Quem Matou Min-Ji? - Jikook

By LeticiaCrisostomo8

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Um detetive que luta para superar traumas do passado, e um novato que decide mudar a visão traumática dele so... More

Detetive
Clube de Strip
Viúva
A morte ou o Rendimento
Frango frito
Dupla do crime
Covil do mau
Mar de cervejas
Troca de papéis
Criança mimada
Cartomante
Barreira
O pacote
O enfermeiro
Pequenos artistas
Park Jimin
Rachaduras na Barreira
Farofa do Hoseok
Trovão
Através do espelho
Pequena flor
Coelhinho
Através da tempestade
Portas pro inferno
A Cor Roxa
O Parto
O Tiro do escuro
Um Universo Inteiro
Visita inesperada
Reforçando a barreira
Minha Família
Xadrez
Sem mais Distrações
Euforia
O Código
Meu coração
Anjos
Velha Amiga
Eu te escolho
Flor Amarela
Um Adeus
Aniversário
Diante dos meus Olhos
O Lago
Verdades
Estilhaços à luz da Lua
Você Vive
A Guarda
Finais Felizes

Baile de inverno

331 37 18
By LeticiaCrisostomo8

(Jimin)

Sinto a brisa da noite recente bagunçar meus fios loiros, apertados por uma venda escura, que me impede de enxergar o caminho que estou seguindo. Não consigo ouvir nada além do vento gelado, e de nossos passos por uma calçada repleta de pequenos pedregulhos.

—Ok, detetive, nós chegamos. — O escuto bem próximo, sentindo seu perfume penetrante adentrar em minhas narinas.

Seus dedos movimentam o laço feito atrás da minha cabeça, enquanto eu mordo meus lábios em ansiedade, esperando finalmente enxergar o que ele estava aprontando.

A luminosidade atinge meu olhar surpreso. Não era a luz de um dia ou de um luar, é simplesmente todas as milhares de pequenas luzes da decoração bem na nossa frente. A escrita do letreiro neon "Baile de inverno" me faz sorrir forte, balançando a cabeça de um lado para o outro até eu acreditasse que tudo isso não é um sonho.

—Esse lugar é nosso por essa noite. — Ele sussurra ao meu lado, encaixando sua mão em minha cintura ao mesmo que sua cabeça colada a minha, enquanto admirávamos juntos aquelas luzes brilhando em nossas íris como estrelas ao céu escuro.

—Só nosso? — Digo surpreso, sem separar nosso encostar.

—Sim! Eu tenho alguns contatos. — Sinto seu beijo atingir minha têmpora, fazendo meus olhos cruzarem com os seus.

Foi quando eu senti tudo em mim se aquecer, em uma paralisação admirável, e eu não consegui desviar o olhar daquele céu. Do meu céu. Dos seus estupendos pares de jabuticabas brilhantes.

—Eu já falei que sou completamente apaixonado pelos seus olhos, Jun? — Minha fala soa sorridente, o fazendo abaixar a cabeça envergonhadamente enquanto busco aqueles olhos outra vez.

—Vem, amor. — Seus dedos cruzam os meus, fazendo a sua palma acolher a minha. —Vamos entrar.

Nossos pés se movimentam em sincronia, e os corações pulam em dimensões opostas. A realidade, é um verdadeiro sonho colocado para fora em um realizar inesperado. Eu estava mesmo passando pelo tão desejado tapete vermelho, aos braços do amor da minha vida, usando terno chique com uma pequena flor amarela no bolso do paletó.

Parecia o verdadeiro significado de felicidade que tanto o Jimin criança desejava. Ele estaria orgulhoso de nós agora. Conseguimos quebrar totalmente a barreira e as correntes que nos aprisionavam, e estamos finalmente felizes ao lado das pessoas que amamos.

Nós conseguimos, Jiminie.

—Pronto?! — Escuto Jun dizer segurando a maçaneta da grande porta de entrada, esperando o meu consentimento rápido para que entrássemos no nosso baile particular.

Meus lábios se distanciam um do outro, e meus olhos lacrimejam involuntariamente. É um dos lugares mais incríveis que meus olhos já puderam enxergar. O ambiente está levemente escuro, com apenas o enorme globo e as luzes ao redor como iluminação, me fazendo suspirar fundo com a sensação de voltar no tempo.

Eu diria que é um local totalmente instagramável.

É como se eu conseguisse ouvir as risadas de alguns adolescentes fofocando pelos corredores, a grande maioria na pista de dança sem largar o copo vermelho de ponche, e a minoria escondida dentro dos banheiros e depósitos se beijando até que a última música tocasse.

Me lembro do baile que aconteceu na minha antiga escola. Eu passei a festa inteira dentro do meu dormitório, admirando as luzes piscantes atingirem o vidro da minha janela, e as músicas os meus ouvidos, enquanto eu fumava meu primeiro cigarro.

Ninguém havia me convidado.

—Tira uma foto comigo, meu acompanhante. — Sigo o apontar do Jun até o cenário montado e decorado, feito os filmes, para uma fotografia do baile.

Eu não contive meus três pulinhos de alegria. Pego em sua mão novamente e o puxo com euforia, para que fôssemos até lá.

—Uau. — É a única coisa que consigo dizer diante tanto brilho, e o foco nas cores branco e azul.

—No 3! — Escuto Jun correr até mim, após programar o flash da câmera no tripé em nossa frente.

Ele se põe atrás de mim, abraçando meu corpo com força até que seu queixo recostasse em meu ombro. Nos balançamos juntos de um lado para o outro, em sorrisos sinceros e bem abertos. Bastou o flash disparar para corrermos em uma curta corrida até a câmera que ejeta nossa foto aos poucos.

Eu já estava gargalhando, e nem havíamos começado a noite direito. Esse homem me arruína o estômago com as risadas que me retira. Definitivamente ao lado dele, a tristeza parece não me alcançar, mesmo que eu não esteja correndo.

Pois agora, ele se tornou a minha barreira.

—Ah, amor, ficou incrível! — O admiro retirando a foto pronta do pequeno compartimento da câmera ainda no tripé. Ele sorri forte ao passar o dedo delicadamente pelo momento fotografado. Me pego pondo a mão no peito, sentindo meu coração disparar e sorrir assim como os meus lábios.

—Que tal um ponche?! — Sugiro eufórico, prestes a correr mais uma vez até mesa que segura o grande recipiente alcóolico.

Meus fios se movimentam com a corrida que decidi apostar, e minha garganta não para de soar a risada aflita de quem estava prestes a ser pego. Bastou minhas mãos atingirem o tecido da mesa, para que as suas atingissem novamente meu abdômen. Sinto sua respiração eufórica atingir meu pescoço, junto ao seu hálito gélido de menta recém-mastigada, que me faz revirar os olhos antes de me virar até seu rosto.

—Dessa vez, você bebe, e eu provo. — Digo em provocação.

Apoio minhas mãos novamente na madeira em um impulso para o meu corpo, no objetivo de estar sentado ao lado do ponche, enquanto recebo seu olhar scanner, que passou por todo o meu corpo. Eu sempre sinto tudo em mim arrepiar quando ele faz isso. É como se seu olhar conseguisse atingir ou mexer com algum tipo de mecanismo dentro de mim.

—Você que manda, detetive. — Escuto seu sussurrar.

Observei cada um dos seus movimentos calmos. Do seu retirar de paletó, e seu pegar no copo vermelho vazio, até o recebimento dele cheio em seus lábios. Suas expressões fazem minhas veias se desestabilizarem de seu percurso, enquanto paraliso com um sorriso bobo no rosto ao olhá-lo beber aquele maldito ponche.

Ele faz de propósito.

Sua testa se franze de forma raivosa, enquanto seus olhos encaram o copo de cima à baixo como se fosse a melhor bebida que suas papilas gustativas já puderam sentir. Jun libera um pequeno gemido agradável após engolir o fim da bebida daquele copo, que faz as veias das minhas pernas saltarem.

—Quer provar um pouco? — Meu corpo estremece assim que suas mãos atingem a madeira ao lado das minhas coxas sentadas, cada uma de um lado, fazendo seu cordão prateado saltar levemente de seu colo, e seu perfume gostoso impregnar em meu nariz outra vez.

Puta que pariu.

—Me prova que vale a pena sentir o gosto desse ponche levemente suspeito, aparentemente com pouco suco da fruta pela forma clara que as luzes o revelam transparente, e com o cheiro de álcool que parece estar 100% no sabor disso. — Me surpreendo  que não gaguejei em nenhuma das palavras que saíram da minha boca, como em "100%" e "aparentemente", que eu erraria a fala sem pensar duas vezes em situação de suor e nervosismo como essa.

Ele deixa uma risada fraca escapar, junto ao seu abaixar de cabeça, que recosta em meu peito acelerado. Meu corpo estremece novamente, e eu estou completamente entregue assim que recebo seu olhar sorridente outra vez, enquanto passa a língua na bochecha interna lentamente sem desviar um centímetro o olhar do meu.

—Esse ponche é só um detalhe, amor. — Seus dedos vão em direção a minha orelha, tilintando meus brincos em um carinho, até que sua mão deslizasse pelo meu pescoço e caminhasse até descansar em minha coxa. —Já o álcool, ele vai se certificar de fazer o beijo valer a pena.

Eu já estava totalmente convencido de que valeria a pena desde o começo, e todos os meus poros empurravam minha pele em sua direção. Mas eu ainda não me sentia vitorioso com as provocações.

—Na verdade, eu não quero provar pelo beijo, acho que corta um pouco o sabor original. — Minha fala faz uma confusão se estabelecer em sua mente.

Pego em seu quadril e o empurro levemente para trás, até que meus pés atingissem o chão. Consigo notar seu sorriso sumir, e seus olhos tentarem me analisar, mas nada foi mais rápido que minha ação de levar seu corpo até a mesa para que ele se sentasse dessa vez.

—O que você-

Antes que seus lábios formulassem uma pergunta, minhas mãos levaram uma concha cheia de ponche até sua blusa social branca, que os botões pediam socorro pela forma que seu peitoral repuxava o material frágil. O suco alcoólico escorre por toda a sua pele, umedecendo aquele tecido até que se tornasse transparente e grudasse em seu corpo.

Admiro seu revirar de olhos surpreso, pelo nítido líquido gélido percorrendo o caminho que os meus lábios sentiram inveja de percorrer. Sua respiração se altera, enquanto meus olhos encaram seu tronco exposto junto ao subir e descer eufórico de seu peito, em um saltitar sincronizado com os meus impulsos cardíacos.

Me permiti desabotoar e salvar a vida daqueles pobres botões da sua camisa social, libertando aqueles de suas batalhas sofridas. A primeira coisa que meus olhos analisam é seu braço direito, totalmente tatuado e com os músculos que eu não conseguia deixar de sorrir ao suspirar.

Encontro seus olhos suplicantes, demonstrando o sorriso ladino em meus lábios, de alguém que realizará mais um de seus sonhos. Apoio minhas mãos ao lado de suas coxas assim como fez anteriormente, levando minha influência alterada até sua pele exposta. Noto seu estremecer, me fazendo sorrir mais uma vez antes de encostar meus lábios volumosos naquele ponche derramado.

Minha diversão se inicia, onde minha língua passeia em alguns chupões por sua pele úmida, me permitindo sentir o álcool forte da bebida doce que derramei.

—Caralho. — Digo passando levemente meus dois dedos, médio e indicador, pelos meus lábios notavelmente avermelhados. Admiro seu brincar com o piercing em seus lábios pressionados, enquanto seus olhos passeiam tranquilamente pelo meu corpo parado em sua frente.

—O que achou do ponche, detetive?! — Ele sussurra fraquejado e levemente eufórico, ainda com as mãos na mesa, atrás de seu corpo.

—Melhor do que eu pensava. — Digo ao admirar os seus lábios ainda pressionados.

—Jimin... — Ele ajeita a postura, tirando suas mãos que antes apoiadas na madeira, agora pedindo o acesso até minha cintura, que é concedido sem espera. —Beijar no depósito do baile, está incluído na sua lista dos desejos?

Meu sorriso contente se torna automático, junto ao morder de lábios forte com a surpresa de pensar que ele acaba de ler meus pensamentos.

—Está no top1 da minha lista.

Outra gargalhada minha soa dentre a pista de dança, enquanto o sinto segurar meu corpo com tanta facilidade que o permite me girar por alguns segundos. Seus braços se acomodam em minhas costas e atrás dos meus joelhos, segurando a região com mais firmeza enquanto girava nossos corpos em sincronia.

As luzes do globo acima de nós são refletidas em seu olhar cheio e escuro, como uma lua com suas luzes esparramadas ao redor. É inevitável e sem dúvidas, uma das minhas vistas favoritas, o seu sorriso de coelhinho junto ao brilhar dos seus olhos de jabuticaba.

Me perdi tanto que nem notei quando havíamos chegado ao destino obscuro dos jovens nas festas, onde alguns perderam a virgindade e outros aproveitaram o fato de já terem perdido.

O lugar é escuro, empoeirado e bagunçado.

Bem romântico eu diria.

Sinto meus pés atingirem o chão com delicadeza, enquanto minha mão escorrega pela sua nuca até que eu me separasse de seu colo.

—Aqui estamos. O famoso depósito. — Ele diz tentando enxergar alguma coisa ao redor assim como eu.

—Acho que entendi o conceito. — Me aproximo da porta sem pressa, fechando o único feche de luz existente no ambiente, que some em segundos até que a escuridão nos engolisse. —Sem luz, sem ver um ao outro. Apenas o toque e o sentido de conhecimento do corpo um do outro. — Me aproximo com a certeza de que minhas mãos vão em direção ao seu abdômen ainda exposto. E tendo a certeza do meu instinto, acaricio sua pele na região exata que imaginei chegar.

—Eu conheço você enxergando ou não, Jimin. — Ouço sua voz baixa, consequentemente rouca,  arrepiar meu corpo feito um sussurro ao pé do ouvido. Recebo suas mãos aquecidas abaixo das minhas orelhas, como um encaixe perfeito em meu pescoço, sem errar um centímetro do seu caminho habitual.

Seus dedos puxam levemente minha jugular em aproximação. O quanto é notório o céu dos seus olhos permanecerem brilhando, me faz sorrir. Pois mesmo que estando em um lugar remoto e caliginoso, levando em conta ser apenas um depósito de poeira, seu olhar permanece me atraindo e movendo todo o meu rosto em sorrisos claramente derretidos.

Recebo seus lábios em mim, como se beijasse o meu sorriso. Suas mãos seguraram firme minha cintura, me fazendo fechar os lábios em seu beijo enquanto meu corpo caía levemente para trás, como no fim de uma valsa. 

—Me acompanha, meu detetive? — Ele sugere, estendendo sua palma aberta em minha direção, após retornar meu corpo de pé.

—Com toda certeza, meu novato. — Cruzo nossos dedos após encontrar sua mão diante a escuridão.

Eu não sabia o propósito do baile que ele planejou, e muito menos nossa ida até o depósito para apenas um beijo romântico como de um casal recém casado, mas sem dúvidas ele possui algo maior.

Assim que a porta se abre, a iluminação adentra de encontro aos nossos pés, subindo por todo nossos corpos até que conseguíssemos voltar a enxergar o rosto um do outro. Eu poderia simplesmente admirar as luzes ao redor, os neons, o enorme globo central na pista de dança, e a mesa do DJ que nem sequer há um tomando conta, mas olhar tudo isso refletido nos olhos dele, é mais belo, é como olhar para o reflexo das luzes do céu na maresia.

—Boa noite, alunos de Hogwarts. Fingiremos que não foi o primeiro nome que passou pela minha cabeça e que estamos realmente lá. — Escuto uma voz familiar soar pelo microfone, chamando a atenção dos meus olhos até o palco da pista de dança.

Estão todos presentes. Todos aqueles que me dão motivos para continuar vivendo e sorrindo todos os dias.

A minha família.

Yayo está na pista de dança como se fosse um dos "alunos" da festa. Me pego pondo a mão no peito ao sentir meu coração derreter ao notar sua pequena vestimenta, semelhante a um terno, porém em miniatura ao seu tamanho. Seu cabelo parece grudento de gel, penteado apenas com um pente para trás.

Definitivamente pensar que o Namjoon é o culpado desse belo penteado, me faz sorrir mais forte. Em seus pequenos braços, um buquê de flores amarelas lacrimejam meus olhos. Eu me perco em admirar seu tamanho em comparação as flores, notando só agora, o quanto estou apegado a ele como se estivesse em sua vida desde o dia que nasceu.

Aquela criança se tornou tão importante, que eu não consigo me imaginar em um mundo sem ele ao meu lado. Sem ele me fazendo encontrar sentido na vida. Sem ouvir sua risada gostosa ecoar pela casa.

—Agora iremos anunciar o rei e o rei do baile! —Eu não resisti a gargalhada, levando meu corpo ao chão em tamanha risada que arruína meu estômago.

"O rei e o rei".

—Lembrando... — Tento enxergar o palco novamente em meio a risada, notando Jin pegar o microfone das mãos do Namjoon que antes dizia o anúncio. —foi muuuuito difícil escolher os reis. A votação foi deveras acirrada, e tivemos que constatar ao júri pra termos uma decisão final. — Sua ironia me faz rir mais um pouco, fazendo meu som alegre ecoar levemente no salão vazio.

—O rei e o rei do baile de inverno são Park Jimin e Jeon Jungkook! — Jin grita altamente no microfone fazendo um ruído estrondoso ecoar.

Eu não estava acreditando em tamanha criatividade desses 4 em pensar tudo isso em apenas um dia. Meu estômago se revira em emoções que nem mesmo meu corpo estava conseguindo suportar. Sinto uma mistura de crise de riso com lacrimejo, de felicidade e pela risada, transbordando pelos meus olhos.

Meu coração bate forte, e eu tenho certeza de que se não fosse a música baixa que começou a tocar, os meus batimentos seriam escutados por cada canto daquela pista de dança.

—É, eu acho que nós somos os reis. — Jun cruzou os dedos aos meus, fazendo meu corpo arrepiar ao sentir sua pele outra vez.

Eu sorri o perdendo de vista, deixando que ele guiasse nossos passos até o palco, pois eu não conseguia aliviar meus lábios das risadas e enxergar o caminho ao mesmo tempo.

—Parabéns, vossas altezas. — Namjoon se aproxima com uma coroa prateada nas mãos.

Definitivamente pensaram em tudo.

Sinto os pequenos pentes da coroa adentrarem em meus fios loiros, se acomodando bem no topo da minha cabeça como se lá a pertencesse. Jin fez o mesmo ao levar o acessório ao outro rei, movimentando a franja lateral que antes atingia sua bochecha.

—Pra você, Mimi. — Ouço Yayo bem abaixo, erguendo o buquê de flores que tampa a minha visão do seu rosto.

—Obrigado, pequeno. — Digo em outro sorriso, aproximando as pétalas amarelas do meu rosto.

Sinto o afagar delas em minhas bochechas assim que funguei seu aroma agradável. É involuntário o relaxamento e calmaria que sinto ao admirá-las, provando a intensa paixão por serem minhas favoritas.

—Eu te daria mais dessas, mas é impossível ter a quantidade de flores que você merece, amor. — Jun se aproxima da mesma forma que os outros descem até a pista e nos deixam sozinhos naquele palco. Todas aquelas luzes iluminando nossos corpos me fazem respirar fundo desejando aos céus que aquele momento nunca acabasse. —Você merece uma floresta inteira de flores amarelas. — Ele continua.

Algo movimenta o meu peito, e outra bagunça o meu estômago. Eu sinto o alívio, como se toda aquela guerra finalmente estivesse chegado ao fim. Toda aquela luta de sobrevivência interna minha havia acabado, pois um cavalheiro resolveu lutar ao meu lado em uma guerra que nem era dele.

—Park Jimin, o detetive de Las Vegas. — Ele sorri, pegando em uma de minhas mãos, sem piscar uma vez sequer enquanto meu coração faz um treino inteiro de cardio. —Eu sabia que você mudaria minha vida, mas não desse jeito. Eu sabia que seria um desafio aprender com o melhor dos detetives, sabia que correria riscos, sabia que teria que me sacrificar algumas vezes, e principalmente sabia que no final, ou eu estaria morto, ou acabaria me apaixonando.

Meus olhos retornam a maresia de antes, e eu o vejo brilhar dentre as lágrimas que surgem, feito o anjo que salvou minha vida.

—Você me fez quebrar promessas, e atropelar alguns medos. E eu não me arrependendo de passar minhas rodas em cada um deles, dando ré e passando por cima novamente, pois eu descobri que amo você. Descobri um novo sentimento. Eu já li inúmeras obras de como pode ser definido o amor, amar alguém, mas em nenhuma delas eu pude identificar o que eu sinto. Amar não é algo universal que todos sentem um dia por alguém, e sim algo único que todos sentirão de formas diferentes por pessoas diferentes. Somos parceiros, Jimin. E nos amaremos assim, fazendo desse caso, o que nos separaria no fim, apenas o início da investigação de nossos sentimentos um pelo outro. — Ainda dentre lágrimas e boquiaberto, o observo agachar e erguer uma pequena caixinha preta com alianças prateadas finas e delicadas, que brilham ainda mais com as luzes do globo que gira no centro da pista.

—Você aceita namorar comigo e ser o meu parceiro, detetive? — Ele sentencia o infartar do meu coração.

Minhas pernas tremem como se passassem frio, diferente da minha pele, que esquenta com os batimentos exagerados. Meus olhos escorrem lágrimas reconfortantes de que eu tenho a sorte de tê-lo, a sorte de receber tal pedido como se fosse um namoro quando na verdade, ele acaba de pedir se aceito oficializar minha felicidade ao seu lado.

Consigo escutar o som da luz acendendo, iluminando os pontos empoeirados dos cacos quebrados em mim, e o som das correntes se partindo.

A guerra acabou.

Eu encontrei o meu motivo.

—Afirmativo, Watson. — Fungo o nariz com a voz em choramingo. —Eu aceito, meu parceiro.

Uma única lágrima brilha ao sair de seus olhos, em um respirar leve antes que seu corpo se levantasse em direção ao meu. Sinto suas mãos apertarem minha cintura e me abraçarem, como se eu fosse a coisa mais importante que possui. E se sentir importante e amado, é definitivamente a melhor sensação dentre as novas que adquiri.

—EU ESTOU ARREPIADO! — Ouço os meninos gritarem e comemorarem da pista de dança.

Eu não poderia estar mais feliz.

Jun separa um pouco nosso abraço para que enxergasse meu rosto sorridente e marejado. Seus olhos se fecham e seu nariz franze em retribuição ao meu sorriso, antes que seus lábios encostassem aos meus em um selinho demorado e sentido.

Eu não conseguia parar de sorrir momento algum, e é até mesmo difícil beijar com tanta felicidade explodindo dentro de mim. Foi quando ele voltou a me mostrar a caixinha preta, retirando de lá uma das alianças finas prateadas. A circunferência encaixa perfeitamente em seu lugar destinado, acariciando meu dedo até que adormecesse no ponto que continuará por muito tempo.

Fiz o mesmo com a outra, deixando a caixa vazia dessa vez. Eu não tive pressa, passei a aliança com calma por toda extremidade de seu dedo anelar até que chegasse em seu lugar também destinado.

Sinto mais algumas mãos rodearem nossos corpos, em um abraço coletivo. Solto uma risada acolhedora sentindo que estava finalmente em meu lar.

—Já vou expor aqui logo! O Namjoon chorou. — Jin faz todos gargalharem enquanto o acusado arregala os olhos, claramente úmidos, em nossas direções.

—Que calúnia! Eu não chorei. — Ele se defende.

—Vai ô pai babão. — Jin volta a aprovocá-lo, fazendo um grande bico surgir nos lábios do chefe.

—Que tal uma última valsa?! — Jun sugere, entrelaçando novamente nossos dedos.

—Me concede a honra? — Nam se curva brevemente diante ao hacker, que se surpreende levemente com tal ação, concordando sem muito pensar ao pegar em sua mão também.

—Eu sou o DJ! — Yayo saltita alegremente, me fazendo sorrir em sua direção.

Desci até a pista de dança, deixando minhas flores repousadas no palco acima. Me pego admirando mais uma vez sua bela e nítida cor amarela, fazendo outro sorriso escapar de mim.

—Pronto?! — Escuto Jun chegar e sussurrar no canto do meu pescoço. —Pode apertar, Yayo! — Ele orienta ao pequeno, que precisou da ajuda de um pequeno banco para alcançar os botões da mesa do DJ.

O observo apertar o botão, e sorrir, deixando seus cotovelos na mesa em sua frente apoiando seu queixo nas próprias mãos, enquanto a música começa a tocar.

Jun pega em uma das minhas mãos, esticando um dos meus braços junto ao seu, na altura de nossos ombros. Sua outra mão se acomoda em minha cintura, que me arrepia levemente com o seu apertar mediano ao sorriso em seus lábios. Acomodo, por fim, meu braço que antes livre, em sua nuca. Podendo acariciar levemente a região de seus fios escuros.

—Se a teoria dos universos for real, como ao filme do doutor estranho, eu espero que você seja meu em todos eles. — O escuto dizer como se sua mente viajasse dimensões, enquanto admirava cada pintinha do meu rosto.

Sinto uma vontade intensa de chorar, algo inexplicável que surgiu apenas em admirá-lo, e pensar no quanto eu o amo. Talvez seja medo de perdê-lo. Não consigo controlar o brilho que surge em meus olhos, pois eu jamais havia sentido algo tão intenso assim antes.

Será que é normal? Sentir vontade de chorar só por olhar uma pessoa que você ama muito?!

A música já havia iniciado a minutos. É como se a sonoridade adentrasse em nós, deixando que nossos corpos se movimentassem de forma automática em um balanço agradável. A cada passo, sinto mais o seu aproximar, e mais a firmeza de sua pegada em minha pele. A essa altura, ambos dançávamos em sincronia apenas sentindo um ao outro através do calor que compartilhamos ao toque das notas.

Já me disseram uma vez que, a música é como se fosse o efeito sonoro das nossas vidas. É algo que toca ao fundo de nossos momentos, deixando cada um deles mais marcantes. A combinação harmoniosa, que expressa os sentimentos através do som, chegando aos ouvidos de quem precisa. A composição em si, da letra que toca seu coração ao se identificar, do ritmo que parece mexer seus músculos sozinhos, e da sensação, de estar sempre dentro de um filme.

—Eu amo você, Jun. — Digo feito ar de alívio.

—E eu amo você, minha flor amarela. — Ele sussurra olhando em meus olhos felizes.

—Licença, posso roubar ele um pouco? — Escuto alguém abrir meus tímpanos para os sons ao redor, que antes se fecharam.

Jun entrega minha mão diretamente nas mãos do Namjoon, que é recebida com um entrelaçar de dedos acolhedor e aquecido. Jin parece feliz e bobalhão, típico olhar de quem está feliz tanto quanto eu, e assim acolhe a mão do Jungkook. Feito a troca de pares do real baile de inverno.

Nam puxa minhas costas até que minha bochecha repousasse em seu peitoral, a ponto de que eu conseguisse ouvir seu lento coração. Nossos corpos se movimentam no ritmo calmo da música que ainda soa pelo salão, assim como as lágrimas que criam a maresia em meu olhar.

Eu fecho os meus olhos, e consigo imaginar um mundo onde o meu pai dança comigo em uma pista, me acolhendo em seus braços e me dizendo para não ter medo, que sempre estaria do meu lado para me proteger de todo mau.

Mas o meu mundo é melhor. No meu mundo, eu tenho o Namjoon, cujo sentimento de acolhimento e tranquilidade brotam dentro de mim como se fosse um porto seguro estar em seu abraço.

—Eu estou orgulhoso de você. — Ele diz.

Bastou ele dizer tal frase, para que aquela única lágrima acorrentada escorresse em minha bochecha dolorida de cada risada. Eu aperto mais meu rosto contra seu corpo, deixando que aquela maresia salgada umedecesse sua blusa social. Conseguia fechar os olhos e respirar fundo como se me sentisse seguro, onde nada de ruim aconteceria enquanto eu tivesse aquele abraço em minha vida.

—Obrigado por não desistir de mim, Nam. — Separo levemente minha bochecha avermelhada de seu peitoral, notando pequenas covinhas surgirem ao lado de seu sorriso.

—Eu sempre estarei aqui segurando a sua mão, garoto. — Ele bagunça meus fios loiros em um carinho bruto que me faz sorrir até que não o enxergasse mais.

—Quem aí está afim de uma pizza?! — Escuto a voz do hacker ecoar pelo salão, fazendo o Yayo parar a música e correr até a pista em saltitantes pulos de alguém com muita fome.

—EU, EU, EU! — Ele diz empolgado.

—Ótimo. Eu preciso muito tirar esse terno. — O noto puxar levemente o colarinho da blusa social, afrouxando alguns botões que pareciam apertar sua pele anteriormente.

—Não é você o pastor que idolatra ternos?! — Jun faz um dos seus comentários provocantes ao mais velho, que o encara com a mão na cintura como de costume.

—Respeite meu estilo, seu zé das trevas! — Ele rebate, me fazendo gargalhar a ponto de me apoiar no mais alto ao meu lado, que ri na mesma intensidade.

—Eu amo vocês, sério! — Digo ainda risonho.

Eu tinha certeza de que minha barriga iria explodir a qualquer momento de tanto rir.

—Você que não entende meu estilo conceitual e moderno, onde a cor preta se torna minha idolatria, assim como você é com a bíblia. — Nem mesmo o piadista aguentou a piada. Estávamos todos rindo enquanto o hacker avermelhava de pensamentos que poderiam rebater aos dele.

—OLHA AQUI SEU.... — Ele nota Yayo ainda por perto e ouvindo perfeitamente. — Ainda bem que temos uma criança aqui, se não você escutaria nomes jamais existentes na língua falada por nós.

—Ok, vocês dois implicantes, vamos pra casa. — Eu bato as baquetas no gongo para os briguentos.

Perdi as contas de quantas vezes eu gargalhei essa noite prestes a me mijar perna baixo. A volta para casa foi a mais tranquila possível, dentre a noite de brisa fresca e a lua cheia no céu estrelado.

Todos estávamos cheirosos e no aguardo das pizzas chegarem, enquanto Jin e Jungkook discutiam entre assistir homem aranha ou a culpa é das estrelas. O debate me pareceu crítico e compreensível para ambos os lados, mas os argumentos de fato deveriam ser analisados.

—Eu não quero chorar uma hora dessas com esse filme! Melhor assistir ação! — Jun argumentava.

—E eu não quero explodir minha cabeça uma hora dessas com o tanto de explosões e movimentos que esses super-heróis fazem! — Jin rebatia.

Namjoon parecia tranquilo, apenas observando o caos enquanto segurava um de seus livros misteriosos de capa dura e gramatura extensa, junto a xícara com a estampa de um cacto, na espera da pizza.

Yayo estava distraído com o Bam, acariciando o animal algumas vezes enquanto fazia sons com a boca de acordo com o veículo que brincava.

Todos estávamos entretidos e com fome, apenas desejando uma deliciosa fatia de frango com catupiry ou calabresa. Mas não foi isso que chegou em nossa porta.

—Boa noite? — Digo desconfiado ao notar um homem engravatado ao lado de fora, após ter aberto a passagem no pensamento de ser o entregador.

Não deixei de analisá-lo, já que nunca havia visto seu rosto anteriormente.

Me parece ter vindo a mando de alguém importante, ao notar seu terno bem passado e seu cabelo milimetricamente penteado, sem ao menos um fio sequer para o alto. Ao perceber seu cuidado com a aparência, me parece alguém que trabalha em escritório, com a bunda o dia inteiro em uma cadeira giratória que o levará a problemas de coluna futuros.

O homem segura uma pasta preta em uma das mãos, e alguns papéis empilhados no antebraço, deixando seus óculos escorregarem pelo nariz levemente suado em uma noite fria e tranquila.

Ele está nervoso, certamente. Não parece ter vindo por boa causa.

—Aqui é a atual residência de Park Jimin? — Ele diz, levando seus olhos aos papéis soltos em seus braços.

—Sim, sou eu mesmo. — Digo fechando um pouco a porta que antes eu havia aberto por completo.

Seus olhos se direcionam diretamente para mim, sem ao menos mexer um músculo do pescoço. Meu corpo arrepia com a forma sombria e decepcionante que ele encara minha aparente confusão, me fazendo estar a poucos passos de fechar a porta na sua cara e fingir nunca ter aberto.

E eu sentia, desde o momento em que girei a maldita maçaneta, que algo acabaria com as poucas horas de felicidade do meu dia.

Assim aconteceu.

Foi quando eu comecei a acreditar, no compreensível maior medo das pessoas traumáticas de hoje. O medo da felicidade.

—É com enorme pesar que venho informar...a morte de seu irmão, Park Sungwoon.

...

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