vez. — QUEM É VOCÊ? — Jeon gritou quando a resposta a sua pergunta não veio.
— Sou Park Jimin — falou calmo, mesmo sentindo os olhos marejarem.
— Não, você não é! — Jungkook engatilhou a arma — Você mentiu seu nome para mim. Eu sei que sou só a porra de um golpe! Não é assim que você faz.
— Sim, assim que eu faço, mas você era ridículo demais, caiu como um patinho. — Jimin cuspia as palavras no rosto do alfa. — Eu já cheguei onde eu queria. Estou no topo de todas as máfias!
— Você não pode estar falando a verdade... — o alfa sorriu mesmo com os olhos cheios de lágrima — Sou eu... Seu coelhinho, minha lua. — o olhar frio de Park vacilou por um segundo, mas logo voltará ao vazio.
— Você não é nada pra mim. — aproximou-se de Jeon colocando a boca da arma em sua testa — Eu não sou seu. Me odeie, Jeon. Me mate!
O alfa destravou a arma engatilhada e prensou com força na cabeça de Jimin que fechou os olhos esperando o tiro. Não veio, abriu os olhos novamente.
— ME MATE! — gritou com ódio vendo o alfa largar a arma no chão. — Me mate. Me mate. Me mate! — repetia enquanto o alfa apenas chorava.
— Eu te amo, Jimin. — o alfa se distanciou do ômega — E não sei viver em um mundo sem você.
— Não me ame! — Jimin soltou uma lágrima solitária — Me odeie, alfa!
O menino pegou uma muda de roupa qualquer e saiu pela porta vendo um Jungkook chorão ficar para trás. Em sua cabeça uma frase se repetia com força:
"Me odeie, meu alfa!"
[...]
Era o terceiro encontro que o menino comparecia. A algum tempo notava as mudanças de humor do alfa russo que testava seus limites a cada tempo. Estavam sentados mais uma vez na cafeteria, o alfa bebia seu café enquanto observava o ômega arrumava algumas folhas de contrato falsas. O celular do mais velho tocou e Jimin levantou a cabeça em direção ao mesmo.
— Vou atender, me espere aqui! — o russo ordenou e Jimin assentiu calmo, o que não estava.
— Escute a conversa, Jimin. — PJ falou dentro do menor. Com a audição Lupina Park começou a escutar a conversa do alfa que estava fora da cafeteria.
— Pesquisou a face dele no banco de dados global? — o homem perguntou a alguém, o que escutava, sentiu a espinha esfriar — Park Jimin? O último nome está certo? — Ivanov parou um pouco escutando o que a ligação dizia — Se envolve com a máfia coreana? Muito bom para ser verdade. — o homem escutou mais alguma coisa e desligou o celular.
Jimin se desesperou, estava suando como nunca antes. Seu lobo se remoía, mas Park deu o máximo de si para não passar pela marca o sentimento. Ao escutar o homem se aproximar, fez seu melhor rosto e olhou o alfa com um sorriso.
— Tudo bem? — falou calmo e curioso.
— Claro, ômega. — o maior bagunçou os cabelos tingidos. — Só alguns problemas, mas vou resolvê-los logo.
O menor sentiu vontade de engolir em seco, mas não fez. Tinha que pensar rápido, estava dando bobeira demais para o alfa ter desconfiado e procurado sobre si.
— O que acha de sairmos para um outro lugar? — a mão do ômega percorreu as pernas do russo bem mais velho que si — Para podermos nos divertir.
— Por que a mudança de opinião repentina? — Ivanov franziu as sobrancelhas e Jimin praguejou dentro de si "não dou uma dentro"
— Tenho algumas coisas a falar contigo e a fazer também... — Jimin lançou um olhar sedutor que fez o alfa se perder por um segundo — Sabe, meu cio está chegando — era mentira — queria que você me ajudasse com algo.
— Quer minha ajuda, ômega? — Ivanov viu o menino assentir alisando seus braços. — Vamos agora então.
— Agora? — Park perguntou rapidamente e o mafioso franziu a testa em desentendimento — Claro, agora!
Em pouco tempo os dois homens chegaram a um hotel de esquina, mal cuidado e fedorento. O alfa não cuidava de si como Jeon... Ele não era Jeon.
— Motel de esquina? — Jimin perguntou ao entrar.
— Tenho que provar se seu sexo é bom primeiro, depois gasto contigo. — Ivanov falou e a vontade de vomitar voltou ao corpo de Park.
— Antes tenho algo a lhe contar. — Jimin sentou o alfa na cama e a contra gosto sentou-se em seu colo. O cheiro do russo deixava seu estômago ruim, mas tentou não se abalar. — Eu tirei a escuta da minha bolsa. — o homem olhou estranho e segurou a cintura de Park com as mãos pequenas, não era como Jeon — Me obrigaram a vir te seduzir, mas eu não posso alfa. Eu amo você! — Jimin sentiu seu lobo fazer presença com raiva, mas o alfa pensou ser alguma presença boa de amor — A um tempo fui obrigado a seduzir Jeon Jungkook...
— Líder da The Black? A máfia coreana?
— Sim. — Jimin se assustou pelo homem saber sobre, mas manteve a atuação — Para provar a ele que sou seu ômega, eu deixei ele me morder... — Jimin mostrou a marca de almas ao russo — Como uma última prova ele me mandou aqui, para te conquistar, mas eu não posso. — Jimin passou a mão do pescoço do velho sentindo algo duro e pequeno contra sua bunda, sentiu vontade de correr, mas não fez.
— Quer minha marca aí? — o russo passou a mão pela marca e arranhou a mesma fazendo Jimin se remexer desconfortável, a mesma ardia sempre que era tocada por outro que não fosse ele ou Jungkook. — Vou fazer isso em seu cio, meu gatinho. Seremos só nós dois...
— Sim, só nós dois... — a fala saiu triste e carregada de dor, mas o alfa estava muito ocupado beijando o pescoço do lúpus para perceber.
Nada aconteceu naquela noite, um beijo lhe foi roubado, mas seu corpo não foi usado pelo alfa desnaturado. Park saiu limpo, com o cheiro do alfa, mas sabia que teria seu alfa em casa para tirar aquele cheiro. Iria aproveitar esses dias, pois logo teria que botar o plano em prática.
Nas noites seguintes, Jimin teve uma conversa franca com seu lobo. Bolou o plano em sua cabeça e conversou com PJ sobre. O lobo odiou a ideia, mentir ao seu alfa? Falar que o odeia? Fora de questão! Entretanto, Park iria fazer isso de qualquer forma.
Na noite do plano, deixou o celular próximo a uma mesa e puxou assunto com o russo. Falou sobre o plano de matar Jeon e sabia que o mesmo estava o escutando. Quando falou a frase "Matar Jeon Jungkook" seu lobo endoidou. Jimin cambaleou escutando o russo perguntar o que aconteceu. Sem o responder, correu para o jardim da casa logo se transformando.
— PJ, o que está fazendo? Me dá o controle! — Jimin gritava para o lobo que corria pela floresta o mais longe daquela casa.
— Meu alfa! Eu quero meu alfa! — o lobo corria em direção a casa afastada da The Black.
— Nós vamos morrer se aparecermos lá! — o lobo continuou correndo sem olhar para frente — A ÁRVORE! — A cabeça bateu na árvore desestabilizando a corrida do lobo, caiu no barranco que tinha ali sentindo o corpo todo arder.
— Então que ele nos mate, Jimin... — o lobo sussurrou — Por que se continuar com isso, eu irei morrer... E não haverá mais vidas para nos encontrarmos...
O lobo se destransformou e Jimin se viu em trapos. Se levantou contra a vontade de seu corpo e foi em direção a casa de Jeon. Se PJ morresse, pelo menos JK estaria vivo. Vivo para ficar feliz com outro alguém.
♞
Olha, depressao 😃
Entenderam a parte de Jimin? Se tiverem dúvidas podem perguntar!