Ódio é ÓDIO, Amor à Parte

Galing kay walkermia

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"Ódio ou amor? Qual sentimento é mais forte?" Hunter é um garoto cujo o maior talento é fazer festas, aquelas... Higit pa

<3 notas iniciais
Dedicatória
0 1 - Festa? Quarta?
0 2 - Ele é bilionário
0 3 - Cherrys or peachs?
0 4 - Isso é tão ensino médio americano
0 5 - Hunter maior de idade
0 6 - Quem liga se você é um James?
0 7 - Seu nome é horrendo
0 8 - Tsunami
0 9 - Ela não fez isso
1 0 - Nova York
1 1 - Cento e vinte páginas
1 2 - Você me quer?
1 3 - Por aí, sei lá, procura
1 4 - Miles
1 5 - Grécia
1 6 - Garotos são ridículos
1 7 - Garotas são incríveis
1 8 - Por que ela não grita?
1 9 - Barata tonta
2 0 - Barata tonta parte 2
2 1 - Mallmann&Bianchi
2 2 - O garoto do fígado fudido
2 3 - O garoto do pulmão preto
2 4 - O garoto híbrido
2 5 - Irmã do Cater
2 6 - Lana Del Rey
2 7 - Vantagens de ser exemplar
2 9 - Carta na manga
3 0 - Prisioneiros
3 1 - Você não vai se rastejar?
3 2 - Primeiro bejo
3 3 - A irmã do John
3 4 - Meu irmão o que?!
3 5 - Sem sentimentos
3 6 - Natal do Hunter James
3 7 - Impostora
3 8 - Defeituoso
3 9 - Arranhão

2 8 - Cicatrizes

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Galing kay walkermia

Louisiana

2 semanas depois...

Olho pra garota de cabelos enormes cacheados com uma sombrancelha arqueada enquanto dou uma mordida no meu hambúrguer.

— Lana, você quer um conselho? — cerrei os olhos olhando para as duas cicatrizes do rosto dela.

Uma era na testa e outra começava na boca e ia até metade do queixo.

Como será que ela ganhou essas cicatrizes?

Espero que não tenha sido como eu ganhei a minha... Acho que não foi. Ela não me parece uma pessoa que já foi esfaqueada.

Mas eu também não pareço, então eu não posso afirmar muita coisa.

— Conselho da garota que conseguiu o primeiro emprego com a Aurora Watson? Claro que sim. — ela soltou uma risada.

Eu tô a mais ou menos a duas horas andando com ela no shopping e ouvindo tudo sobre o que aconteceu com ela nos últimos meses.

Eu até sei como ela conheceu o namorado dela.

Desde aquele dia nós tecnicamente viramos amigas, a Cass continua sumida e eu ainda não fui na casa dela procurar e as coisas continuam as mesmas, ele tá um pouco mais tranquilo, mas continua insuportável.

— Não beba quando estiver perto do Hunter. — falou convicta. — estou te dando um conselho de irmã mais velha.

— Eu sou mais velha que você. — falei com convicção.

Na minha cabeça eu sou mais velha que ela. Eu não sei bem o porque. Mas a real é que eu não faço ideia de quando ela nasceu.

— Não é não. — negou como se soubesse do que estava falando e eu arqueei uma sombrancelha.

— Como você tem tanta certeza? — perguntei e ela olhou pro chão.

— Você nasceu em quatro de agosto... Eu nasci em oito de maio. — abri a boca chocada. — eu sou mais velha.

Ela sabe quando eu nasci.

Eu deveria me preocupar? Tipo... A fã aqui sou eu. Ou deveria ser... Não sei.

— O Hunter andou investigando você e consequentemente eu vi o dia em que você nasceu. — falou e relutante e eu continuei boquiaberta.

Porra, o Hunter é maluco.

Maluco mesmo, quando ele falou a faculdade que eu queria fazer eu não levei muito a sério aquele papo de "te investiguei", mas o cara tava falando sério.

O mais será que ele sabe sobre mim?

Ele tem o contato da minha psicóloga? Ele sabe dos meus diagnósticos? Ele sabe das minhas doenças psicológicas? Ele sabe que eu levei uma facada quando tinha quinze anos?

Acho que não, se ele soubesse dessas coisas ele não me perturbaria tanto.

Acho que se ele tivesse uma conversa de cinco minutos com a minha psicóloga ele teria medo de mim.

Acho que ele manteria a distância até... Será que se eu falar pra ele, ele me deixaria paz?

— Enfim, a última vez que eu bebi perto desse carinha eu acabei com essa cicatriz aqui. — apontou para o queixo. — então como sua irmã mais velha eu te aconselho a evitar cometer os mesmos erros que eu.

Olhei para onde ela apontava, era a cicatriz iniciava no lábio inferior e terminava na metade do queixo.

Já sei como ela ganhou uma.

— Já somos irmãs então? — perguntei e ela riu. — fica tranquila eu não tenho costumes alcoólicos graves.

E não tenho mesmo.

Tirando o vinho eu tenho total autocontrole sobre quando parar de beber.

Eu não cometeria esse erro. Não perto do cara que faz de tudo pra me infernizar.

— Ótimo, agora... — ela falou digitando no celular. — o Alex tá esperando a gente na garagem. — sorriu. — vamos?

Olhei para o meu milkshake pela metade e dei a última mordida no hambúrguer.

— Vamos. — levantei.

Peguei o milkshake e fui andando ao lado da Jade enquanto conversava mais algumas coisas.

— Ah, não é possível. — Jade falou olhando pra algum lugar.

Eu segui o olhar dela avistando o Alex de braços cruzados encostado em um tesla preto e ao lado dele estava o... Hunter?

Sério isso?

Esse cara deve estar achando que é onipresente.

— Ele tá obcecado por você. — Jade falou me olhando com pena. — ele quer te engravidar.

Arregalei os olhos e comecei a tossir subitamente.

Não. Ele não quer me engravidar.

Que porra é essa?

E para de sentir pena de mim, eu tô fodida, mas tô bem.

Mentira, eu ando com pensamentos suicidas recentemente. Mas eu acho que é porque faz mais de dois meses que eu não converso com a minha psicóloga.

— Tá bem Ana? — Hunter perguntou já do meu lado fazendo carinho nas minhas costas.

Ótimo. Além de onipresente o cara também se teletransporta.

Que mais? Só falta voar a Barbie Cinderela.

Vai fazer teste para o elenco de "Barbie e o segredo das fadas". Já é loiro, só falta as asas.

— Tô maravilhosamente querendo morrer, agora. — falei depois de conseguir voltar a respirar normalmente. — seria expendido ser atropelada por um ônibus igual a Regina George. Mas ao contrário dela quero que seja fatal.

— Você fica algumas horas com a Jade e já fica suicida? — Hunter perguntou olhando pra Jade com julgamento e ela fez uma cara de ofendida.

— Ei!

— Tô suicida desde que nasci. Eu só não compartilho muito isso. — falei querendo correr daqui.

A realidade é que eu tô assim desde aquela festa do caralho.

Antes dessas palhaçadas todas começarem a acontecer com a minha pessoa eu estava perfeitamente bem psicologicamente. Eu acho.

Mas eu sempre quis morrer. Sendo quem eu sou a morte é livramento. Tanto pra mim e pra minha família. Eu sempre me senti um fardo e um fracasso.

Eu sou um fardo pra eles. Imagine parir uma filha defeituosa e ter que ser cauteloso o tempo todo com ela?

Imagine ter medo da sua própria filha?

Eu sempre tento não errar com as minhas ações. E eu estava indo ao caminho certo, até aparecer o Hunter que quer me empurrar pra o mal caminho por zero motivos plausíveis.

Se um dia eu estiver morta em uma esquina dessa cidade podem culpar o Hunter.

Nossa, minha mãe vai querer matar alguém se descobrir como minha mente tá agora.

— Eu juro que tentei impedir de trazer ele comigo — Alex começou a se explicar. —, mas foi impossível impedir ele, principalmente quando ele sabia que você estava aqui. — falou e o Hunter deu uma risada de escárnio.

Ele já quer me infernizar mais uma vez?

Hoje de manhã ele me fez comprar coisas pra ele comer umas cincos vezes.

— Eu só tô com medo de andar sozinho priminho, eu fui ameaçado pelo o seu papai que na verdade é o meu papai. — falou no tom mais irônico que um ser humano pode chegar.

Alex revirou os olhos passando o braço direito pelo ombro da namorada.

— Cara, tem várias formas de seduzir alguém, não precisa ficar infernizando a garota. — Alex começou a falar e eu senti minhas bochechas esquentarem.

E a Jade tinha um sorriso enorme no rosto.

É incrível, eu não tenho um dia de paz nesse lugar.

— Olha pra mim, eu fiquei insistindo e insistindo e tô com a minha garota — Hunter revirou os olhos e eu dei um passo pra trás.

Eu acho que se eu correr no momento exato eu consigo fazer eles me perderem de vista.

Eu posso chamar um Uber e fodasse.

Não sei se vou conseguir ficar em um carro com esses três juntos.

A cada dez frases deles cinco são de eu e o Hunter como um casal.

Eu acho que se fosse pra a gente se comer isso já teria acontecido.

Não me entenda mal, ele é bonitinho e tals, mas não faz meu tipo. Eu gosto de garotos educados, e morenos. Loiros não são minha praia.

— Cara, cuida da sua vida, vocês sabem muito bem que eu não gosto dela.

— Não sabemos não. — falaram em uníssono e eu dei mais um passo.

Infelizmente não passou despercebido pelo cafajeste do Hunter, já que o garoto me puxou segurando a minha mão com firmeza.

O plano de fugir e pegar um Uber foi por água a baixo.

Agora o que me resta é ficar quieta bebendo o meu milkshake e rezar pra isso acabar logo.

Com muita fé eu consigo ir embora sem o Hunter inventar alguma besteira.

— Meu bem, pare de ser babaca com ela e a conquiste. — Jade falou olhando para as nossa mãos e eu fechei os olhos. Socorro. — Para de enrolação e vivam o romance de vocês.

— Isso nunca vai acontecer. — falamos em uníssono.

— Eu odeio ele. — falei.

— E-e eu odeio ela. — Hunter falou parecendo...

Parecendo o que em Louisiana? Parecendo o que?

E Hunter, para de gaguejar seu puto, assim você não ajuda.

— Vamos logo. — falei antes que o casal começassem com mais alguma historinha besta.

Já quero me matar o suficiente.

Entramos no carro, obviamente eu fiquei atrás com o Hunter e o casal foi na frente.

E o que mais? Vão me levar pra uma festa em outra cidade?

···

Estamos em uma festa em outra cidade.

Olha aqui, eu... eu...

Eu nem sei o que pensar mais.

Eu já reclamei tanto que não tenho mais criatividade pra reclamar.

Nem era pra eu estar impressionada, o Hunter estava lá.

— A ideia não foi minha. — a Jade falou depois de perceber a minha cara horrorizada.

É meu amor, eu sei que não foi sua ideia. É obvio que não foi.

— Vamos Ana, acho que tem vinho aqui. — Hunter falou com a maior cara de pau de todas e me puxou pra ir sei lá pra onde.

Isso porque ele me odeia.

— Não quero beber nada. — falei quando a gente começou a descer umas escadas.

Ele é bem abusado né? Ele anda por aqui como se a casa fosse dele.

— Mas eu quero.

— Então vai. Eu fico conversando com a Jade. — eu tentava me soltar do garoto, mas ele não me soltava de jeito nenhum.

Nossa, que raiva.

— Não, você vai ficar comigo. — fiz uma careta.

Me coloca logo em uma bolsinha, filha da puta.

— Pra que?

— Pra te comer, na adega lá em baixo. — indagou com um ar tão sério que eu me questionei se ele não tava sendo irônico.

Ele tá sendo irônico. É o Hunter.

— Minha posição favorita é cowgirl invertida. — falei no impulso da brincadeira e ele parou de andar.

Deu defeito na Barbie.

Que ódio, tá vendo por que eu não brinco com nada? Eu passo dos limites.

E que porra é essa de posição favorita Ana? Eu sou virgem. Eu nunca sequer vi um pau pessoalmente.

Senti minhas bochechas esquentarem quando o Hunter virou lentamente pra trás como se estivesse vendo a comida mais saborosa do mundo.

Esse Pinscher não levou a sério né?

Só falta falar que ele se imaginou fazendo isso comigo e ficou de...

Não.

Louisiana Cornell, não. Simplesmente não.

Eu te jogo na linha do trem antes.

— Bom saber. — falou depois de um tempo constrangedor de silêncio.

Ele voltou a descer as escadas e o que me restou foi ir junto.

Então quer dizer que estamos indo pra uma adega lá embaixo. E eu tenho que ficar lado a lado dele até o final da festa.

Mas pode ter certeza que na primeira oportunidade eu fujo pro quintos dos infernos.

— Eu só estava brincando. — resmunguei quando a gente chegou na adega, que era gigante. — agora você virou proprietário da ironia?

— Sim.

— E proprietário da casa também né? Fica andando por aí sem pedir licença. — reclamei. — Se eu fosse dono da casa te expulsava.

— Não da pra eu expulsar eu mesmo.

Pisquei várias vezes em choque.

Não era pra ser impressionante, ele é bilionário lembra?

Quantas casas ele tem?

Nossa, tipo, como funciona a vida dele? Ele tem uma casa de festa em cada lugar do país?

Como ele planeja tudo? Quanto dinheiro esse cara gasta? Puta que pariu.

Isso não pode ser normal.

Veja pelo lado bom, os coitados dos filhos dele vão ter um monte de casas. Nem vai ter briga de quem fica com o que.

Mas sendo francos, quanto será que ele gasta por mês?

— Escolhe aí. — Hunter falou me empurrando pra um corredor cheio de vinhos.

Eu. Tô. No. Paraíso.

Cacete, eu queria morar aqui.

— Você realmente gosta de vinho né? — Hunter falou parando na minha frente e ocupando a minha visão me impedindo de eu ver aquela maravilhosidade.

Esse cara é uns quinze centímetros mais alto que eu.

— Vinho é a única bebida alcoólica que eu beberia até entrar em coma alcoólico. — falei com sinceridade.

Ele piscou três vezes seguidas e inclinou a cabeça. Segui o movimento dele tentando não sorrir.

Sabe quando um cachorro te olha parecendo estar te analisando? Então, é isso que parece que ele está fazendo.

E é estranhamente bonitinho.

— Por que você tá fazendo um monte de piadas suicidas? — perguntou e meu humor sumiu.

— Você não me conhece. — falei. — nem um pouquinho.

— Então... Você é suicida ou alguma coisa assim? — perguntou parecendo realmente curioso.

— Não. É só piada mesmo.

É piada. É piada. É piada. Eu sei que eu não tenho coragem de me matar.

— Hurum. — resmungou saindo da minha frente. — fique a vontade. — falou por fim e foi pra algum lugar.

— Que xereta. — resmunguei indo até às prateleiras e comecei a observar os vinhos um por um.

Talvez eu possa ficar aqui até eu poder ir embora?

···

Eu não fiquei lá até eu poder ir embora.

Bom, apareceu um casal lá e eu não quis assistir um porno ao vivo, então eu subi e tô por aqui a mais ou menos três horas.

Agora você me pergunta, cadê a Jade, o Alex e o Hunter? Não faço a menor ideia.

Eu procurei e não achei.

Estou começando a desconfiar que eles foram embora e me deixaram aqui.

Seria bom, pelo menos não iria ter que escutar sobre eu e o Hunter a viajem inteira.

Posso muito bem pedir um Uber.

Agora você me pergunta de novo. Por qual mero motivo você não foi embora? Não sei.

Não sei mesmo. Eu queria ir, mas eu tô com curiosidade. Curiosidade de alguma coisa que eu não sei o que é, mas eu sei que tô curiosa. E pra caralho.

Deve ser pra ver como é uma festa sem estar me sentindo realmente obrigada.

Em todas as últimas festas que eu já fui eu estava tentando me esconder em algum lugar tranquilo ou me sentindo obrigada a estar lá.

Eu nunca parei realmente pra observar a festa em si. Então hoje eu decidi que vou tentar aproveitar a festa. Sem reclamar, sem fazer carranca e sem me esconder.

Não garanto que isso vá durar, mas vou tentar. Não deve ser tão difícil assim.

Agora nesse exato momento eu me encontro em silêncio com duas garrafas de vinho na mão em um canto do lado de fora dessa casa. A mais ou menos dez metros de distância da piscina.

Eu não sei exatamente o que eu deveria fazer agora... Dançar? Eu definitivamente não vou fazer isso. Pular na piscina? Nem morta. As pessoas vão ver a minha cicatriz enorme e fazer perguntas.

Por que o ser humano é tão invasivo?

Tipo, deixa as cicatrizes das pessoas em paz.

Eu sei que a cicatriz é enorme e tá em um lugar bem preocupante, mas fodasse. Isso não afeta ninguém. O jeito como eu ganhei a minha cicatriz não vai agregar nada a ninguém.

Tudo o que eu ganharia seria um olhar de pena se eu explicasse, e eu não gosto de me sentir uma coitada.

Mesmo que eu seja uma.

— Louise? — uma voz estranhamente familiar soou por trás de mim e eu me virei avistando... adivinha quem?

Isso aí, o Hayden.

Não. Sério. O que ele tá fazendo em outra cidade? Ele não deveria estar ajudando velhinhos ou alguma coisa assim?

— Oi Hayden. — falei forçando um sorriso simpático.

Hoje você é sociável Ana, hoje você vai ser sociável.

— O que você tá fazendo aqui? — perguntou cruzando os braços e desviando o olhar para as duas garrafas na minha mão.

— Eu estava me perguntando a mesma coisa agora pouco.

Por favor, não me pede uma garrafa, por favor deixa as minhas garrafas em paz.

— Posso? — apontou pra umas das garrafas e eu tive que me segurar muito pra não revirar os olhos.

Eu já estou desistindo de ser sociável.

— Não. — fui franca. — tem várias bebidas lá dentro.

Você achou que eu ia dar uma garrafa de vinho pra ele? De vinho?

Se fosse qualquer outra bebida alcoólica eu até daria, mas é vinho.

— E você vai beber duas garrafas sozinhas? — perguntou e eu sorri.

— Sim.

Eu já bebi uma garrafa inteira.

— Tudo bem. — falou parando indo para o meu lado direito e olhando fixamente pra piscina. — Você está aqui com seus amigos?

— Você está aqui com os seus? — rebati.

— Sim.

— Eu também.

Não sei bem se deveria chamar eles de amigos, mas a Jade se considera minha irmã mais velha, então...

— Então por que você tá sozinha por aqui? — perguntou e eu pisquei olhando pra frente.

Ok, e se eu beijar ele?

Eu sei que parece idiotice, mas é isso que as pessoas fazem nas festas né? E ele não me parece ser uma má pessoa.

Ele até ajuda velhinhos olhe só.

Ele é a pessoa mais viável pra beijar nessa festa. Não tem mais ninguém que eu possa beijar.

Eu realmente não faço esse tipo de coisa a muito tempo, mas eu não acho que eu vá me meter em encrenca por beijar ele.

Ah não ser que ele namore...

Ele não namora certo? Por que se ele namorar eu me retiro agora.

Mas eu não acho que ele namore, o jeito que ele falou comigo não me pareceu ser de alguém que namore.

Se meu namorado falasse daquele jeito com outra garota eu castrava ele.

Mas eu não vou morrer se eu perguntar né?

— Você namora? — perguntei e o garoto olhou pra mim de supetão abrindo um sorriso enorme.

— Por que?

— Por que as pessoas perguntam isso em Hayden? — perguntei e ele sorriu novamente.

— Por curiosidade? — revirei os olhos. — Tá, tá. Eu sou solteiro. — falou e eu sorri.

Tá, e eu faço o que? Beijo ele?

Eu não sei fazer esse tipo de coisa. Que constrangimento do caralho.

— Quer conselhos de como flertar com alguém? — perguntou e eu sorri nervosa.

Porra. Que vergonha.

Ele virou de frente pra mim e eu senti que ia entrar em pânico, mas me obriguei a ficar calma.

Calma, você não tá fazendo merda. Não tá fazendo...

Ah quem é que eu tô querendo enganar? Eu nem conheço esse candango, por que eu tô fazendo isso?

Porra de impulsividade do caralho.

Antes que eu começasse a correr o cara simplesmente segurou o meu rosto me puxando pra um beijo.

Beijo que durou menos de dez segundos, já que eu senti meu corpo ser puxado pra trás com uma força fora do normal.

Ah, merda.

— Tá tudo bem Ana? Esse cara tá te obrigando a fazer alguma coisa? — Hunter falou me analisando com atenção.

Eu tô é passando mal de vergonha. Puta que pariu.

— Eu não tô obrigando ela a nada Hunter.

— Não tô falando com você Hayden.

Ah porra. Eles se conhecem. Ótimo, que maravilhoso.

Tá vendo quando eu digo que eu sempre tô no lugar errado e na hora errada?

Eu ainda vou me foder muito com essa mania do caralho.

— Tá tudo certo. — falei sentindo minha alma sair do corpo.

Olha essa cena.

Eu, com duas garrafas de vinho na mão, com a expressão mais desnorteada que um ser humano é capaz de fazer, com um loiro com as mãos na minha cara me analisando como se eu fosse a criatura mais burra do planeta, e o moreno me olhando com uma cara de "Você é amiga do Hunter?"... Ah não, melhor: "Você é namorada do Hunter Patty James?".

Ainda bem que não tem ninguém por perto pra assistir esse showzinho ridículo do caralho.

O Hunter ele...

— Certeza? Você não tá tonta nem nada?

— Onde você tava? — perguntei querendo enterrar o assunto. — Sumiu do nada. Logo você que disse que era pra eu ficar grudada em você.

— Ah, eu tava... — olhou pra trás. — pode ir Hayden.

— Você meio que interrompeu a gente. — Hayden falou cruzando os braços e eu fiquei em profundo silêncio.

— Você quer continuar pegando ele Ana? — Hunter me olhou com uma sombrancelha arqueada e eu sorri.

— Quero.

— Pronto, agora tchau Hunter. — Hayden falou se aproximando, mas o Hunter me puxou mais pra ele me deixando levemente confusa.

Eu tenho que me acostumar com esse jeito dele. Ele é todo esquisito coitado. Bateu a cabeça quando era criança.

— Dá o fora.

— Mas ela disse...

— Dá. O. Fora. Cara. — Hunter falou sem paciência e o Hayden revirou os olhos saindo.

— Depois a gente conversa. — Hayden resmungou saindo e eu olhei fixamente para os olhos verdes escuros do Hunter.

Parecem pretos agora.

— Desde quando você beija desconhecidos?

— Eu já te falei que você não me conhece nem um pouco.  — falei e ele sorriu de lado.

— Talvez eu te conheça mais do que você imagina. — neguei.

— Nem um pouco. — falei firme e ele olhou cada detalhe do meu rosto com muita atenção.

O que ele tanto olha?

Eu nem tô bêbada. Eu não acho que eu realmente iria beijar o Hayden, mas eu não pretendia parar o beijo.

Ele tá me arrastando pra esse caminho de festança, por que exatamente isso deveria ser estranho?

Porque sou eu?

— Tá olhando o que Pinscher? — ele soltou uma risada.

— Para de me chamar de Pinscher. — neguei com a cabeça.

— Você é um cachorro. — falei e ele fez uma cara de deboche. — um Golden, pra ser mais específica...

Hm.

— Se pararmos para analisar com atenção o Miles é a sua versão animal.

— Ah, não, você não disse isso. — me soltou dando dois passos para trás e colocando as mãos na cintura.

— Não, é sério. — parei analisando. — até loiro você é. — sorri. — os dois gostam de bagunçar, marcar presença e ficam afastando possíveis ameaças de mim.

Merda. Não era pra eu ter falado a última coisa.

Porra, eu sou uma imbecil.

— O Miles afastou possíveis ameaças de você? — Hunter perguntou me olhando com atenção.

Sorri e dei um gole grande de vinho pra tentar pensar em uma desculpa boa.

Caralho, eu sou retardada.

— Não. — falei e eu tenho certeza absoluta que ele não acreditou.

— Certeza? — perguntou mais uma vez e eu assenti.

Se eu falar mais eu vou fazer merda.

— Se aconteceu alguma coisa pode falar que eu resolvo pra você. — não.

Não.

E não.

É bom saber que a Tereza não falou nada pra ele.

— Mas não aconteceu nada sério. Foi só um rato. — menti.

Viu? Eu disse que se eu falasse mais eu ia piorar a situação.

— Rato? — assenti. — Ah, certo. Nem você acredita nisso.

— É sério. — falei olhando pra outro lugar que não fosse o rosto dele.

— Você sabe que a gente vai dormir aqui né? — tossi.

Ah, caralho.

Que liberdade a desse povo não?

Jade é emancipada, o Alex faz o que quer da vida pelo o que eu percebi e o Hunter... É o Hunter né. Ele é tecnicamente órfão.

Coitados.

E meus pais ficam felizes quando eu faço alguma besteira "adolescente", então eu nem posso ficar preocupada se eles vão ficar bravos ou não.

Mas eles não sabem disso...

— Meus pais vão matar você. — menti tentando soar o mais verdadeira possível.

— Ah, vão? Eles sabem quem eu sou? — falou com um sorriso estranho do caralho.

Cara, vai tomar no seu cu.

Facilita aqui.

— Tá, eu posso pegar um Uber e ir pra casa.

— É cinco horas de viajem e já passou das onze. — bateu no meu ombro. — sinto muito, mas você não vai não.

— E por que não?

— Não é obvio? Pode acontecer alguma coisa com você, tem uns caras que são malucos. — falou e eu sorri.

— Então você se preocupa comigo? — provoquei.

— Sim. — pisquei. — Como posso deixar uma gostosa dessas por aí sozinha em perigo? — provocou trinta vezes mais e eu engoli em seco querendo assassinar ele.

Uma coisa que me irrita nesse cara é que ele nunca cai nas minhas raras provocações.

Ele é tipo imune pra essas coisas.

Isso só é prova que tudo que o Alex e a Jade falam é totalmente mito.

Se ele gostasse de mim ele iria ficar minimamente nervoso. Pelo menos é isso que eu sei sobre quando alguém gosta de outra pessoa.

Ele nem pareceu nervoso quando eu beijei o Cater e o Hayden, ele só pareceu... preocupado, e desnorteado.

Deve ser alguma possessividade, sei lá, ele deve me considerar a cachorrinha dele.

— Você me acha gostosa? — perguntei. — mas eu sempre tô com muita roupa, nem da pra ver nada. — sorriu.

— Eu sei indentificar uma gostosa mesmo se estiver vestida de freira. — arregalei os olhos.

— Rapaz, que falta de respeito. — deu de ombros.

— Você vai dormir no meu quarto tá? Pra ninguém tentar nada com você, e nem nada do tipo. Já que eu sou seu responsável.

É claro.

— E ter que aguentar seus roncos?

— Eu não ronco.

— Ronca. — menti.

Eu sequer sei em qual posição ele dorme.

— Eu não. Já você...

— Ei! — reclamei.

— Chumbo trocado não dói amor. — sorri.

— Ta certo então. Vai curtir sua festa e eu fico aqui com o meu querido vinho. — ele riu.

— Se diverte também... Só não fica beijando desconhecidos, você não sabe o que se passa na cabeça desses loucos. — cruzei os braços.

— Eu conheço o Hayden. — ele cruzou os braços também.

— Ah, conhece? — perguntou com um sorriso falso parecendo odiar essa informação.

O que deu nele?

— Sim, ele trabalha em um lar de idosos...

— Hm, interessante, e o que você estava fazendo em um lar de idosos? — se aproximou de mim.

— Indo encontrar o meu macho, não está vendo? — ele revirou os olhos e eu me segurei pra não rir.

O que que ele tem?

— Então por que seu macho não tá aqui?

Por que será hein Hunterzinho?

— Porque você mandou ele ir embora. — fez uma cara convencida.

— Mas se ele realmente fosse seu macho ele não deixaria você com outro macho.

Sorri.

— Você é um Pinscher, inofensivo, inofensivo. — ele começou a rir.

— Será que eu sou mesmo Ana? — se aproximou mais me fazendo dar passos para trás. — será? — sussurrou aproximando o rosto do meu.

Meu coração começou a acelerar. Tipo... Acelerar muito.

Cacete, por que meu corpo tá reagindo assim?

— Sim. — afirmei engolindo em seco quando minhas costas bateram contra a madeira de uma parede.

Ele me encurralou.

— Tem certeza amor? — passou a mão pelo meu pescoço e minha pele arrepiou.

Ele começou a distribuir beijos pelo meu pescoço e eu senti que iria derreter aqui e agora.

Minhas pernas estão fracas, eu mal consigo ficar de pé.

— H-Hunter, o que você tá fazendo? — ele sorriu contra a pele do meu pescoço.

— Se eu sou inofensivo porque você tá assim? — se afastou do meu pescoço me olhando nos olhos. — você é linda pra caralho sabia?

— O que deu em você? — perguntei tentando me afastar dele que impedia a minha saída a todo custo.

Por que ele não tá me irritando? Que ódio, isso é bem pior do que as palhaçadas dele.

Isso tá sendo pior do que quando eu fui jogada da janela do meu quarto.

— Eu tô começando a achar mais divertido você nervosa desse jeito do que quando está com raiva. — passou a mão pela minha bochecha. — é atraente pra caralho.

— Eu te odeio sabia? — afirmei mais pra mim mesma do que pra ele.

— Eu também te odeio, meu bem — eu não tô conseguindo respirar direito, puta que pariu. —, mas ódio é ódio, provocações à parte.

Então você largou de me irritar pra começar a me provocar? Que filha da puta do caralho.

— Que tristeza, mas olhe só, eu tô quase capotando de sono. — menti. — posso ir dormir?

— Fica a vontade. — se afastou de mim e eu consegui voltar a respirar novamente.

Eu segui direito pro quarto que eu nem sei onde é.

— Eu mostro pra você onde fica. — assenti ainda andando sem olhar pra ele.

— Eu preciso tomar um banho também. — resmunguei.

— Se quiser eu vou junto. — revirei os olhos e ele soltou uma gargalhada. — Tô brincando...

Minha sorte é que ele tá um pouco bêbado, tomara que ele esqueça disso tudo.

————————————
Oi gente, tô interrompendo aqui pra falar um negócinho rápido.

Eu meio que acho que como eu não posso estar contando algumas coisas agora, por causa do roteiro que eu planejei pro livro algumas pessoas vão ficar com raiva da Ana e ficar tipo "ela se acha diferente das outras garotas" "ela se acha melhor que os outros só porque lê livros e não vai pra festas", mas eu queria deixar claro que não é isso gente, juro.

Eu juro que o problema tá mais fundo do que ela ser a "diferentona".

E pra quem não entendeu muito bem o porquê de ela estar com pensamentos suicidas eu vou tentar explicar pra não ter dúvidas.

Ela é levemente "perfeccionista" com as ações dela.

Ah, como assim Mia?

Ela literalmente tem pavor de ser um fardo pra família dela, ela quer somar e não atrapalhar, então ela se proíbe de se "divertir" pra não causar problemas, ela evita socializar com pessoas que ela considera "bagunceiras" pra não se meter em encrencas grandes, por que ela sabe que ela é muito impulsiva e sabe o quão longe ela pode chegar.

Naquela cena do carro já deu pra perceber isso.

E tipo, ela realmente fica querendo morrer quando pensa que vai fazer uma merda muito grande. Tipo causar vergonha pra família e essas coisas. Eu não tô brincando, ela realmente fica querendo morrer.

Eu sei que o jeito que ela tá falando parece ironia, mas suponhamos que se um assaltante armado aparecesse, tenham certeza que ao invés de colaborar ela irritaria o bandido de alguma maneira só pra ele matar ela. É SÉRIO GENTE. Só pra vocês terem noção do nível.

Pais da Louisiana, por favor obriguem a garota a voltar a falar com a psicóloga😭😭😭🙏🙏

Eu não culpo o Hunter porque ele não sabe dessas coisas, mas o motivo de ela estar tendo pensamentos suicidas depois de conseguir se organizar depois de muito esforço é ele. K k🙂

Mas vamos ver como ele vai reagir quando descobrir essas coisas em🤨🤨

Enfim, ela tem motivos MUITO plausíveis pra ser toda "ranzinza" assim. Garanto. Mais pra frente vocês vão entender tudo.

Eu só estou explicando aqui porque eu tô com medo de vocês entenderem mal e ficarem com ódio dela atoa.

E quem tá prestando muita atenção nos detalhes do livro já até deve saber o porquê dela ser assim.

Lembrem que ela se conhece mais do que vocês conhecem ela.

Enfim, me desculpem atrapalhar a leitura de vocês vindo aqui encher o saco😭, eu sei que muita gente acha isso meio paia.

Continuem com a leitura de vocês lindos <3.

Ipagpatuloy ang Pagbabasa

Magugustuhan mo rin

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