Nier Automata: Jornadas no 12...

By VonLeporace

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Japão, Shinjuku, 2003. O céu se partiu e dois seres monstruosos vieram do nada, no final do conflito entre os... More

Episodio 1 - Introdução a Sociedade Humana
Intervalo 1 - Reflexões e Surpresas
Intervalo 1 PARTE 2 - Luta e Resgate
Intervalo 1 PARTE 3 - Conhecendo a Resistência
Episódio 2 - Uma História Musical
Intervalo 2 PARTE 1 - Respondendo Perguntas
Intervalo 2 PARTE 2 - Resgatando 11B e Revisitando o Acampamento
Episódio 3 - Mistérios da Humanidade
Intervalo 3 - Novo Velho Mundo
Intervalo 3 PARTE 2 - Atenção Indesejada e Conseguindo Dinheiro
Episódio 4 - Apreciação de Arte
Intervalo 4 - Basilisco
Intervalo 4 PARTE 2 - A Curiosidade dos Androides e seu Resultado
Intervalo 4 PARTE 3 - Reunião
Intervalo 5 - Nova Vida no Reino da Noite
Intervalo 5 PARTE 2 ­- Prometheus e Sísifo
Linha do Tempo
Intervalo 5 PARTE 3 - Descanso
Intervalo 5 PARTE 4 - Pensando Sobre o Futuro & Corrigindo o Passado
Episódio 6 - Sobre Moda e como Vestir-se Bem
Intervalo 6 - O Que Não Faríamos Por Amor?
Intervalo 6 PARTE 2 - Casal Reunido
Intervalo 6 PARTE 3 - Um Dia de Trabalho
Intervalo 6 PARTE 4 - Aprendizado de Máquina

Episódio 5 - Uma Conversa Sobre Tempo e Civilizações

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By VonLeporace

"Areia, ruínas e memórias, isso é tudo que restou das grandes construções consumidas pelo tempo." Disse para o POD 000 em minha frente enquanto eu estava no terraço de um prédio enterrado na areia, o prédio foi coberto o suficiente de uma forma que apenas o terraço estava do lado de fora, então não foi problema algum subir até aqui.

Atualmente Devola, Popola, 11B e eu estávamos na área próxima ao portão de metal que bloqueia o caminho para o deserto. O motivo de estarmos aqui? Bem, Anemone não perdeu tempo em me dar um trabalho, ela pediu para eu entregar peças para Jackass, e agora mesmo Jackass estava fazendo algo com o portão. Pelo menos estou sendo pago.

Já Devola, Popola e 11B, cada uma estava ocupada fazendo algo, 11B estava ensinando Devola à como lutar usando uma espada, fiquei surpreso quando Devola tirou uma Claymore do nada, o treinamento consistia em lutar contra as máquinas da região, eu conseguia ouvir os sons de metal sendo cortado vindo de baixo, vi um braço de máquina sendo jogado para cima e depois caindo.

Popola estava com Jackass, não sei o que elas estavam fazendo, mas a julgar pelas risadas que eu conseguia ouvir, as duas estavam se dando bem.

"Vocês devem estar se perguntando o que quero dizer com isso. Olhe em volta." Disse enquanto abria meus braços e POD 001 gravava a área ao redor.

"Vocês já se perguntaram como esse lugar era antes de ser tomado pela areia? Eu já, mas infelizmente só podemos especular, afinal o tempo não é nada amigável." Andei em direção a porta que estava no terraço e a abri com um chute.

"Mas eu posso ajudar vocês a terem uma ideia." Desci pelas escadas e entrei no prédio, desci pelos andares até parar no último andar que ainda estava fora da areia, olhando por uma das janelas de vidro, vi 11B e Devola lutando contra máquinas.

"Imagine que você é um ser humano, não o ser humano moderno, mas o ser humano nômade, que caça sua comida e se preocupa com sua sobrevivência todos os dias. Você viaja pelo mundo em busca de um lugar onde você possa viver por um tempo, você precisa se adaptar à natureza ao seu redor..." Continuei andando até entrar em um apartamento.

"Mas chega o momento que não dá mais para se locomover, você não consegue mais encontrar um novo lugar para viver, então você precisa se estabelecer. O que você faz?" Fiz a pergunta para meus espectadores, mas não é como se alguém pudesse me responder no momento.

"Simples! Você explora a natureza ao seu redor, encontra o que ela tem a oferecer e interfere nela, por observação, tentativa e erro você aprende a plantar e a domesticar animais, com isso fica mais fácil conseguir alimentos, a população de sua tribo aumenta e deixa de ser uma tribo, e se torna uma sociedade complexa onde cada um tem seu papel. Mas o tempo leva tudo embora."

Disse enquanto observava uma foto numa moldura no apartamento.

"Tudo que você construiu e conquistou é esquecido, seus amigos, família, tudo é levado embora e as pessoas do futuro nem saberão que você existiu, isso até elas encontrarem as ruínas de sua civilização. Mas tem sido sempre assim não é mesmo?" Disse enquanto passava minha mão por uma mesa de jantar e esfregava a poeira entre meus dedos.

"Esse apartamento, por exemplo, em algum momento alguém viveu aqui. Uma família? Provavelmente sim. Vocês conseguem imaginar como eles eram? Uma família não precisa ser composta por pessoas ligadas pelo sangue, ela pode ser composta por pessoas próximas entre si, mas pelo bem do exemplo, suponhamos que a família que viveu aqui era composta por um pai, uma mãe, um filho e uma filha." Me sentei em uma cadeira em frente à mesa de jantar.

"Como eles se pareciam? O pai poderia ter cabelo loiro, preto, castanho, ruivo, poderia ser alto, baixo, gordo, magro, o mesmo vale para o resto da família. O que eles faziam? As crianças iam para a escola? Provavelmente sim. E seus pais? A mãe poderia ser uma médica, uma policial, uma engenheira, o pai poderia ser um empresário, um cientista, eles poderiam levar vidas felizes, ou não, a família poderia estar caindo aos pedaços no meio de um divórcio. Mas como vamos saber? Não restou muita coisa, não é mesmo?" Me levantei da mesa e olhei pela janela da sala, observando o deserto do lado de fora.

"Tudo que restou foram ruínas, ruínas, ruínas contam histórias, eu me pego observando ruínas e pensando como esse mundo era no passado, papéis decairão, mas as construções feitas pelo ser humano ainda permanecem, mostrando que em algum momento houve uma civilização ali. Não digo isso somente pelas cidades abandonadas espalhadas pelo mundo, vestígios de civilizações que existiram antes mesmo dessa guerra começar, ainda estão de pé, as pirâmides, o coliseu de Roma, a muralha da China." Me virei para os PODs.

"Sabe, não me lembro quem disse isso, mas uma vez ouvi uma frase que é a seguinte 'Se suas construções duraram mais que sua civilização, a obra foi superfaturada.' E existe um certo sentido por trás disso. Por que devo construir algo com o melhor material se isso durará mais do que eu? Por que devo construir algo que eu não verei o fim? Bem, para mim a resposta é para deixar um legado e para ser lembrado."

"Muitas civilizações vieram e se foram à história da humanidade, mas seus grandes monumentos ainda permanecem, lutando contra o tempo, exceto se algo realmente catastrófico aconteça, nenhuma grande civilização pensa que irá acabar, os romanos nunca imaginaram que o império romano cairia, mas isso aconteceu, mesmo assim eles deixaram um legado, do conhecimento que eles adquiriram, sua cultura e história, e graças a tudo que eles fizeram, eles são lembrados até hoje." Me sentei no velho sofá que estava na sala.

"Mas não me entenda mal, não estou glorificando o império romano, porque apesar de todas as coisas maravilhosas que eles fizeram, também existem as coisas horríveis que eles fizeram, as guerras, conquistas, escravização de outros povos, isso não vale só para o império romano, outras civilizações também fizeram isso, Egito, Grécia, China, mas não podemos culpá-los, afinal aqueles eram as circunstâncias da época, com o passar dos séculos, guerras e escravização se tornaram repudiados, não estou dizendo que acabaram, mas estavam diminuindo, o ser humano estava aprendendo com o passado."

"Onde eu estava mesmo? Oh! Lembrei-me, sobre ser lembrado, você pode ser lembrado por coisas boas ou coisas ruins, você poder ser lembrado por descobrir a cura de uma doença ou por causar uma das maiores tragédias da humanidade, no final a escolha é sua, mas o ser humano tem a tendência de não pensar nas consequências de suas ações, então imagino que a maioria das pessoas não imagina que entrará para a história devido a suas ações."

"Mas quem sou eu para julgar? Se você quiser, meu querido telespectador, tente fazer uma nova descoberta científica ou não, em vez disso você poderia detonar uma bomba nuclear no meio de uma cidade. Quem sou eu para te impedir? Mas eu não me responsabilizo pelas consequências que vierem depois. Então entramos em outra pergunta. Isso realmente importa?" Me levantei do sofá e andei pelo corredor do apartamento até encontrar um quarto, havia um berço nesse quarto.

"Digo novamente, olhe em volta, ruínas consumidas pelo tempo. Do que adiante construir e revolucionar se no final tudo será destruído e esquecido? Ninguém lembrará seu nome, seu rosto, o que você fez. Vocês sabem me dizer quem ordenou a construção desse prédio? Não. Sabemos os nomes da maior parte dos criadores de obras de arte por que eles assinaram suas obras, mas ninguém assinou esse prédio, a única prova de que alguém mandou construir esse prédio, é um carimbo em uma folha de papel que se desfez há muito tempo."

Saí do quarto da criança e entrei em um quarto com uma cama de casal, me encostei no batente da porta enquanto observava o quarto.

"Mas não é tão ruim assim, o tempo pode fazer com que você seja esquecido, mas você ainda pode deixar um legado. Alguém sabe me dizer o nome da pessoa que inventou os androides? Não duvido que esse nome esteja salvo em algum banco de dados, mas essa pessoa deixou de ser relevante há muito tempo, mas seu legado ainda continua na Terra. Apesar da guerra e dos milênios que se passaram, os androides ainda estão aqui. O legado que a humanidade deixou na Terra antes de serem forçados a ir para a lua."

"Esse é um legado que o tempo ainda não consumiu, o último presente que os humanos deixaram antes de irem para a lua. Esses presentes são vocês queridos androides, você que está me assistindo, você é o legado da humanidade. Que tal você deixar o seu legado nesse mundo? Você pode não ser lembrado pelo seu nome ou rosto, mas você pode ser lembrado por algo que você fez. Então que tal deixar algo positivo para as gerações futuras? Algo que eles possam olhar e se sentirem orgulhosos de fazer parte desse mundo, e os deixem inspirados em deixar seu próprio legado. Ou não, você pode tentar transformar esse mundo em um inferno nuclear, a escolha é sua."

Saí do quarto e andei para fora do apartamento.

"Obrigado a todos por me assistirem hoje, enviem suas perguntas para os PODs e até nos encontramos novamente! POD corte a gravação!" Com minha ordem, a luz nos PODs se apagou indicando o fim da gravação.

"Bem, PODs, o que acharam do programa de hoje?"

"Afirmação: Um assunto interessante, que provavelmente terá efeitos positivos na moral dos androides." POD000 disse.

"Pergunta: Administrador Alan parece estranhamente inspirado, isso deve a algum motivo?" POD 001 perguntou.

"Não exatamente, era só algo que eu queria tirar do peito, o mundo está cheio de ruínas e eu queria falar sobre elas, agora o que os androides farão com a minha informação, só o tempo dirá. Vamos sair embora PODs." Disse enquanto andava para fora do apartamento.

"Afirmativo." Ambos os PODs responderam.

Subimos as escadas até retornar ao terraço do prédio.

-Com Devola-

"Então, por que você quer aprender a usar uma espada?" 11B me perguntou enquanto cortava a barriga de um bípede médio.

"Nenhum motivo, eu só quis aprender." Respondi enquanto enfiava minha espada no topo da cabeça de um atarracado.

"Sinto que você não está me contando a verdade." 11B respondeu enquanto chutava o bípede médio em direção a um grupo de atarracado que se aproximava.

"Está tão óbvio assim?" Perguntei.

"Sim." 11B respondeu.

Balancei minha espada, arrancando a cabeça do atarracado e a jogando em direção a um bípede.

"Vamos dizer que há muito tempo minha irmã e eu entramos em uma briga com pessoas que usavam espadas, e não terminou bem para nós."

"Então você quer aprender a usar uma espada caso essas pessoas voltem?"

"Não, essas pessoas já se foram há muito tempo."

"Então por que você quer aprender a usar uma espada?"

"Para a situação do passado não se repetir." Disse enquanto olhava para a espada e via meu reflexo na lâmina.

"Você quer proteger sua irmã, não é?"

"Sim." Disse enquanto dava um passo para o lado, desviando do golpe de um bípede médio e cortando seu braço fora, em seguida o cortei na barriga de baixo para cima.

"Eu entendo, eu daria minha vida para proteger 16D, mas ela me mataria se eu dissesse isso para ela." 11B respondeu enquanto girava sua espada em um golpe circular, partindo um grupo de atarracados ao meio.

"HÁ! Ela parece ser uma garota interessante, eu gostaria de conhecê-la." Disse enquanto empurrava minha espada para frente e perfurava dois atarracados, seus corpos ficando presos em minha espada.

"É melhor tomar cuidado, ela tem o pavio curto, ela ficaria com ciúme a me ver com você." 11B respondeu com um sorriso.

"Diga para ela que não precisa se preocupar, eu tenho meus olhos em outra pessoa."

"Você quer dizer..."

Não deixei 11B terminar, eu cortei o bípede que se aproximava dela, minha espada passando a centímetros de seu rosto.

"É melhor tomar cuidado para não se distrair durante uma luta, nunca se sabe de onde um golpe pode vir." Disse com uma voz doce e um sorriso.

"Você... Você tem razão, é melhor eu tomar cuidado." 11B respondeu nervosamente.

"Fico feliz que você entendeu, agora vamos voltar ao meu treinamento."

"C-certo te mostrarei uma nova técnica de espada." 11B disse enquanto se aproximava de outro grupo de máquinas.

-Com Popola-

"Você sabe o que está fazendo?" Perguntei para a androide em minha frente.

"Mas é claro! Quem você pensa que sou?" Jackass respondeu enquanto trabalhava nos fios da bomba.

"Uma androide que não sabe o que está fazendo."

"Espere só, você verá esse portão indo pelos ares." Jackass respondeu enquanto juntava dois fios.

"E por que você quer abrir um portão com uma bomba? Esse portão não tem nenhum tipo de mecanismo para abrir?"

"Sim, mas onde é que está a graça nisso? Uma vez que esse portão for aberto, as tropas de Yorha entrarão e sairão como bem entenderem. Então por que não abrir o portão com estilo?"

"A sua alegria em explodir coisas me preocupa."

"Você deveria tentar, é uma boa forma de se divertir e de aliviar sua raiva." Jackass respondeu com uma risada.

"Também é uma boa forma de explodir alguém por acidente."

"Não se preocupe, eu só explodo máquinas, e as pessoas que explodi nunca reclamaram."

"Provavelmente por que nada sobrou delas para reclamar com você."

Jackass ficou em silêncio por alguns segundos.

"Mudando de assunto! Você gostaria de alguns explosivos?" Jackass me perguntou nervosamente.

"Obrigado, mas não, prefiro não andar por aí carregando materiais perigosos."

"Vamos! Nunca se sabe quando você precisará de um explosivo, e, além disso, meus materiais não são perigosos, só vendo produtos de qualidade."

"Hm! Eu não sei..."

"Pense no que você poderia fazer com meus explosivos, você poderia derrubar máquinas grandes, abrir buracos em uma parede caso você precise fugir, você poderia ajudar seus amigos ali." Jackass disse enquanto fazia um gesto para onde 11B e minha irmã estavam.

Droga! Ela me convenceu. "Está bem, o que você tem para mim." Disse com um suspiro.

"Fico feliz que você tenha mudado de ideia. Tenho dinamite, C₄, coquetéis molotov, granadas de fragmentação, granadas incendiárias, minas terrestres, claymores. Faça sua escolha." Jackass respondeu enquanto erguia um dedo a cada tipo de explosivo citado.

"Decidirei isso quando voltarmos para sua loja."

"Justo, recomendo voltar logo porque o portão está prestes a explodir!" Jackass gritou enquanto passava correndo por mim.

"O Quê?!" Gritei enquanto olhava para Jackass correndo e em seguida para o portão, preso ao portão estava uma massa de fios e circuitos piscando luzes de diversas cores.

*BIP*

*BIP*

*BIP*

Meus olhos se arregalaram ao ouvir esse barulho.

"Espere por mim!" Gritei enquanto corria atrás de Jackass.

-XXXXXX-

"Então pessoal! O que foi que eu perdi?" Gritei enquanto pisava no terraço.

BOOM!

"PUTA MERDA!" Me joguei no chão.

"Mas o que diabos foi isso!" Gritei enquanto me arrastava pelo terraço para fora do prédio, quando pisei na areia vi 11B e Devola com suas espadas apontadas para de onde veio a explosão.

"O que foi isso?!" Perguntei para as duas.

"Alguém explodiu o portão!" Devola respondeu.

"Sim, mas quem?" 11B perguntou.

Tivemos nossa resposta quando duas androides vieram correndo em nossa direção, havia Popola e...

"Então, uma bela explosão, não é mesmo?" Jackass disse enquanto se aproximava.

E Jackass, mas é claro que era Jackass, tinha que ser Jackass, pensei enquanto batia em minha testa com minha mão.

"Você é louca!" Popola gritou enquanto corria.

"E qual é a graça em ser uma pessoa normal?" Jackass perguntou enquanto dava de ombros.

"Afirmação: A androide conhecida como Jackass necessita de uma revisão em seus sistemas." POD000 disse.

"Afirmação: A androide conhecida como Jackass necessita ser desmontada e suas peças colocadas para reciclagem." POD001 disse.

"Eu não pedia sua opinião, seus montes de ferrugem." Jackass disse para os PODs.

"Vejo que você não perdeu a sua mania de explodir coisas." Disse para Jackass.

"Você me conhece, não acontece muita coisa aqui no deserto, então preciso me entreter de alguma forma." Jackass disse com as mãos no quadril.

"Vocês se conhecem?" 11B me perguntou.

"Sim, infelizmente."

"Como?" Devola perguntou.

"Bem..."

-FLASHBACK-

"MERDA! MERDA! MERDA!" Gritei enquanto corria pelo deserto, um bando de máquinas atrás de mim.

O que era para ser um trabalho simples de entregar um pacote para um androide, acabou terminando com o androide não aparecendo no ponto de encontro e as máquinas me perseguindo.

Continuei correndo até avistar uma formação rochosa mais a frente, corri mais rápido, com o pacote do androide de baixo de meu braço, quando me aproximei das rochas, eu as escalei.

Ao chegar ao topo e olhar para baixo, vi que as máquinas não conseguiam escalar e apenas ficaram me olhando, me deitei na rocha e fiquei olhando para o céu, agora só me resta esperar as máquinas irem embora.

Dez minutos se passaram até ouvir gritos.

"MERDA! MERDA! MERDA!" Uma voz feminina gritou.

Ouvi algo escalando as rochas, retirei minha faca trovão de meu bolso e me aproximei da borda da rocha. Subitamente uma androides apareceu.

"Espere!" A androide gritou enquanto me via com a faca levantada, pronto para golpeá-la.

Ao ver que era um androide, eu abaixei a faca.

"Então, as máquinas forçaram você a subir até aqui?" A androide perguntou.

"Sim."

"Parece que ficaremos aqui por um tempo. Que tal nos apresentar? Chamo-me Jackass." A androide disse enquanto estendia sua mão.

"Chamo-me Alan." Respondi enquanto aceitava o aperto de mãos.

-FIM DO FLASHBACK-

"Foi assim que conheci Jackass." Disse para todos.

"Por que você nunca nos conta esse tipo de coisa?" Popola perguntou.

"Porque sei que receberei um sermão logo depois. No final era Jackass, o androide que eu deveria entregar o pacote."

"Vi só? Tudo terminou bem." Jackass disse enquanto ia em direção a sua barraca que servia como loja, Popola a acompanhando.

"Parece que terminamos tudo por aqui, não?" 11B me perguntou.

"Sim, apenas esperemos Popola terminar seu assunto com Jackass e podemos ir embora." Respondi.

"Prefiro que Popola não fique perto de Jackass, ela é uma má influência para minha irmã." Devola disse.

"Ela não é tão ruim assim, um pouco louca, mas é uma boa pessoa."

"Espero que você esteja certo. Ei, você quer ver o que 11B me ensinou." Devola perguntou com expectativa.

"Claro!" Respondi.

Alguns minutos se passaram com Devola me mostrando novas técnicas de espada até que Popola retornou, carregando uma bolsa por cima do ombro.

"Eu terminei." Popola disse.

"Bem, eu entreguei as peças para Jackass e o portão foi destruído, podemos ir embora agora, relatarei isso para Anemone no caminho de volta."

Com tudo feito nós começamos a andar para fora do deserto.

-Desconhecido-

1?: Bem POD 001 gostaríamos de nos desculpar pelo que estamos prestes a fazer.

2?: Mas precisamos de você para realizar um pequeno experimento.

POD 001: O que vocês querem dizer com isso?

1 & 2?: Isso.

ERRO!

ERRO!

ERRO!

-XXXXXX-

"POD!" Gritei enquanto POD001 se debatia, soltava faíscas e fumaça, então o POD caiu no chão.

"POD?" Perguntei enquanto me aproximava, mas de repente algo saiu da areia e agarrou o POD, era um atarracado médio usando uma máscara e capa.

Imediatamente agarrei a faca trovão e cortei a máquina, a máquina deu um salto para trás, minha faca abrindo um corte no lado de sua cabeça.

"Testemunhe o nascimento!" A máquina gritou com sua voz robótica enquanto corria em direção ao portão explodido.

"Vamos, precisamos recuperar o POD!" Gritei para Devola, Popola e 11B, não digo isso só porque considero o POD meu amigo, mas também devido à informação armazenada nele, a informação que Salieri me avisou sobre.

Com um aceno de cabeça, as garotas e eu corremos atrás da máquina, nós passamos pelo portão até chegar a um grande deserto.

"Ali!" Apontei para a máquina que fugia em direção aos prédios ao longe.

"Por que essa coisa levou o POD?" 11B perguntou.

"Não faço ideia, mas precisamos recuperá-lo!"

Continuamos correndo até chegar a um grande cano de metal descendo uma duna, nós descemos a duna, nossos pés deslizando pela areia até chegarmos a um complexo de apartamentos.

Quando entramos no complexo, nenhuma máquina apareceu em nosso caminho.

"Para onde ele foi?" Devola perguntou.

"Ali!" Popola apontou para um beco.

"Testemunhe o nascimento!" A máquina correu para dentro do beco.

Perseguimos a máquina, indo de rua em rua até chegarmos em uma passagem com corpos de androides sem pele presos em vigas de metal. No final da passagem vimos a máquina entrar em um túnel.

"Isso pode ser uma armadilha." Disse para todos.

"Mas precisamos recuperar o POD, não?" 11B perguntou.

"Faremos o seguinte, 11B irá à frente com POD iluminando o caminho, Devola irá atrás de 11B, eu irei atrás de Devola e Popola atrás de mim. Isso está bom para vocês."

Todos acenaram que sim.

"Então vamos."

Entramos no túnel com a luz do POD o iluminando, andamos devagar e olhando ao nosso redor caso isso seja uma emboscada.

"O nascimento!" Ouvimos uma voz gritar no túnel.

Conseguimos ver a máquina fazendo uma curva mais a frente, nós seguimos a máquina.

E quando chegamos no final do túnel, nossos olhos se arregalaram com o que vimos, um enorme buraco feito nas ruínas de prédios, olhando para baixo vimos a máquina descendo uma rampa em formato de espiral, nós descemos a rampa até chegarmos no fundo do buraco.

E quando chegamos lá vimos que as máquinas estavam agindo estranho. Elas estavam tentando fazer sexo?

"AMOR!"

"MEU AMOR!"

"JUNTOS PARA SEMPRE!"

Havia uma máquina balançando um berço.

"CRIANÇA!"

"O que eles estão fazendo?" 11B perguntou.

"As máquinas estão tentando se reproduzir." Respondi.

"Como isso é possível?" 11B perguntou novamente.

"11B, agora que você nos acompanha, você precisa esquecer tudo que Yorha te ensinou sobre as máquinas. Máquinas tem sentimentos, máquinas sabem pensar, máquinas sabem falar, máquinas sabem viver." Disse para ela.

11B ficou em silêncio com essa revelação.

"As máquinas querem se reproduzir, mas por quê?" Devola perguntou.

"O que eles ganham imitando a reprodução humana?" Popola perguntou.

"Afirmação: Máquina fugitiva avistada." POD000 disse.

No centro de tudo isso estava a máquina fugitiva, ela segurava o POD em suas mãos, a máquina se aproximou de nós, todos sacamos nossas armas, mas a máquina não atacou, ela apenas se aproximou e colocou o POD no chão em nossa frente.

A máquina se afastou de nós, ergueu suas mãos e gritou.

"TESTEMUNHE O NASCIMENTO DE MEU LEGADO!"

Imediatamente todas as máquinas pararam o que estavam fazendo e correram, e se debateram pelo lugar.

"TESTEMUNHE O NASCIMENTO DE MEU LEGADO!"

"TESTEMUNHE O NASCIMENTO DE MEU LEGADO!"

"TESTEMUNHE O NASCIMENTO DE MEU LEGADO!"

Todas as máquinas gritaram até que pararam e ficaram em silêncio.

"Mas o que..." Não tive tempo de terminar.

Todas as máquinas escalaram as vigas de metal no buraco e formaram um casulo no meio delas.

Fiquei paralisado com isso, minha respiração ficou mais rápida, meu coração batia freneticamente.

Eu pisquei.

E quando abri meus olhos eu não estava no buraco, as garotas e o POD desapareceram, eu estava sozinho em uma caverna e em minha frente havia uma grande esfera branca, parecia um ovo. Ou era uma semente?

Ouvi passos, olhando para o lado vi ser eu, mas esse eu estava ferido com buracos de bala no braço direito, e tinha olhos vermelhos brilhantes, esse eu se aproximou do ovo e colocou suas mãos nele, as mãos afundaram como se tocassem a superfície de um lago, quando o outro eu afundou no ovo, tudo ficou em silêncio.

Até que um rugido ensurdecedor ecoou pela caverna.

"RRROOOOAAARRR!"

Nenhum humano poderia fazer esse som.

Então o ovo rachou, um pedaço caiu no chão e eu consegui vislumbrar algo, um único olho vermelho me encarando de volta.

"Alan!"

"De novo não!"

"Alan!"

"Eu me livrei de você!"

"Alan!"

"Você não me controla mais!"

"ALAN!"

A caverna desapareceu e eu vi as garotas e POD me encarando preocupadas.

"Você está bem?" Devola perguntou.

"Alerta: O batimento cardíaco de Administrado Alan acelerou a níveis perigosos."

"O que faremos?" 11B perguntou.

"Sugestão: Tente acalmar Administrado Alan."

"Alan, olhe para mim!" Popola segurou os lados da minha cabeça.

"Popola?"

"Sim, sou eu, se concentre em mim e respire fundo."

Fiz o que Popola me pediu, gradualmente comecei a me acalmar.

"Não se preocupe, vai ficar tudo bem." Popola disse.

"Obrigado Popola."

"Não têm de que." Popola respondeu.

SPLAT!

Fomos tirados de nosso momento pelo som de algo molhado atingindo o chão, esse algo se levantou, era um homem magro, de físico bem construído e cabelos brancos, o homem não possuía genital e olhava em volta confuso, até que seus olhos se focaram em nós.

"O que..." O homem disse com dificuldade.

"Alerta: Forma de vida de máquina detectada." POD000 disse.

E então ele era uma máquina? Nunca vi nada parecido antes.

A máquina deu alguns passos para frente com dificuldade, as garotas prepararam suas armas.

"Esperem! Não ataquem!" Gritei.

A máquina recuou assustada com meu grito, me aproximei dele.

"Alan espere!" Popola gritou.

"Dê-me um minuto, mas se preparem." Disse enquanto me aproximava da máquina.

"Olá, como você está?" Disse enquanto acenava para a máquina e tentava parecer o menos ameaçador possível.

"Como... C-como eu estou?" A máquina disse confusa.

"Sim. Você está com dor, cansado, confuso? Como você está?" Perguntei novamente.

"Eu... Eu não sei... Em um momento nada havia... Então isso..." A máquina disse enquanto abria os braços.

"Você acabou de nascer, é uma criança."

"Nasci... Criança..." A máquina repetiu minhas palavras, tentando descobrir seu significado.

"Sim. Proponho tentarmos outra coisa. Chamo-me Alan, e você?" Disse para a máquina.

"Alan... Android?" A máquina perguntou enquanto me olhava mais de perto, subitamente sua cabeça foi jogada para trás, a máquina agarrou sua cabeça em dor.

"Alerta: A forma de vida de máquina tentou escanear Administrador Alan, esta unidade interrompeu o escaneamento." POD000 disse.

"Sem nome..." A máquina continuou.

"Isso não é bom. Que tal te dar um?" Disse enquanto estendia minha mão para a máquina e dava um sorriso.

A máquina me olhou confusa com o meu gesto, mas lentamente estendeu sua mão.

Olhando para trás vi as garotas me olhando impressionadas, elas não devem acreditar no que está acontecendo.

Mas antes que a máquina pudesse apertar minha mão, uma seção da rampa em espiral desabou e dois androides Yorha apareceram.

"Alerta: Forma de vida de máquina detectada." O POD da unidade masculina disse.

"O que vocês estão fazendo aqui? Esse lugar é perigoso!" O garoto gritou.

"9S foco na máquina." A androide feminina disse.

"Sim 2B."

Os dois androides Yorha avançaram em direção a máquina, em simultâneo, senti Devola e Popola segurando meus ombros e me puxando para longe.

"Esperem! Não façam isso!" Gritei para os androides Yorha, mas eles não ouviram, seus PODs atiraram na máquina enquanto os androides a cortavam com suas espadas.

"Vamos sair daqui!" Devola gritou.

As gêmeas me arrastaram em direção a rampa e com um grande salto me levaram para cima, 11B veio junto carregando POD001. Enquanto eu era carregado na rampa acima, tive vislumbres da luta ocorrendo mais abaixo, em um momento a máquina pulou em uma das vigas e me encarou, eventualmente saí daquele lugar, deixando a máquina para trás.

-Desconhecido-

???: Vocês passaram dos limites.

1?: Qual o problema?

2?: Ninguém saiu machucado.

???: Acredito que fui muito gentil com vocês, pelo visto terei que interferir de forma menos discreta.

FIM DO CAPÍTULO

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