A Bruxa da Lua

By Bia140

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Todos sabem que desde de sempre bruxos e humanos não se dão muito bem, depois da guerra entre os dois povos... More

Ampulheta
Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15

Capítulo 2

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By Bia140

Um arrepio percorreu por todo seu corpo ao ouvir o nome pelo qual chamavam aqueles demônios. Alice podia jurar que até seu coração parou por um segundo, enquanto ainda processava tudo o que sua irmã tinha acabado de lhe dizer.

- O que você quer dizer com isso? - ela se obrigou a falar.

Porém, Laila não lhe respondeu de imediato, ela percorre com um dedo as cicatrizes de seu braço. Estava pensativa.

Alice esperou pacientemente até que sua irmã se sentisse pronta para falar, sabia que esse era um assunto, um tanto, complicado para Laila porém, tudo relacionado a sua irmã era complicado.

- Esse sonhos não são normais, Ali-A voz de sua irmã mal passava de um sussurro.
- Eles são reais de mais, no sonho eu sempre sinto algo quente e uma dor terrível percorrendo meu braço, e se talvez eles...- ela respira fundo antes de continuar- E se talvez isso seja uma lembrança de quando isso aconteceu...

Laila ergue seu braço cicatrizado para demonstrar a qual lembrança se referia.
Com o cenho franzido, Alice tenta entender se ouviu direito o que sua irmã disse.

- Uma lembrança?- questiona, sua irmã apenas assente com a cabeça - Mas Lai, não é possível você ter uma lembrança disso éramos muito novas quando aconteceu.

- Talvez no dia do ataque, os bruxos tenham lançado uma maldição em mim que me faz ter esses pesadelos, sempre na semana do meu aniversário. - ela suspira pesadamente antes de continuar - Isso... também explicaria o porquê de eu ser assim... - sua irmã aponta para si mesma.

- Laila, isso não é maldição. A mamãe e o papai já disseram que você nasceu assim- Alice afirma, com a voz mais calma que conseguia ter.

- Fala sério Ali, olha pra mim! Eu não me pareço com uma pessoa normal... Fora as coisas estranhas que acontecem comigo.

A última parte foi dita tão baixo que Alice não tinha certeza se tinha ouvido direito.

- Como assim, que tipo de coisas? Tem alguma coisa a mais que você queira me contar?

A princesa pareceu pensar por um tempo como se estivesse ponderando se falaria ou não. No fim ela apenas negou com a cabeça.

- Não é nada, esquece, e só...- ela suspira pesadamente- Ali, seja sincera. Você me acha estranha?

- Não!- Respondeu no mesmo segundo, embora, não estivesse sendo completamente honesta.

Ainda se lembava daquele dia há oito anos, quando todos pensavam que sua irmã fosse morrer. Os médicos diziam que foi um milagre, uma benção dos deuses. Mas Alice sabia que isso estava longe de ser um milagre.

Ela viu o que aconteceu com sua irmã após aquele dia, as sequelas daquela doença não afetaram só sua irmãzinha, como a família inteira.
Alice deixou esses pensamentos de lado.

- Você não é estranha, Lai, só um pouco diferente -afirmou, esperando ter dito a coisa certa.

Laila ri sem humor.

- Um pouco diferente!- ela diz com escárnio- Para todo lugar que eu vou, as pessoas ficam me olhando... como se eu fosse um monstro ou uma aberração.

Alice olhou bem para sua irmã e viu quando a mesma piscava para afastar as lágrimas, essa visão fez algo se partir em seu peito.
Sem saber o que dizer, ela puxa sua irmã pra si e a envolve em caloroso um abraço.

Talvez sua irmã não seja exatamente como as outras pessoas- ou como a sua família.
Enquanto Alice e Luís tinham os mesmos cabelos castanho escuro como os de seu pai e olhos os castanhos claros de sua mãe, todos diziam que eles eram a mistura perfeita de seus pais, enquanto Laila em nada se parecia com eles, ela tinha cabelos brancos como a lua, olhos azuis escuros e algumas sardas em seu rosto.

Ela era diferente sim, mas isso não significava que era uma aberração. Longe disso. Infelizmente, Alice sabia das coisas que falavam sobre sua irmã, dos apelidos horríveis pelos quais a chamavam. As pessoas podem ser muito cruéis com o que parece ser diferente ou estranho, seja por medo, inveja ou raiva.

Mas sua família também não era um exemplo de gentileza.

Elas ficaram abraçadas até Laila bocejar. Já estava muito tarde e ambas haviam passado da hora de dormir.

- Melhor a gente ir dormir. - Alice diz e Laila apenas concorda.

Assim que Laila se cobriu, Alice se levantou e começou a caminhar em direção a porta, até ouvir sua irmã chamá-la com a voz baixa:

- Você pode cantar para mim, por favor?

Ela não precisava se virar para ouviu a súplica na voz da irmã.

- Não acha que estamos um pouco velhas para isso?- ela sabia a que música sua irmã se referia. E realmente achava que já estavam um pouco "grandes" pra ela.

- Por favor, Ali- Laila estava praticamente implorando.

Alice bufou e revirou os olhos com a situação, mesmo assim, ela foi até Laila, se sentou na ponta da cama e começou a cantar:

- Existe um lugar onde apenas os sonhadores podem encontrar;
Se os olhos você fechar e se permitir sonhar;
Você verá a Árvore Das Almas, em uma ilha no meio do mar;
De um lado o Sol vai brilhar, do outro tem as estrelas à cintilar;
Tome cuidado para a ela não se apegar;
E mesmo quando você acorda no seu coração a árvore ainda vai estar.

Quando olhou para Laila percebeu que a mesma já estava dormindo.
Não precisava perguntar qual era a música que ela queria, essa era a música que sua mãe cantava para ela e seus irmãos, desde que conseguia se lembrar. E essa canção sempre conseguiu acalmá-los, quando nada mais parecia funcionar.

Alice murmurou um boa noite para Laila, então foi até a porta e em direção ao próprio quarto.

Tinha alguma coisa errada.

Ela sabia que estava sonhando, tudo se repetiu.
Primeiro, tudo o que via era apenas um vazio, escuro e acolhedor, e lentamente, o escuro foi substituído por uma luz assustadora, não era uma luz qualquer. Era fogo.

Diferente de seus outros sonhos, em que nunca conseguia ver nada com clareza e tudo o que fazia era chorar, dessa vez era ela própria olhando tudo. Como se fosse apenas uma espectadora de seu próprio sonho.

Laila estava em um quarto simples, que só possuía espaço para uma cama e um pequeno berço, os pisos de madeira eram tomados rapidamente pelas chamas, porém não era o fogo se aproximando que a assutava e sim, a pequena criaturinha chorosa no berço.

Pânico se alastrou por todo seu corpo quando percebeu que aquela criança, era ela.
O fogo continuou se aproximando e a criança... Laila, continuava chorando. Desesperada, Laila tenta pegar a criança do berço, mas sempre que tentava seus braços atravessavam a bebê, era como se eles fossem feitos de fumaça.

- Você não pode fazer nada.- um arrepio percorreu sua espinha ao ouvir uma voz atrás de si- Isso é só uma lembrança, você não pode mudá-la.

A voz parecia ao mesmo tempo velha e jovem, calma e assustadora. Muito lentamente, Laila se vira e se depara com uma mulher belíssima, os cabelos cor de onix chegavam a sua cintura, seus olhos eram escuros como fumaça, seus lábios vermelhos como rubis e sua pele era tão pálida que parecia que nunca havia visto a luz do sol, a mulher usava um vestido preto que parecia afastar qualquer feixe de luz que ousasse chegar perto.

- Se já acabou de me analisar, eu gostaria de conversar um pouco, Laila- a mulher pronunciou cada palavra com uma calma letal- Perdoe-me pelo... local, mas não consegui criar um sonho melhor para conversarmos.

Por um momento Laila tinha se esquecido de que ainda estava naquele quarto, o fogo continuava, mas estava parado, a criança também tinha parado de chorar. Era como se o tempo tivesse sido congelado.
Laila lutava para esconder o tremor em suas mãos.

- Quem é você?- não sabia de onde tinha conseguido tirar a voz e a coragem para falar, apesar da mulher aparentar estar calma, algo dentro de Laila lhe dizia para ter cuidado.

- Você está com medo, é compreensível- seu rosto não demonstrava nenhuma expressão, mas sua voz se mantinha calma e firme- Olha, eu não tenho muito tempo, então vou ser direta.

Seu olhar encontrou o de Laila e um calafrio passou por seu corpo enquanto aquela mulher a inspecionava de cima a baixo.

- No solstício de inverno, quando a Duquesa Silven dará uma festa para todos os nobres. Você, minha querida, vai receber uma surpresinha- ela sorriu sombriamente.- Bom, na verdade são duas supresas, mas vamos focar só em uma.

Seu coração estava acelerado, Laila sentiu seus braços formigarem, suas mãos tremiam muito.

- Você sente, não é.- não foi uma pergunta- Tem algo dentro de você, percorrendo seu corpo, principalmente seus braços e que está doido para se libertar!

A princesa gritou, quando de repente a mulher agarrou seus ombros e fincou suas unhas neles.

- Eu sei que você está com medo Laila, mas eu preciso que você me escute! - A mulher olhou no fundo de seus olhos e Laila sentiu que ela podia ver sua alma através deles- Quando a hora chegar, no baile da Duquesa Silven. Eu quero que você deixe essa coisa, esse poder se libertar, não tente segurá-lo porquê vai ser pior para você. Entendeu!?

Ainda paralisada pelo medo, tudo o que Laila conseguiu fazer foi acenar com a cabeça rapidamente. A mulher sorriu e tirou suas unhas de seu ombro, a princesa não percebeu que estava segurando o fôlego até que a mulher a soltou.

-Você é uma menina tão boazinha- ela acariciou seu rosto e Laila se conteve para não se encolher com o toque frio da mulher. - Quer saber, por ter sido uma menina muito calma eu vou lhe dar um presente.

Ela aproximou de seu ouvido e sussurrou:

- Vou deixar que finalmente veja o final do sonho.

Dito isso, a mulher se dissolveu em fumaça e simplesmente se foi, Laila ainda estava paralisada no mesmo lugar tentando entender o que tinha acabado de acontecer. Ela só saiu de seu estupor quando ouviu alguém chorando.

As chamas voltaram a se mover e estavam em todo lugar, mas Laila não podia senti-las. Ela se virou e encarou horrorizada quandos as chamas enfim chegaram ao berço. Seu estômago se revirou, mas não havia nada que pudesse fazer a não ser encarar aquela cena horrorosa.

Quando as chamas chegaram na bebê, Laila também sentiu o fogo se alastrando por seu braço, a dor era tanta que fez suas pernas cederem e ela se espatifou no chão.

De repente, a porta do quarto é aberta com tanta urgência que quase foi arrancada das dobradiças.
Uma mulher entrou no quarto, ela estava coberta de fuligem e de algo vermelho que só podia ser sangue, mas não foi isso que fez Laila arregalar os olhos de medo, mas sim os cabelos brancos que ainda estavam visíveis mesmo com toda a sujeira e seus olhos azuis escuros, idênticos aos seus.

Por um momento pareceu que o tempo tinha parado de novo, apenas para Laila poder encarar aquela mulher que se parecia tanto com ela mesmo estando completamente imunda de sangue e fuligem. Por um momento ela ignorou a dor que sentia, e esqueceu onde estava e de que tudo isso era um sonho. Não, um sonho não. Aquela mulher lhe disse que isso era uma lembrança, então tudo isso era real e já aconteceu.

A mulher gritou quando viu o berço em chamas e correu até ele, e no momento em que ia pegar a bebê, o sonho acabou. Laila tentou -inutilmente- permanecer por mais tempo no sonho, tentou se agarrar a ele, ela queria ver mais, precisava ver mais. Mas todo o seu esforço foi em vão.

O sonho acabou e a escuridão veio para tomá-la e, pela primeira vez, Laila queria afastá-la.

🌘🌕🌒🌘🌕🌒🌘🌕🌒🌘🌕🌒🌘🌕🌒

Esse capítulo acabou ficando mais curto do que deveria, mas eu realmente não sabia mais o que escrever então resolvi parar quando achei que estava bom, ao invés de tentar ficar enfiando palavras aleatórias nele.

Sei que a história está no começo, mas espero que estejam gostando dela.

Qualquer observação pode ser dita aqui, assim como teorias e opiniões tbm 💖

Até a próxima semana já sai um capítulo novo.

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