Bachelorette Party

By GeovanaJackson

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Tudo começou durante a despedida de solteira... More

Sinopse
Prólogo
Capítulo 2
Capítulo 3

Capítulo 1

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By GeovanaJackson

Anastasia

— Você ainda não está pronta? — me sobressalto com o grito estridente da minha amiga e acabo borrando o batom.

— Caralho, você não fez isso. — eu rosno e Kate morde o lábio inferior, encolhendo os ombros.

— Me desculpa, não queria causar um desastre. — bufo e termino de colorir a minha boca de vermelho, substituindo o batom pelo corretivo para consertar o pequeno acidente.

— Ainda vou te bater por causa dessa mania de chegar gritando nos lugares que eu estou. — ela dá de ombros e se arrasta até o espelho do meu quarto, puxando para baixo o decote já profundo demais do vestido preto que não deixa muito para a imaginação.

— Você não teria coragem de agredir a sua melhor amiga. E além do mais, essa é a melhor forma de te apressar. — reviro os olhos e jogo o batom dentro da minha bolsa.

— Você fala como se eu estivesse atrasada.

— Você está atrasada, Anastasia. E consequentemente está atrasando todas nós. A Mia já está surtando lá fora. — Kate gesticula teatralmente e suspira. — Se bem que a Mia surta com qualquer coisa.

Realmente.

— Estou pronta. Vamos? — Kate estreita os olhos para mim e respira fundo, segurando os meus ombros.

— Eu quero que você se divirta esse fim de semana, ok? Ainda não sei por que está aceitando esse destino de merda mas a decisão é sua e não posso interferir na sua vida dessa forma mas pode contar comigo sempre, Ana. Sabe disso, não é?

Eu mordo o lábio inferior e pisco para afastar as lágrimas.

Kate me envolve num abraço forte e eu aceito, me deixando envolver pelo carinho e preocupação dela.

Pelo menos alguém está preocupado com o que eu penso dessa situação toda.

— Se a gente continuar aqui eu vou chorar e vamos nos atrasar ainda mais. — eu murmuro manhosa e Kate ri, beijando a minha testa.

— Só queria ressaltar que pode correr até mim quando quiser. — ela pisca e morde o lábio inferior. — E também gostaria de lembrar à senhorita que estamos indo para Las Vegas comemorar a sua despedida de solteira e que posso te livrar desse casamento de merda num estalar de dedos, é só dizer.

A proposta é tentadora, confesso.

Mas não tenho chance de verbalizar meus pensamentos.

A porta do meu quarto se abre com um baque e a minha mãe entra como se estivesse na casa dela.

Essa porra hoje não.

Os olhos azuis sempre tão cheios de críticas fitam o meu vestido curto vermelho e a boca dela se cortorce em notável desgosto.

— A sua amiga está esperando lá fora. Quantas vezes preciso te dizer que a esposa de um grande empresário não pode se atrasar? — Kate bufa e revira os olhos, pegando a minha pequena mala de mão sobre a cama.

— Vou te esperar no carro, Ana.

Minha mãe faz pouco caso e finge que Kate nem existe enquanto cruza os braços e bate o pé no chão.

— Eu ainda não sou esposa de ninguém. — rosno e ela dá de ombros.

— Não quero que vá para Las Vegas.

— Isso não depende de você. — eu respondo no mesmo tom petulante, imitando a pose dela. — Já está me obrigando a casar com um gay enrustido porque você e as pessoas do seu círculo de amizades são nojentas e preconceituosas. Não ache que agora também vai estragar a minha última viagem com as minhas amigas.

As linhas de expressão já aparentes pelas idade ficam mais evidentes e a minha mãe arfa.

— Cuidado com o que você fala. — reviro os olhos e jogo a alça da minha bolsa sobre o ombro, passando por ela de cabeça erguida.

— E cuidado com as suas expectativas. Talvez eu encontre coisa melhor em Las Vegas e até fique por lá.

Abro um sorriso doce para a minha mãe e caminho tranquilamente para fora do meu quarto, ignorando os olhos curiosos do meu pai me fitando da porta da sala.

Saio para a garagem e respiro fundo, a sensação de liberdade enchendo os meus pulmões.

— Eu quero eles fora da minha casa. Consegue fazer isso? — murmuro para Sawyer - o meu motorista - e ele assente com um sorriso.

Ouço um grito vindo da picape da Mia e arqueio uma sobrancelha. Ela balança as mãos animada e repete o nome que eu evito ouvir a oito anos.

Christian.

Elas percebem a minha presença e Mia cora num vermelho brilhante, desligando o som do carro rapidamente.

Eu forço um sorriso para ambas e deslizo no banco de trás, pegando meus óculos escuros de dentro da bolsa e enfiando-os no rosto.

— Me desculpa, Ana. O Christian está jogando hoje e... — nego com a cabeça e forço um sorriso.

— Não se preocupe, Mia. É o seu irmão, o seu carro e eu entendo. Estranho seria se você não celebrasse as vitórias dele. — tiro os meus AirPods da keyb e enfio os fones no ouvido. — Podemos ir?

Mia escolhe os ombros num pedido silencioso de desculpas e eu mando um beijo para ela, selecionando uma música no meu celular.

A melodia me envolve assim que ela colocam o carro em movimento e eu respiro fundo, deixando o sol do verão esquentar a minha pele e trazer de volta as lembranças que eu luto ferrenhamente para esquecer.

Christian Grey e a bagunça que ele causou na minha vida não são coisas muito agradáveis.

Eu fui do céu ao inferno em questão de meses.

Ele foi de príncipe para sapo no mesmo intervalo de tempo.

A única lembrança boa que eu ainda conservo é a noite que tivemos depois de fugirmos da nossa festa de formatura.

O que veio depois disso machucou o inferno para fora de mim.

Ele seguiu o meu concelho e foi para São Francisco na manhã seguinte com a promessa de que nada iria nos afastar. Eu fui a primeira pessoa que ele ligou para contar que tinha sido aprovado no teste e que conseguiu impressionar o técnico o suficiente para ser contratado pelo Warriors naquele mesmo dia.

Eu nunca me senti tão orgulhosa de alguém como me senti dele naquele dia.

Christian estreou na NBA um mês depois como o principal reforço do time e o mais jovem talento da temporada. Ele rapidamente mostrou a sua genialidade e se tornou a estrela mais cobiçada do campeonato.

Eu nunca tinha me importado muito com basquete até ali, só assistia aos treinos dele para fazer companhia e comemorar cada cesta que ele fazia, mas daquele momento em diante eu passei a estudar sobre o esporte e a assitir todos os jogos.

Nós nos falávamos sempre que possível, passávamos horas em vídeos chamadas e conseguimos manter esse arranjo durante seis meses. Confessei para ele que havia desistido de Harvard e decidido estudar moda na Parsons e, ao contrário dos meus pais, Christian comemorou a minha decisão e me desejou toda a sorte do mundo.

Ele conseguiu uma folga dos treinos naquele mesmo ano e veio para Nova York em dezembro. Passamos o natal e o ano novo juntos e foram as duas semanas mais felizes da minha vida.

Mas acabou por aí.

O novo ano trouxe uma série de obrigações para nós dois. Eu comecei a faculdade, Christian precisou se concentrar para a nova temporada que começaria em breve e fomos ficando cada vez mais distantes.

As ligações pararam, as vídeo chamadas já não aconteciam mais. Christian completou dezoito anos e resolveu se revelar para o mundo.

De garoto tímido e promissor ele passou a ser o cafajeste prepotente da NBA.

As garotas corriam atrás dele com calcinhas nas mãos e gritos histéricos. Ele parou de falar sobre mim nas entrevistas que dava e as fotos dele saindo com uma mulher diferente por noite se tornaram algo comum de se ver.

Hora nenhuma ele terminou comigo, nem mesmo uma mensagem colocando um ponto final no nosso relacionamento. Christian só começou a agir como se eu fosse uma parte da adolescência e deixou claro que não existia espaço para mim na sua vida adulta.

Doeu como o inferno, principalmente com a minha mãe do lado não perdendo uma oportunidade de esfregar na minha cara o tempo que perdi achando que ele me pediria em casamento ou qualquer merda desse tipo.

Isso me motivou a mergulhar nos estudos e me esforçar ao máximo. Consegui chamar a atenção dos meus professores e rapidamente fui convidada para um estágio remunerado na Fendi. A oportunidade me rendeu experiência no mercado e dinheiro suficiente para conseguir alugar um apartamento e sair da casa dos meus pais.

Não ouvir mais as críticas e piadas de mal gosto da minha mãe me trouxeram um pouco de estabilidade e eu decidi que era hora de remover Christian Grey da minha vida, definitivamente.

Já que ele agia como se eu não existesse mais, fazer o mesmo parecia justo.

O bloquiei de todas as minhas redes sociais e fiz o mesmo com o número do celular dele. Apaguei os canais de esportes da minha televisão e passei a evitar ao máximo os sites de fofoca. As poucas coisas que fiquei sabendo sobre ele nesses últimos anos foi através da Mia.

Christian esteve em Nova York dois anos atrás para o aniversário de trinta anos de casamento dos pais dele. Eu fiquei responsável pelo desenho e confecção dos vestidos da Mia e da Grace para a festa, mas recusei o convite veementemente.

Eu não queria vê-lo e tenho certeza que o sentimento era mútuo.

Depois de três anos estagiando na Fendi, oito meses estudando em Milão e mais três anos sendo a responsável pela parte criativa da Chanel, consegui segurança o suficiente para fundar a minha própria marca e abrir uma loja linda no SoHo.

Wonder Lullaby é o meu bebê.

Não tenho palavras para expressar o orgulho que sinto de mim mesma por ter conseguido chegar tão longe, estabelecer uma marca de luxo entre tantas e chamar a atenção de algumas personalidades famosas por aí.

O sucesso me colocou nos eixos novamente e eu me apeguei a ele com todas as minhas forças.

O trabalho se tornou o meu principal parceiro, o sexo casual foi uma boa opção para aliviar o stress do dia a dia e as correntes ao redor do meu coração ajudaram a manter os sentimentos românticos afastados e a estabilidade emocional em dia.

Até que a minha mãe apareceu com a ideia absurda de me casar com Jack Hyde, o filho de uma amiga dela.

Eu rechacei a ideia desde o primeiro momento, mas Carla Steele consegue ser a pessoa mais irritante do mundo quando quer alguma coisa e depois do próprio Jack vir até mim com olhos marejados e súplicas para que eu aceitasse o casamento, não tive coragem de dizer não.

Até tentei convencê-lo a encarar o mundo e assumir a sua sexualidade, mas não adiantou e nós anunciamos o noivado dois meses atrás.

Eu não faço a mínima ideia de como vamos fazer isso funcionar, mas algo dentro de mim está gritando que vai dar muita merda.

— Tudo bem aí, little bee? — Mia puxa os fones e grita no meu ouvido, o apelido me fazendo estremecer.

Primeiro ela comemorando o jogo do Christian e agora me chamando do apelido que ele inventou.

Faço uma careta e ela ri, dando um tapinha na minha coxa.

— Sem essa merda. — Mia revira os olhos e Kate bufa, saltando para a calçada e abrindo a porta traseira para mim.

— Sem esse mal humor. O nosso fim de semana louco em Las Vegas está prestes a começar.

Ela abre os braços dá um giro, esbarrando em algumas pessoas que correm pela calçada do JFK Airport.

Eu saio do carro puxando a minha bagagem comigo e respiro fundo, observando a Mia entregar as chaves para um dos funcionários do aeroporto e pegar o ticket do estacionamento.

Nós entramos juntas e fazemos o caminho direto até a sala reservada para a primeira classe. Passamos os próximos trinta minutos tirando algumas fotos e bebendo drinks até que nosso vôo é anunciado.

Mia e Kate não param de falar bobagens e rir como idiotas, as quatro taças de champagne que elas beberam a mais que eu começando a fazer efeito.

Subimos no avião e eu me acomodo na poltrona de couro, respirando fundo antes de relaxar os meus ombros e chutar os Louboutins no carpete de cor creme.

Aceito a taça de vinho que a comissária de bordo oferece e depois do que parece um século a voz do piloto soa através dos alto falantes, nos passando as instruções de segurança e desejando boa viagem.

As minhas amigas dormem nas poltronas próximas e eu fecho os olhos, sentindo o avião correr pela pista e finalmente alçar vôo.

Que esse fim de semana seja memorável.

[•••]

Não sei por que, mas tô
sentindo um cheiro de
treta no ar.
🤔

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