Estava escuro e meus olhos se abriram lentamente, com aquela roupa de sempre, o Major Leonard caminhava em minha frente durante a nossa passada no mercado da cidade. Estava de noite e as ruas pareciam bastante iluminadas, enquanto andava atrás do mesmo, acabei olhando para uma vitrine e não me toquei, mas naquele momento estava preso diante daquela pequena pedra azul, ela era formosa e brilhante, a cada segundo que se passa parecia me prender mais e mais.
Leonard: O que foi? - Ele me pergunta.
Ivan: Essa pedra… É da mesma cor dos seus olhos.
Leonard: Uh…
Ivan: Quando eu vi isso… Eu senti algo… Como isso se chama?
O major me olhava com um semblante triste, não precisava me dizer nada, eu não saberia entender aquelas palavras que ele me diria, mas sei que as minhas palavras o deixou comovido. A cada segundo que passei olhando aquela pedra, me afundei em um profundo oceano, sem fim e sem nenhum resquício de luz.
Uma imensa claridade me fez acordar, aquilo não passou de um sonho. Abri meus olhos novamente, estava deitado numa cama perto da janela, podia ver o teto e a janela que estava aberta por sinal, os pássaros cantando e o farfalhar das árvores, de início não conseguia me levantar, parecia preso a cama, levantei minha mão na direção do meu rosto e viria que estava enfaixada, talvez esse seja o por quê de doer tanto, com um pouco de esforço consegui me sentar e cama tendo um pouco mais de visão sobre o ambiente, ao lado de minha cama havia uma bandeja prateada com uma maçã, papéis e uma caneta tinteiro. Meu corpo doía um pouco, me estiquei para pegar a fruta e os objetos, na maçã dei uma mordida, a folha e a caneta coloquei sobre a mesinha que era possível usar na cama.
Ivan: " Major Leonard, já se passou muitos dias agora, meus movimentos continuam com dificuldade, mas sinto que poderei voltar a vê-lo e servi-lo novamente. Por favor, peço que me retorne assim que ler esta carta. " - Escrevia com a mão um pouco trêmula na carta, a letra não é bem legível.
Por deslize deixei a caneta cair no chão, por impulso me abaixei para pegá-la, de repente uma enorme ventania adentrou no quarto, elevando meu cabelo e levando a folha embora para fora do quarto através da janela.
Ivan: Oh…
Em algum lugar lá fora as pessoas estão comemorando a vitória do nosso país, uma nova embarcação era lançada ao mar, o céu estava limpo e era o palco perfeito para uma nova jornada. De longe um homem cansado, vinha na longa estrada de terra a caminho do hospital.
Timothy: " Sua existência sempre foi mantida em segredo. Só quem sabia sobre ele dizia que ele não passava de um mero brinquedo. "
Ele chegava ao hospital, falava com a enfermeira que o esperava logo deixando o mesmo entrar, assim que entrou, ela fechou a porta.
Enfermeira: Me acompanhe.
Timothy: Certo. " Ele iria à luta se o pedissem. Ele parecia um humano, mas que aos olhos deles não servia de nada… Apenas como um brinquedo sem vida, sem coração. " - Pelos pensamentos do mesmo acabou ficando de frente com a parede.
Enfermeira: Tenente? Por aqui. - Chamava ela por sua atenção indicando o caminho.
Timothy: Huh? Oh… Certo, me perdoe. - Se recompôs e seguiu a enfermeira.
De repente ouve-se um som alto como se algo caísse no chão com força, eles correm até o quarto de onde eu estava e viriam no chão junto com a cama.
Enfermeira: Ah…
Timothy: Ivan!
Os dois correm até mim para me ajudar.
Timothy: Você está bem?
Olhei em minha volta a procura do major, olhei para o tenente um pouco triste.
Ivan: O major… Onde está o major?
Timothy: Ele… Ele não está aqui.
Ivan: Onde está ele? Ele já voltou para casa. E seus ferimentos. Me diga! O major… Está vivo?
Timothy: Bem, ele…
Enfermeira: Eles nos deram permissão para te liberar do hospital. O Tenente Timothy está aqui para levar você, não é mesmo?
Timothy: Bom, isso é verdade.
Me levantei rapidamente, estando um pouco envergonhado bati continência.
Ivan: Me desculpe, Tenente Timothy.
Timothy: Relaxa Ivan.
Ivan: Me esqueci que você era um tenente.
Timothy: Está bem, aqui, se sente. - O tenente abaixou a cama, logo me ajudou a me sentar.
Timothy: Então… Você ainda se lembra de mim.
Ivan: Sim, nos encontramos algumas vezes antes durante sua visita ao major.
Timothy: Você está certo. - O tenente olhou para os papéis e caneta no qual eu usava.
Timothy: O que estava fazendo?
Ivan: Me disseram que seria bom praticar a escrita para o melhoramento das mãos. Eu estava escrevendo para o Major Leonard, estava contando sobre minhas condições. Aliás, como está o major?
Timothy: Ah… Não se preocupe Ivan, ele mesmo me pediu para vir até aqui te encontrar.
Ivan: Então, isso quer dizer que ele está bem. O médico me falou que ganhamos. Qual posto ele foi? Quando vou ver ele novamente?
Timothy: Por enquanto, troque de roupa primeiro, vou pedir para mandarem o carro.
Timothy andou para fora do quarto, fiquei um pouco incomodado por alguns instantes, tomei coragem para me vestir quando a enfermeira saiu do quarto. Assim que terminei de me vestir um carro chegou, saí do quarto e fechei a porta, em seguida fui até onde o tenente estava me esperando.
Enfermeira: Finalmente chegou. Aqui estão suas coisas. - Ela me entrega uma mala com minhas coisas dentro.
Coloquei a mala no solo, me abaixei abrindo-a, à procura de todos os meus pertences.
Enfermeira: Parece que eles mandaram para uma base bem longe de propósito.
Ivan: A pedra… Onde está minha pedra azulada? - Após não ver meu objeto, perguntei para a enfermeira a espera de uma resposta.
Enfermeira: Huh? Isso é tudo que estava com você quanto te encontraram.
Ivan: Se não está aqui, eu tenho que procurar. - Fechei minha mala e fiquei de pé, carregando a mala sai correndo.
Timothy: Ivan! - Ele agarrou meu braço antes mesmo que eu pudesse ir pra bem longe.
Ivan: Uma pessoa me deu isso… O major deu isso para mim! - Gritei.
Timothy: Eu entendo. Eu vou procurar por ele, não se preocupe.
Ivan: Mas…
Timothy: Mas agora você precisa vir comigo. Ele me deu as ordens.
Ivan: Ordens? Eu entendo… - Fiquei meio cabisbaixo ao saber que perdi algo de valor.
Entramos no carro e ficamos quietos, apenas o som do carro em movimento era possível escutar, a cada metro estávamos mais longe do hospital.
Ivan: Tenente… Quando poderei ver o major? Na minha condição atual, algumas coisas que posso fazer são bem limitadas.
Timothy: Ivan, eu comprei um presente pra você, eu não sei realmente qual iria gostar, então comprei quatro. O que acha? - O tenente me mostrou quatro animais de pelúcia.
Ivan: Não preciso deles.
Timothy: Ah… Você precisa escolher um, imagine que o mundo vai acabar, okay? Três, dois…
Ivan: O cachorrinho.
Timothy: Aqui. - O tenente me deu o brinquedo, peguei o brinquedo e coloquei próximo do meu rosto.
Timothy: Por que pegou o cachorrinho?
Ivan: Porque uma vez o irmão mais velho do major me disse, " você não passa de um cãozinho do meu irmão Leonard ".
O tenente ficou com um semblante de desgosto, ele engolia seco tentando limpar a garganta. Olhando pelo vidro do carro ele mudou sua expressão.
Timothy: Parece que vai ser uma longa viagem, a linha de trem foi destruída durante o bombardeio, ela está inativa. Você já esteve em Oboti antes?
Ivan: Não.
Com sua fala me lembro de algo que aconteceu antes durante a guerra. O Major Leonard apoiado sob a parede me dizia algo enquanto estava ao meu lado, ele sangrava bastante, ele andava sobre a linha do próprio sangue.
Leonard: " Já chega… Ivan, escute. Você precisa viver… Ser livre. Ugh… Eu quero dizer… Do fundo do meu coração... " - [Flashback]
Durante meu raios de memórias passadas, algumas coisas aconteceram, desde a viagem de carro até minha partida dentro do barco. No barco, Timothy que caminhava pelo deck acabou por me ver em pé olhando para o mar, ele se aproximou cautelosamente.
Timothy: Aí está você.
Ivan: Tenente.
Timothy: Esse é o porto de Oboti, estamos quase chegando.
A brisa do mar balançava meu cabelo, o barco chegava ao porto e lançava-se a âncora na água. Eu e o Tenente Timothy, saímos do barco e pegamos o trem.
Timothy: Leonard sempre pensou sobre o seu futuro depois que a guerra terminasse. Por conta disso, ele quer deixá-lo sob os cuidados da família Garden, no qual ele mais confia.
O tenente e eu chegamos em uma parada, pegamos um carro que então nos deixou em frente a mansão da família Garden.
Timothy: Eu entrei em contato com eles mais cedo. O Senhor e a Senhora Garden, disseram que estão contentes em receber você aqui.
Ivan: Hum…
Timothy: Vamos Ivan.
O tenente saiu do carro junto de mim, segurando minha mala andamos até a porta de entrada da casa.
[Continua na parte dois]