Sinto as mãos de Damon acariciando minha perna, meus olhos começam a pesar, o cansaço começa a me atingir. Minha intimidade ainda arde, tenho certeza que amanhã será pior, mas o que importa é que foi extremamente delicioso.
── Vá dormir, Evangeline. Não vamos sair daqui até que você esteja dormindo. ── Ouço a voz rouca de Anthony próxima do meu ouvido.
Relaxo o corpo na cama, não contesto, apenas me entrego ao cansaço. Antes de adormecer, sinto um dos meninos dar-me um beijo na cabeça.
Sinto meu corpo mais leve, quando menos espero já estou dormindo.
Levanto-me rapidamente quando sinto algo pesado caindo sobre meu corpo.
Sou puxada de volta para a cama, o quarto estava completamente escuro, não consigo ver nada.
Meu pescoço é apertado, agarro as mãos tentando retirá-las do meu pescoço. Sinto uma respiração pesada perto do meu rosto.
── Se você gritar, eu vou rasgar seu pescoço aqui mesmo.
Meu coração dispara quando ouço a voz de Vyn. Sua voz soa diferente, parecia como um rosnado.
── O que você quer? ── suspiro, tentando me livrar de seu aperto.
Gemo quando sinto suas unhas arranhando meu pescoço.
── Acabar com você, o que mais seria? ── A lanterna do meu celular acende.
Tremo quando vejo Vyn em cima de mim. Ela estava diferente, seu cabelo estava liso, até a altura da cintura, antes era castanho escuro, agora tinha mechas loiras, seus olhos completamente vermelhos, com veias proeminentes.
Sua boca estava aberta, incontáveis dentes terrivelmente afiados apontados em minha direção.
── Qual é a porra do seu problema? ── rosno. Aperto sua mão em volta do meu pescoço tentando me afastar.
Uma tentativa inútil. Onde está a besta quando eu preciso dela? Não sinto nenhum sinal dela dentro de mim.
Começo a ouvir aquele barulho. O zumbido abominável que faz todo o meu corpo tremer.
Vyn tira a mão do meu pescoço e segura minha boca, abafando meu grito. Sinto minha última gota de força se esvaindo, minhas mãos soltam o braço de Vyn e caem para o lado.
Todo o meu corpo fica mole, sinto algo escorrer do meu ouvido. Sangue.
Meu sangue.
Vyn aperta minha boca com mais força. Meus olhos começam a lacrimejar, minha respiração acelera.
O barulho parece cada vez mais alto, meu corpo parece estar sendo dilacerado, algo dentro de mim sendo arranhado.
── Você realmente acha que é a primeira vez que faço isso? parece estúpida.── Vyn solta um sorriso irônico.── Estou mexendo com sua cabeça muito antes de você pensar.
Vyn aproxima seu rosto do meu, meu coração acelera ainda mais. Sua mão está tão apertada em volta do meu pescoço que o ar começa a faltar.
── Você não tem o direito de roubar os pertences de outras pessoas. Damon pertence a mim, o Relicário pertence a mim.── Lágrimas começam a rolar enquanto suas unhas cravam em meu pescoço.── Eu sou uma Devora, você não pode me roubar.
Minha visão começa a ficar turva. De repente, meu corpo vibrar.
A besta acordou.
O barulho desaparece, minhas mãos voltam para Vyn. Agarro seu ombro e a empurro com todas as minhas forças.
Vyn é jogada contra a penteadeira, todos os objetos caem. Posso sentir seu olhar em mim, sua raiva aumentando ainda mais.
── Não quero parecer rude, mas não posso fazer nada. Não é minha culpa que Damon decidiu não se casar com você, não é minha culpa o Relicário não pertencer a você. ── saio da cama rapidamente.
Vyn se levanta e deita a cabeça para o lado.
── Você está obcecado por ele ou pelo o que ele tem? O Relicário.
── Já que vai ser assim, vamos brincar então, Evangeline.── Vyn solta uma gargalhada.
Suas mãos descem limpando as roupas, seu rosto se volta para o canto mais escuro do quarto.
── Você pode me ajudar Astrid?
Meus olhos se concentram no canto, vejo uma sombra se aproximando. Logo Astrid está perto, posso ver seu rosto.
Nenhuma expressão, parecia morta. Veias pretas estavam na região de seu pescoço.
── Você acha que eu sou burra? ── questiono voltando meu olhar para Vyn.
Sua testa franze.
── Não me faça responder.── Vyn se aproxima de Astrid.
Deixo escapar uma risada.
── Querida, com quem eu pareço?── Minha voz fica mais grossa.
Não estou no controle. A marca nas minhas costas começa a queimar insuportavelmente, a besta mantém sua postura.
── Hora Vyn, está viva o suficiente para saber o que reina entre os vivos e os mortos. Se já esqueceu, posso te mostrar ── uma risada maldosa escapa dos meus lábios.
── Eu não esperava menos.── Astrid cruza os braços.
── Ah, Astridzinha. Não precisa se preocupar, vou encontrar uma maneira de me livrar de Vyn em breve. Ela gosta de possuir coisas que não são dela, ela gosta de usar a seu favor, não é Devora?
A respiração de Vyn fica alta.
── Você realmente quer falar sobre possuir corpos? ── Sua sobrancelha se ergue.
── Eu passaria a noite inteira falando sobre isso. Estou ligada a Evangeline, não é como se eu a usasse para o que eu quero, poderia fazer isso, mas não é do meu caráter fazer isso.── me inclino contra a mesa de canto da cama.── Estou falando com você, mas Evangeline ainda está no controle.
As veias de Vyn ficam mais grossas.
── O que aconteceu? ── balanço minha cabeça. ── Você vive muito no passado, Vyn. Vá viver, não quero problemas, estou em paz.
── Claro, depois de roubar tudo o que tenho, obviamente está em paz.
── Essa conversa parece um pouco infantil.── suspiro.── Você quer me matar? tenta. Eu sei que você vai tentar de qualquer forma.
Vyn solta uma risada irônica.
── Evangeline já estaria morta se não fosse você atrapalhando.
── Sua tentativa ainda falharia. Não sou só eu quem protege Evangeline. Agora, você pode, por favor, ir embora?
Vyn olha para Astrid.
── Até breve.
Vyn e Astrid simplesmente desaparecem. Fecho meus olhos, respirando fundo, tentando controlar meu batimento cardíaco.
"Sinto muito por esse clima de rivalidade. Logo vai acabar, quando nossos corpos estiverem ligados." - Ouço a besta voltar para algum lugar da minha cabeça.
"Você precisa me contar sobre essas coisas." - murmuro.
"Não posso. Existem maldições, Evangeline. Existem coisas que você precisa descobrir por si só. Você já sabe, apenas não prestou atenção, mas Vyn pode se transfigurar, se transformar em qualquer coisa, qualquer pessoa. Astrid, você já sabe que ela está sendo usada, precisa encontrar uma maneira de ajudá-la. Não importa o que Astrid disse, não era ela!"
Ouço batidas na porta, Hadassa estava do outro lado.
── Ouvir barulhos, está tudo bem?
Olho para a prateleira quebrada e algumas gotas de sangue no chão.
── Estou bem. Não entre, os meninos estão aqui.── minto.