Garras, presas e ossos

By Analuaautora

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Em um universo onde betas costumam ser uma maioria desafortunada, um reino sendo governado por um, era algo c... More

[ α β Ω ] Personagens
[ α β Ω ] Informações e Avisos
[ α β Ω ] O calor do âmbar é como brasas derretendo o inverno
[ α β Ω ] Lágrimas escorrem entre pétalas, como flocos de neve no verão
[ α β Ω ] A dor não se apaga, é combustível para incendiar as curvas do destino
[ α β Ω ] O egoísmo de um coração, é maior do que a culpa que tornou-se cinzas
[ α β Ω ] Amores proibidos são como sangue tingindo as mãos de escarlate
[ α β Ω ] Olho por olho, dente por dente, garra por garra

[ α β Ω ] Prólogo: A morte de um rei, é o florescimento de lírios vermelhos

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By Analuaautora


Olá, boa tarde, boa noite, boa madrugada ou bom dia! 

Vindo aqui dar um gostinho a vocês 🤭

Garras é meu maior xuxuzinho, estou animada para escrever ela, e espero que vocês gostem de acompanhar! 

Caso queiram usar uma tag para comentar sobre a fic, usem #garrastk e se gostarem do que vão ler, não hesitem em comentar, eu vou adorar saber o que estão achando! 

Enfim, sem mais delongas, tenham uma boa leitura! 

🐺🐾



Reino de Nácar — Vila de garras. — Três dias após a morte do rei. 



— Você acha que é verdade, tudo que dizem sobre o príncipe herdeiro? 


A mulher de cabelos vermelhos arregalou os olhos, somente de ouvir a menção daquele lobo, todos os pelos de seu corpo se arrepiaram. Puxou a mulher de cabelos escuros consigo, para trás de uma das barracas da feira, para que pudessem conversar em segurança, não poderiam ser pegas falando coisas ruins sobre a família real. 


— Enlouqueceu? Não fale sobre esse assunto assim... ao ar livre, temos que ser cuidadosas — repreendeu, segurando um dos braços da amiga. 


— Por que tanto medo? O rei morreu, o que ele poderia fazer? Mandar-nos para a forca? — zombou, sorrindo. 


— Ele tem três filhos, e guardas por toda a cidade, sua tola! 


A dama de cabelos escuros revirou os olhos, voltando a encarar a amiga profundamente. 


— E então... você acha que o príncipe herdeiro é mesmo tudo o que dizem por aí? — tornou a perguntar, mordiscando o lábio inferior com ansiedade — Dizem que ele é um homem alto, gordo, peludo e que tem um terceiro olho no meio da testa — riu, tombando a cabeça um pouco para trás, a ruiva apenas balançou a cabeça em negativa, desistindo de ensinar modos a amiga. — Ai... ai... fiquei sabendo que ele matou muitos lobos, aqui e nos outros reinos, que ele é cruel, frio e que tem sede por sangue, ninguém que o desafiou conseguiu sair inteiro da batalha, sorte dos que saíram com suas vidas — concluiu, agora, parecendo preocupada. 


— Chae... se tem tanto medo dele, não deveria falar seu nome em vão. 


— Mas ele será o nosso rei! Como posso não falar? Não está preocupada? Além do mais... dizem que... dizem que ele é um beta... nunca na história de nenhum reino, um beta foi rei ou rainha... príncipe ou princesa... ele não será capaz... estamos perdidos... vamos morrer de fome e sede... ele vai nos matar! 


— Como pode falar assim de sua própria raça?


A pergunta da ruiva chamou a atenção da garota que agora mordia a ponta do dedão, completamente perdida em pensamentos ruins, era curiosa mas estava com muito medo. 


— C-como? — perguntou confusa, lágrimas acumuladas em sua linha d'água. 


— Nós somos betas. 


Ambas mulheres se encararam em silêncio, as respirações pesadas eram as únicas ouvidas, até a dama de cabelos escuros endurecer a expressão. 


— Por isso digo. Nosso lugar é aqui, não nascemos para governar... somos betas, precisamos de um alfa para ser o nosso rei... príncipe Seokjin quem deveria subir ao trono... não sei como... não sei como nosso rei pode ter tido um filho beta... não faz sentido... o ventre da rainha só pode ter sido amaldiçoado como dizem...


— C-chae... talvez só seja o d-destino, quem sabe n-na... 


— Agora quem está sendo tola? Não há esperanças para nós, sempre seremos isso e nada mais, simples betas. A escória do nosso mundo. Não temos sangue azul, não temos ouro, nem seda, temos pouco para comer e beber, nascemos para trabalhar e servir aos nobres. Só temos uns aos outros, e com esse beta despreparado no comando, talvez em breve... não tenhamos nem onde viver com nossas famílias... só Deus sabe o que ele fará com o reino — engoliu em seco, liberando lágrimas dos olhos marejados, a outra lentamente concordou com suas palavras, chorando também. 


A mulher ruiva puxou a amiga para um abraço, agachadas atrás de uma banca da feira com verduras, ambas choraram conformadas com seu destino sofrido e temendo o desconhecido. 


[ α β Ω ]



Castelo dos Jeon. — Reino de Nácar.



Nácar está em luto. A morte do rei Jeon Sung-won pegou a todos de surpresa, e apesar de ser inevitável, não diminuiu o desespero de seus súditos. Um novo rei deveria receber a coroa, esta que por direito, está destinada a Jeon Jeongguk. O único beta da família real, o primogênito, o lobo que o reino não via há anos, um rei que ninguém desejava sentado ao trono, um rei que muitos temiam. 


Todo um futuro deixado nas mãos de um homem conhecido apenas por sua classe inferior e suas conquistas tenebrosas e quase inacreditáveis. 


Hoseok suspirou, visivelmente cansado, o príncipe mais novo estava encarregado do funeral do pai. Seokjin, seu irmão do meio, estava sentado no antigo trono do rei, o príncipe não se importava em ter o homem em meio ao salão, em um caixão e já sem vida, sentou-se espaçosamente no trono, ainda com as marcas de lágrimas secas nas bochechas. 


— Eu deveria ser o rei, sabes disso, não sabes, irmão? — perguntou, tombando a cabeça um pouco para o lado, a coroa pesada do rei enfeitando seus fios escuros.  


Hoseok o olhou e negou lentamente. 


— Jeongguk é o nosso irmão mais velho, ele é o primeiro filho, ele será o rei, apenas conforme-se, Jin. 


O sorriso bonito nos lábios de Seokjin aos poucos tremeu, desaparecendo e dando lugar a uma expressão dura, as sobrancelhas quase unidas de tanta raiva. 


— Jeongguk é uma vergonha para Nácar! — vociferou, a voz ecoando alta e estridente pelo salão. — Ele não deveria subir ao trono. Tsc, um mísero beta... ainda não acredito como nossa mãe foi tão incapaz, não é possível que somente eu pense que isto é um absurdo, ele manchará a imagem da nossa família, assim como manchou a nossa linhagem, ele não merece nem mesmo o sangue que corre naquelas veias, se é que ele tem de fato, sangue azul como o nosso — concluiu, levantando-se do trono — Entretanto... caso Jeongguk deixe de existir... o sucessor ao trono serei eu — sugeriu, arqueando as sobrancelhas enquanto se aproximava do irmão. 


Hoseok aos poucos arregalou os olhos, enquanto compreendia as palavras do irmão, logo, balançou a cabeça em negativa. 


— Basta! Não insulte mais a nossa mãe. E chega de brincadeiras também... você não seria capaz disso, apesar de tudo, ele é o nosso irmão, não é? Seokjin... 


Seokjin então sorriu novamente, os olhos do alfa brilharam e refletiram um tom de vermelho amedrontador, antes de apoiar uma das mãos no caixão do pai, olhando para o corpo já sem vida, estalou a língua no céu da boca, antes de concordar: 


— Tem razão, irmãozinho, eu não seria capaz. 


Hoseok ignorou o irmão, tinha muitas coisas para fazer, instruindo aos servos como deveriam preparar o castelo para o funeral. Em suas caminhadas, passou em frente ao harém do rei, espiando pela fresta da porta, enquanto ômegas machos e fêmeas choravam, alguns deles não, mas grande parte sim, respirando fundo, o príncipe empurrou a porta, adentrando o local onde havia apenas cinco lobos. 


O harém era formado por ômegas, em sua grande maioria, inférteis e devolvidos pelos maridos e esposas. Divorciados e indesejados. A infertilidade da classe era uma coisa rara, muitos acreditavam ser fruto de bruxaria ou pragas, ômegas assim não serviam, então eram deixados à própria sorte, alguns tinham mais que outros, e acabavam em algum castelo, vivendo para proporcionar o prazer de seu rei ou rainha. 


— Vocês precisam se preparar, a cerimônia começará em breve, vão poder participar de longe, junto aos criados, não se aproximem muito — avisou, dando as costas ao harém, mas parando em meio ao caminho ao ouvir uma voz. 


— O que será de mim sem Sung-won? Espero que o novo rei se agrade comigo... farei de tudo para ser a preferida dele também — murmurou a mulher, a mais velha entre todos os lobos, uma que Hoseok conhecia bem. 


O alfa já havia presenciado diversos momentos da mulher com o rei, quando ainda era apenas uma criança, muitos deles, enquanto sua mãe, a antiga rainha, definhava em uma cama. O lobo apertou os punhos ao lado do corpo, olhando para a mulher e suas vestes douradas, que deixavam partes específicas de seu corpo esbelto à mostra, era uma mulher muito bonita, mas que trazia um sentimento ruim ao príncipe, mesmo assim, forçou-se a respondê-la: 


— N-não se preocupe... nenhum de vocês será desamparado. 


Hoseok saiu do harém o mais rápido que pode, amava o pai, inevitavelmente, mas às vezes, o detestava, por todo sofrimento causado à sua falecida mãe.  


Algumas horas mais tarde, o sol já havia desaparecido, dando lugar a uma noite escura e silenciosa. Alguns convidados já haviam chegado no dia anterior, ficariam hospedados no castelo até que o funeral terminasse, nobres de quase todos os reinos. Príncipes e princesas, reis e rainhas, duques, marqueses e condes. Todos fizeram uma longa viagem para que pudessem chegar até ali, para que pudessem apoiar os príncipes e principalmente, na esperança de conhecerem o herdeiro do trono. 


Seokjin finalmente estava ajudando o irmão a recepcionar os convidados, criados serviam vinho, licor e comida à eles, uma música calma e melancólica era tocada por alguém no canto do salão, o som da harpa preencheu os ouvidos de Hoseok, no instante em que Kim Taehyung, segundo filho, ômega e príncipe do reino de Abalone, adentrou o castelo. 


Acompanhado dele estava o rei de Abalone, e seu primeiro filho, o príncipe herdeiro Kim Namjoon. Logo atrás e cabisbaixo, estava Park Jimin, criado de Taehyung. 


O coração do alfa sofreu um pequeno solavanco, assim que encontrou os olhos castanhos do ômega. Taehyung sorriu singelamente para si, um sorriso amável, e um olhar de pena, sentiu vontade de chorar, porém, controlou-se ao cumprimentar o rei e receber as condolências. 


— Sinto muitíssimo por ti, alteza — disse Taehyung, por último, fazendo uma reverência ao alfa.


— Obrigado. 


Os príncipes de Nácar continuaram recebendo convidados, e minutos depois, quando pensaram que todos já haviam chegado, estavam prontos para iniciar o funeral. Todos lamentavam e conversavam sobre o ocorrido, relembrando os bem feitos do rei, para então, se calarem ao ouvirem um alto ranger vindo das grandes portas do castelo, anunciando que mais alguém estava chegando. 


Os passos foram se tornando cada vez mais altos, à medida que o homem adentrava ao castelo, uma de suas mãos estava apoiada na bainha da espada em sua cintura. Ele usava uma camisa preta simples e com amarras, a calça da mesma coloração, os cabelos pretos e rebeldes na altura dos ombros, soltos em grossas ondas negras, uma expressão dura, as sobrancelhas unidas e os lábios em uma linha fina, enquanto caminhava em frente, os convidados aos poucos foram dando passagem ao homem, principalmente, ao reconhecê-lo como; Jeon Jeongguk, o príncipe herdeiro. 


Jeongguk continuou caminhando em frente, mas parou no lugar, virando minimamente a cabeça para o lado, ao esbarrar no ombro de alguém, aos poucos, levantou os olhos e encontrou a pessoa que estava em seu caminho. Taehyung endureceu a expressão, os olhos castanhos pareciam tão quentes ao encarar pela primeira vez na vida a escuridão que o beta carregava nos seus. Estava surpreso, não se lembrava de ter visto aquele homem antes, mas não deixou-se intimidar como todos os outros, o encarou da mesma forma, levantando o queixo e franzindo a testa, as sobrancelhas unidas. 


E então o Jeon sorriu, o canto do lábio se curvou para cima, ainda fechado, como se estivesse debochando do ômega, ele virou o rosto para frente e seguiu seu caminho outra vez, ignorando o Kim.


Taehyung sentiu um aperto em um dos braços, e voltou sua atenção para Jimin, o criado parecia tão assustado, que precisou confortá-lo, dando a ele uma das mãos para segurar. 


O silêncio reinou no salão, até mesmo a harpa parou de ser tocada. Jeongguk se aproximou do caixão, passando ao lado dos irmãos sem dizer uma palavra sequer, subiu os degraus e apoiou uma das mãos na madeira, olhando para o rosto pálido do pai, não sentia tristeza, não esboçava nada, apenas tocou uma das mãos frias de Sung-won, retirando de um dos dedos do homem um anel de pedra ônix, o anel pertencia a sua mãe, antes de dizer em alto e bom som, para que todos ali escutassem: 


— Finalmente morreste, velho maldito. Só lamento que não esteja mais aqui para ver o que mais temia acontecendo — concluiu então, pela primeira vez na noite, esboçando um sorriso largo e com a presença dos dentes, ao colocar o anel do pai no próprio dedo, fechando o punho em seguida. 


Jeongguk se virou para os convidados, o sorriso satisfeito ainda presente no rosto, quando se curvou minimamente, fazendo uma reverência exagerada a todos, antes de olhá-los outra vez, uma das mãos sobre o peito enquanto falava. 


— Não mais temam, pois aqui está, o seu rei — anunciou, retirando da bainha a espada, empunhando-a e erguendo para cima, ao terminar. 


Um segundo silêncio percorreu todo o castelo, todos ainda estavam muito impactados com a presença do Jeon, quando por fim, as primeiras palmas foram iniciadas por um dos integrantes do harém, seguidas por pessoas falsas e que temiam o beta. 


Logo uma salva de palmas foi iniciada, e durou alguns segundos, até que Jeongguk guardasse a espada na bainha, e erguesse uma das mãos, fechando o punho e pedindo para que todos parassem. 


— Que a cerimônia comece — ordenou, olhando para os irmãos. 


A cerimônia se iniciou logo depois e durou por horas a fio, o dia já estava amanhecendo novamente quando foi encerrada. Dando início a cremação do corpo do antigo rei, para que sua alma fosse libertada de todos os seus pecados terrenos. 


Hoseok foi para o jardim assim que os primeiros convidados se despediram. Já não estava mais aguentando e precisava de um lugar seguro para chorar, ao lado das roseiras, deixou que suas lágrimas saíssem. Se assustou um pouco ao ouvir alguns passos, engoliu em seco, tentou secar as lágrimas mas quando notou de quem se tratava, deixou as barreiras caírem novamente, o outro homem não disse nada, ele não o julgaria, apenas se curvou em direção ao alfa sentado, abraçando-o. 


Então ele chorou, chorou muito, até as lágrimas cessarem, para então, sentir as mãos quentes do ômega em seu rosto, acariciando-o, os olhos castanhos o encarando com muita ternura. 


— Terei de partir em breve, no entanto, saiba que meus pensamentos estarão em ti — disse Taehyung, acariciando o rosto do alfa.


Hoseok franziu a testa, umedecendo os lábios trêmulos. 


— Beije-me e tire de meu peito um pouco desta dor — pediu, os olhos escuros suplicantes.  


O ômega sorriu, antes de aproximar o rosto ao do alfa e fechar os olhos, espremendo os lábios quentes contra os dele em um beijo simples. Permaneceram assim por alguns segundos, os lábios colados um ao outro, as respirações mornas batendo contra os rostos, o sabor doce daqueles lábios ainda era pouco, Hoseok queria provar mais, então encaixou-os melhor, movimentando as bocas suavemente em carinhos que deixaram seu coração desesperado. 


E quando se separaram, Taehyung mostrou para si o mais belo dos sorrisos. 


— Escreva para mim — falou, ao afastar seus lábios — E quando sentir-se melhor, peça a permissão para me cortejar, nunca mais se sentirá sozinho, cuidarei de ti — garantiu, secando algumas lágrimas do rosto do alfa.


Hoseok concordou, umedecendo os lábios novamente, antes de segurar uma das mãos do Kim, depositando um beijo sobre ela.  


— Em breve, meu amor.


O alfa permaneceu mais um tempo no jardim, após o Kim se despedir. Apesar de ainda estar triste, sentiu-se um pouco melhor após conversar com o homem que secretamente amava, o homem com quem iria se casar, assim que as coisas voltassem aos eixos. 


Os olhos de Hoseok dobraram de tamanho assim que adentrou novamente ao castelo, pois encontrou Jeongguk com a lâmina afiada de sua espada, contra a garganta de Seokjin. Ambos os homens respiravam com dificuldade, o mais velho agarrava firmemente o irmão pela camisa de linho, mantendo-o no lugar, pareciam estar travando uma batalha, a espada de Jin estava no chão, enquanto com as mãos erguidas, e o canto da boca ensanguentado, puxava o ar com força para os pulmões, a adrenalina da luta corporal anterior ainda correndo quente em suas veias. 


— O que está acontecendo aqui?! — Hoseok gritou, aflito, se aproximando dos dois homens, olhando de um para o outro. 


— Seu irmão estava me dando as boas vindas — respondeu o beta, sem nenhum sinal de que estava afetado pela briga. 


Seokjin engoliu em seco, o pomo de Adão se movendo à medida em que engolia, sentindo a pressão da lâmina contra o pescoço, então sorriu, um sorriso largo e falso, olhando de soslaio para o irmão mais novo. 


— Ah... eu estava apenas testando as habilidades de Jeongguk... mas ele não sabe brincar — riu, olhando para o beta a sua frente. — Vamos, irmão, abaixe a espada. 


Jeongguk então, arqueou as sobrancelhas, deixando que um sorriso de deboche surgisse em seus lábios, antes de retirar a espada do pescoço do irmão, guardando-a novamente na bainha e se endireitando. 


— Cuidado com as brincadeiras, Seokjin, ou da próxima, poderá perder a cabeça — aconselhou, dando dois tapinhas no rosto do alfa, que recuou de seu toque, controlando um rosnado. 


O beta deu as costas aos dois homens e foi em direção ao jardim. Hoseok apenas o observou partindo, e quando ficou sozinho com o irmão, olhou para Seokjin, o alfa que agora limpava o canto dos lábios cortados e sujos de sangue, um sorriso descrente presente no rosto. 


— Hum... devo confessar que o beta sabe se impor — comentou, cambaleando um pouco para trás ao receber um empurrão no peito, dado por Hoseok — Enlouqueceste, Hoseok?! — vociferou, descrente, mas se calou perante o olhar irritado do irmão mais novo. 


— Você quem deve ter enlouquecido, Seokjin! Pare de provocar o Jeongguk, eu não quero ser rei, muito menos, ver meus dois irmãos, a única família que me restou, se machucando, tenha juízo — advertiu, deixando o alfa com a boca escancarada por um tempo. 


O alfa balançou a cabeça em negativa, sentindo-a girar. 


— Eu sou o seu irmão, Hoseok! Aquele — apontou para fora, indicando Jeongguk — Não conhecemos, sabe lá por onde ele esteve em todos esses anos, nem no funeral da nossa mãe ele veio, e agora vem aqui, fazer um espetáculo, fazendo pouco da memória de nosso pai, não tenho sangue frio — rangeu os dentes ao terminar, encarando seriamente o irmão. 


— Só... só pare, pelo meu bem. 


Seokjin nada mais disse, também, não teve tempo, logo Hoseok o abandonou, seguindo o irmão mais velho para o lado de fora do castelo. Correu para o jardim, mas ele não estava lá, então caminhou sem rumo e acabou o encontrando na ponte, o beta observava as terras de Nácar dali, o sol nascendo ao longe, iluminando os campos vastos e avermelhados, aos poucos o Jeon virou-se para o lado, ao sentir o cheiro de sândalo do irmão. 


— Por onde andou todo este tempo, Jeongguk? — sussurrou a pergunta, olhando além. 


Jeongguk permaneceu em silêncio por um tempo, antes de responder, ainda sem tirar os olhos do campo. 


— Diferente de você, meu irmão, não tive as regalias de um alfa, andei por muitos lugares, aprendi diversas coisas, treinei e aprimorei minhas habilidades, me preparei para tomar o meu lugar no trono, enquanto você e o seu irmão, aproveitavam as mordomias que somente um nobre pode ter. 


Hoseok franziu a testa, as palavras ácidas do irmão atingiram-o em cheio. 


— E-então... você fez mesmo tudo o que dizem por aí... você é um... um... 


— Quer saber se eu sou o colecionador de lobos? — questionou de volta, desta vez, olhando no fundo dos olhos do irmão. 


Hoseok não respondeu, mas não desviou o olhar, aguardando uma explicação. 


— Histórias são sempre aumentadas, Hoseok. No entanto, há algo que não é mentira, lutei com muitos lobos ao longo de minha vida, muitas vezes, para estar aqui hoje, este colar — falou, puxando de dentro da camisa um colar com três pingentes naturais; um deles de uma garra, o outro de uma presa, e o último era um pequeno osso — É a representação das minhas maiores conquistas, cada um desses objetos foram retirados de um lobo que ousou me subestimar, não sou um colecionador, mas não permito que subestimem minhas capacidades, nem a minha inteligência. 


Hoseok partiu os lábios sem saber o que responder, o colar que viu no pescoço do irmão, fez sua espinha gelar, seu estômago embrulhar e seu corpo estremecer, piscou os olhos repetidas vezes, umedecendo os lábios enquanto concordava lentamente. 


— E-entendo... peço desculpas por Seokjin... ele apenas precisará acostumar-se com sua presença, para ele é um pouco difícil, pois foi ele quem tomou o comando do reino quando papai adoeceu, portanto, peço que seja um pouco mais paciente com nosso irmão, darei alguns conselhos a ele também, verá que ele não é de todo ruim — pediu, não encarando o irmão nos olhos. 


Jeongguk esboçou um pequeno sorriso, tocando um dos ombros do alfa e fazendo-o olhar para si. 


— Se ele cruzar o meu caminho, não hesitarei em eliminá-lo, nem por você, e nem por nenhuma ligação sanguínea — avisou, encontrando o olhar assustado de Hoseok. 


O alfa partiu os lábios novamente, sentindo o peso da mão do irmão em seu ombro, para então, se surpreender mais uma vez, com um pedido inusitado, destoando de toda a conversa pesada que estavam tendo. 


— Você me parece ter se tornado um bom homem, Hoseok... peço que me ajude com os preparativos da minha coroação, quero assumir o quanto antes o reino, tenho muitos planos para Nácar — pediu, afastando a mão do ombro do alfa, e olhando para o horizonte outra vez. — Agora que serei rei, também quero me casar, portanto, peço que me ajude com isso também. 


— C-casar? 


— Certamente, tenho muitos planos sobre isso também. 


Hoseok concordou lentamente, embora ainda estivesse impactado com as informações. 


— E-esta... está bem, assim que cuidarmos da sua coroação, lhe apresentarei os melhores pretendentes de todos os reinos.  


Jeongguk sorriu, satisfeito, e o sol nascendo ao longe, aquecendo sua pele, era a maior testemunha do início de um novo reinado. 


🐺🐾


Oii, e ai, gostaram?

Garras é meu maior xuxuzinho 🥺

Espero de coração que tenham curtido, e que acompanhem essa história. 

Tô passando aqui pra falar sobre as atualizações. Como já estou com uma história em andamento (que por sinal, é o meu outro amor), pra eu não me atrapalhar, eu vou deixar as atts de garras para a cada duas semanas. 

Com dia fixo aos domingos, que é o segundo dia que tenho mais livre para escrever e publicar. 

Então, a cada duas semanas, aos domingos, ok?

Ou seja, a próxima será dia 19/02 e assim por diante, ok? Não desanimem, não vai demorar tanto, e tudo vai depender também, pode ser que eu publique antes, só estou dando uma data, para vocês não ficarem perdidos. 

Se você chegou até aqui, obrigada e nos vemos em breve. 

Até mais! Analu. 🐺🐾















































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