Nota:
Esse é um capítulo narrativo. Ele mostra a conversa entre Kageyama e Hinata após o "dois desejos".
Boa leitura 😘
12h35min
Hinata's Pov
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Definitivamente eu não estava brincando quando disse que iria até a sala do Kageyama.
Juntei toda minha coragem, levantei da minha cadeira e, após uns dez passos, cheguei na porta da turma dele. Hesitei pensando se realmente deveria abrir, pois não queria deixá-lo desconfortável. Para minha surpresa, não precisei tocar a maçaneta para a porta se mover, pois o próprio Kageyama fez isso. Ele quase se bateu comigo, mas conseguiu me ver assim que a madeira clara deixou se ser um obstáculo entre nós.
Seus olhos estavam passando todo nervosismo que habitava seu corpo. Vinha sentindo isso desde que li suas mensagens desconexas e com erros de digitação. Kageyama definitivamente não consegue esconder quando algo o deixa nervoso demais. Sinto que nessas horas, é quando posso me iludir achando que ele realmente gosta de mim.
- Você veio mesmo. - ele disse.
- Claro que vim. Olha sua última mensagem. - mostrei o celular. - Senti que você havia desmaiado, então quis verificar. Seus colegas achariam que dormiu e não fariam nada, então alguém tem que fazer.
- Foi mal. Eu não consigo digitar com as mãos tremendo.
- Seu nervosismo me faz achar que gosta de mim. Não deveria iludir um pobre coração assim, Kageyama-kun.
- ...
- Mas pelo menos sei que em breve irei fazer isso ser real. Mais duas cantadas e você vai cair aos meus pés. Confia.
- Hinata.
- O quê?
- Você não precisa das cantadas. Eu já gosto de você.
⊱ ⋅ 🌓 ⋅ ⊰
Quando me dei conta, estava sentado em uma escada - que é quase inutilizada pelos outros - com as costas apoiadas nas do Kageyama. Ele disse algo como: Não olhar para você me deixa mais tranquilo, então vamos ficar assim. Eu não estava prestando muita atenção, pois o choque recente ainda era muito claro na minha mente. ELE DISSE QUE GOSTA DE MIM, TEM NOÇÃO?! Não sei como cheguei naquela escada, apesar de saber que usei meus próprios pés, já que não perdi a consciência em nenhum momento.
- Você não disse nada o caminho todo e sua mão estava fria... Tá tudo bem? - Kageyama perguntou, e então eu voltei para a terra de vez.
Ele me levou até ali... Me puxando pela mão. CÉUS, ISSO É UM SONHO??
- Fiquei surpreso. Não achei que ouviria aquilo.
- Queria ter dito antes, mas preferi ter certeza... - sua voz parecia mais baixa. - Não quero magoar você, entende?
- Uhum... Então, você gosta de mim, porém não gosta?
- Não! - aumentou o tom. - Realmente gosto de você, mas tenho medo de ser passageiro, uma coisa do momento, e te deixar mal. Quero te dar o amor que você merece receber, porque você é incrível demais para ser magoado por alguém como eu. Egocêntrico, rude, agressivo... Você sabe. O rei da quadra.
- Penso quase da mesma forma. Eu sou chato, irritante, grito e só provoco você. Como gosta de mim? - encostei minha cabeça nele. - É estranho, não?
- Justamente por ser assim que eu gosto de você. Mesmo não admitindo, seu jeito é cativante demais. Às vezes me incomoda um pouco os seus gritos, mas quando eles são alegres por algum passe nosso, acabo ficando feliz junto.
- Por que me bate sempre que grito, então?
- Antes era medo de você descobrir, depois apenas para te fazer perder o interesse. Não me achei bom suficiente quando você confessou o que sentia, e quis tentar te afastar disso.
- Não funcionou, sabe? Ainda amo você como antes... Talvez até mais!
- E eu quero te amar da mesma forma, na mesma intensidade. Você pode me esperar?
- Até o fim dos tempos se for preciso.
Posso jurar que ouvi um projeto de risada sair de sua boca. Não uma risada macabra, mas uma envergonhada.
Kageyama e eu decidimos sair juntos sempre que pudéssemos, para tentar ter cem por cento de certeza sobre o que sentimos - principalmente ele - antes de começar a namorar ou contar para alguém. Seria o nosso segredo.
Ninguém do time ou fora dele iria saber sobre a gente. Pelo menos, até começarmos algo sério. Estava bom para mim. Ter a companhia dele de uma forma mais íntima era o suficiente, e eu jamais iria apressar seus sentimentos. Que crescessem naturalmente em seu coração. Claro, não deixaria de regá-los, pois é essencial para um belo florescer.
- Vamos voltar para a sala? - perguntei, mesmo que faltasse muito para o sinal tocar.
- Não. Vamos ficar aqui até a hora da aula.
Ele se arrumou na escada, sentando-se de frente para minhas costas. Antes que pudesse me virar, senti que Kageyama me puxou para um abraço, mantendo meu corpo entre suas pernas, enquanto escondia seu rosto no meu cabelo. Aparentemente sentindo o cheiro que meu shampoo tem. É muito gostoso, entendo ele.
Ficamos assim por muito tempo. Continuei mandando minhas cantadas no grupo e vendo o rosto dele ficar vermelho com cada uma delas, mesmo que as notas não fossem tão altas quanto a possível temperatura que suas bochechas tinham. Estava sendo tudo ótimo, até o sinal tocar, nos mandando de volta para a sala. O corredor estava quase vazio, então Kageyama reuniu coragem para enrolar seu mindinho no meu, enquanto passávamos pelas pessoas. Ninguém viu.
Nos despedimos assim que chegamos no nosso destino, infelizmente só tendo permissão de nos encontrarmos nos dez minutos livres entre cada aula e no nosso treino do dia.
As coisas estavam ficando melhores. Poderia jurar que tudo não passava de um sonho bom.
⊱ ⋅ 🌓 ⋅ ⊰
18h37min.
- Você com ciúmes é algo que nunca imaginei ver. - não consegui parar de rir dele. Estava sendo hilário demais!
- Ainda com isso na cabeça? Já faz algumas horas, Hinata!
- Não vou esquecer nunca. - sequei a lágrima que caía. - "Você se saia dele". FOI ÓTIMO! - voltei a rir. - Achei que éramos um segredo, Kageyama-kun.
- Atsumu é muito atirado, não posso deixar que dê em cima de você.
- Ele gosta do Sakusa, relaxa.
- Você não entende, né? Ninguém dá em cima de mim, então não sente ciúmes.
- Sinto sim! - bati nele. - Eu vejo muitas meninas olhando pra você com caras apaixonadas. Meu único alívio é saber que você corta pro mesmo lado que elas.
- Como assim?
- Elas gostam de homens e você também.
- Não gosto de homens, gosto de você.
- E eu sou o quê? Uma fruta?
- Entã-
- Não responda.
- Okay, okay. - ele parou, me segurando pelos ombros. - Não precisa se preocupar com nada. Aquelas meninas nunca trocaram uma palavra comigo, e juro que irei afastar elas caso venham tentar, certo?
- Uhum... Também não se preocupe com o Atsumu. A gadisse dele pelo Sakusa não vai morrer nunca.
- Hm... Bom mesmo. Ou corto o saco dele.
- Coitado.
- Vai defender?
- Jamais!