Teas na Croí: Regalo de Astro...

By shim_s

256 29 60

Definido desde o princípio, Kim Sunoo estava prometido ao príncipe mais novo de Lasair, Park Riki. Contudo, e... More

TEAS NA CROÍ: Esqueça sobre Nós, Esqueça sobre Hoje!
TEAS NA CROÍ: Não Há Perdão para Erros Evitáveis!

TEAS NA CROÍ: Corações Ambiciosos sempre serão Egoístas

48 10 8
By shim_s

...🌷 Bom dia, boa tarde, noite ou madrugada! Tudo bem?
...🌷 Sei que vocês juraram que eu havia vindo a óbito, mas NÃO! Estou aqui para agraciar vocês com mais uma atualização.
...🌷 Vamos abrir com arco Heejake, e depois deles só caos e dores de cabeça.
...🌷Muito obrigada por todo o amor que estão dando a está obra.
...🌷 Sem mais delongas, ao capítulo!
...🌷 Boa leitura!

I'm here without you baby
But you're still with me in my dreams
Here Without You ── 3 Doors Down

DENTRE as mais variadas coisas que Yeonjun de maneira alguma aceitava que acontecesse consigo, estava entre elas, permitir que qualquer soldado conseguisse fazer ele recuar em seus passos durante uma batalha, isso pra ele era inadmissível, uma ofensa para sua honra. Afinal, como poderia o futuro rei, líder de um exército simplesmente ceder espaço para o inimigo ter a mínima oportunidade de lhe subjulgar? Aquilo era um desrespeito para as promessas que fazia a si mesmo de ser o melhor, o homem que comandaria sua nação para uma era onde os demais reinos, especialmente Aigéan, os respeitariam pelo poder que possuíam. Contudo, dentre tantas frases de que nunca abriria margem para tamanha proeza, ali estava ele tendo que aceitar tal situação conforme seu irmão empunhava com força a espada, e batia com mais força ainda contra a sua semelhante, o som do ferro tintilando se unia com o que era produzido sempre que o fio cortava o vento, talvez diante do Choi estivesse algo tão conhecido por ele mesmo: um sangue real que havia sido tomado pelo ódio, e isso sempre produzia guerreiros excepcionais, que quebrariam ossos com apenas um pisão forte sobre braços e pernas de pobres almas desavisadas. Já conseguia imaginar as possibilidades que levariam seu irmão àquele ponto, mas nenhuma parecia mais certa do que a de que seu progenitor, infelizmente o rei, tinha o provocado.

Gostaria de ter o mínimo espaço para lhe questionar sobre o que havia despertado sua ira sem pestanejar, contudo, seu irmão estava cego pelo desejo de sentir qualquer mínimo alívio depois de todas as coisas proferidas quase como uma maldição sobre sua pessoa, diante de tantos servos antigos do castelo, aquela era uma das piores humilhações que um príncipe poderia enfrentar. Entretanto, ele não deveria estar nem de perto surpreso com tamanha afronta de seu atual rei para consigo, na verdade, seria no mínimo curioso para não usar demais termos acreditar que aquele homem o trataria bem algum dia, e caso acontecesse, era mais do que certo que ou haveria comida envenenada, talvez seria apunhalado ou enviado para um campo de batalha na frente do exército para morrer mais facilmente, a única certeza para quando a majestade o tratava bem era de que em algum momento inesperado ele lhe daria uma viagem de ida para encontrar os abraços calorosos que sua mãe costumava lhe dar, porém, não poderia mais retornar a morada dos vivos. Girando a espada sobre a cabeça, a fincou com força na terra até que o solo a devorasse perto de seu cabo dourado, só então com toda a força que depositou ali um pouco de sua fúria cessou, e ele finalmente pode sentar no chão e respirar fundo, era a primeira vez desde que encontrou seu irmão e iniciaram um duelo sem objetivos determinados, que o encarou nos olhos e identificou o rosto do rapaz e isso foi como um tranquilizante, o fazendo amolecer sua postura de ataque prontamente em sua presença.

── Vamos analisar. ── O Lee mais novo caminhou até o local onde estava a espada do irmão. ── Com essa força, agilidade e profundidade, julgo dizer que você facilmente afundaria sua espada em no mínimo cinco corpos amontoados, talvez não indo até o final, mas definitivamente matando todos. Incrível!

── Não é pra ser assim, quem tem a necessidade de ser o melhor nessas coisas é você, não eu. ── E ali ficou evidente que a sua suspeita principal sobre o que lhe trouxe ali, definitivamente era o maldito progenitor deles.

── É verdade, mas não é como se você não tivesse seus próprios dons e até mesmo coisas que deveria executar com maestria. ── Se sentou em frente ao irmão, e ergueu a mão antes de qualquer comentário. ── Heeseung, segundo as leis do castelo eu não deveria nem mesmo sonhar em te conhecer, mas eu conheci, você acredita que agora quase virando o próximo rei vou me importar em seguir essas ordens hipócritas sobre estar ou não perto de você? Sentar com você no chão? Lutar com você? Poupe minha paciência que de tudo no meu corpo é o que em menor quantidade e tamanho possuo.

── Eu com toda certeza poderia ter ido ao túmulo sem ouvir isso, com todo meu respeito, irmão. ── Ambos compartilharam risadas naquele momento.

── Tudo bem, mas estou curioso sobre algo. ── A brisa que batia contra eles trazia frescor, e fazia com que seus corpos pudessem diminuir a intensidade que estavam trabalhando naquele momento. ── Ouvi dizer por meio de alguns criados que você abriu um abrigo, não tinha conhecimento que havia essa necessidade aqui em Iarann.

── Existe não só aqui mas em outros reinos, contudo aqui decidi quebrar esse ciclo. ── Apoiou suas mãos nos joelhos, enchendo bem os pulmões de ar.

── Mas por qual motivo eles estão sem um teto para morar? É algo que não faz muito sentido, a maioria das famílias só deixam um filho sair de casa quando ele irá formar sua própria família. ── Era notório o jeito como o outro olhava para a porta da torre que dava acesso ao jardim onde estavam, provavelmente era um assunto que ele não desejava compartilhar com qualquer um. ── Não se preocupe, deixei avisado para não permitir que viessem nos interromper no momento que você me convidou para o duelo.

── São rapazes e moças que quebram as crenças e tradições. ── Arrancou uma grama para girar em seus dedos, auxiliava a desestressar um pouco seu corpo. ── São ótimas donas de casa, algumas aprenderam a trabalhar com ferro escondidas, os rapazes não ficam para trás. E no quesito personalidade são muito dóceis e esforçados, o que realmente incomodou tanto as famílias foi unicamente o que eles são.

── São o povo Iarannos! O que mais seriam? ── O mais velho apertou o cabo de sua espada, com tantos elogios, como poderiam colocar para fora de casa pessoas aparentemente boas? Isso era um absurdo para ele.

── Mulheres que amam mulheres, homens que amam homens. ── Sussurrou, pois sabia bem que ali, até mesmo o gramado poderia possuir ouvidos.

── Ainda não consigo entender o problema, mataram alguém? Traíram nosso reino? Você mesmo é um deles, e nem por isso eu te colocaria para fora do castelo. ── Aquilo era uma situação que não poderia ser facilmente assimilada pela raiva que Yeonjun estava sentindo.

── Mas eu venho de uma família rica, poderosa e influente, na verdade sou o filho bastardo do rei! Contudo ainda sou algo aqui dentro, então mesmo que isso se espalhe, não é como se alguém ousasse erguer a voz e muito menos a mão contra mim, mas não funciona assim com jovens pobres, se eles são descobertos a expulsão é o caminho mais fácil que as famílias acham para agilizar o processo de fuga deles, pois definitivamente eles serão caçados pelos que se sentirem ofendidos. ── Gesticulava incessantemente, uma parte alegre pois seu irmão nunca foi contra si, e outra parte frustrada com a situação de seu povo.

── Ultraje! Eu deveria caçar quem se ofende com algo que não lhes diz respeito? ── Soltou o cabo de sua espada, mais um pouco e estaria indo executar aquelas pessoas.

── Enquanto você for apenas o príncipe herdeiro não! Entretanto, quando você for entronizado rei, poderá realizar uma lei que garanta a segurança dessas pessoas que sofrem com a opressão de serem de condição humilde. ── Ambos se olharam, Yeonjun tinha um olhar fraterno, do tipo que colocaria seu irmão para lhe auxiliar em seu reinado, porque diferente de seu pai, ele reconhecia todo o valor que o Lee mais novo possuía dentro de si.

── Me diga, está tudo certo com os mantimentos para eles? Segurança? Qualquer necessidade que eles tiverem você pode falar comigo, posso mover algumas peças e conseguir o que for para ajudar. ── Foi sincero, e viu um sorriso largo preencher os lábios do irmão o deixando com a sensação de que estava fazendo um bom trabalho.

── Muito obrigado a todos os fundadores de Iarann, sem vocês eu jamais teria a honra de estar vivendo na mesma época e local que um futuro rei incrível. ── Descendo os olhos do céu, encontrou o Lee mais velho com o olhar para o lado, focando numa florzinha qualquer enquanto pressionava os lábios. Nunca falaram sobre aquilo, mas eles sabiam entre si quando um deles estava com vontade de se entregar às lágrimas. ── Obrigado, Vossa Alteza!

── Pare de me chamar assim! Sou seu irmão, me trate dessa maneira. ── Respirou fundo se recompondo das emoções que estava sentindo, apenas emoção pelo jeito de seu caçula.

── Tudo bem! ── Fez o sinal de rendição com as mãos.

── O que aquele homem falou para você mais cedo? ── Finalmente o tópico principal chegou a eles.

── O de sempre, ele não sabe que tipo de filho eu sou mas que provavelmente serei usado para o comércio do país. ── Tocou no ombro do outro. ── Não de importância, em breve ele será deposto.

── Ele que ouse usá-lo como um simples produto, irei cortar cabeças se for preciso, mas você irá escolher com quem se unirá e quando isso vai ocorrer. ── Estava começando a cansar de aguardar pelo dia que tomaria o trono, se o rei começasse a lhe atrasar esse direito, as coisas tomariam um rumo drástico. ── Você tem um propósito especial, nunca duvide disso.

── Eu sei, mas muito obrigado por me relembrar. ── Começou a puxar sua espada para fora da terra, ela estava muito mais pesada do que antes. ── Meu objetivo nunca foi ser rei ou algo similar, eu só quero ser conhecido como o príncipe que uniu o povo de Iarann e diminuiu a tensão entre reinos.

── Você ainda acredita que Aigén vai ser menos hostil conosco um dia? ── Aquilo era algo que eles divergiam opiniões, mas era unicamente porque Yeonjun não acreditava que isso seria possível enquanto Heeseung tinha certeza de que não poderia ser um trabalho tão complicado assim.

── Um de nós necessita acreditar nisso, que seja eu então. ── Finalmente desenterrou a espada. ── Talvez haja algo acontecendo entre os dois reinos que não sabemos, mas eu irei descobrir e quando isso acontecer você verá que estamos próximos de uma mudança estrondosa em nossa atual realidade, porque eu acredito que nós viemos para revolucionar Iarann.

Dentro da história extremamente extensa da humanidade, um assunto pode ser visto de maneiras muito diferentes, causando os mais diversos sentimentos em quem ouve um pouco sobre seus funcionamentos, objetivos e consequências. Movendo uma peça em seu jogo de xadrez com um adversário que ele realmente achava digno, ou seja, ele próprio, sua mente trabalhava justamente na questão do que significava casamento para as pessoas. Plebeus costumavam almejar casar seus filhos com outras pessoas mais ricas que eles, pois assim supostamente estariam subindo de nível, essas uniões poderiam ser divididas em duas partes: os que se apaixonavam com o passar da convivência direta todos os dias, se pelo menos um dos dois tivesse uma personalidade no mínimo aceitável, e esses casos eram os mais raros dado que a outra parte era a mais recorrente pois nenhuma das partes desejava aquilo, não via sentido e viviam vidas separadas nas escondidas da sociedade, pois entre eles isso era um segredo de cúmplices. Casamento para poucos da classe dos plebeus, geralmente os verdadeiramente pobres sem expectativa de subir em sua classe social, era um evento que envolvia se conhecerem, se amarem e só então se unirem porque os dois desejavam. Porém para reis e seus herdeiros, o casamento era apenas um acordo entre grandes potências com interesses em comum ou ao menos similares, não havia amor e nem intenção disso ser desenvolvido, porque todos poderiam ser seus inimigos incluindo a pessoa que supostamente deveria lhe amar.

Contudo dentre todos os casamentos arranjados sempre considerados uma monstruosidade para os seres humanos, eles ainda representavam que aquelas partes envolvidas gostariam de ter uma vida melhor, que ainda estavam vivos, que desejavam sinceramente uma vida como a grande maioria. Entretanto, os casamentos arranjados não eram nada perto do tipo de casamento que o Kim mais velho na linha de sucessão de Clista, estava prestes a tornar oficial. Obviamente faltava alguns meses, mas não era mais tanto tempo em comparação ao dia que se encontrou por conta própria com a princesa herdeira de Aigéan, Soojin. Ele era um rapaz novo, beirando o início de sua vida adulta quando a escolheu para ser sua futura esposa dentre todas as moças que pareciam ser grandes partidos. Eunwoo não a escolheu por amor, nem mesmo sua beleza o influenciou. Tudo que o Kim buscava era uma guerreira tão traiçoeira como ele, que pudesse apunhalar toda sua família em prol de seus objetivos fossem eles quais fossem, e ele sabia que poderia oferecer o que faria os olhos daquela garota brilhar e seu coração palpitar com mais força, e no fim ele mesmo se amarrou a algo que nunca poderia germinar um sentimento bom entre eles, era como se fossem apenas dois negociadores tentando usufruir o que havia de melhor um do outro sem se importar por uma fração de segundos sequer com o bem estar alheio, eram uma dupla, e aquilo era a maior prova de que diferente de todos os outros casamentos o deles seria composto apenas por dois jovens mortos por dentro, existindo naquele mundo para se satisfazerem sozinhos com prazeres momentâneos e unicamente só eles.

O som dos passos pesados ecoou no corredor, contudo o rapaz não fez o menor esforço se sequer mover o pescoço para presenciar quem entraria em seu escritório. Tinha estado noivo da Hong por tempo suficiente para conhecer o som que ela fazia quando chegava nos lugares, ou talvez ele tivesse treinado por anos para reconhecer o passo de cada um que estivesse ao seu redor apenas por medo de que alguém tentasse lhe ferir um dia, sempre estar à frente de qualquer um era seu principal objetivo especialmente após Soobin nascer, apenas a menção do nome do irmão mais novo lhe incomodava, porque o jeito que os olhos de seu pai brilharam no dia que foi o conhecer no berço era o sinal mais explícito de que ele poderia ser uma ameaça ao seu trono, e o primogênito não poderia simplesmente sentar e assistir sua mãe chorando todas as noites pois a outra esposa de seu pai era mais amada que ela e consequentemente seu filho tinha sim mais favor diante do rei, não demorou muito, e apenas estratégias rígidas e sem envolver sentimentos não eram o suficiente para seu progenitor, porque ele havia designado assuntos de sensibilidade do reino para Soobin, e aquilo o fez subir degraus rápido demais, só existia uma maneira de garantir que o trono seria seu por direito e para isso ele precisava destruir seu irmão com alguém que ele nunca mais poderia recuperar, abrindo margem para Eunwoo fechar acordo com a princesa de Aigéan e anunciar seu noivado para a família no aniversário do segundo irmão, o tornando a principal escolha para suceder o trono em vez do segundo Kim. Só assim para trazer um pouco de orgulho para sua mãe, e deixar seu inimigo fraco ao ponto de não ser uma ameaça real no momento.

── Príncipe O’Sullivan Shea, a sua noiva, princesa de Aigéan, O'Murchadha Nessa se encontra aqui fora a sua espera. ── O soldado lhe avisou seguindo o protocolo.

── Pode pedir para ela entrar, obrigado. ── Continuou sua atenção no jogo de madeiras, quando a moça adentrou o cômodo tendo a porta fechada atrás de si, esperou alguns minutos para ter certeza de que estavam realmente sozinhos e iniciou com um assunto inteiramente irrelevante.

── Acredito que já conversamos sobre isso, mas acho a recepção aqui muito fraca. ── Caminhou lentamente para se sentar a frente do outro, onde deveria haver um adversário.

── O que você realmente espera? Um desenrolar de algum tapete azul marinho, trombetas e no final de todo o percurso uma jarra com água cristalina de Aigéan? ── Debochou sem a olhar nos olhos, vendo esta mover uma peça no jogo e conseguir o colocar em uma situação apertada, finalmente ergueu o olhar para a loira.

── Sim, é o que eu esperava no mínimo. ── Seu olhar era superior.

── Mas minha princesa, você não é digna do mínimo quem dirá do máximo, pare de delirar com tais coisas. ── Se recostou em sua cadeira. ── Dê essas instruções quando for rainha.

── E será que eu serei rainha aqui? ── Aquilo atraiu a atenção do príncipe.

── Por que me questionas isso? ── Sempre que davam a entender que seu trono estava ameaçado, aquilo o deixava em posição de defesa automaticamente.

── Tolo. Está concentrado no que ultimamente? Já foi alguém mais observador e especialmente informado no passado. ── Sorriu como se tivesse acabado de obter uma grande vitória sobre o outro.

── E você já foi uma mulher mais direta antigamente, hoje em dia parece que vem para passear em minhas terras sem objetivo algum. ── Colocou em sua taça um vinho tradicional da região. ── Não se esqueça porque fui lhe contatar em Aigéan, tínhamos como suprir os interesses um do outro, contudo se você não tem mais objetivos não acredito que seja uma mulher que gostaria de ter ao meu lado.

── Tudo bem, então anunciei o final do nosso noivado se assim for melhor, pois eu não estarei perdendo muito. ── Arrumou os anéis em seus dedos. ── Contudo você estará dando a margem que seu irmão precisa para tomar seu posto novamente, porque como eu te disse uma vez, você falhou em o eliminar verdadeiramente do seu caminho e acredito que ele usufruiu esse tempo longe do favoritismo do reino para se recompor e voltar como uma verdadeira ameaça.

── Por que você insinua isso? ── as sobrancelhas estavam mais retas, com uma explícita linha de tensão entre elas.

── Porque segundo alguns dos meus homens aqui, ele foi visto se encontrando com uma moça algumas vezes, não parecia exatamente uma amizade. ── Cruzou os braços. ── Se você renunciar agora seu irmão anuncia um noivado, e faltando poucos meses para seu pai entregar o trono ele já terá escolhido seu favorito.

── Mande seus homens investigarem a identidade da moça. ── Continha até mesmo sua respiração, Eunwoo detestava demonstrar seus momentos de fraqueza para qualquer um que fosse, então se autocontrolava ao máximo. ── Vou pressionar meu pai para adiantar a cerimônia, e se não for o suficiente, você irá entrar em ação.

── Fazendo exatamente o que? ── A moça o olhou nos olhos, e aquela troca foi como se raios percorressem o corpo de ambos e mesmo assim nenhum cedia.

── O que mais resulta no adiantamento de um evento como a coroação? Uma gravidez, não apenas isso, mas uma gravidez de risco. ── Os lábios da loira se curvaram em um sorriso zombeteiro. ── Para não lhe sobrecarregar no final da gestação eles irão adiantar, e dizerem que você engravidou pouco depois da consumação graças a sua fertilidade bem conhecida do povo de Aigéan, contudo arranjamos um médico para dizer que você sofreu um aborto instantâneo e assim não precisaremos realmente ter um filho tão cedo.

── Esse trono é uma questão de honra para você, não é? ── A outra passou a língua pelos lábios os hidratando depois da surpresa com tamanha engenhosidade de seu noivo.

── Para mim e para minha mãe, irei me livrar de todos que lhe causaram dor. ── Voltou a beber seu vinho, agora mais tranquilo por ter achado um meio de estar adiante de seu irmão. ── Irei exilar aqueles que compartilham meu sangue e suas progenitoras, para eles provarem um pouco do sabor do sofrimento que me submeteram.

── Retornarei em alguns dias, prepare alguma oportunidade para irmos ao seu quarto, assim levantará suspeitas sobre o que estamos fazendo e poderá sustentar seu plano. ── Ergueu o corpo da cadeira, arrumando lentamente o vestido. ── Fique atento aos canários azuis, será o sinal de que lá você encontrará as informações sobre a moça. Adeus, Eunwoo.

── Adeus, Soojin. ── Era uma mantra, quase como anunciar uma guerra de uma maneira silenciosa.

E eles realmente estavam caçando uma que almejaria uma destruição sem precedentes.

Um calor fora do comum beijava lentamente a pele bronzeada do rapaz, fazendo que mesmo dormindo ele erguesse seu outro braço por reflexo para esfregar as mãos com força tentando afastar aquela sensação horrível que estava o corroendo, contudo nada era o suficiente e não demorou muito para que seus olhos abrissem de um sono muito mal dormido, seu humor automaticamente ficou fechado e sua vontade de retornar a dormir evaporou na mesma velocidade que a geada da manhã se despedia assim que o sol aparecia no horizonte. Sua boca estava virada em um arco para baixo devido a frustração, nada mais lhe preocupava do que a dor que sentia em seu coração somente por imaginar o Kim mais novo em seu reino passando uma noite dolorosa sozinho, seus olhos arderam em irritação ao tomar consciência de uma fato muito conhecido por si sobre a situação que viviam, que era a distância e como ela prejudicava para ele tentar cuidar de sua estrelinha, sendo que de acordo com o que seu pai havia definido isso deveria ser responsabilidade de alguém que nem sequer imaginava o que estava por baixo dos panos, da pessoa que deveria ser leal a ele. Saltou da cama no mesmo instante que o rosto de seu irmão veio a tona como um lembrete cruel de que Sunoo não era nada além de seu cunhado, ele era unicamente noivo de Riki e isso não poderia ser desfeito. Bem, talvez pudesse, entretanto exigia algo vindo diretamente de Sunoo e Jongseong sabia que ele nunca ousaria levantar sua voz para dizer que desejava passar sua vida ao seu lado, era tudo que o Park precisava para destruir o próprio reino se preciso para ficar com o garoto e ninguém o impediria, porém enquanto não ouvisse isso, ele definitivamente não faria nada. A vontade do Kim vinha acima de qualquer desejo seu, isso era lei.

Decidiu que iria subir ao telhado para tomar um ar, no decorrer do caminho que não estava sendo executado com pressa alguma, ele só conseguia observar as paredes e relembrar como os dias anteriormente pareciam mais leves, com os dois príncipes correndo desenfreadamente pelos corredores, chamando seus amigos para lhes fazerem companhia, cada uma daquelas pedras possuía uma história da qual todos que estiveram ali até poderiam esquecer um dia, mas as marcas estariam registradas naquele local. Jongseong conseguia lembrar perfeitamente como foi a primeira vez que viu o príncipe mais novo de Clista, ele vinha a capital de Lasair em busca de tratamento desde pequeno, sua mãe era uma das dezoito filhas de um burguês importante para o pai do atual rei de Clista, não se sabia com toda certeza mas boatos relatavam que a moça tinha sofrido muito nas mãos de suas irmãs mais velhas, prejudicando não somente seu crescimento como também sua capacidade de fala, então aos poucos ela foi perdendo seu valor para o casamento. Por uma recomendação da segunda senhora do atual rei, ela lhe instruiu a conhecer a moça pessoalmente e seu olhar felino o atraiu instantaneamente, de todas suas senhoras ela definitivamente poderia não conseguir se expressar corretamente como os demais, contudo sua escrita era como assistir um anjo descrevendo poesias em papel, seus olhos transmitiam mais sentimentos e conversavam com maior habilidade que qualquer outra pessoa. Ela se tornou amiga da segunda esposa do rei, tendo um tratamento frio da rainha que detestava dividir a atenção do povo com aquelas mulheres mais simples, era um tremendo ultraje.

E o Park sabia que conhecia o que o rei de Clista havia sentido quando encontrou sua última esposa a primeira vez, porque quando os olhos do garoto abençoado personificação viram aquela linda personificação de raposa em sua frente, ele definitivamente estava pronto para se ajoelhar a ele e o servir como bem desejasse, era como se sua função no mundo só estaria completa quando ele estivesse ao lado do Kim. E talvez o que mais trouxesse até hoje o sabor amargo de injustiça, fosse o fato de que enquanto Jongseong não conseguia sair de perto do garoto, como se fosse um planeta girando ao redor do seu sol, seu irmão Riki nem mesmo olhava para o Kim, porque qualquer coisa conseguia ser mais interessantes do que conhecer pessoas novas. Era como se sempre tivesse sido escrito nos céus que haveria uma única união divina, contudo, não havia garantia que alguém não rasgou os céus naquele dia em busca de alteração do destino, porque simplesmente não fazia o menor sentido todo o sofrimento que Sunoo e Jongseong compartilhavam desde aquele fatídico dia. Para o mais velho só havia um único arrependimento, deixar o Kim sentir as dores da separação de sua marca, porque se ele pudesse escolher entre o marcar como seu parceiro de vida outra vez, ele definitivamente o faria novamente. Quando subiu o último degrau que dava para o telhado, encontrou quem ele com toda sua certeza não estava esperando em momento algum em toda sua trajetória até ali, seu irmão mais novo já estava sentado no local e a troca de olhares foi uma conversa rápida e silenciosa apenas com o objetivo de confirmar que ambos estavam naquele local porque não tinham conseguido usufruir de uma boa noite de sono, um leve suspiro foi a última coisa a ser escutada antes de fechar a porta abaixo de si.

── Pesadelos? ── Foi o que saiu de seus lábios assim que sentou ao lado do outro.

── Não, e você? ── Ambos olhavam para a lua, mas quando Jongseong se lembrou de sua noiva abaixou o olhar instantaneamente.

── Um pouco de desconforto. ── Um silêncio flutuou entre eles. ── Por que veio aqui?

── Estou pensando em algumas coisas. ── Continuava imóvel. ── Presumo que veio tomar um ar.

── Está certo. ── Havia uma sensação de desconforto no ar. ── O que lhe preocupa?

── Isso é uma mania de irmão mais velho? Ou você já está treinando para quando for rei? ── Sorriu de cantinho, e aquilo fez o mais velho seguir o mesmo movimento.

── Talvez um pouco dos dois. ── Controlou para não soltar um suspiro pesado que levantasse suspeitas. ── Entretanto, agora eu estou falando como seu irmão, apenas isto.

── Estou preocupado com meu noivado. ── Aquilo fez o coração de Jongseong se contrair, e foi uma batalha cruel não mudar suas feições para algo puxado a uma pessoa quando provar uma fruta azeda. ── Quando era mais novo e não pensava sobre isso era mais fácil, mas agora que eu preciso me organizar para casar isso está me corroendo aos poucos.

── Mas exatamente o que está despertando esses sentimentos em você? ── Discretamente começou a apertar a própria coxa para manter a mente sã e não fraquejar com a voz.

── Eu acho que eu perdi muito tempo só brincando de lutinhas de espadas, eu deveria ter utilizado esse tempo para o conquistar… ── O outro parecia muito chateado com isso. ── Talvez hoje ele gostasse verdadeiramente de mim, e não fingisse a todo momento que sente algo.

── Acredito que ele goste de você sim. ── Suspirou baixinho. ── E muitos casais realmente desenvolvem sentimentos apenas após o casamento com a convivência e passando por problemas juntos, os resolvendo como uma equipe, então acho que você não precisa se cobrar tanto agora.

── Eu não tenho tanta certeza, Sunoo merece o melhor e eu tenho medo de não poder lhe dar isso. ── O garoto abaixou a cabeça com a voz embargada. ── Nosso pai me deu algumas boas terras, contudo eu não poderei passar muito tempo com ele pois estarei encarregado do exército e isso vai exigir muito do meu tempo.

── Eu serei seu rei, então posso mover algumas peças para vocês se verem com maior frequência, não se preocupe. ── Passou a língua pelos lábios secos devido ao nervosismo subindo pelo seu corpo pouco a pouco. ── Yunjin é amiga dele também, então acredito que não será um incômodo para ela o ter por perto no castelo.

── Você acha que… Um passeio pelo lugar que será nossa casa vai lhe interessar? ── Os olhos brilhantes do mais novo virados em sua direção pareciam lâminas envenenadas.

── Acredito que sim, aproveite para fazer perguntas de ponto de vista, o deixe descrever como idealiza uma casa confortável e uma boa rotina. ── Apertou o ombro do outro como incentivo. ── Quanto mais vocês se conhecerem, mais fácil o sentimento irá fluir entre os dois.

── Muito obrigado! ── Foi algo não planejado, apenas aconteceu quando o garoto mais novo o abraçou com força pelo pescoço. ── Eu sei que nosso pai não gosta muito quando fico falando essas coisas, mas eu gostaria de te lembrar que eu te admiro muito e te amo daqui a eternidade, eu prometo que darei minha vida por você caso for necessário.

── Não deveria ser eu a dizer que vou te proteger até a morte? ── Soltou uma risada abafada contra o ombro alheio. ── Muito obrigado, Riki, eu também te amo e estou muito orgulhoso de onde você chegou tão novo.

── Você… ── Lágrimas começaram a descer pelo rosto do mais alto. ── Isso pode ser considerado uma afronta ao rei, mas para mim, você é a minha verdadeira figura paterna.

── Garoto! Não fale essas coisas em alto e bom som por aí. ── O encarou sério, mas suavizou o rosto fazendo um carinho em seu rosto. ── Tudo bem, eu irei proteger sua felicidade até o fim do sol.

── Mas o sol não tem fim, irmão… ── Sorriram juntos.

── Justamente por isso. ── Lhe entregou o melhor dos seus sorrisos. ── De agora até a eternidade.

E era ali que o coração de Jongseong morria pela felicidade de Sunoo e Riki. Era seu sacrifício pessoal por um bem maior.

...🌷 Obrigada por ter chegado até aqui.
...🌷 Eu estou ansiosa de verdade para saber as opiniões de vocês, sempre me deixa energética e muito feliz.
...🌷 Onde vocês acham que vai dar essa situação entre os irmãos? Mas especialmente entre Eunwoo e seus irmãos?
...🌷 Vejo vocês na próxima!

Continue Reading

You'll Also Like

98K 7.7K 45
Jeon Jungkook é um Alfa Lúpus puro e um Mafioso obcecado por dinheiro e que entrou na vida do crime muito novo, ele tem tudo quer, na hora que quer...
1.8M 123K 88
📍Rocinha, RJ Quais as chances de encontrar paz e aconchego num lugar perigoso e cheio de controvérsias? pois é, as chances são poucas, mas eu encon...
2.4M 227K 86
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.
75.6K 4.6K 51
Minha primeira história !Lembrando que tudo que estiver colocado aqui é totalmente ficção