12 dias até minha morte

Av faehrin

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Você já imaginou saber o dia de sua própria morte? É assim que começa a história de Lucas: um garoto de 16 an... Mer

Prólogo
Dia 1
Dia 2
Dia 3
Dia 3.5
Dia 4
Dia 5 ou algo assim
Dia 6
Domingo a noite.
Dia 7
Dia 7, noite.
Dia 8
Dia 9
Dia 10
Dia 12.
Dia 13.

Dia 11.

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Av faehrin

05:13 da madrugada.

Eu não dormi por nem um segundo.

Não consegui dormir, de jeito nenhum. Foi simplesmente impossível.

Por mais que eu esteja mais calmo, e com menos medo agora, em relação a tudo, ainda são muitas coisas para pensar. Refletir. Viver. Escrever!

Boa madrugada querido diário.

No último dia, nossa querida conversa foi interrompida pelo meu pai, que abriu a porta subitamente.

— Luquinhas? O quê você tá fazendo acordado meu filho?! — Exclamou, surpreso, e claramente preocupado.

Limpei o rosto cheio de lágrimas. Ainda bem que estava um pouco escuro, ele não podia perceber que eu estava chorando. Me sentiria melhor se ele não visse.

— Ah, boa noite pai. Foi mal, eu 'tava' pensando em algumas coisas e não consegui dormir. Desculpa.

— Ei, não precisa pedir desculpas. — Afirmou, e caminhou em direção ao banheiro. Ligou a luz, fechou a porta para deixar apenas uma pequena fresta de iluminação, e sentou-se na cama — O quê aconteceu? Consegue falar com o pai?

Respirei fundo para não chorar. Bem fundo mesmo. Acho que nada me deixaria pior, do que se meus pais descobrissem que estou prestes a morrer. Nada no mundo. Eles não merecem isso.

— Bastante coisa pai. Bastante coisa. Eu...eu não sei se consigo falar sobre. — Gaguejei, segurando meu choro ao máximo. Mordia minha língua e machucava minha mão, mas não podia chorar. Não. Podia.

— Tá tudo bem, filhote. Tá tudo bem. Vou só me sentar aqui com você então. A gente fica em silêncio juntos, até você se sentir confortável, tudo bem? — Questionou, sem, em momento algum, tentar me tirar da zona de conforto.

Não teve como. Eu desabei.

Chorei. Chorei de soluçar, sem segurar nada. Não suportava mais segurar, precisava me abrir. Falar algo, mesmo que a pessoa não entendesse nada do que está acontecendo.

Meu pai ficou em silêncio durante todo este tempo. Apenas tinha deitado minha cabeça no seu peito, e acariciava meu cabelo. Não ousava falar uma palavra.

Depois de certo tempo, respirei, ofegante, e as lágrimas pararam, aos poucos, de cair. A respiração foi ficando mais calma, meu nariz entupiu, mas já sentia o calor do abraço novamente. Minhas mãos tremiam menos e sentia que meu sangue já não estava circulando tão rápido.

E assim, quebrei o silêncio:

— Pai, eu tenho medo.

— Medo? — Questionou, parando de súbito o carinho, olhando para meu rosto — Medo de quê, meu filho?

— Medo, medo demais. De tudo. Só tenho...medo. N...não consigo falar mais que isso. — Gaguejei, rezando para que ele não insistisse em perguntar sobre.

— Tudo bem. Não tem problema. Qual o tipo do seu medo?

— Como assim? — questionei, confuso. Existem tipos de medo?

— O tipo do seu medo. Ele é um medo daqueles que sentimos em filmes de terror, que ameaçam nosso bem estar? Ou é daqueles que está mais para um receio, uma sensação de precaução para algo que pode ou não acontecer? Também existe o medo do futuro, do passado, de suas ações, muitos medos.

— Hum... — Pensei, agora com a mente mais calma. Ele sabe bem como tirar meu foco de algo. — Acho que é o medo do futuro. Algo nesse estilo.

— Esse é um dos medos mais comuns. Sinto ele todo dia. Todo dia mesmo. Sabe, uma coisa que seu pai faz muito, é sentir medo. Acho que é o sentimento mais nobre do ser humano, se quer saber minha opinião.

— Porque sente tanto medo assim? — Questionei, curioso.

— O medo é um sentimento geral. Não há como viver sem ele. O homem sem medo é um homem burro. Ele não sabe quando sentir, quando viver. Acha que é maior que o mundo em qualquer momento.

— Então o medo é... uma coisa boa?

— Todos os sentimentos são bons, se na medida certa. Você não pode viver no medo, assim como não pode viver sem ele.

— Entendi, eu acho. Mas, e, por exemplo, algumas coisas que dão medo no geral? Tipo a morte?

Queria muito perguntar sobre. Muito. Não tinha como esconder algo tão direto. Espero que ele não tenha se ligado.

— A morte?! — Perguntou, espantado — Sinceramente, eu temo muito a morte. Ela é algo que não podemos evitar, de maneira alguma. Mas, sabe, por mais que eu a tema, assim como todo mundo, eu não acho que vou me sentir mal, quando a minha chegar. Na verdade, tenho certeza que não.

— Porque não? Ela chega do nada, sem avisar, e pode, sei lá, acontecer amanhã?! É algo surreal e maldoso.

— Mas eu tive a oportunidade de viver. Por isso ela não é maldosa. A morte nada mais é que o fim de um ciclo. E eu tenho muito orgulho do ciclo que eu vivi. Criei uma família linda, dois filhos lindos, tive uma esposa linda. O quê mais eu posso pedir da vida?

— Não tinha pensado por esse lad... pera, você errou no número de filhos, cabeça oca! — Exclamei, brincando — Eu sou filho úni...

— É — Me interrompeu, sorrindo, enquanto acariciava meu rosto e os olhos se enchiam de lágrimas — Acho que você foi promovido a irmão mais velho.

Não consegui acreditar. De jeito nenhum, não conseguia acreditar. Eu iria ter um irmão? Ou irmã? Meu. Deus.

— Pera, você tá brincando né?! Só pode ser brincadeira.

— Nada me deixa acordado de madrugada, lembra? Só se for algo que me deixe muito ansioso. Recebi a notícia hoje da sua mãe, e ela queria te fazer uma surpresa mais 'pra' frente, mas eu achei uma ótima ideia falar agora. Não sabemos o sexo ainda, mas algo me diz que será uma garota.

— Meu Deus...

Eu... Eu vou ter uma irmã!

Uma garotinha! Uma irmãzinha! Uma mini Lucas! Que vai pular, brincar, viver, como ninguém nunca viveu! Puta merda, eu vou ter uma irmã!

Eu posso não viver amanhã. Posso morrer e sumir da terra. Mas saber que terá alguém para viver o que eu não pude! Aproveitar meus pais, minha família, minha cidade, tudo!

Até mesmo, aproveitar a Letícia. Quero pedir algo especial para ela amanhã. Tenho certeza que ela vai amar a notícia!!

— Pai, obrigado! Mesmo! Não tinha forma melhor de tirar minha cabeça do lugar! Preciso escrever umas coisas agora, mas, obrigado! Mesmo!

Abracei-o com toda a força que eu tinha no corpo. Abracei-o como se fosse a última vez, sem saber se era ou não, a última vez. Ele devolveu o abraço, com o maior carinho possível de pai para filho. Me senti amado, de novo. Senti-me vivo.

Depois de longos segundos de abraço, levantou-se e foi até a porta do quarto, sorrindo.

— Não dorme tão tarde, cabeção! Escreva o máximo que puder. Você tem um dom 'pra' isso. Se precisar, eu to aqui no quarto do lado! Eu te amo Luquinhas.

— Eu te amo pai. Boa noite! Já vou 'pra' cama!

Logo que fechou a porta, alonguei meus dedos. Teria muito trabalho a fazer.

Um relance de uma ideia passou na minha cabeça. Algo que, se tivesse mais tempo, talvez eu não faria. Mas, como preciso por alguma coisa no papel, acho que essa seria a melhor escolha.

Vou escrever algumas cartas para minha irmã. Que, no futuro, talvez, ela possa abrir e ser aconselhada ou acolhida por mim.

Na verdade, eu já tinha uma ideia similar na cabeça. Vou escrever algo para cada um. Meus pais, para minha irmã, para Sofia e, claro, para a Lê.

Vou deixar tudo pronto! Uma carta para cada um! Além de poderem se lembrar de mim nas memórias, terão algo que fiz durante a vida, pensando em cada um! Em cada momento!

Escrevi tudo que podia, nas mesmas folhas deste diário. E sei exatamente onde colocá-las!

Só depois de terminar, consegui continuar a escrever sobre meu dia. Quer dizer, minha madrugada.

Eu vou ter uma irmã! Uma irmãzinha!

Não vou estar vivo para vê-la, e isso me dói, em cada segundo. Mas, alguém da minha família vai viver, sorrir, ser feliz como nunca! E eu vou observar tudo, mesmo que de longe!

Ainda temo a morte, como disse meu pai. Lógico que eu vou temer, é o fim de um ciclo!

Ainda não estou pronto para partir, e não ver minha irmã crescer. Não ver a Letícia crescer comigo, sorrindo, pulando, me amando. Não estou pronto nem para, sei lá, não ver o dia que Gabriel parar de me perseguir igual um doido!

Mas, eu estou pronto para, ao menos, ter um pouco disso. Assim como eu já tive.

Não vou morrer amanhã! E, se eu morrer, posso afirmar que morri mais vivo do que nunca.

Preciso tirar algum tempo para dormir. Mesmo que pouco. Acho que amanhã cedo, a Let vai bater aqui na porta, e isso provavelmente vai me acordar. Ou até mesmo meus pais, duvido que eles me deixem dormir até a hora que eu quiser.

Boa noite diário. Uau, essa é uma das últimas noites que eu posso dizer isso!

Boa noite, meu caro amigo.

12:30

Tudo bem, talvez eu tenha dormido um pouco demais.

Mas, acordei com o melhor presente do mundo! E vocês nem tem ideia...

Acordei cerca das 9 da manhã, algo que, para quem está com poucas horas de vida, é preocupante. Na mesma hora que olhei para o relógio digital ao lado da cama, levantei.

Mas, ao levantar, senti um peso no meu braço esquerdo. Um peso forte, que vinha acompanhado de um "hum?"

Olhei para o lado e:

— CREINDEUSPAI! LETÍCIA?! QUE CÊ TÁ FAZENDO AQUI MULHER! — Berrei, pulando da cama, assustado com uma cabeça de marmota dormindo comigo na mesma cama, do nada!

— Aí menino que isso. São literalmente nove da manhã e 'cê' tá gritando, eu hein?!

— Como você foi parar aí? — questionei, sem entender nada, cobrindo meu pijama de Valente com o travesseiro.

— Eu vim parar aqui porque ALGUÉM não acordou cedo hoje! — Exclamou, me encarando com olhares tenebrosos. — Aí sua mãe foi lá me atender, e disse que eu podia te esperar aqui se quisesse. E seus pais simplesmente sumiram depois de, sei lá, quinze minutos? Sua cama estava atraente e eu pulei 'pra' tirar um cochilo, uai!

— Você só deitou do meu lado e dormiu? Simples assim?!

— Ué, a cama estava livre, e você ainda me abraçou na hora que eu deitei. Ficou me apertando como se eu fosse um ursinho, mané! — Disse, brincando, enquanto imitava a cena com um travesseiro.

— Aí pelo amor de Deus, tá bom! — Exclamei, rindo. Eu estava dormindo com a Let, e nem sequer consegui aproveitar seu abraço. Que merda!

— Eai, o que vamos fazer hoje? — Perguntou, sentando de pernas cruzadas na cama, me olhando curiosamente.

— Hum, que tal irmos à escola?! Hoje tem aula de artes! — Brinquei, encarando-a, pronto para dar risadas.

Respiramos, nos olhamos por alguns segundos, e caímos na risada. Ir para a escola, quem faz isso em pleno século XXI?

— Bem, a gente pode pensar em algo aqui em casa agora de manhã... Já sei! — Exclamei, com a melhor ideia do mundo na ponta da língua — meus pais almoçam fora hoje, alguma coisa "da firma" se não me engano. Posso fazer algo bem gostoso para nosso almoço, que tal? Aí você me ajuda e tudo mais!

— Uau, quem diria que saem boas ideias desse cérebro minúsculo! — Exclamou, rindo, e me acertando com um travesseiro na cabeça — Vou para casa avisar meu pai depois então!

— Ah, agora você vai ver! — Gritei, atirando o travesseiro na sua cabeça com toda a força, e correndo para buscá-lo, evitando ficar desarmado. — En garde! Vai apanhar como nunca apanhou antes!

— Pois venha jovem Padawan! Aprendi sobre as forças do mal antes mesmo de você conhecê-as! — Berrou de volta, partindo para o ataque.

Brigamos de travesseiro no meu pequeno quarto por um bom tempo. Eram golpes de esquerda, cima, baixo, iguais à Jedis, como os hobbits de Senhor dos Anéis, ou até mesmo golpes aleatórios giratórios que acertavam tudo pelo quarto.

Até que, em certo momento, ambos cansaram. Apanhamos demais, e decidimos encerrar a partida com um empate provisório. Deitamos, ao mesmo tempo, na cama, e ficamos rindo enquanto olhávamos o teto do quarto.

— Obrigado por tornar a minha vida a melhor possível, Luquinhas. — Agradeceu Letícia, sem explicação nenhuma.

— Do nada assim? — Brinquei, com risadas leves — Eu que deveria agradecer, não?

— Pode ser que sim. Mas eu não posso deixar de agradecer. Você tornou tudo tão mágico. Tão forte, especial. Eu não teria como ser mais grata por você ter entrado na minha vida.

— Ah Let, que fo...

— Não terminei ainda, panguão! — Exclamou, apoiando sua cabeça no meu peito e tapando minha boca com a mão esquerda. — Eu ia dizendo que, graças a você, eu percebi que a vida é mais leve, mais animada, do que a maioria vê. Eu me senti verdadeiramente amada em cada segundo que estávamos juntos, e sei que vou me sentir da mesma maneira em cada segundo que ainda vamos passar juntos. Eu errei algumas vezes, eu sei, mas...

— Não tem problema em errar. Eu também errei. Ambos erramos. A verdade sobre o amor é que, se não estivermos prontos para errar e mudar, não amamos.

— Uau. Do nada, o filósofo Luquinhas apareceu! — Afirmou, surpresa, enquanto enrolava meus cabelos entre seus dedos — Concordo completamente com você cabeça de urubu. Com cada palavra.

Pensei em milhões de coisas para dizer. Milhões, cada uma com um significado diferente e um peso diferente. Mas, achei que a perfeita seria:

— Let, eu tenho um pedido 'pra' ti. Algo de coração.

— Pode falar, meu rei. — Fiquei todo vermelho em segundos. Meu Deus, eu amo quando ela me chama assim.

— Ontem, meu pai me contou uma coisa, que me deixou surpreso, e, ao mesmo tempo, preocupado. Pensei em muitos jeito de agir, e, sei lá, acho que a melhor coisa nessa situação, seria pedir isso para você!

— Aí ta me matando de curiosidade! Fala logo, desembucha! — Afirmou, apoiando, com as duas mãos, no meu peito, e me encarando com curiosidade.

— Eu vou ter uma irmã. E queria que você cuidasse dela como irmã mais velha na minha ausência. Mostrasse a beleza da vida, da natureza, com os mesmos olhos que você mostrou para mim. Você faria isso?

Ela me encarou por alguns segundos, boquiaberta. Respirou fundo, sorrindo, e disse:

— Você vai... CLARO! Lógico, é claro que eu cuido dela! Eu vou mostrar o mundo e ensinar tudo que eu sei sobre! Juro, prometo de dedinho!

— Obrigado. De verdade, obrigado.

— Ainda não conte com sua ida. Você vai ser um irmão mais velho fantástico. Eu quero acreditar nisso com todas as minhas forças, até o último segundo. Mas, se o pior acontecer, pode deixar comigo. Eu cuido dela!

— Que bom. Eu sei que você vai fazer seu melhor, minha rainha!

Ela levantou do meu tórax, abriu os braços, e pulou em cima de mim, da forma mais meiga e carinhosa possível. Devolvi o abraço, segurando-a com força. Não queria deixá-la ir embora, nunca. Meu corpo, diferente das outras vezes, estava calmo. Meu coração batia rápido, mas não prestes a explodir. Meu sangue percorria quente, mas não o suficiente para me fazer queimar. Minha cabeça estava confusa, mas não o suficiente para me importar naquele momento.

Estávamos em paz. Felizes.

Depois de um longo período de abraços e carinhos, Let levantou a cabeça com tudo, passando a mão na barriga, dizendo que estava com fome.

E, admito, também estou morrendo de fome. Isso que dá não tomar café!

Combinamos de almoçar aqui em casa, então Let foi correndo até em casa, buscar um pouco de arroz (que, por algum motivo, estava faltando na prateleira) e avisar aos pais que iria almoçar fora. Enquanto isso, tomei a liberdade de anotar tudo no caderno, de novo.

E, aqui estou. Terminei de contar toda minha manhã, e nem sinal da dona Letícia ainda. Acho que vou preparar a carne enquanto isso.

Até já diário! Em pouco tempo, eu retorno para contar o resto do meu último dia para vocês.

Ah, e, quase me esqueço. Dia 11 de 12.

Enfim chegamos, não é? Isso é desesperador.

Mais desesperador do que vocês imaginam.

A única coisa boa é que ainda tenho o dia inteiro de hoje, e, espero eu, parte do dia de amanhã.

Vou sentir falta de contar meus dias para você, querido caderno. Sabe, você virou mais que um amigo para mim.

Enfim, a carne já deveria estar quase pronta! Essa mulher vai chegar morrendo de fome, conhecendo minha rainha!

Até já, amigo!

23:48 da noite.

Uau. Parece que toda vez que paro de escrever por um pouco, as coisas ficam mais caóticas ou confusas, não? Ou os dois juntos...

Por onde eu posso começar? Caramba, foi tanta informação hoje...

A Let chegou alguns minutos depois da mesa estar posta. A carne ainda estava quente, o arroz e as batatas prontinhos para serem engolidos e o guaraná gelado como nunca.

Ela chegou animada, sorrindo. Estava com alguns chocolates na mão esquerda, e parecia bem animada com a ideia de se empanturrar com eles durante a tarde.

A ideia dela me ajudar a cozinhar ficou para a sobremesa, já que a lerdona tinha demorado só por conta dos docinhos.

Comemos, estava tudo bem agradável, mas ela não parava de me zoar por ter queimado algumas batatinhas. Sério, que ser humano mais lindo e insuportável.

Logo depois do almoço, ambos estávamos muito estufados para pensar em comer doces, então estendemos o sofá e deitamos com a barriga para cima. Ficamos ali por mais ou menos meia hora, porque a Let acabou se animando muito quando eu perguntei sobre a família Skywalker de Star Wars.

Agora, eu sei até a origem triste e solitária da titia avó do "Anakin". Pois é...

Foi então que uma das melhores ideias do dia apareceram. Quando a fome voltava a bater, e meu cérebro já não funcionava mais para pensar sobre Star Wars, me veio a realização de um momento perfeito, e simples, que eu poderia ter com a Let:

Cozinhar cookies!

Eu não sou o melhor dos cozinheiros de doce, mas, já que existem tutoriais na internet para me ajudarem, achei que seria uma boa arriscar.

Perguntei se ela topava cozinhar cookies e depois assistir algum dos filmes nerdolas que ela adora. Minha resposta foi "Você é um deus grego!".

Eu sinceramente não entendi, mas logo em seguida ela pulou do sofá, pegou uma colher de pau e ficou em pé me encarando, numa pose ameaçadora.

Algo me diz que ela gostou muito da ideia.

Pesquisamos uma receita pela internet, encontramos algo que parecia fácil, prático e saboroso, e logo pusemos a mão na massa.

Eu não quero me gabar, mas já me gabando, eu até que sou bom na cozinha. Mas a Letícia, meu deus, como uma pessoa com mais de 5 de qi consegue ser tão ruim mexendo uma panela?!

— Mulher você 'tá' mexendo tudo errado, é para fazer um movimento circular com a colher, não bater para cima e para baixo! — Avisei, enquanto pegava mais açúcar na prateleira.

— Eu não sou a melhor nisso, tá bom?! Não tem nenhuma máquina de mexer na sua casa não? — Questionou, enquanto batalhava ferozmente com a massa do cookie.

— Para você ser ruim nisso tem que melhorar muito ainda! — Brinquei, enquanto jogava um pano de cozinha na sua cara — Passa a colher de pau 'pra cá'! Vai quebrando o chocolate enquanto isso.

Ela pareceu furiosa com o pano na cara, mas obedeceu, depois de perder a dinâmica luta contra a coitada da massa. Quando passou por mim, mordeu meu braço, alegando:

— Você só reclama cara! Agora vai sofrer nas minhas mãos! — Gritou, enquanto apertava os dentes no meu pobre braço.

— Aí! Parece uma ratazana! — Berrei, ao sentir os dentinhos do inferno afundando minha pele. Resolvi retribuir com a mesma moeda, ou moedas parecidas, tanto faz.

Deixei a colher dentro da panela, enquanto batia com o pano na Let (Com força, lógico. Meus pais não fizeram um guerreiro covarde!) mandando ela soltar.

E não é que a bendita ainda mordeu mais, agora me abraçando pela cintura, imobilizando meu braço esquerdo?

Como ela me abraçava, precisei agir rápido antes que ela me imobilizasse: como seus braços estavam ocupados, e eu ainda tinha um braço livre, armado com o pano, tive a melhor ideia de todas.

Parti para a cosquinha na barriga.

A Let é um ser estranho, disso todos nós já sabemos, mas acho que nunca conheci alguém que sente tantas cócegas na barriga, na área das costelas, sabe?

Na mesma hora, ela largou meu braço, tentando me impedir, dentre risadas e pedidos de ajuda, que eu continuasse a cosquinha.

— Misericórdia! Eu n...não mereço isso! — Berrava, enquanto ria perdendo todo o ar.

— "Agora vai sofrer nas minhas mãos" — Repeti, zombando da coitada .

Ela se curvou, tentando me afastar com a cabeça. Eu, rindo, continuei lutando fielmente, até ambos estarmos no chão, deitados frente à frente, sem fôlego e forças para continuar a batalha.

Levantei, apoiando meu tórax em um dos armários da cozinha, ainda ofegante de toda aquela luta. Respirava, sorrindo, olhando para Letícia, que parecia ter um olhar diferente. Acho que, na verdade, ambos estávamos com um olhar diferente.

A cozinha estava quieta. Meus pais não chegariam até o começo da noite, e isso me causava alguma coisa. Algum sentimento diferente, que eu não tinha sentido antes.

Letícia também tinha se sentado, encostando no armário em frente ao meu, agora me encarando com os olhos na mesma altura. A cozinha era muito pequena. Estávamos muito perto.

Pensando agora, eu deveria estar nervoso. Eu nunca tinha feito isso antes. Mas, naquela hora, pareceu tudo tão natural.

Senti meu corpo quente. Quente, fervendo como em todas as outras situações minimamente românticas que eu passei com ela. Mas, dessa vez, fervia de um jeito diferente. Meu sangue percorria mais rápido pelo corpo, e eu parecia mais focado em uma só coisa.

Movemos praticamente no mesmo momento, em sintonia. Nossos corpos se aproximavam muito rapidamente. Na hora, pareceu que aquilo era algo natural. Não tínhamos dito uma palavra sequer.

Coloquei minha mão em sua nuca, acariciando seu rosto com o polegar, enquanto apertava com os outros dedos. Puxei-a para perto. Sem hesitar, seu rosto vinha com facilidade para perto do meu.

Seus lábios se encontraram com os meus. No início, fora algo completamente suave. Sentia, com os lábios parados, sua boca macia, com sabor de morango de algo que ela havia passado algumas horas atrás. Ela fazia o mesmo. Tocamos os lábios por alguns poucos segundos, até afastarmos nossas cabeças novamente.

Olhei-a. Encarei aqueles olhos castanhos que eu sempre descrevi como mágicos. Enrolei seus cabelos na mão, os mesmos que eu sempre havia observado e admirado. Senti sua respiração pesada, sua mão no meu peito, seu coração que batia rápido como o meu. Sorrimos.

Puxei-a de volta para perto, sem hesitar. Nossos lábios se encontravam novamente, agora mais rápidos e intensos. Nossas línguas se apaixonavam a cada toque. Apertei mais sua nuca, enrolando meus dedos no seu cabelo, segurando-os com força. Com o outro braço, segurava-a na cintura. "Uau", pensei.

Uma hora eu teria de tomar uma atitude.

Segurei-a com força com o braço esquerdo, puxando-a para o meu colo. Eu guiava nossos corpos com as mãos, enquanto ela guiava o beijo. Uma de suas mãos me puxava para mais perto, enquanto segurava na gola da minha camiseta, enquanto a outra arranhava minhas costas por dentro da camisa.

Os sentimentos eram incríveis. A cada arranhar, aperto, toque, meu corpo arrepiava. Sentia o calor dos nossos corpos, que não incomodava de maneira nenhuma. Eu estava amando aquilo. E admito que ela também parecia gostar. Acelerávamos e diminuíamos o ritmo à medida que o tempo passava, acompanhando-o com nossas mãos. Nunca tinha beijado antes, mas com ela parecia tudo tão natural. Tão simples. Como se fossemos feitos um para o outro.

Beijamos por mais um bom tempo. Não sei descrever quanto, na verdade. Aquele momento era destinado a acontecer. Não iria morrer sem ao menos beijar o amor da minha vida.

Em certo momento, ainda na mesma posição, a Let parou, me dando um selinho.

— Demorou para tomar a atitude não, lindo? — Questionou, enrolando meus cabelos entre seus dedos, ainda encarando minha boca, mordendo o lábio com um sorriso.

— Pelo menos tomei, não?! — Brinquei, sorrindo de canto.

— Onde você aprendeu tudo isso? — Questionou, agora me olhando nos olhos. Seus olhos pareciam estar em chamas, como se me convidassem a beijá-la novamente.

— Sei lá, eu só... Só tentei pôr em prática as coisas que você disse que gostava...

— Ah, então você pegou a indireta?! Aprendeu muito bem, meu príncipe. — Afirmou, enquanto me dava um último beijo. A sensação de explosão não saía do meu corpo de jeito nenhum. E, admito, só de relembrar, meu corpo acende em chamas novamente.

Repetimos o mesmo processo algumas vezes, por mais alguns minutos. A intensidade, os sentimentos, tudo se manteve o mesmo por todo aquele longo período de tempo.

Paramos apenas quando um cheiro muito forte de gás tomava conta da cozinha inteira. Para meu azar, tinha deixado o fogão ligado. Para minha sorte, eu percebi antes que a casa inteira ficasse com cheiro de incêndio.

Rimos, desligamos o fogo, abrimos todas as janelas e terminamos de cozinhar.

Nada tinha ficado estranho. Na verdade, durante as próximas horas, pareceu que ambos estávamos mil vezes mais íntimos. De vez em quando, Let passava por mim e mordia minha orelha, brincando. Em resposta, eu segurava sua cintura e balançava seu corpo, sorrindo.

Passamos a tarde entre brincadeiras, comidas, beijos e conversas. Ficamos o dia todo em casa, ignorando qualquer coisa que poderíamos fazer lá fora. Hoje, seríamos só nós dois.

Em nenhum momento o assunto "minha morte" voltou à tona. Pareceu um acordo em comum não falar sobre naquele dia. Tudo deveria ser especial. Tudo estava sendo incrivelmente especial.

Meus pais chegaram, juntos, às 19:20. Ficaram um pouco surpresos ao ver que a Let ainda estava em casa, mas não reclamaram em momento algum. Na verdade, ambos pareciam super felizes com a presença dela. E minha mãe não parava de dar piscadelas na minha direção, toda vez que Let ficava um pouco mais próxima de mim.

— Letícia, porque não janta aqui em casa? — Questionou minha mãe, em certo momento da conversa. — Acho que vamos pedir uma pizza, e você já ficou o dia todo de qualquer forma! Não há de ir embora logo agora, não é mesmo?

— Ah, acho que tudo bem! Meu pai não me ligou nem nada, não vejo problema! — Afirmou Let, um pouco corada, que logo em seguida me olhou com olhos animados.

Pedimos a pizza e decidimos jogar jogos de tabuleiro para esperar. Aqueles bem estilo família, sabe?

Separamos a família em duplas, Eu e Let de um lado, Papai e Mamãe do outro.

E devo admitir: perdemos em TUDO possível. Acho que não ganhamos sequer um "round". Ser idoso às vezes tem suas vantagens...

A pizza chegou e em pouquíssimo tempo acabou.

Que gente faminta da desgraça! Comi só dois pedaços do meu alimento enquanto os animais DESTRUÍRAM duas pizzas em 5 minutos.

Ficamos na mesa conversando por um longo tempo, falando sobre vários "tópicos de mesa" típicos: faculdade, futuro, qual carro é mais bonito, histórias de quando meu pai explodiu o banheiro do trabalho, minha mãe matando aula, etc etc.

Nosso momento em família foi interrompido pelo celular da Let, que começou a tocar incessantemente até que ela atendesse: era o pai dela. Ele não parecia muito revoltado, mas pediu que ela voltasse para casa na mesma hora.

Ela se despediu dos meus pais, agradeceu pelo jantar e pelas conversas, e eu acompanhei-a até a porta. Lá fora, me ofereci para ir até o portão da casa dela junto com ela, mas ela recusou, dizendo que estava tudo bem em ir sozinha.

— Obrigado por hoje, Lê. De verdade. Não poderia ter tido um penúltimo dia melh—

— Não termina essa frase. — Disse, me interrompendo. — Eu que deveria agradecer, mas não coloca as coisas desse jeito. Parece até que você já aceitou...

A observação final foi como uma agulha perfurando minha pele. Eu não tinha aceitado, de forma alguma. Mas, ao mesmo tempo, algo me dizia que não haviam muitas escolhas. Não haviam rotas de fuga. E esse "algo" era bem convincente.

— Não é bem assim... — Comecei a falar, mas fui interrompido novamente.

— Eu ainda não aceitei. Não consigo aceitar isso. Tem que ter um jeito seguro de deixar você vivinho. E se a gente te isolar num quarto cheio de travesseiros o dia todo? — Questionou, segurando meu braço. — Sei lá, te proteger de qualquer perigo, de qualquer pessoa?

— E se eu morrer do mesmo jeito? E meu último dia for um confinamento com travesseiros de penas?

— Mas pelo menos é uma tentativa! Vai que...

— Letícia. — Interrompi, tapando sua boca com minha mão. — Tá tudo bem. Eu ainda espero que não aconteça, peço à Deus que não aconteça. Mas, se acontecer, eu acho que vai estar tudo bem. Os últimos dias... Não, os últimos meses foram incríveis, e fizeram a curta vida que eu tive valer muito mais a pena do que qualquer vida longa e desinteressante sem você.

— Mas é injusto. Você vai embora, vai me deixar para trás, e tudo que eu posso fazer é continuar vivendo! Se sua vida foi tão boa sendo curta, porque eu tenho que viver algo longo sem você?

— Eu te entendo. Já havia pensando nisso. Em como era egoísta te amar e ser amado, para logo em seguida ir embora. Mas eu tive de ser egoísta dessa vez. Não conseguia morrer sem ao menos ter isso que temos.

— Mas e quando você for embora?! O que eu faço?

Respirei, pensando em uma resposta. Logo, encontrei algo que eu gostaria de ouvir se estivesse na posição dela.

— Mostre às pessoas como a vida é bela. Ensine, fale sobre o amor, seja o que você sempre foi. Salve mais pessoas, assim como me salvou! O que vai ser da minha irmãzinha sem você para ensinar sobre a vida e sobre Star Wars?

Questionei, sorrindo, com lágrimas nos olhos.

Letícia me encarou por alguns segundos, com os olhos molhados. Em seguida, pulou no meu abraço, apoiando a cabeça no meu ombro. Me segurava extremamente forte, como se pudesse me perder a qualquer momento. De certa forma, ela estava certa.

— Eu vou aparecer aqui às seis da manhã em ponto, seu lindo endiabrado. E nós vamos ter o melhor dia de todos, ok?!

— Tudo bem. Teremos o melhor dia de todos, minha rainha!

— Isso é muito cafona, mas é muito fofo ao mesmo tempo! — — Exclamou, rindo com lágrimas nos olhos. Eu retribuí o riso.

Me deu um beijo de despedida. Não muito longo, já que ela parecia estar bem atrasada para voltar, mas intenso o suficiente para um beijo de despedida. Ainda não sei como nossa relação normalizou os beijos tão rápido, mas eu estou amando.

Despediu— se, e foi embora, meio caminhando, meio correndo, em direção à sua casa. As vezes olhava para trás, e eu permanecia ali, sorrindo, olhando em sua direção. Quando ela virou a esquina, ainda fiquei alguns minutos ali, parado, com a cabeça vazia, mantendo um sorriso.

Nesse meio tempo, Sofia apareceu atrás de mim.

— Cara, vocês são mesmo muito melosos. — Brincou, enquanto passava a mão na testa.

— É, e eu amo isso. Boa noite Sofia! — Exclamei, me virando para ela. Não era surpresa nenhuma vê-la ali.

— Boa noite Lucas! Consegui a loucura que você me pediu.

— Sério?! — Questionei, animado, mas ao mesmo tempo assustado. — O quê você falou com o Gabriel?

— O primo foi lá em casa hoje, e acabamos conversando sobre o assunto. Ele me contou o que Letícia tinha pedido com uma grande ansiedade. Ele não gosta mesmo de você hein.

— Ah você jura? Cara, eu sempre esqueço que vocês dois são primos. Você realmente não puxou a família. Só a parte de invadir casas.

— Okay, eu mereci essa. Continuando, eu disse a ele que a Letícia tinha falado comigo. O bobão nem perguntou, só concordou com tudo que eu disse. Falei que você iria estar usando o casaco branco, e que "a ideia tinha mudado".

— Perfeito. Ela sempre usa o casaco branco, vai ser tranquilo. Obrigado, mesmo, Sofia.

— Imagina, não quero ver meus dois melhores amigos mortos no mesmo dia. Nem mesmo só um deles.— Adicionou, enquanto me encarava.

— Sofia, sobre isso...

— Tá okay. Meus chiliques são mais discretos, sozinhos. Não vou surtar na sua frente igual a Lê.

Eu sempre esqueço desse detalhe: A Sofia já gostou, ou até mesmo, ainda gosta um pouco de mim. E, mesmo se não gostar romanticamente, acho que ver um amigo morrer sem poder fazer nada deve ser um tanto doloroso.

— Tudo bem, mas ainda assim. Vai ficar tudo bem! Partindo ou não, acho que depois de um tempo, tudo vai se resolver da melhor maneira.

— Eu acho que vai. Mas, Lucas...

— Hum?

— Tenta não morrer amanhã. Por favor. Ainda quero ouvir e ler suas histórias de como a vida é bela.

— Eu vou tentar. E, se não der certo, tem um livro inteirinho sobre as histórias que eu vivi!

— Esse eu já li né panaca! E é muito bom, por sinal. Boa noite Lucas.

Ela ergueu a mão, sorrindo. Mas não achei que fosse a melhor despedida para alguém que estava me ajudando tanto.

Fui até sua direção e abracei-a. Um abraço forte, como se fosse a última vez. Este dia está cheio de primeiras e últimas vezes". Ela retribuiu o abraço, com a mesma força. Parecia chocada, mas feliz pela minha reação.

— Se for surtar, tenta escrever sobre. Ajuda muito!

— Ah, eu sei como ajuda. Inclusive, trouxe algo pra ti! — Exclamou, pegando algumas folhas de papel da bolsa.

— O que é isso?! — Questionei, com uma leve ideia do que seria.

— Os dias 5 e 6! Alguém precisava manter a linha do tempo da sua história né?! Se quiser ler, sinta-se à vontade. Mas, sobre algumas partes, admito que talvez eu esteja um pouco emocionada.

— Isso mal faz uma semana, você continua sendo emocionada se for assim! — Brinquei, e ambos demos uma leve risada. — Obrigado por escrever esses dias Sofia, tenho certeza que ficou incrível!

— Bem, isso a gente vê depois. Boa noite Lucas, tenta dormir hoje à noite para não morrer amanhã!

— Cara, você devia ter pensado duas vezes nessa frase...

Brinquei, e ficamos em silêncio por alguns segundos. Abrace-a uma última vez, e entrei para dentro de casa, correndo para atualizar o diário.

E, para finalizar a noite, não tenho muitas novidades:

Eu ainda tenho medo. Ainda não estou pronto. Ainda mais depois de hoje, que tudo foi tão fantástico!

Mas, algo é novo: meu sentimento de conforto com algumas coisas.

Aquilo que a Sofia me disse me deixou pensativo. Minhas histórias são boas assim?

Aquele sentimento de que eu poderia ajudar alguém que lesse esse livro, agora, é bem mais forte. E a vontade de mostrar ele ao mundo é ainda maior. Tenho algumas ideias para amanhã...

Falando sobre amanhã, tem algo que eu tenho de admitir Diário.

Não pretendo escrever muito nesse dia. Queria aproveitá-lo ao máximo possível! Talvez escreva só pela manhã...

Nesse caso, eu também escrevi algo para você, leitor. Na verdade, por um motivo especial, escrevi algumas coisas para muitas pessoas. O Dia 12 será especial!

Caso eu morra amanhã, e não consiga vir aqui contar o fim da minha história para vocês, me desculpem. Mas existem histórias que, na verdade, não precisam de um final.

Obrigado por tudo querido diário! Vou dormir, para acordar o mais cedo possível amanhã. Sei que tudo vai dar certo. Eu espero que sim.

Até amanhã, livrinho!

E este é o fim do dia 11 de 12 dias até a minha morte.

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