ELITE | vhope

Door Gabbieah

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Há duas coisas que toda Nova York sabe, a primeira delas é que Kim Taehyung é herdeiro de uma das maiores red... Meer

Um | Paris Hilton
Dois | Um Favor
Três | Brooklyn
Quatro | Morde e Assopra
Cinco | Maquiagem Borrada
Seis | A Dama e o Vagabundo
Sete | Besta Fera
Oito | Princesinha
Dez | Estatua da Liberdade
Onze | O Fruto e a Árvore
Doze | Passarinho
Treze | Vinte e Quatro Horas
Catorze | Consequências
Quinze | Tanta, Tanta Fome
Dezesseis | Vermelho Vinho
Dezessete | Cinco Dias
Dezoito | Refúgio
Dezenove | Página Virada
Final | Karma

Nove | Classes

30.3K 2.8K 8K
Door Gabbieah

Olá, jurídico Paris Hilton e advogadas do Hoseok! Levei um tempinho a mais pra terminar esse capítulo porque precisei dar uma breve pausa de tudo isso aqui depois da última atualização, mas aqui estou. Esse capítulo tem 12k de palavras, aproveitem bastante, comentem muuuito e deixem o votinho!

Boa leitura.

#EliteVhope

TAEHYUNG

Foda-se o Hoseok.

Foda-se. Foda-se. Foda-se.

Se ele quer ficar com raiva de mim tudo bem, que fique. Se ele quer me bloquear em tudo só para que eu não tenha como me explicar, ótimo, que assim seja.

Ele que faça o caralho que quiser, esse imbecil de merda.

Que me ignore, que pegue todos os loiros que ver pela frente, que vá pra casa do caralho com todos eles, eu não me importo.

Eu já dei o braço a torcer vezes demais por essa merda de relação esquisita que estou tentando manter com ele, e tudo pra que? Pra ele ficar puto comigo porque eu não quis espalhar pra deus e o mundo que dormimos juntos? Isso nem faz sentido, porra!

Respiro fundo, passando com ódio os stories que ele postou hoje, vejo tudo com a minha conta "reserva" que ele não sabe que existe, porque se soubesse já tinha me bloqueado nela também.

E me seguro o máximo que consigo para não mandar nenhuma mensagem através dessa conta, pra não xingá-lo até a sua última reencarnação porque isso não é justo comigo, porra, não é justo.

Eu sei que já disse coisas cruéis demais para ele, eu sei que já fiz maldades horríveis com ele e que o persegui por anos, mas também não é como se ele não tivesse feito o mesmo comigo.

Hoseok já me disse coisas cruéis também, eu não sou a única pessoa errada aqui.

Então porque esse burro de merda não consegue me deixar falar nem por um segundo? Ele não vai morrer por isso, tenho certeza.

Ele não vai morrer se conversar comigo feito uma pessoa normal, isso não é tão difícil de entender.

Mas a culpa é minha por me envolver com um cara que não pensa, eu já deveria estar esperando por esse tipo de coisa.

— Que cara é essa, Tae? — meu pai perguntou, sentado do outro lado da mesa e de frente para mim — Guarda esse celular, não gosto quando fica com essa coisa na mão enquanto comemos — mandou, segurando em uma das mãos uma taça de vinho quase vazia.

Obedeci, virando a tela do celular para baixo ao deixá-lo na mesa e encarando o prato que me foi servido, quase intacto, enquanto meu pai já está quase no fim.

Maldita seja a hora que eu aceitei de bom grado vir ao clube com ele hoje. Depois de todo o caos que a minha vida se tornou em uma única noite e a ressaca terrível que estou enfrentando, eu deveria ter dito "não" quando fui acordado às sete horas da manhã de um domingo.

Mas eu não disse, e já tem quase cinco horas que estou aqui com ele e seus "amigos", tomamos café da manhã, jogamos tênis e não foi um dia ruim, longe disso, teria sido incrível se o meu mau humor me permitisse ficar minimamente feliz por passar um domingo com o meu pai.

— O que é que está te deixando emburrado assim? — ele decide perguntar, antes de beber o resto do vinho branco em sua taça e devolvê-la para a mesa.

— Nada.

— Tem algo sim, o que é? É a sua mãe?

— Não — rolo os olhos — Não é a minha mãe — seguro o garfo, cutucando a salada e não conseguindo esconder a cara de nojo.

— Tem certeza? Eu sei que ela é meio... dura com você às vezes.

E com isso ele quer dizer que a minha mãe é uma megera, insensível e cruel, mas ainda é a minha mãe.

— E também sei que ela andou te chateando bastante nos últimos dias.

— É? — arqueei as sobrancelhas. Como é que ele pode saber de uma coisa dessas? Ele não passa nem duas horas dentro de casa comigo e aquela bruxa — Me chateando com o que por exemplo?

— Com o que você veste, com o que faz, com quem você sai, quando sai e até o que você come.

Olhei para ele, suspirando e largando o talher em cima do prato e percebo o quanto meu pai se incomoda com o tilintar das louças se chocando de forma tão brusca.

— Não estou chateado com a minha mãe dessa vez — digo. Por mais que ela seja o maior dos meus problemas.

— Então quem está chateando você?

Pressionei os lábios, desviando o olhar e apoiando o cotovelo na mesa para segurar o rosto. Considero a ideia de dizer para ele a verdade, ou quem sabe só meia verdade, meu pai não precisa de detalhes.

— Eu briguei com o meu amigo do Brooklyn — conto, forçando um sorriso enquanto assisto o garçom transitar pelo restaurante, parando de mesa em mesa — Ele está com raiva de mim.

— Ah! — ele arqueou as sobrancelhas, parecendo entender exatamente o que eu estava querendo dizer — E brigaram por que?

— Porque eu fiz uma coisa que deixou ele chateado, mas não foi por querer! — digo alto, me exaltando por um instante — E ele também não é uma pessoa muito fácil de lidar — acrescento, bufando em seguida — Porra, o que ele quer de mim?

— Você tentou conversar com ele?

— Sim, mas ele não quer falar comigo... — resmungo, estreitando os olhos, ficando mais emburrado a cada segundo.

— Hmm... — meu pai esboçou um sorrisinho. Ele está se divertindo com o meu sofrimento, eu não acredito nisso — E o que foi que você fez de tão ruim?

Apertei os olhos, respirando fundo outra vez.

— Ele acha que eu tenho vergonha dele, acha que eu não quero que as pessoas saibam que nós andamos juntos — digo, tentando tomar cuidado com as palavras — E eu não quero mesmo que as pessoas saibam, porque tudo o que é meu as pessoas tentam destruir, tentam tirar de mim, envenenando todos que se aproximam com mentiras e boatos estúpidos!

— Certo...

— Mas eu acho que ele não gosta de mim de verdade, então... — suspirei, dando de ombros e forçando um sorriso — E eu não acho que isso vai mudar, nós vamos parar de ser... amigos de uma vez por todas.

— Você gosta dele?

E por mais receoso que eu me sinta em admitir, tomo coragem para afirmar, balançando a cabeça em concordância e tentando controlar as reações exageradas do meu corpo, tentando esconder a vergonha.

— O quanto você gosta desse seu amigo, Tae? — ele perguntou baixo, tentando capturar o meu olhar.

— Só um pouco.

— Você deveria conversar com ele — diz, dando de ombros, estendendo a mão para o garçom — E se ele não gostar de você, azar o dele.

Sorrio fraco, me contentando com o seu conselho, porque é o máximo que eu posso conseguir nessas circunstâncias.

— Não vai terminar de comer? — perguntou, encarando meu prato ainda cheio.

— Não tô com muita fome — digo, batucando os dedos na mesa.

Ele concordou, deixando que retirassem nossos pratos.

— Você já recebeu a resposta de alguma das faculdades em que se inscreveu? — perguntou, mudando completamente o foco do assunto.

— Já... — digo baixo, sem nenhuma vontade de falar sobre isso — Lista de espera em Yale e em Harvard também, mas fui aprovado em Stanford, na Uconn, Brown...

— E Princeton? — pergunta, franzindo o cenho conforme eu vou abrindo a boca.

— Aprovado também — suspiro, batucando os dedos na traseira do celular.

— E o que você decidiu?

Abro um sorriso fraco, é tão falsa a forma como ele tenta fazer parecer que a escolha foi minha, quando ele é quem manipula todas as cartas na mesa e faz seu próprio jogo.

E por pura provocação eu decido abrir a boca, só para dizer a coisa mais absurda que ele vai ouvir hoje.

— Eu quero fazer jornalismo, na Uconn.

Meu pai arregalou os olhos, soprando o ar com um riso fraco, então começou a negar com a cabeça. Ele está olhando para mim como se eu estivesse contando uma piada de mau gosto.

— Que ideia é essa, Taehyung?

— Eu queria fazer jornalismo — dou de ombros.

— Não, você não quer,

— Eu quero — reafirmo, e ele ri.

— Onde mesmo que você disse que quer cursar jornalismo? — questionou com deboche, arqueando as sobrancelhas.

— Na universidade de Connecticut.

— Universidade pública, Taehyung? Você é aceito em Princeton e na Brown, mas quer ir para uma universidade pública? Eu não acredito que estou ouvindo uma coisa dessas — riu de um jeito nervoso, começando a ficar irritado.

— Você perguntou o que eu queria, eu respondi.

— É essa carreira medíocre que você quer? Tenha dó, Taehyung.

Puxo o ar, juntando as mãos no meu colo e apertando os meus dedos.

— E o que você quer que eu faça? — questiono baixo, já ciente do que ele vai responder, conheço esse discurso de cor.

— Direito, em Princeton — respondeu rude — É isso o que você vai fazer, agora trate de esquecer essa discussão.

Faço que sim com a cabeça, mordendo o canto dos lábios e suspirando uma outra vez.

— Onde já se viu... — continuou a resmungar, rindo sozinho — Jornalismo, só pode ser brincadeira — continuou, falando sozinho até trazer seus olhos irritados pra mim — E já escolheu pra onde quer viajar nas suas férias? Talvez você esteja pensando em fazer um mochilão na Europa, já que suas ideias estão exaltadas, eu não duvido que seja isso.

— Não escolhi ainda... — digo baixo, começando a me arrepender de tê-lo provocado dessa forma.

Eu tinha me esquecido do quão irritante o meu pai fica quando as coisas não saem da forma que ele deseja.

— Certo, me avise quando decidir — suspirou, relaxando os ombros e olhando ao redor antes de se levantar — Vamos pra casa.

O acompanhei, esperando ele se despedir de grande parte das pessoas que gostam de puxar seu saco e paparicá-lo.

Na volta para casa, a única coisa que fiz foi verificar se Hoseok ainda me mantinha bloqueado em suas redes sociais e sim, ele ainda não quer falar comigo.

Esse imbecil de cabeça dura.

Meu pai também não tentou puxar assunto algum, então passamos o caminho inteiro em silêncio, enquanto pingos de chuva começavam a atingir os vidros das janelas e a música do rádio ficava cada vez mais ruidosa.

— Onde minha mãe foi? — pergunto ao chegarmos em casa, me dando conta de que o carro dela não está na garagem com o restante.

— Deve estar em alguma daquelas reuniões com as amigas — diz com sarcasmo. Ele odeia as amigas da minha mãe e odeia os grupos sociais dos quais ela faz parte, ele diz que todos eles são compostos por mulheres odiosas e arrogantes, mas ele não diz isso na cara dela, é óbvio, porque apesar de achar tudo uma grande bobagem, ele sabe que os grupos são importantes para a minha mãe, independente do quão fútil sejam.

E mesmo sabendo que meu pai está longe de ser o marido perfeito, ele ainda a respeita na medida do possível.

O casamento dos meus pais é a definição mais literal da palavra, uma união estável entre duas pessoas e nada mais do que isso.

Me tranquei no quarto pelo restante da tarde, deitado na cama enquanto assistia a chuva cair lá fora. E pode ser o ambiente, pode ser pelo quarto ser grande demais ou por eu não ter acendido mais de uma luz quando me tranquei aqui, mas sinto que nunca estive tão solitário como agora.

E o silêncio aflora meus pensamentos, faz minha mente trabalhar duas vezes mais e em segundos me pego remoendo tudo sobre Hoseok outra vez.

É tão exaustivo e tão frustrante, me vejo prestes a entrar em colapso quando meus sentimentos por ele começam a interferir nos meus pensamentos, quando tudo se embaralha e a voz da razão vai pra puta que pariu.

Eu sou muito idiota.

Me sentei no colchão, engatinhando até a mesa de cabeceira e abrindo a primeira gaveta, procurando pelos meus fones de ouvido. E antes que eu pudesse por as mãos na caixinha branca, um objeto vermelho me chamou mais atenção.

O isqueiro que Hoseok deixou aqui na primeira vez que eu o trouxe para casa.

Ele veio aqui "buscar" num outro dia e então nós acabamos brigando, eu não pensava nessa coisa desde então, me esqueci completamente dele.

O peguei e o acendi, só para olhar para a chama acesa por um ou dois segundos, antes de atirá-lo dentro da gaveta outra vez e pagar os malditos fones de ouvido.

Queria não me sentir tão culpado, queria não ter esse peso na consciência que me deixa cada vez mais impossibilitado de pensar, de agir, queria não ter Hoseok na minha cabeça a cada maldito segundo.

Me pergunto se ele ficou chateado, ainda que seja um pouco difícil imaginar Hoseok se chateando de verdade com algo, talvez ele só esteja com raiva de mim...

Se bem que, raiva e mágoa não são sentimentos assim tão distintos.

Como eu sou idiota, é óbvio que ele se chateou comigo, caso contrário não teria saído da festa daquele jeito, não teria gritado comigo e não teria me bloqueado até na porra do Twitter.

Fecho os olhos, tentando controlar a raiva que sinto de mim mesmo, engolindo um grito de frustração.

Hoseok me odeia.

Não importa o que eu faça, ele sempre vai me odiar e sempre vai lembrar do quanto eu o tratei mal durante anos.

Sempre.

Me deitei na cama, conectando os fones do celular e dando play no primeiro vídeo que aparece nas notificações do Youtube.

Preciso parar de pensar nele, parar de ser assim tão fissurado com os problemas e de me preocupar tanto. Eu posso resolver as coisas na segunda-feira feira, ele não vai ter como fugir de mim no colégio, ele pode tentar me ignorar e se esconder, mas não pode fugir.

Eu sei que ele está com raiva e ressentido, mas porra, Hoseok vai ter que me ouvir.

E me frustra perceber o quão preocupado e ansioso eu estou com isso. Desde quando Hoseok é assim tão importante na minha vida ao ponto de me tirar o sono?

Ele sempre fez da minha vida um inferno mesmo, em todos os sentidos e de todas as formas, Hoseok sempre deu um jeito de entrar na minha cabeça e virar tudo de ponta cabeça e eu o odeio tanto por isso...

E ainda que eu o odeie um pouco menos quando a bagunça que ele faz em mim é com boas intenções, não deixa de ser ódio.

Percebo que me perdi dentro dos meus pensamentos outra vez quando noto que já se passaram dez minutos de vídeo e eu não absorvi absolutamente nada, fico ainda mais possesso de raiva por isso, reiniciando o vídeo e me forçando a prestar a atenção dessa vez.

Os minutos se passam e quando percebo que não vou conseguir me distrair, simplesmente desisto. Me seguro muito para não atirar o celular contra a parede do quarto, não me debater na cama e gritar feito um maluco.

Inferno!

Será que ele gostava de mim antes? Antes das coisas desandarem, antes do acampamento...

Será que ele gostava de mim como eu gostava dele?

Eu queria que ele gostasse de mim, só um pouquinho, mais do que gosta dos outros.

E talvez ele até gostasse, se eu soubesse demonstrar, se soubesse fazer as coisas como os outros fazem, se não agisse feito um maluco e se não fosse tão agressivo.

Talvez Hoseok gostasse de mim se eu fosse a princesa que ele diz que eu sou, se agisse como uma, se me comportasse e falasse como a porra de uma princesinha.

Mas eu não sou assim, eu grito, provoco, xingo e até bato nas pessoas e, pensando por esse lado, minhas roupas cheias de fru-fru não fazem jus a minha verdadeira personalidade.

E querendo ou não isso me deixa magoado, me deixa mexido, é como ter a comprovação de que ninguém nunca vai gostar de mim pelo o que eu sou, só pelo o que eu tenho a oferecer.

As pessoas não querem saber de mim ou se preocupar, elas querem as vantagens que vem no pacote, as coisas fúteis, os prazeres e todo esse tipo de merda.

Franzi o cenho, engolindo o choro, ignorando o nó na minha garganta e bufando na sequência.

É deprimente. A minha vida é deprimente.

Quero chorar de raiva, de frustração, porque é isso o que eu mereço, não ter ninguém para confiar, ninguém que me corresponda de verdade, mas tudo bem.

Já que a porra da solidão não mata, eu posso aprender a conviver com ela.

Mas antes disso, Hoseok vai me ouvir, ele querendo ou não.

Abri a gaveta outra vez, pegando o isqueiro vermelho e o enfiando no bolso da calça antes de vestir o casaco.

Foda-se, eu vou dar o braço a torcer, mas essa vai ser a última vez.

Comecei a mandar mensagem para o meu motorista antes mesmo de entrar no elevador e quando cheguei na garagem ele já estava lá, ligando o carro.

— Lembra do restaurante onde o Hoseok trabalha? — pergunto ao entrar no carro e tudo o que ele faz é grunhir em afirmação — Pode me levar lá?

Ele sorri antes de assentir.

— É claro, Taehyung — disse, abrindo o portão da garagem para sair com o carro.

Sinto que ele quer perguntar o motivo, mas é óbvio que ele não vai adiante com sua curiosidade. Dirigimos devagar por causa da chuva e do trânsito infernal de Nova York, leva tanto tempo para chegarmos que já pensei em desistir mais de três vezes.

Começo a suar de nervoso, me acovardando a cada passo que dou para dentro do restaurante. Pergunto por Hoseok na recepção e minha cara vai no chão quando a mulher diz que ele está de folga hoje.

Deus do céu, eu nem mesmo deveria ter saído de casa.

Não sei se devo ficar aliviado ou se devo ficar mais decepcionado ainda por ele não estar aqui hoje.

Então volto para o carro e passo quase um minuto inteiro em silêncio, olhando para o nada enquanto seguro o isqueiro dentro do bolso.

— Quer ir pra casa?

— Não... — respondo baixo, mordendo os lábios — Você se lembra daquele lugar que me levou com o Hoseok na sexta à noite?

— Sim.

— Eu queria ir na casa do Hoseok, mas eu não sei o endereço, mas ele mora perto daquele prédio que você levou a gente — explico, apertando os dedos.

— Tudo bem — ele arranca com o carro, sem fazer mais perguntas.

O trajeto até o Brooklyn leva uma eternidade, é quase exaustivo de tão longo. A chuva parece ficar mais grossa depois de alguns minutos e o trânsito mais lento, estou começando a me arrepender de ter vindo.

E se Hoseok não estiver em casa? E se ele não quiser falar comigo? E se ele estiver com alguém?

Meu deus, essa foi a ideia mais idiota que eu já tive.

Começo a ficar verdadeiramente nervoso quando chegamos no bairro de Hoseok, estou roendo as unhas quando minha ficha começa a cair.

— E agora? — Richard pergunta antes de passar em frente ao prédio onde o amigo de Hoseok mora.

Procuro pela janela o prédio que ele me mostrou quando estávamos no terraço, mas o fato de estar escurecendo e chovendo forte não me ajuda com isso.

Levo uma eternidade para conseguir apontar a direção correta e depois de dar voltas demais pelo bairro, finalmente estamos em frente ao prédio onde Hoseok mora.

— É aqui?

— É — digo, com certeza absoluta.

Olho para as janelas, para as luzes acesas dos apartamentos enquanto tento tomar coragem para descer do carro. Conto os andares e assim que encontro a janela que suponho ser do quarto de Hoseok, eu vejo a sombra de um gato, o rabo peludo se movendo devagar.

E num pico de coragem eu abro a porta, desço do carro e me encolho inteiro ao sentir o peso da chuva em mim, as gotas de água grossas e gélidas me encharcando em segundos.

E quanto mais enrolo para ligar para o apartamento dele através do interfone, mais forte parece que a chuva cai. Estou tremendo de frio quando Hoseok finalmente atende, com a voz rouca e baixa, quase inaudível.

Quem é?

— Taehyung — digo baixo, me angustiando com o silêncio que se estende em seguida. Sinto um nó na garganta com o desespero triplicando dentro de mim — Hobi, fala comigo...

— Vou descer — é tudo o que ele diz antes de desligar.

Então espero, uma eternidade se passa até eu finalmente vê-lo descer as escadas. Os olhos de Hoseok encontram os meus e saltam do rosto, ele aperta o passo, destrancando a porta e me puxando para dentro.

— Por que você não disse que estava na chuva, caralho, eu teria aberto a porta pra você — começou a esbravejar — Porra, nunca ouviu falar em guarda-chuva? — bufou, me olhando de cima a baixo e bufando uma segunda vez quando me encolhi de frio — Puta que pariu...

Hoseok está vestindo roupas velhas e largas, com o cabelo bagunçado de quem acabou de acordar. Deus... eu chego a me esquecer das palavras que preparei pra ele durante todo o caminho até aqui.

— O que veio fazer aqui, Taehyung? — perguntou baixo e com um suspiro, coçando a nuca e relaxando os ombros.

— Pedir desculpa — digo baixinho, apertando meus dedos molhados, olhando para a poça de água que começava a se formar embaixo dos meus pés — Eu não tenho vergonha de você, Hobi, eu juro que não tenho.

Ele desvia o olhar, engolindo em seco e por isso sei que está começando a ficar irritado.

— Você tem razão, eu não quero que as pessoas saibam que estamos "juntos", mas não é por eu ter vergonha de você ou por medo dos julgamentos — explico, esfregando as mãos — Você lembra o que fizeram no acampamento? Lembra das coisas maldosas que diziam de mim pra você? Lembra que depois da gente ter transado, a primeira coisa que eu ouvi quando acordei foi "o Hoseok tá dizendo por aí que te comeu" — repito, me remoendo de ódio ao lembrar disso — E não era verdade, mas eu acreditei e me desculpa por isso — respiro fundo, tentando engolir o orgulho e o ódio — Você sabia que era a minha primeira vez, então eu pensei: "ele tá por aí se gabando que tirou a minha virgindade" — rio nervoso — Eu fiquei magoado, fiquei com raiva e gritei que você estava inventando que dormiu comigo, te chamei daquelas coisas ruins e disse que nunca dormiria com alguém como você — soprei o ar, subindo as mãos até a minha cabeça, afastando o cabelo molhado da testa.

Hoseok bufou ao lembrar, trocando o peso dos pés e me encarando de cenho franzido, ainda em silêncio.

— E eu te tratei muito mal depois disso, te tratei mal por anos, eu fui cruel, eu fui infeliz e fui babaca — digo num grunhido, diminuindo o tom de voz a cada palavra que sai da minha boca.

Posso estar parecendo um gato molhado, pálido e tremendo de frio, mas ainda sou orgulhoso demais para continuar pondo tudo para fora sem saber se ele vai rir da minha cara ou não.

— E você foi mesmo — ele concorda, ganhando a minha atenção por um momento.

— Eu fui — digo num grunhido, como se a pronúncia dessas palavras me machucasse — Mas você também já foi cruel comigo!

— Ta! Me perdoa, Taehyung, por ter sido um babaca com você enquanto você era duas vezes pior comigo.

— Vai se foder, mas que merda! — gritei, cerrando os punhos — Cala a boca e me deixa pedir desculpas, Hoseok, seu imbecil!

— Ta! — gritou de volta.

Bufei, estremecendo de cima a baixo, com cada pelo do meu corpo arrepiado, sinto como se estivesse prestes a congelar de tanto frio.

— Você tá tremendo...

— Eu sei! — gritei com ele, notando quando arqueou as sobrancelhas antes de se aproximar — Porra, por que você não me escuta e conversa comigo como uma pessoa racional? — continuo a esbravejar, encolhendo quando Hoseok segurou a barra do meu moletom e o puxou pra cima.

— Tira esse casaco, tá todo molhado — mandou e eu levantei os braços, deixando ele me ajudar a tirar o casaco, mas também não é como se a minha camisa estivesse seca.

Hoseok franziu o cenho ao olhar para mim, para as minhas roupas e então esboçou um sorrisinho, desviando o olhar e sem entender, parei um minuto para me avaliar, sem saber onde enfiar minha cara ao me dar conta de que sai de casa usando as roupas que ele me emprestou na sexta-feira, uma camiseta preta com a porra do ghostface estampada nela.

Meu deus... Eu sou patético!

— O que é mesmo que você estava dizendo, Taehyung?

— Que eu não tenho vergonha de você e que tudo isso é ridículo! Eu sei o que vai acontecer quando as pessoas souberem — atropelo as palavras, soltando o ar com força — Eles vão falar, vão inventar mentiras, vão se intrometer como se a minha vida fosse pública, como se todos pudessem dar opiniões sobre algo que não entendem! Porque tudo o que eu faço é motivo para fofocas, sempre! E eu não suporto mais essa perseguição idiota! — surtei, cerrando os punhos na frente dos olhos, tremendo de tanta raiva — Mas se você quer que as pessoas saibam, tudo bem! Eu conto pra todo mundo, te apresento pros meus pais se isso te deixar satisfeito! — explodo, bufando ao terminar — Seu idiota — acrescento, suspirando e tentando me acalmar depois de toda essa merda.

— Eu acho que podemos cortar a parte que você me apresenta pros seus pais — ele diz baixo, num tom de brincadeira que me frustra.

— Eu tô falando sério, Hoseok, me ajuda — digo, batendo os pés no chão — Eu não quero que você fique com raiva de mim ou sei lá... Mas eu também não quero que você me force a admitir que temos algo pra todo mundo que perguntar, nós podemos fazer as coisas com mais calma — mordo o lábio — Eu sei que dei motivos pra você pensar o que pensa de mim, mas eu já pedi desculpas...

Ele se calou, baixando o olhar enquanto franzia a testa. Hoseok não vai me perdoar, claro que não vai, eu fodi com tudo mesmo.

— Aqui... — enfiei a mão no bolso, entregando pra ele o maldito isqueiro — Pega essa merda, eu vim te devolver.

Ele aceitou, olhando para o objeto por um momento.

— Eu já dei o braço a torcer, mas se você não consegue fazer isso por mim também, então que se foda — resmungo, esbarrando nele ao tentar passar, sendo agarrado de volta no mesmo instante.

— Você não precisa dizer nada pra ninguém se não quiser — Hoseok diz, apertando o meu braço e suspirando com um pesar — Até porque vamos nos formar em duas semanas e você tem razão, essa discussão é ridícula, em duas semanas essas pessoas não vão mais ser importantes — confessa com um sorriso morno — Vamos com calma nessa parte — ele pressiona os lábios, respirando fundo — E... me desculpa — Hoseok finalmente pede, num murmuro tão baixo que quase não ouço — Por ter deixado as coisas evoluírem tão drasticamente mal, eu meio que... gosto de passar um tempo com você, então...

— Podemos parar com isso agora? — perguntei, torcendo para ele dizer que sim — Eu tô cansado de brigar.

— Eu também — murmurou, segurando minha mão, deixando um carinho na minha palma — Vamos subir, você tá gelado.

Fiz que sim com a cabeça, pressionando os lábios e fechando os olhos por um instante, me controlando para não me enfiar dentro do abraço dele estando molhado desse jeito.

Hoseok segurou meu olhar por um momento, pressionando os lábios e puxando o ar para os pulmões, como se estivesse tomando coragem antes de se aproximar um pouco, subindo suas mãos até o meu rosto e cobrindo minha boca com a sua num beijo que me arrepia.

Reverbera pelo o meu corpo, acendendo algo dentro de mim que me faz arder.

Porra... eu tô tão fodido.

Hoseok volta a segurar minha mão, com o rosto tão perto do meu que se eu quisesse ainda poderia beijá-lo.

— Vem — chamou baixinho, antes de me puxar até as escadas e só quando chegamos nos primeiros degraus foi que me lembrei de Richard, me esperando no carro.

— Meu motorista tá lá fora — digo, parando de andar para pegar o celular em um dos meus bolsos, torcendo para ele não estar encharcado agora.

— Então fala pra ele ir embora, você vai passar a noite aqui.

— Eu vou? — juntei as sobrancelhas.

— Vai — afirmou, continuando a subir as escadas, me puxando junto com ele.

Desbloqueei o celular, mandando uma mensagem para Richard avisando que ele não precisa me esperar e implorando para que não diga aos meus pais onde eu estou.

Assim que Hoseok abriu a porta do apartamento vi Lúcifer deitado na janela, seus olhos amarelos se ergueram assim que entramos e no segundo em que me viu, o gato saiu de onde estava para se esconder.

— Ele não gosta de estranhos, já te disse isso, não é? — Hoseok avisa, trancando a porta e largando a chave em cima da estante da televisão, perto do cinzeiro e das correspondências abertas.

O acompanho até o quarto, reparando na mesa de centro repleta de livros acadêmicos, canetas, cadernos e papéis.

— Você estava estudando?

— Estava — diz ao entrarmos em seu quarto, onde ele abre o armário e tira de dentro uma muda de roupa pra mim — Veste — mandou — E se ficar doente a culpa é sua — avisou — Não mandei você ficar embaixo de um pé d'água.

— Grosso... — resmunguei, erguendo a camisa azul enorme que ele arrumou para mim, suspirando antes de começar a trocar de roupa.

Hoseok esperou que eu estivesse nu para pegar minhas roupas molhadas e sair com elas do quarto. E enquanto ele não voltava, passei um tempo olhando para o meu reflexo no espelho da parede, para a forma como suas roupas caem em mim, elas ficam tão largas em Hoseok, mas por algum motivo parecem ainda maiores em mim.

E tem o cheiro dele, eu conferi enquanto as vestia.

Sai do quarto quando me dei conta de que Hoseok não iria voltar. O encontrei na sala, arrumando a bagunça da mesa, fechando os livros e os cadernos, guardando as folhas soltas dentro de uma pasta.

— Você pode continuar estudando se quiser.

Ele sorriu, balançando a cabeça em negação.

— Você vai me atrapalhar.

— Eu não vou! — insisto, me sentando no sofá dele, subindo os pés no estofado — Eu fico quietinho aqui.

— Não, Taehyung. Você vai me atrapalhar porque eu não vou conseguir me concentrar com você dando bobeira aí, entendeu? — me encarou e só aí eu consegui compreender o que ele estava querendo dizer, sentindo vergonha por isso e rezando para não ter ficado tão perceptível.

— Entendi — cruzei os braços, abraçando meu corpo e encolhendo as pernas.

Ele então parou por um momento, me analisando inteiro antes de se levantar e vir na minha direção. Hoseok parou na minha frente, usando os dedos para pentear o meu cabelo molhado, o puxando para trás, para depois fazer o contorno das minhas orelhas com a ponta dos dedos e eu me encolho inteiro com isso.

— Tá com frio? — perguntou baixo e eu fiz que não com a cabeça. Não convencido, Hoseok segurou e ergueu meu braço, como se quisesse me mostrar os meus pelos arrepiados — Quer um cobertor?

— Não precisa... — digo, mas ele me ignora e vai buscar mesmo assim, voltando pouco tempo depois com o cobertor que vi em sua cama, não me dando outra opção a não ser me enfiar embaixo dele.

E só quando me empacotei todo foi que percebi o quanto o meu corpo desejava por algo quentinho.

— Não precisa — ele repetiu afinando a voz, antes de se sentar ao meu lado no sofá, ligando a TV — Tu tá quase azul de frio, mas não pede um cobertor, é incrível esse teu orgulho.

— Cala a boca — resmunguei, franzindo o cenho, deitando a cabeça no estofado perto do ombro dele, me segurando para não começar a me aninhar ali.

— Quer escolher o filme?

— Não, coloca o que você quiser — murmurei e foi o que Hoseok fez, colocando o próximo episódio de uma série que ele já estava assistindo.

Não espero a introdução do filme acabar pra jogar o cobertor por cima do corpo de Hoseok, fazendo com que nós dois estivéssemos embaixo dele, embrulhados.

— Cadê a sua irmã? — perguntei baixo, apoiando a cabeça em seu ombro.

— No restaurante, trabalhando — ele se remexeu, passando o braço ao meu redor e me puxando para mais perto — Mas ela vai passar a noite fora, acho que arranjou um namorado.

— Hmm — grunhi, quase me afundando por inteiro no corpo dele, desesperado para sentir seu cheiro, seu calor — Minha mãe vai me matar quando souber que eu não estou em casa.

— Você não precisa dormir aqui se isso for um problema.

— Mas eu quero — ergui a cabeça, encontrando seus olhos.

— A princesa gosta da minha casa então? — provocou, sorrindo ao me ver revirar os olhos.

— Não enche o saco, Hoseok — resmunguei, grunhindo quando ele começou a me apertar com mais força, beijando o topo da minha cabeça e me mantendo pertinho assim por um bom tempo.

E enquanto me afundo no cheiro da pele dele, me encolhendo enquanto seus dedos acariciam o cantinho entre a minha nuca e a minha orelha, não consigo deixar de olhar para os livros dele, as anotações largadas na mesa e me pergunto se ele já recebeu o email da faculdade.

— Já recebeu uma resposta de Yale? — pergunto baixo, não medindo minha curiosidade e no mesmo segundo ele para o carinho que ele estava fazendo.

— Já, hoje de manhã.

— E você passou? — o encarei, sem saber como esconder a curiosidade.

— Não sei, eu não tive coragem de abrir o email — ele levou a atenção para a televisão, fazendo pouco caso da situação, como se não tivesse passado anos de sua vida se dedicando a esse momento.

— É sério? E quando você vai olhar?

— Eu não sei, eu tô com medo — confessou, rindo nervoso e abaixando a cabeça — Harvard não me quis, então... acho que... — ele mordeu os lábios, não conseguindo esconder a insegurança.

— Você é idiota? Vai ficar se martirizando com isso sem nem saber a resposta? Olha logo esse email, Hoseok, não fica sofrendo atoa.

— Não vou olhar.

— Por que não?

— Porque se eu não tiver sido aceito todo o meu esforço não vai ter valido a pena, o meu pai vai me matar por ter feito ele desperdiçar dinheiro com a minha bolsa e a minha irmã vai perceber que abriu mão da vida dela inteira pra nada, e eu não tô pronto pra lidar com um desastre como esse, entendeu?

— Entendi — digo baixo, me afastando dele e juntando as mãos no meu colo — Não vou perguntar mais, desculpa...

— Relaxa — bufou, cruzando os braços e encarando a TV com o cenho franzido — Você passou?

— Não, fiquei na lista de espera.

— Seu pai pode resolver isso pra você — abriu um sorriso forçado.

— É... — mordi os lábios — Ele pode, mas eu não quero.

Hoseok me encarou por um instante, em silêncio e eu daria tudo pra saber as coisas que se passaram na sua cabeça nesse instante.

— Sua vida é muito fácil — foi tudo o que disse e eu concordei, sem saber como apoiá-lo numa situação como essa — Pode até parecer que eu tenho raiva de você ou inveja quando falo assim, mas eu não tenho — ele acrescenta, dando de ombros e rindo — Só acho foda pra caralho o quanto as coisas parecem fáceis pra alguns, enquanto outros lutam a vida inteira pra conseguir o básico, é injusto.

— Você entrou, Hoseok — digo com convicção — Você é a única pessoa que merecia entrar de verdade, não tem porque não ter sido você.

Merecer não garante nada, Tae.

— Você tá assim porque não entrou em Harvard, como se fosse fácil entrar naquela universidade elitista do caralho, foda-se eles, nunca foram sua primeira opção mesmo.

Ele riu e então balançou a cabeça em negação. Hoseok manteve o silêncio por um curto período de tempo, olhando para o nada antes de trazer a atenção de volta pra mim

— Quer ficar chapado?

Arqueei as sobrancelhas, levando alguns segundos para assimilar o que diabos Hoseok está me oferecendo.

— Quero — aceito sem pensar, me assustando com a facilidade de dizer sim pra algo desse tipo.

Hoseok se levantou, passou alguns minutos no quarto antes de voltar para sala, sentando no chão por cima dos tornozelos, enquanto arrumava as coisas na mesa.

Eu sei que não deveria me "encantar" por algo assim e pode até ser porque é Hoseok fazendo, mas não consigo controlar a atração fodida que sinto por ele enquanto o vejo bolar um baseado.

É algo além de mim, da minha razão e da minha capacidade de fazer o que é certo, mas talvez seja exatamente por isso, por saber que não deveria.

E quando Hoseok acaba, ele me oferece tanto o cigarro quanto o isqueiro para que eu fume primeiro.

Faço sem questionar, afundando no sofá e o prendendo entre os lábios, queimando a ponta e tragando com mais vontade do que o necessário, tossindo assim que a fumaça desceu pela minha garganta e o cheiro forte da erva começou a se espalhar.

Hoseok revirou os olhos rindo, antes de tomar o baseado da minha mão e se ajeitar ao meu lado no sofá.

— Como foi o seu domingo, Tae? — Hoseok pergunta, me ouvindo pigarrear ao seu lado.

— Passei a manhã toda com o meu pai, no clube, jogamos tênis... foi legal — deitei a cabeça no estofado, abrindo um sorriso fraco — Eu disse a ele que queria fazer jornalismo — lambi os lábios — E ele perguntou onde eu tava com a cabeça.

— Que merda...

— Ele falou que eu vou pra Princeton cursar direito, então eu vou — dei de ombros, aceitando o baseado quando ele me ofereceu.

— Seu pai não parece uma pessoa ruim.

— Ele não é — digo, fumando antes de continuar — Minha mãe é quem é ruim, o meu pai só tem os ideais dele, ele acha que sabe tudo.

— Sua mãe é ruim como? — ele se virou de frente pra mim, apoiando a cabeça nas costas do sofá.

— Ela gosta de me criticar, de colocar defeito nas coisas que eu faço. Ela gosta de dizer que eu como demais, de dizer que eu engordei, gosta de criticar as roupas que eu visto — fechei os olhos por um momento, suspirando — Ela fala: "Taehyung, essa roupa não fica bem em você" ou "Taehyung, suas bochechas estão grandes demais" — forcei um sorriso — Ela diz a coisa mais destrutiva que vem a cabeça, num tom de voz manso e com um sorrisinho no rosto, é do tipo passiva agressiva — puxei o ar, tragando o cigarro outra vez.

— Puta merda, que cuzona... — resmungou, me tirando uma risadinha — Meu pai é assim também, só que sem a voz mansa e, muito, muito mais agressivo — Hoseok tragou, puxando a fumaça e fechando os olhos — Uma vez eu cheguei em casa chorando porque uns moleques mexeram comigo no colégio — Hoseok esboça um sorriso fraco — E ele me deu uma surra, disse que eu tinha que aprender a virar homem e não deixar os outros me intimidarem, que eu tinha que aprender a resolver meus problemas sozinhos.

— Caralho...

— É, mas ele sempre foi mais cruel com a minha irmã — Hoseok suspirou, tendo a atenção capturada pelo gato que entra na sala, caminhando devagar até estar se enfiando entre suas pernas — Ele nunca escondeu que prefere a mim do que ela.

— E a sua mãe? — arrisco perguntar, mas Hoseok não responde de imediato, tudo o que ele faz é me devolver o baseado e se abaixar para pegar o gato no colo.

— Eu não tenho mãe.

— O que aconteceu com ela?

— Ela foi embora, só isso — deu de ombros, grunhindo quando Lúcifer começou a morder a palma da sua mão — Gato maldito...

— Eu quero segurar ele — digo, colocando o baseado no cinzeiro da mesa e estendendo as mãos para pegar o gato. Hoseok me entregou o bicho, rindo enquanto os olhos dele se arregalaram e os pelinhos se eriçaram de medo, Lúcifer afundou as unhas na minha pele, paralisando até mesmo quando comecei a lhe fazer carinho — Fofo.

E por incrível que pareça o gato não saiu do meu colo quando o soltei, continuou deitadinho até se acostumar com o carinho.

— Quantos anos ele tem?

— Dois, eu acho — Hoseok esboçou um sorrisinho, coçando o próprio braço numa lentidão esquisita, ou talvez seja eu quem esteja vendo as coisas lentas demais.

Segurei as patinhas do gato, brincando com elas enquanto ele me encarava com os olhos enormes, parecendo ficar maiores a cada segundo.

— Ele é tão fofinho... — murmurei e Hoseok começou a rir do meu lado.

— É, muito fofo, agora larga esse capetinha — mandou, tentando tirá-lo do meu colo, recebendo um arranhão como punição — Filho da puta, olha que eu te tranco no banheiro — ameaçou, rindo quando o gato soltou um miado esganiçado antes de Hoseok largá-lo no chão.

O gato continuou miando em sinal de desgosto, ronronando enquanto se esfregava no sofá, antes de sair da sala.

Hoseok se inclinou para pegar o baseado, o prendendo entre os lábios e afundando no sofá, relaxando os músculos e fechando os olhos por um momento. Ele passa tempo demais com ele, encarando a ponta queimada por uma eternidade, com os olhos ficando cada vez mais pesados.

Hoseok então virou o rosto para me encarar, esboçando um sorriso preguiçoso que me faz rir.

— Tá chapado, Hobi? — perguntei com um sorriso, saindo do lugar para ir para o colo dele, sendo bem recebido pelos seus braços que rodearam minha cintura e apertando minhas coxas enquanto eu firmava as pernas ao seu redor.

— Eu tô de boa — mordeu o lábio, trazendo o baseado perto da minha boca para que eu pudesse fumar — Segura... — mandou, subindo a palma da mão pelo o meu rosto, pressionando os dedos os dedos na minha nuca — Agora solta — pediu, encostando a boca na minha, entreabrindo os lábios junto comigo e puxando a fumaça para si.

E eu me arrepio inteiro enquanto sinto sua boca tocar a minha, encaixando direitinho enquanto ele puxa o ar, com os dedos cada vez mais firmes no meu pescoço. Hoseok faz cada músculo do meu corpo amolecer e meu coração salta dentro do peito, me deixando hipnotizado, me deixando zonzo.

Ele sorri ao mesmo tempo que eu, erguendo o olhar por um milésimo de segundo antes de me beijar, afundando a língua dentro da minha boca, me provando inteiro enquanto cada célula do corpo vibra e me deixa em puro êxtase.

E quanto mais o beijo parece durar, melhor ele fica, pode até ser por eu estar chapado, por sentir os segundos durando uma eternidade, o tempo se estendendo mais e mais enquanto as mãos de Hoseok sobem pelas minhas coxas, apertando antes de me puxar um pouco mais pra cima.

Até mesmo quando ele afasta minha boca da sua e põe o baseado de volta na boca, nenhum dos meus pensamentos parecem fazer sentido, não consigo compreender nada, completamente nada além do desejo absurdo que sinto por ele, a excitação na boca do estômago, me fisgando e acabando com a vontade que eu tinha de fazer qualquer outra coisa que não fosse ficar em cima de Hoseok, beijando sua boca até não aguentar mais.

Corri a ponta dos dedos pelo contorno do rosto dele, deslizando pelo seu pescoço, antes de me render completamente à vontade de beijar aquele pedaço de pele. Hoseok grunhiu assim que afundei o rosto em seu pescoço, suspirando quando o beijei, quando corri a ponta da língua por ele.

— Tae — Hoseok chamou com a voz rouca e baixa, enquanto eu descia uma das mãos pelo seu tronco, puxando a barra da sua camisa até conseguir raspar as unhas pela pele da barriga lisinha dele.

— O quê? — perguntei, raspando a ponta do nariz pelo pescoço alheio, inalando todo o perfume de Hoseok até ficar desnorteado com o cheiro tão gostoso.

— Desce vai... — pediu, segurando minha nuca e acariciando o meu cabelo, para então puxar os fios para trás, afastando minha cabeça até que conseguisse olhar nos meus olhos — Desce e ajoelha pra mim.

Esbocei um sorriso, lambendo os lábios antes de sair de cima do colo de Hoseok, me ajoelhando entre suas pernas enquanto ele separava mais os joelhos, afundando no sofá.

Hoseok colocou o baseado de volta na boca, erguendo o quadril enquanto eu tentava puxar a barra da sua calça para baixo. Ele grunhiu, enfiando a mão lá dentro e trazendo o pau para fora, bombeando devagar enquanto com a mão livre Hoseok segurava o meu rosto, com o polegar por cima do meu lábio inferior, abrindo minha boca e estreitando os olhos ao sentir a pontinha da minha língua.

Cheguei mais perto, deixando que ele mesmo colocasse seu pau na minha boca, que enfiasse tudo até que não sobrasse nada para fora.

Meus olhos começaram a arder e a lacrimejar, enquanto eu tentava controlar a respiração para não engasgar.

Hoseok acariciou minha nuca antes de empurrar minha cabeça de uma vez para baixo, enfiando tudo, chegando tão fundo que o refluxo foi instantâneo. Apertei os olhos, tossindo enquanto a saliva começava a escorrer pelo pau dele, descendo pela sua virilha e fazendo uma lambança absurda.

Ele encolheu a barriga enquanto eu o tirava da boca, escorregando a língua pelo seu falo até conseguir passá-la entre a fenda da cabeça, o fazendo fechar os olhos enquanto relaxava de uma vez no sofá.

Seus dedos ficaram mais firmes no meu cabelo, puxando com força até demais enquanto eu fechava minha boca ao redor da cabeça do seu pau. Ele gemia enquanto eu sugava, apertava os olhos e encarava o teto, fora de órbita.

Ele arfou quando voltei a engolir seu pau, prendendo o baseado entre os lábios e fazendo fumaça enquanto com uma das mãos acariciava o meu cabelo.

Hoseok me assistiu tirar e colocar seu pau dentro da boca, várias e várias vezes, deixando que chegasse no fundo da garganta, que escorregasse pelo céu da minha boca enquanto minha língua descia e subia por cada veia dele.

— Caralho... — grunhiu, esfregando o rosto, deixando que um fio de sorriso puxasse seus lábios antes de gemer arrastado — Cacete, Taehyung... — arfou, puxando minha cabeça pra trás até que eu o tirasse da boca.

Ele me deixou continuar com a mão e enquanto eu subia o punho escorregadio pelo seu pau, mantendo os olhos fechados, gemendo uma última vez antes de gozar na minha mão, nos meus dedos e na própria barriga.

Mordi os lábios, me levantando devagar e me inclinando por cima dele, chegando perto o suficiente para ele poder me beijar, devagarinho, com a respiração agitada.

E só depois disso foi que ele me acompanhou até o banheiro para se limpar. Lavo as mãos primeiro e o espero no corredor, o assistindo ir de um lado para o outro dentro do banheiro, fazendo tudo com uma calma absurda que me faz rir depois de alguns segundos.

— Quer parar de rir de tudo o tempo todo?

— Não consigo — murmuro, para logo depois ter minha atenção capturada por Lúcifer, saindo de dentro do que eu suponho ser o quarto de Jiwoo, ele passa por entre as minhas pernas e mia — Fofo.

— Esse bicho tá carente pra caralho hoje.

— Ele gosta de mim — digo, me abaixando para pegá-lo no colo e o abraçando, só para ouvi-lo ronronar na sequência — Que gracinha você... — murmurei pro gato, enquanto seus olhos ficavam grandes e absurdamente fofos — Lulu.

— Para de dar atenção pra esse bicho — Hoseok resmungou, me segurando pelo braço e me levando de volta pra sala.

Ele se sentou no mesmo lugar de antes, encarando os personagens da TV em silêncio, praticamente em transe antes de me encarar outra vez e abrir um sorrisinho.

— Vem cá — chamou, afundando no sofá. Esbocei um sorrisinho, pondo Lúcifer no chão para poder me sentar no colo de Hoseok outra vez.

Enfiando o rosto no pescoço dele, puxando o ar pra poder sentir seu cheiro com mais clareza e me derretendo enquanto ele subia suas mãos pelas minhas costas como carinho, descendo para as minhas coxas, me alisando devagar.

— Hobi — chamei baixinho, apoiando uma das mãos na sua nuca, fazendo círculos com os dedos por cima dos fiozinhos de cabelo dele.

— Fala, princesa — pediu baixinho, puxando e soltando o ar com uma certa preguiça.

Ergui a cabeça, encontrando suas orbes um tanto avermelhadas que automaticamente me tiram um sorriso.

Hoseok não pareceu se importar quando segurei seu rosto, raspando o polegar pela sua bochecha. Sinto vontade de rir e por mais que eu tente engolir isso, Hoseok repara e então solta uma risadinha.

— Que foi, Paris?

— Nada — balancei a cabeça, rindo quando ele abraçou minha cintura com força e praticamente grudou o corpo no meu.

— Então qual é a graça? — provocou, deixando o olhar cair para a minha boca por um instante.

— Eu acho que não deveria gostar de você.

Hoseok arqueou as sobrancelhas, então esboçou um sorriso.

— Ah, então você gosta de mim? — provocou.

— Um pouco, bem, bem pouquinho assim — digo, juntando o dedo indicador com o polegar, tentando mostrar para ele o quão pouco são os meus sentimentos por ele — Quase nada, sabe?

— E você não pode gostar de mim por que? — perguntou baixo, segurando minha mão e abrindo minha palma, entrelaçando os dedos nos meus.

— Porque não tem como dar certo, sabe? — digo baixo — Você e eu, quer dizer... — começo a me enrolar — Meus pais me matariam se soubessem com quem eu estou e o que estou fazendo agora.

— E se eu gostar de você? Só um pouquinho de nada... Isso muda alguma coisa?

Revirei os olhos, mordendo o lábio enquanto finjo pensar. Porque na verdade estou quase morrendo por dentro.

— Continuaria sendo um desastre — olho pra Hoseok, que agora ri da minha resposta — Mas... — balancei os ombros.

— Mas o quê? — insistiu, esfregando a ponta do nariz na minha bochecha, me deixando um beijinho ali — Fala, princesa.

— Eu te odeio, Hoseok, você me deixa com vergonha — reclamei, tentando empurrá-lo para longe de mim, o que só o fez me agarrar com mais força.

— Me fala, mudaria alguma coisa ou não se eu gostasse de você? — perguntou outra vez e eu precisei fechar os olhos pra não explodir, com meu orgulho todo fodido e o receio falando mais alto na minha cabeça.

— Mudaria sim... — murmurei, pressionando os lábios e o abraçando pelo pescoço — Mudaria muita coisa.

Hoseok me segurou pelos braços, me afastando de si para que eu o olhasse no rosto, me tirando um sorriso quase instantâneo.

— Não era pra estarmos chapados na hora de ter essa conversa — ele diz e eu começo a rir, segurando seu queixo com uma das mãos e apertando, grunhindo e lhe roubando um selinho, depois outro e mais outro.

Fiz isso até Hoseok ceder e me dar um beijo de verdade, enquanto seus dedos ficavam cada vez mais firmes no meu quadril, me forçando para baixo até que o atrito das nossas intimidades ficasse mais intenso a cada vez que eu me mexia em seu colo.

Chega a ser frustrante o quão bem ele me faz sentir.

Hoseok não se incomodou quando voltei a grudar nele, guardando o rosto na curva do pescoço, dedilhando sua pele e escorregando a ponta dos dedos pela sua nuca.

Eu gosto tanto, tanto, disso e eu sei que não deveria gostar tanto assim, sei que não tem a mínima probabilidade de isso dar certo, mas não deveria ser errado eu me sentir assim, ou deveria?

É tão cansativo eu não conseguir aproveitar nem um segundo com Hoseok sem me importar com o que vai acontecer no futuro.

Fechei os olhos por um momento, enlaçando de uma vez o pescoço dele enquanto tudo dentro de mim implorava por mais contato físico, como se isso fosse possível.

Hoseok devolveu o abraço, escorregando as mãos pelas minhas costas como carinho, deixando um beijo fraco no meu ombro, o suficiente pra me deixar mole.

— Eu tô com fome — ele sussurra, me tirando uma risada quase que instantaneamente — Para de rir! — mandou e isso só me fez continuar, como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.

— Acho que tô com fome também — digo, me afastando o suficiente para olhá-lo nos olhos.

— Acha é? — riu.

— É — esfreguei a barriga — Não como nada desde o almoço.

— Você é maluco — resmungou, dando um tapinha na minha coxa para que eu me levantasse — Vou fazer macarrão pra gente.

— Macarrão... — repeti, assentindo com a cabeça e o seguindo até o outro cômodo — Você sabe cozinhar?

— Óbvio, né, princesa? Nem todo mundo tem um chefe de cozinha em casa igual a você — debochou, enchendo uma panela com água e a colocando na boca do fogão.

— É verdade... — paro pra pensar por um instante, me desligando da realidade por meio minuto e quando me dou conta, Hoseok está olhando pra mim, rindo enquanto coloca a massa do macarrão dentro da panela com água.

— Puta merda, você tá viajando... — disse, antes de virar de costas pra mim e abrir a geladeira — Você tem frescura com calabresa?

— Não.

— E cebola? Você tem cara de criança enjoada que não come nada.

— Eu não tenho frescura com isso também — resmunguei, cruzando os braços e me aproximando dele quando começou a picar a cebola.

— Você tá cortando muito grande — comentei sem pensar, me encolhendo com um risinho quando Hoseok ergueu o olhar, estufou o peito e apontou a faca pra mim.

— Quer fazer no meu lugar? — arqueou as sobrancelhas, gesticulando com a faca sem perceber — Ou você acha que eu sou seu funcionário?

— Não... — cobri a boca pra segurar o riso, maneando o olhar entre seu rosto irritadinho e a lâmina afiada — Pode fazer do seu jeito.

— É bom mesmo — bufou, voltando a picar a cebola, resmungando palavrões baixinhos — Pega, lava as mãos e corta isso aqui — decidiu, pondo a calabresa na tábua onde os cubinhos de cebola estavam, segurando minhas mãos e me obrigando a lavá-las para depois segurar a faca.

— Hoseok... eu não sei — digo baixo e ele ri nervoso.

— É só fatiar.

— Mas...

— Meu deus, Taehyung, é assim — ele tomou o objeto da minha mão e começou a fatiar, três vezes antes de me devolver a tarefa — Vai, sua vez — cruzou os braços, me assistindo fatiar a calabresa com toda a calma e cuidado do mundo — Puta que pariu, você parece a Kendall Jenner com o pepino.

— Eu não sei fazer isso! — gritei, pressionando os lábios — Eu tenho pessoas pra fazer isso pra mim, caso você não se lembre! — resmunguei, largando a faca de qualquer jeito ao terminar — Pronto.

— Viu? Não foi tão difícil assim, princesinha — ele segurou meu rosto, me dando um selinho breve como recompensa.

Bufei, lavando as mãos enquanto ele voltava para o fogão e começava a fritar tudo em uma panela separada. Assisti em silêncio ele fazer o molho e quanto mais forte o cheiro da comida ficava, mais fome eu parecia sentir.

Hoseok misturou tudo no fim, servindo os pratos, enquanto beliscava a comida a cada meio minuto.

Comemos na sala e pode até ser por eu estar morto de fome por conta da droga, mas ele cozinha bem pra caralho. É o melhor macarrão que eu já comi, mesmo tendo certeza de que o sabor fica infinitamente melhor na situação degradante em que estou.

— Eu só não vou colocar você pra lavar a louça porque é capaz de você chorar — Hoseok avisa, pegando os pratos e os levando para a pia assim que terminamos.

E quando ele volta pra sala, se amontoa comigo no sofá, se enfiando entre as minhas pernas e deitando a cabeça na minha barriga, parecendo amolecer toda vez que eu lhe fazia cafuné.

Ficamos coladinhos assim até o sono bater e resolvermos ir pra cama.

E eu não consigo pensar em nada mais satisfatório do que dormir agarradinho com Hoseok, com os braços dele ao meu redor e a respiração fraca na minha nuca.

É a porra do paraiso.

(...)

Eu vou morrer.

Vou morrer e a culpa vai ser minha por ter me enfiado nessa situação de merda.

— Hoseok, eu não vou andar de metrô com você! — gritei, mesmo depois dele já ter me arrastado para fora de casa — Eu vou pedir um Uber, vai você de ônibus, de metrô ou a pé se quiser! — esbravejei, com meu rosto queimando de raiva — Eu já fiz demais acordando às seis da manhã pra tomar banho nesse seu banheiro de merda e ainda ter que usar o seu uniforme, mas que merda!

— Taehyung, não tem como você chegar no colégio de carro antes dos exames começarem — ele explica pela terceira vez desde que acordamos — Você vai passar uma hora só tentando atravessar a ponte, vai ter sorte se conseguir chegar lá antes das nove.

— Eu não vou andar de metrô! — repito pausadamente, com tanta raiva dentro de mim que minhas orelhas queimam.

— Por que? Por acaso você tem alergia a pobre? — debochou — Faz o seguinte então, princesa, pede pro seu pai mandar o helicóptero dele vir te resgatar e aí você pode ir voando, filho da puta.

— Você é ridículo, Hoseok!

— O quê? Vai dizer que o papai Hilton não tem um helicóptero.

— É claro que ele tem! — gritei e Hoseok arqueou as sobrancelhas e riu nervoso, antes de começar a andar.

— Ótimo, tá aí o seu transporte, vou estar na estação caso resolva ir do jeito mais plausível! — ele gritou, começando a se distanciar de mim, praticamente me obrigando a ir atrás.

— Hoseok! — chamei, evitando correr, mas quando ele começou a virar a esquina não tive outra escolha — Hobi!

— A princesa resolveu ir com a ralé? — provocou, puxando um cigarro para fora do maço e o prendendo entre os lábios.

— Só porquê você tá me obrigando! — grunhi, cruzando os braços e andando praticamente grudado nele.

— Taehyung, eu não tô te obrigando a porra nenhuma — ele ascendeu o cigarro, deixando a fumaça escapar por entre os lábios.

Mantive o silêncio, aceitando o meu destino, mas só até começarmos a descer as escadas sujas para dentro da estação de metrô. Quando comecei a ver aquele amontoado de pessoas andando para uma só direção, meu coração faltou sair pela boca.

— Ratos — é a única coisa que consigo dizer, Hoseok segue meu olhar e ri quando vê o bicho preto correr para dentro de um buraco.

— Bem vindo a Nova York — ele diz, segurando minha mão assim que passamos das catracas.

Aperto sua mão tão forte que não sei como ele não reclama. Há muitas pessoas, definitivamente, é escuro, sujo e estranho, mas fica menos pior quando o metrô chega na estação.

Ele não chega a lotar de gente, mas mesmo assim ficamos em pé. Passo alguns instantes olhando para as barras de ferro onde Hoseok se apoia com o metrô ainda parado.

Eu não vou pegar nessa coisa.

As portas se fecham e no puro desespero eu me seguro em Hoseok, ganhando quase que instantaneamente a sua atenção. Ele ergueu o olhar da tela do celular, me medindo de cima a baixo, encarando em silêncio meus braços ao redor do seu tronco antes de suspirar, não ousando discutir comigo por isso.

Ele quem não se atreva a dizer alguma coisa a essa altura do campeonato, eu sou capaz de arrancar os cabelos se tiver que discutir com ele dentro desse trambolho de metal.

— Pega — Hoseok me entregou um de seus fones de ouvido logo nos primeiros minutos que passamos de pé.

Ele está ouvindo alguma merda do Eminem, não consigo descobrir qual música, mas escuto mesmo assim.

— A gente vai ficar em pé por muito tempo? — pergunto baixo, apoiando a cabeça em seu ombro.

— Só até algum assento ficar livre.

— Hm... — fechei os olhos, estou começando a sentir sono.

Não sei ao certo em quantas estações paramos até um banco finalmente ficar livre. Há espaço o suficiente para nós dois, mas eu sou fresco demais pra isso.

Hoseok tem razão, eu sou uma pessoa de muitas frescuras.

Ele se sentou e eu me sentei logo em seguida, no colo dele e nem preciso olhá-lo no rosto para saber que está revirando o rosto.

— Você não vai pegar nenhuma doença se encostar nas coisas, sabia? — resmungou enquanto eu me endireitava em cima das suas coxas.

— Vou sim! — resmunguei, me encolhendo quando Hoseok enlaçou minha cintura com os braços e me segurou firme no lugar.

— Você é a criatura mais fresca que eu já conheci, puta que pariu.

— Eu sou! — grunhi baixinho, cruzando os braços por cima dos dele — Você sabe que eu sou, agora me deixa em paz.

Ele riu fraquinho, deixando a respiração quente bater na minha nuca, me arrepiando e por meio segundo tenho o pensamento de que essa situação não é assim tão catastrófica, mas essa ideia some quase tão rápido quanto aparece.

E quando finalmente chegamos, percebi que a única coisa que aprendi durante essa viagem de quarenta minutos, é que Hoseok gosta muito das músicas do Eminem, setenta por cento do que eu ouvi foram as merdas obscenas que ele compõe.

— Viu, princesa? Você não morreu por isso — disse assim que saímos do buraco infernal que ele chama de estação.

— Eu quero tomar um banho — digo num resmungo, andando de mãos dadas com ele até o colégio.

— Quer tirar o cheiro de pobre de você? — debochou, rindo quando larguei sua mão e o empurrei pelo ombro.

— Cala a porra da boca.

Hoseok voltou a se aproximar, segurando minha mão outra vez e me puxando para pertinho.

— Você podia ir lá pra casa depois da prova — digo baixo, tentando não sorrir com o carinho que ele começou a fazer com o polegar nas costas da minha mão — Ou a gente podia sair...

— Sair pra onde?

Dei de ombros.

— Qualquer lugar — digo, mordendo os lábios enquanto penso — Eu podia te levar no clube onde meu pai é sócio.

— Que tipo de clube? — estreitou os olhos.

— Um clube ué — balancei os ombros — Tem quadras de esporte, academia, ginásios, piscinas, restaurante... — começo a citar — Essas coisas.

— Puta merda, é esse tipo de clube cheio de mauricinhos que você quer que EU vá? Tá maluco, Taehyung,

— Hoje é segunda, então vai tá mais vazio do que de costume — explico — Só idosos e mulheres casadas que não tem nada pra fazer à tarde.

— Não sei, não...

— Por favor! — peço, me enfiando no meio do caminho dele — Hoje vai fazer sol, você não viu na previsão do tempo? A gente pode usar a piscina... — sugeri, arqueando as sobrancelhas e abraçando sua cintura ao chegar mais perto.

— Seu pai vai descobrir...

— Foda-se — mordi o lábio, encarando sua boca por um momento — Por favor, Hobi, eu andei de metrô com você!

Ele riu, revirando os olhos e segurando meu rosto com as mãos.

— O que eu ganho se eu for?

— Eu.

Hoseok riu uma segunda vez, balançando a cabeça em negação antes de me dar um beijinho.

— Eu vou, mas tenho que estar no trabalho às seis.

— Tá bom — pressionei os lábios, lhe dando outro beijo antes de continuar a caminhada até o colégio.

(...)

Eu sabia que chegar junto com Hoseok chamaria a atenção das pessoas, mas não sabia que seria tanta.

E se antes ele não conseguia entender a gravidade da situação, tenho certeza de que depois do bombardeio de perguntas que Jimin lhe fez, ele conseguiu compreender.

Por sorte a semana inteira vai ser de provas, então as pessoas não terão muito tempo para se intrometer como de costume.

Hoseok terminou a prova quase quinze minutos antes de mim, deve ter esperado tanto tempo que não me surpreendi nenhum pouquinho quando o encontrei do lado de fora fumando, conversando com o meu motorista.

— Odeio semana de prova, me sinto burro — digo, abrindo a porta e olhando para os dois que continuavam parados no lugar — Vão ficar aí batendo papo?

Hoseok arqueou as sobrancelhas com uma sorrisinho, apagando o cigarro antes de me acompanhar, enquanto o motorista dava a volta para entrar no carro.

— Vamos passar na sua casa pra trocar de roupa ou algo assim?

— Não.

— Como não?

— Não precisa — franzi a testa, negando com a cabeça.

— Entendi, mas me diz, você anda com roupa de banho no porta malas ou algo assim, Tae?

— Não, se eu preciso de alguma coisa eu compro.

Hoseok arqueou as sobrancelhas, afundando no banco e esfregando o rosto por um momento.

— Sua vida é bizarra... — murmurou, encarando a janela e mantendo o silêncio pelo resto do caminho.

Nem mesmo quando chegamos ele disse alguma coisa, passamos pelo salão e Hoseok parecia mudo, talvez perdido enquanto encarava o teto e as paredes, olhando no fundo da alma das pessoas que cruzavam com a gente e achei que ele fosse paralisar quando viu as quadras de tênis.

— Porra, qual o tamanho desse lugar? Parece que estamos andando há horas... — reclamou, ainda de mãos dadas comigo — Ainda acho que a gente deveria ter trocado de roupa, não parece certo estarmos de uniforme, mas eu também não acho que teria roupas pra estar aqui — ele disse baixo, olhando ao redor.

— Vem — o empurrei para dentro de uma das lojas de roupa de banho, notando seus desespero no segundo exato em que entramos no lugar.

— Vai se foder, eu não tenho dinheiro pra isso — grunhiu, tentando me puxar pra fora.

— Eu pago.

— Não!

— Para de show, anda... — o puxei pelo braço — Já falei que eu pago.

— Nem fodendo, Taehyung.

— Hoseok, meu deus, não é nada — insisto, tentando convencê-lo a aceitar. Eu não sabia que ele podia ser tão orgulhoso.

— É estranho!

— Não é! — o empurrei para o meio das araras de roupas, procurando eu mesmo algo para Hoseok vestir — Pega — entreguei a ele uma camisa e uma bermuda que o fez torcer o nariz no mesmo instante.

— Até parece que eu vou vestir essa porra — sacudiu as roupas.

— Mostra o provador pra ele, por favor — peço assim que uma das funcionárias se aproxima.

— Claro — ela concorda, levando Hoseok sem que ele pudesse contestar.

Ele demora mais do que o esperado lá dentro, tempo o suficiente para eu pudesse trocar de roupa e colocar na conta do meu pai.

— Vai se foder, eu tô parecendo a porra do Ken! — Hoseok disse assim que abriu a cortina, me tirando uma risada alta — Pau no seu cu, Taehyung, eu não vou vestir essa merda de roupa de filhinho de papai do caralho.

Arregalo os olhos ao ouvir todos os palavrões sendo ditos de uma vez, alto e claro o que só me faz rir ainda mais.

— Ficou uma gracinha! — digo e Hoseok falta explodir.

— Eu vou te matar — apontou pra mim — Vou fazer você engolir essa camisa polo do caralho.

— Que besteira — me levantei, arrancando as etiquetas que ele deixou na roupa — Você tá parecendo gente.

— É, porque antes eu era um animal, um bicho com sarna e pulga — resmungou, bufando de ódio enquanto eu o puxava para fora da loja — Cacete de roupa ridícula... A gente é o que a porra da Barbie e a merda do Ken?

Revirei os olhos tentando parar de rir do quanto ele xinga.

— Para de ser tão reclamão...

— Vai se foder, cadê meu cigarro.

— Ficou no bolso do uniforme — digo, o fazendo se sentar em uma das espreguiçadeiras perto da piscina, só para me sentar em seu colo logo depois — Depois você pega.

Hoseok manteve o cenho franzido, ainda vermelho de raiva enquanto encarava minha boca. Precisei segurar o riso enquanto o observava agir desse jeito nervosinho.

Segurei o rosto de Hoseok em uma das mãos, beijando sua bochecha e me mantendo perto por um tempo, abrindo um sorrisinho enquanto raspava a ponta do nariz pela sua pele.

— Quer comer ou beber alguma coisa? — perguntei baixo, me arrepiando ao sentir suas mãos deslizarem pelo meu corpo.

— Não... — ele nega, virando o rosto só o suficiente para conseguir encostar a boca na minha — Assim já tá bom.

Abri um sorrisinho, suspirando quando Hoseok mordeu meu lábio sem força, devagarinho, soltando antes de me beijar. É tão gostoso, tão bom, que me deixa fora de órbita, me alucina.

É tão estranho pra mim me dar conta do quão bom ele é beijando, o quão bem a boca dele encaixa na minha, não me lembro de já ter encontrado alguém com um beijo que fosse tão perfeito quanto o dele.

— As velhas tão olhando pra cá — ele murmura, segurando o riso com a boca ainda encaixada na minha, apontando sutilmente com a cabeça na direção das mulheres a que se refere.

Uma dupla de mulheres, não tão velhas, sentadas do outro lado da piscina enquanto tomam chá gelado.

— Foda-se — mordi o lábio, me levantando e começando a tirar a camisa — Você sabe nadar, Hobi? — pergunto, o puxando pela mão até que se levantasse.

— Sei — concordou, tirando a camisa e se aproximando de mim — Quer saber como o meu pai me ensinou?

— Como?

— Era uma piscina comunitária — ele começa, chegando mais perto — Eu devia ter cinco ou seis anos... — segurou meus braços — Então ele me pegou e me jogou na água — deu de ombros — Assim — foi a última coisa que disse antes de me empurrar para dentro da piscina.

Meu corpo estremeceu ao ser coberto pela água gelada, consegui tocar o fundo da piscina antes de tomar impulso para voltar pra superfície. Puxei o ar, afastando o cabelo do rosto e travando ao ser agarrado pela cintura, puxado para trás enquanto ouvia a risadinha de Hoseok na minha nuca.

— Seu pai é um imbecil! — gritei, ainda tirando a água dos olhos.

— Ele é, mas eu aprendi, não aprendi? — perguntou, me largando e deixando que eu virasse de frente para si.

— Parabéns pra ele por fazer o mínimo, que seria te manter vivo.

Ele riu, me puxando para si, enlaçando minha cintura e me impulsionando para cima até que eu prendesse minhas pernas ao redor do seu quadril.

Hoseok me carregou até uma das bordas, me apoiando na parede da piscina.

— Você não tá com medo do seu pai descobrir que me trouxe aqui?

— Ele não vai saber — garanto, subindo as mãos pelos seus ombros molhados até sua nuca, acariciando os fios úmidos de seu cabelo — Meu pai não sabe merda nenhuma das coisas que eu faço, além do que eu conto pra ele. Se ele se interessasse de verdade, já saberia quem você é, saberia onde mora, quem são seus pais... Mas... ele não liga.

Hoseok arqueou as sobrancelhas, desviando o olhar por um momento.

— Assustador.

— É sim — concordo, segurando uma de suas orelhas, fazendo o contorno dela com os dedos, tocando a argola prateada em seu lóbulo — Mas não precisa ter medo... — digo, segurando o riso — Acho que o meu pai vai ser o menor dos seus problemas no momento, ele só é ruim quando realmente não gosta de alguém ou quando eu discordo dos seus planos meticulosamente planejados pra mim, como quando falei pra ele que queria fazer jornalismo — explico, puxando a soltando o ar — A essa altura ele já deve ter ligado para o reitor de Princeton para garantir a minha vaga, marcado uma reunião ou sei lá — revirei os olhos — Meu pai resolve os problemas de um jeito bastante... excêntrico.

— Hmm... gosta mais dele do que da sua mãe?

— Sim, porque meu pai pode ser ruim com os outros, mas não é comigo. Já a minha mãe é boazinha e gentil com todos, exceto...

— Exceto com você — completa com um suspiro — Certo, já entendi como funciona a dinâmica da família Kim.

— Isso... — prendi minhas pernas com ainda mais força ao redor da cintura dele.

Queria dizer a ele que estará tudo bem enquanto meus pais não souberem sobre nós, que não precisa se preocupar com o que meu pai vai fazer para separá-lo de mim ou o escândalo que minha mãe vai causar dentro de casa, infernizar feito uma megera.

E eu acho que Hoseok não precisa mesmo se importar com isso, porque no final das férias de verão ele vai pra Connecticut e eu pra Nova Jersey.

É passageiro.

Tudo é passageiro.

Porque não tem como dar certo, definitivamente não.

Sou arrancado para fora dos meus pensamentos quando Hoseok me arranca da borda da piscina, afundando comigo até que nossas cabeças estivessem submersas.

Então ele volta para cima, sorrindo enquanto eu me mantenho cada vez mais preso ao seu corpo.

Hoseok tem o cabelo grudado na testa e os olhos miúdos virados em duas curvinhas sorridentes. Me atrevi a afastar seu cabelo do rosto, penteando com os dedos para depois descansar as mãos em seu pescoço, passando o polegar por suas bochechas.

Meu deus...eu realmente gosto desse filho da puta.

Hoseok me beijou antes que eu pudesse ter a iniciativa, um beijo infinitamente melhor do que os que me deu hoje.

Ele me faz derreter, faz meu estômago revirar e meu coração bater mais forte.

Passamos a tarde inteira no clube, na beira da piscina, comendo, jogando conversa fora, brincando na água e beijando, beijando muito.

Não sei se pra Hoseok foi tão divertido quanto foi pra mim, mas pelas suas bochechas rosadas, queimadas do sol e o sorriso tranquilo que esboçava enquanto íamos embora, acredito que foi tão bom quanto.

Me sinto tão contente e em paz, que nem mesmo o fato de ter que enfrentar o inferno particular que é a minha casa me perturba nesse momento.

Não consigo pensar em mais nada que não seja Hoseok.

E não quanto eu estou fodidamente apaixonado por ele.

🎀

Eu sei que eu falei que ia postar att em comemoração aos 100k de leituras, mas como eu não sei segurar capítulo, postei antes kkkkkkk

me sigam no twitter (gabbieah_) ou no instagram (gabbie.ah) eu tento deixar vocês informados sobre as atts o máximo possível em ambos.

os vhope de Elite tem contas no ig também @itstaehkim e @jungseokit sempre deixo escapar spoilers dos próximos capítulos por lá.

É isso, até o próximo capítulo!

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