Meus olhos estão fixos olhando para a floresta distante. Ajeito minha postura na cama, está frio e eu estava coberta com um lençol rosa bebê grosso.
Não sinto dor, vontade de chorar, desespero, não sinto nada.
Nem mesmo a besta.
Posso ouvir os passos de Hadassa no andar debaixo, viro a cabeça para a mesinha novamente. Já havia visto a carta e um buquê de rosas, mas não li.
Suspiro fundo sentindo novamente que algo havia mudado. Meu coração voltará a bater.
Por algum motivo, a sensação da besta se esgueirando sumiu, como se nunca existesse. No entanto, lembro-me do que aconteceu.
Puxo o lençol para baixo a procura de algum machucado.
Não havia um arranhão.
A perfuração em minha barriga desvaneceu-se. Estico o ombro, fazendo com que minhas costas estralem. Os ossos quebrados, não estão mais fraturados.
Agora sentia outra sensação. A sensação de está completa, preenchida como se não faltasse nada.
Estico a mão até a cômoda pegando a carta envelopada que estava sub o buquê. Abro o envelope e retiro um pequeno papel branco quadrado, letras bem desenhadas escrita em tinta preta.
"Não se preocupe, diabinha. Voltaremos em breve! Mesmo distante estaremos cuidando de você. A respostas para algumas das suas perguntas, você saberá onde encontrar." De: os que foderão você assim que voltar.
Solto uma risada assim que leio, passo o dedo sobre as letras marcadas no papel.
Idiotas.
── Podemos conversar? ── assusto-me com Hadassa parada em frente a porta.
Seu rosto continha uma expressão preocupada. Ela usava um avental branco, por baixo um vestido amarelo um pouco acima do joelho. Franzo minha sobrancelha analisando-a, conseguia ver meu rosto no seu.
── Diga.── coloco o papel dentro do envelope.
Hadassa caminha em direção e sentasse na borda da cama. Olho em seus olhos, posso ver seus olhos transbordando em lágrimas.
── Sei que pode ser um assunto sensível para você, mas não pode esconder, quero ajudá-la. Não quero que me perdoe de uma hora para outra, estou me esforçando para concertar as coisas. Preciso que confie em mim pelo menos um pouco. ── Hadassa passa a mão em minha perna, uma lágrima desce dos seus olhos.
Fico confusa com que ela está falando.
── Não acho normal em menos de duas semanas minha filha fica desacordado por mais de um dia e voltar sempre machucada. Eles estão machucando você?
Oh meu Deus.
── Claro que não, mãe.── arregalo os olhos. ── Você sabe ou sabia que eu tenho facilidade para me machucar, sou desastrada.
Percebo que a mentira não funcionou, pós balanço a cabeça negativamente.
── Eu sei, assim como também sei que você aprendeu mentir. Eu ensinei você. ── ela suspira e desvia o olhar para o chão.
Não aprendi direito, não sou boas em mentiras como ela.
── Confiarei em suas palavras, mas qualquer sinal vermelho coloco eles atrás das grades. Não deixarei que você passe pelo o que eu passei.
Hadassa retira as mãos da minha perna, antes que possa se levantar agarro suas mãos e a puxo para cama novamente.
── Ele machucou você? ── minha respiração falha por alguns segundos. ── Achei que estivesse bem com sua nova família.
── Evangeline, o que você ver nas mídias nem sempre são verdade.── Hadassa puxa sua mão de volta.── É só questão de tempo para que eu consiga provar seus abusos, ele é um nome renomado, mas falta pouco.
── E a menina? ── refiro-me a minha meia irmã.
── Emma. ── Hadassa abre um pequeno sorriso e balança a cabeça.── Cuidarei de vocês duas, como deveria ter feito antes.
Mordo o lábio.
── O que acha de ir no parque? ── pergunto.
Vejo um sorriso grande crescer nos lábios de Hadassa.
── Certo, mais tarde iremos.── Hadassa se aproxima e beija o topo da minha cabeça.── Venha tomar café.
Hadassa levanta da cama e caminha em direção a porta.
── Margarida e Adam ligaram mais cedo e pediram para você retornar.
── Ligarei, mas antes preciso tomar banho.
Levanto-me calmamente seguindo até o banheiro. Olho-me no espelho, não havia um arranhão em meu rosto, uma olheira, não estava pálida.
Muito pelo contrário, parecia mais viva. Meus lábios estavam vermelhos como sangue, mas nem tudo são flores. Eu sei e sinto algo diferente.
Apoio as mãos na pia pensando na carta. "Você saberá onde encontrar." De repente um estalo soa em minha mente, o presente.
Mordo lábio sentindo o gosto do sangue, meu estômago não borbulhou.
Não estou com fome.
O que estranho, sentia fome constantemente, ao ponto de nunca está saciada. Isso é bom, odiava quando a besta tomava o controle e matava pessoas. Não podia fazer nada, não tinha controle do meu corpo.
"Você é a própria besta." talvez eu nunca tive o controle. Preciso achar o presente, lá tem as respostas. para minhas dúvidas.
── Evangeline, não sempre no banho. ── ouço Hadassa berrar.
Preciso ir para o parque com ela, assim que puder, na madrugada tenho um outro problema para resolver.
Pelo reflexo do espelho, posso ver minha pupila dilatada rapidamente, meus olhos ficam complemente pretos.
Solto uma risada irônica.
Você ainda está ai.
Após o banho, visto uma calça moletom azul e blusa branca de manga. Havia uma marca em minha costa.
De imediato achei parecida com a de Damon.
Damon tinha dois corvos próximos aos ombros. Em meu ombro, apenas corvo apoiado em um galho com espinhos, logo a baixo, uma escrita.
διάδοχος.
Não conheço o idioma, mas é a mesma linguagem que as tatuagens de Damon.
Caminho até a mesinha e pego as flores. Algumas pessoas tem formas diferentes de reagir ao ganhar flores.
Levo o buquê até o banheiro e coloco na pia, abro a gaveta pegando uma tesoura sem ponta, retiro o plástico envolta das rosas. Não me surpreendo ao entrar outro papel pequeno escondido entre as flores.
"Dentro da gaveta das calcinhas. Se sentir falta de alguma, foi o Anthony."
Amasso o papel e jogo no lixo. Caminho em direção a cômoda, abro a gaveta.
Como não percebi antes, minhas coisas estão reviradas. Empurro as
peças íntimas para o lado, entrando no fundo a caixinha preta.
Ótimo, Anthony virou ladrão de calcinhas.
Abro a tampa, dois papéis dobrados. O presente era papéis amassados?
Pego o primeiro, era uma folha de caderno mal arrancada, no topo em caixa alta.
"NÃO, ESSE NÃO É SEU PRESENTE. Como havia dito antes, você só verá quando estivermos juntos! Estou escrevendo isso as pressas, leia quando tiver tempo e calma. Assim que terminar de ler, queime a folha."
Ouço o telefone tocar, não demora muito para que Hadassa atenda.
Lerei de madrugada, antes de resolver meu problema.
Liam será a última pessoa que irei matar.
E matarei com todo prazer.