A cura

By PG2022

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Um conto de fantasia e mistério, no qual a vida de uma criança dependerá das visitas misteriosas de uma estra... More

Nota da autora
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12

Capítulo 8

11 3 2
By PG2022


A segunda semana chegou e Ayla começou a ficar apreensiva. Uma angustia a acompanhava o tempo todo. Estava cada vez mais envolvida com Alice e, embora tentasse negar, sua rotina passara a fazer parte da rotina do conde... e ela apreciava isso imensamente. Ela passava mais tempo na companhia do conde do que sozinha. As refeições, os passeios matinais pelo jardim, os cuidados com Alice. Quase sempre essas atividades eram feitas em conjunto! Contudo, elas nunca eram plenamente disfrutadas, pois Ayla sabia que, em breve, tudo acabaria.

Por isso, constantemente ela buscava refúgio longe do castelo, mas sempre sentia o peso da saudade. Ela estava dividida e podia sentir isso claramente enquanto caminhava por entre os arbustos da floresta ao entardecer. Quando chegou ao lago, a sombra das árvores a envolveu como um casaco. As águas estavam calmas e em um gesto gracioso, ela deitou-se à margem e roçou os dedos sobre as águas.

As folhagens das árvores começaram o seu balançar e Ayla torceu o nariz.

-- Vocês sabem tão bem quanto eu como estão as coisas... – ela disse rabugenta.

O farfalhar ficou mais forte e ela suspirou, resignada.

-- Ele vai agir a qualquer momento e preciso estar preparada. Será um movimento muito difícil. Eu nunca fiz isso.

Não tenha medo... o silêncio da floresta sussurrou.

-- É difícil. – Ayla respondeu angustiada. – Será perigoso para Alice e para o conde.

Ayla sentiu um tremor entre as árvores e sua coluna arrepiou.

-- Não vou escolher entre um e outro. – ela disse em desafio. – Não importa que meu objetivo seja Alice, eu não sacrificarei o pai dela.

Ayla! Obedeça!

-- Não pode estar realmente pensando em sacrificar o conde? Não depois do que a condessa fez por nós. – Ayla sussurrou horrorizada.

A floresta ficou completamente imóvel e silenciosa. Ayla sabia que a ofendera, mas não havia dito nada além da verdade.

Ela abraçou as pernas encolhidas e escondeu o rosto, apoiando a testa nos joelhos. Ela sabia que sua resistência não dizia respeito apenas à condessa. Seu coração batia forte quando pensava no futuro. Nos dias em que viveu no castelo se apegou muito à Alice e temia a hora que ela tivesse que deixá-la... Que deixar o conde...

Ela não ficou muito tempo avaliando seu coração, pois gritos de dor quebraram o silêncio da floresta e Ayla se ergueu sobressaltada. Sabendo de quem eram os gritos, Ayla correu o mais rápido possível em direção ao castelo.

Ao entrar no quarto, viu uma cena que partiu seu coração. Alice se debatia sobre a cama enquanto o pai a segurava com força e dava ordens aos empregados presentes no cômodo.

Ayla sentiu a presença no quarto. Ele se regozijava com as duas gerações da família Cicekler presentes no quarto. Ele precisava da dor e do temor para se fortalecer e estava recebendo isso tanto de Alice quanto de Erick.

Alice gritou pelo nome da mãe e em seguida pelo nome de Ayla.

-- Estou aqui, querida! –Ayla disse indo até a cama e pousando a mão sobre o corpo agitado.

-- Estávamos brincando quando de repete ela fechou os olhos e começou a convulsionar. – Erick a olhou em pânico. – Eu não sei o que fazer.

Ayla o encarou e disse com firmeza:

-- Você precisa sair. Todos precisam sair e me deixar à sós com ela!

-- O quê? Não posso! Não vou deixar a minha filha. – o conde retrucou confuso.

-- Se ficar, vai aumentar a força dele...

-- Dele quem? Quem está fazendo isso? Isso não faz sentido...

-- Erick! – a voz enérgica da condessa surgiu na porta do quarto. – Faça o que ela manda.

Erick encarou a mãe e por um momento ficou tão confuso que não soube como reagir, mas então foi invadido por uma fúria guardada há dias.

-- O que diabos está acontecendo com a minha filha?! – ele gritou.

-- Erick... – a condessa começou a dizer, mas ele a interrompeu ainda aos berros.

-- Por dias vocês estão escondendo informações de mim e agora acham que eu vou aceitar placidamente que me tirem de perto da minha filha enquanto ela se contorce de dor?! EU JÁ FUI CONDESCENDENTE DEMAIS!

-- Se você ficar no quarto ela vai morrer! – Ayla gritou angustiada.

Erick ficou estático por um tempo, horrorizado com o que acabara de ouvir. Não era possível. Aquilo era um pesadelo...

-- Você prometeu confiar em mim. – Ayla tocou seu braço com delicadeza e o encarou nos olhos.

Uma lágrima deslizava pelo rosto de Ayla, expondo a verdade do que ela estava dizendo. O conde colocou a mão no rosto delicado e alvo de Ayla, enxugando a lágrima e depois se voltou para a mãe.

-- A senhora vem comigo. – ele disse encaminhando-se para a porta e completou para os demais empregados presentes. – Todos para fora!

Em segundos o quarto ficou vazio e Ayla apertou a mão contra o peito, sabendo que aquela seria a última vez que veria o conde.

No escritório, o conde andava de um lado para o outro, sendo observado pela figura aflita da condessa. Os gritos de Alice haviam cessado no momento em que todos, menos Ayla, saíram do quarto. Ele ficou incrédulo e quis voltar, mas a condessa o impediu.

Depois de algum tempo sem conseguir se acalmar, ele voltou-se para a mãe e disse com voz baixa e contida:

-- A senhora vai me dizer a verdade agora.

-- Não fale comigo des...

-- A senhora está pondo a vida da minha filha em perigo! Como a minha presença pode ser pior que minha ausência?! – o conde a cortou com um tom ameaçador. – Se não me disser o que está havendo, meu amor pela senhora não será suficiente para impedir que eu entre naquele quarto e leve minha filha para um hospital agora mesmo e mande prender Ayla!

A condessa engoliu em seco e o encarou resignada.

-- Um hospital não ajudaria Alice. Ayla é a única que pode ajudá-la.

-- E como a senhora pode ter tanta certeza disso?

-- Alice foi amaldiçoada.

-- O quê? – Erick arregalou os olhos sem reação. – Amaldiçoada? A senhora que dizer... Com magia?

A condessa assentiu.

-- Isso é ridículo. Não existe isso...

A condessa encarou o filho em silêncio, esperando que ele absorvesse a informação. O conde a encarou de volta, esperando que ela desmentisse o que acabara de falar. Quando isso não aconteceu, Erick cambaleou para traz e caiu na poltrona à frente da cadeira em que a Condessa Viúva estava sentada.

-- A senhora não pode estar dizendo a verdade... Minha Alice... Por que... – ele balbuciava incrédulo. – Por que uma garotinha de seis anos, sem inimigos ou amigos, seria amaldiçoada?

-- Por ser minha neta... – a condessa disse pesarosa. 

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