MAGNATA โ” richarlison (EM PAU...

By ellimaac

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โEu vou largar minha casa e vou morar no Cabarรฉ.โž ๐‰๐”๐‹๐ˆ๐€ ๐๐€๐‚๐‡๐ˆ รฉ a filha do tรฉcnico Tite e estรก pass... More

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By ellimaac

𝙹𝚄𝙻𝙸𝙰
𝟶𝟻/𝟷𝟸/𝟸𝟶𝟷𝟿
𝚂𝙰̃𝙾 𝙿𝙰𝚄𝙻𝙾/𝙱𝚁𝙰𝚂𝙸𝙻
no passado

A NOITE ERA FRIA, PRINCIPALMENTE naquela avenida movimentada. Eu também não estava nada agasalhada, né? Decidi vir com um vestidinho tão curto que quase minhas pernas inteiras estão descobertas, o que faz com que aquele maldito vento gelado congele minha pele. Pelo menos meus braços estão quentes, isso porque Leonardo decidiu ser bondoso e me deu seu casaco, mesmo que tenha que passar frio por isso já que agora ele está só com sua camisa polo.

Gosto desses gestos de gentileza dele. Principalmente quando repara que há algo errado comigo. Eu nem preciso dizer para que ele perceba e imediatamente pense em alguma coisa para resolver o problema. Nesse caso, tirou a primeira peça de roupa de seu corpo só para me manter aquecida.

São esses gestos simples de cuidado que me fazem ficar ainda mais apaixonada. Ele se preocupa comigo e quer me proteger.

Estamos na fila do teatro. Vamos assistir O Auto da Barca do Inferno. Mas pelo visto, a cidade inteira decidiu vir assistir também porque a fila está quase virando o quarteirão.

Estou sozinha nesse momento, Leonardo decidiu comprar alguma coisa para a gente beber enquanto esperamos. E nesse momento, que estou imersa em meus pensamentos e tentando não pensar no frio que gela minhas pernas, uma pessoa brota ao meu lado. Mas não é Leonardo, como eu esperava, é outro homem.

— Oi, Ju — ele abre um sorrisão para mim. — Que surpresa ver você por aqui.

— Ah, oi! — olho para aquele homem forte e bem vestido. O cabelo cacheado um pouco maior e mesmo na escuridão da noite consigo ver que ele andou se bronzeando. — Jean, caramba! Como você mudou.

Jean foi meu colega no colégio durante o Ensino Médio inteiro. Na verdade, ele foi um grande amigo. Me ajudava não só com as atividades como também com questões pessoais. Infelizmente depois que nos formamos, acabamos nos distanciando. Principalmente pelo fato de eu ter tido um pequeno relacionamento com ele. Leonardo é ciumento e pra não ter problemas, eu prefiro me afastar.

— É, comecei a malhar. Quanto tempo que a gente não se vê? — ele pergunta, forçando a mente a lembrar. — Desde a formatura?

— Mais de um ano, provavelmente.

— Muita coisa — ele assente. — Mas me fala como anda as coisas?

— Ah... — penso por um segundo bem longo enquanto levo uma mão a nuca. — O mais normal possível, posso dizer assim.

— E a família, 'tá tudo bem com eles? Seu pai 'tá bem depois da derrota do ano passado? — nem me lembre dessa Copa do Mundo. Ainda é uma ferida aberta.

— Ele está determinado a trazer o hexa em 2022 — digo com sinceridade.

— Coloca esses jogadores pra treinar muito, tem três anos pra isso.

— É — dou uma breve risada. — Mas e você? 'Tá tudo bem? 'Tá fazendo faculdade?

— 'Tô fazendo Engenharia Civil.

— Porra! Você tem cara de engenheiro mesmo.

— Pois é. Todo mundo fala isso. E você? Conseguiu decidir sua profissão?

— 'Tô embarcando na vida da fama. Virar Digital Influencer ou até me arriscar com o YouTube de novo. Mas... 'tá sendo um processo lento — não ando tendo tanta visibilidade assim. Meus números são baixos e faço poucas publis.

— Você vai conseguir — ele me incentiva. — Mas se achar muito monótono, pode tentar a vida de atriz. Eu sempre disse que você se daria bem numa novela.

— Preciso de uns contatos.

— Eu arrumo pra você.

— Como? — franzo a testa. Jean não é famoso, só muito rico, e tenho certeza que não conhece ninguém que possa me ajudar. — Você, por acaso, tem um primo famoso?

— Não. Mas seu pai é o Tite, talvez o nome ajude em algo.

— Só relacionado a futebol.

— Sério? — ele se decepciona. — Que merda. Vira comentarista, então.

— Não sei se estou preparada para encarar um ambiente tão machista.

— É verdade — Jean coça a cabeça, pensando em alguma coisa porque ele está mesmo determinado a arrumar uma solução pra minha vida profissional. — Pode deixar, então, que eu vou arrumar um jeito de te colocar na Globo.

Dou risada do que diz.

— Você é um besta, sabia!? — digo ainda rindo.

— Mas, e aí? 'Tá aqui sozinha? — ele olha para as pessoas que me cercam na fila e não reconhece nenhuma delas.

— Bom, não — vish, como que eu vou falar que estou acompanhada sem falar que é o Leonardo.

— 'Tá com quem?

— Comigo — Leonardo chega bem nessa hora com duas garrafas de água numa braço enquanto o outro usa para me envolver e me abraçar de lado. — E aí, Jean?

— Você voltou com ele? — Jean se surpreende e eleva o tom de voz. — Depois de tudo que ele fez?

— Ele não fez nada, Jean.

— Não? Eu tenho mesmo que te lembrar?

— Jean — olho para ele em súplica, com medo que ele possa falar em voz alta. — Vamos esquecer essa história.

— Julia, ele vai te machucar.

— Por que você não cuida da sua vida? — pergunta Leonardo, bufando. — E arruma uma namorada pra encher o saco.

— Cala boca, seu merda! — Jean bufa, muito irritado e incomodado com a presença do meu namorado. — Você é um desgraçado que devia estar preso.

Leonardo ri.

— Pelo que? — Leonardo olha bem pra cara de Jean, um sorriso estampado em seu rosto enquanto o outro está com cara de raivoso. — Por estar com a mulher que você nunca superou?

— Você é um estuprador! — Jean sussurra, alto o suficiente para Leonardo ouvir e se irritar.

Meu namorado vai pra cima e eu preciso me colocar no meio dos dois para apartar.

— Parem — peço, separando os dois. — Jean, acho melhor você ir embora.

— Julia, se lembre do que aconteceu, por favor.

— Eu era imatura, Jean. Uma criança. Agora eu sou uma mulher.

— E está se deixando levar de novo e pelo mesmo cara que te fez mal? Julia, se lembre do quanto você sofreu — ele toca em mim e nesse momento Leonardo o empurra pra longe.

— Não encosta nela, porra! — Jean dá um passo pra trás assustado. — Vai embora daqui. Ela mandou você sair!

Jean apenas olha ao redor, percebendo que as pessoas estão nos encarando. Para evitar constrangimento, ele abaixa a cabeça e se retira.

Leonardo me vira em sua direção e me abraça.

— 'Tá tudo bem — ele diz para me tranquilizar. — Eu nunca vou deixar que ninguém te faça mal, Julia. Eu sempre vou te proteger.

Não digo nada. Apenas deixo que ele me abrace enquanto minha mente vaga pelas lembranças da minha adolescência. Lembranças de um namoro abusivo. Cheio de ciúmes. Cheio de submissão da minha parte. Eu não posso ser aquela Julia de novo, assim como Leonardo não é o mesmo de antes. Ou era o que eu achava.

dias atuais

COMO ELE ESTÁ AQUI? COMO ele saiu tão rápido do Brasil e chegou aqui? Isso não é possível. Laura me disse que ele estava em casa. Leonardo devia estar em casa. Não aqui. Não aqui.

Meu coração está acelerado e eu não consigo pensar em nada coerente.

— O q-que — minha voz falha pelo medo —, o que você está fazendo aqui, Leonardo?

Ele se desencosta da parede e fica de frente para mim com as duas mãos nos bolsos de sua calça.

— Eu vim te ver, meu amor — sua voz é melosa e não causa o efeito desejado por ele, só me causa repulsa e vontade de sair correndo. — 'Tava com saudade.

— Sua irmã me disse que você estava em casa.

— Ela disse, é? — ele ri, abaixando brevemente a cabeça, talvez sem acreditar no que eu digo. — Nunca pensei que Laura me acobertaria desse jeito.

Laura mentiu pra mim?

Nem tenho tempo de pensar nessa traição quando Leonardo dá um passo para frente e me assusta tanto que sou obrigada a me afastar, batendo drasticamente as costas na porta atrás de mim.

— Calma — ele pede, erguendo uma de suas mãos. — Eu não vou te machucar.

Não dá nem para acreditar no que diz. Eu tenho tanto medo dele desde a última vez que qualquer gesto me apavora. Por isso olho pro meu quarto e caço uma saída.

Porra, se a Gabrielle estivesse aqui, ela me ajudaria. Ou acabaria sendo outra vítima. Não sei se agradeço ou não por ela estar com o Vini uma hora dessas. Mas, sinceramente, estou com tanto medo que qualquer ajuda seria bem vinda. E a ajuda da minha irmã é tudo que eu preciso agora.

— Eu só quero conversar — é claro que ele não quer conversar. Ele não veio atrás de mim depois de um surto de ciúmes só para conversar. Ele veio para se impor e se vingar.

— Eu não acredito em você, Leonardo. Não mais.

— Eu sempre disse a verdade pra você, Julia — ele esclarece, franzindo o cenho. — Eu nunca menti... diferente de você.

— Não são suas mentiras que me machucam, Leonardo. Você sabe disso.

— Aquela vez foi um acidente, Julia, eu não queria te machucar.

— Mas machucou! — bufo, nervosa, ainda procurando uma saída.

— Não... — ele nega, balançando a cabeça. — Não foi a minha intenção. Eu só estava nervoso.

— Você não tem o direito de descontar a sua raiva em mim só porque está nervoso.

— Eu tinha um motivo.

— Olha, Leonardo, eu não sei como você veio parar aqui. E nem como conseguiu sair do Brasil tão rápido...

— Eu não sai do Brasil rápido — ele interrompe a minha fala. — Estou no Catar já faz um dia.

— Isso não é possível... Conversei com sua irmã hoje. Não é pra você estar aqui. Laura disse que estava em casa. Ela nunca mentiria pra mim.

— Pois ela mentiu.

Nego com a cabeça sem acreditar nisso.

— Laura nunca faria isso comigo.

— Por que você acha que ela demorou dois dias pra falar com você? Ela sabia. Mas pelo visto se arrependeu de se manter em silêncio por tanto tempo. Não era pra vocês conversarem.

— Não — não pode ser real. Isso só pode ser a porra de um pesadelo terrível. — Leonardo, vai embora, porra!

— Calma, meu amor...

— Não me chama assim, caralho! Não temos mais nada. Aja como um adulto e supera.

— Superar? — ele faz uma careta de indignação. — Como que eu vou superar a mulher que eu amei por quase dez anos? A mulher que eu ainda amo.

— Você não me ama.

— Claro que eu amo, Julia.

— Você é um mentiroso.

Ele ri do que eu digo, abaixando a cabeça e é nesse momento que eu encontro a brecha perfeita. Giro a maçaneta e abro a porta.

Mas não sou rápida o bastante para sair.

Leonardo me agarra, me puxa para dentro e me pressiona contra a porta, fazendo questão de me segurar para que eu não fuja.

— Você não vai fugir de mim! — ele bufa, jogando o peso pra cima de mim.

— Eu te odeio, seu merda do caralho! — acumulo o pouco de saliva que consigo na boca e cuspo em sua cara na tentativa de afastá-lo.

Mas ele só se irrita ainda mais e limpa o rosto com o tecido da blusa que cobre seu ombro, sem mexer um único músculo de seus braços que me agarram. Seu peso continua contra mim.

— Onde está a garotinha submissa? — pergunta com raiva. — A que fazia de tudo só para me agradar? A que estava disposta a largar tudo e todos para viver ao meu lado? Onde está aquela Julia?

— Eu não sou mais uma menininha, Leonardo. E eu estou cansada de você. Você é um criminoso. E merece a cadeia...

Ele bufa alto, me calando.

— Cansei de ser bonzinho — ele diz quando volta a me encarar, me puxando só para me jogar contra a porta de novo e com mais força, de modo que minhas costas estalem pelo impacto. Gemo de dor e me apavoro. — Eu não posso viver nesse mundo onde sou obrigado a te ver nos braços de outro homem. Você é minha. Mas... pelo visto, não conseguirei tê-la. Não mais. Você começou a me odiar.

Fico em silêncio, sentindo meu corpo doer e Leonardo continua com sua fala:

— Eu sei que você vai me denunciar, Julia — ele diz agarrando meus ombros com força. — Eu sei que você 'tá querendo sua justiça.

— Me solta, porra — tento me debater, mas Leonardo é muito mais forte do que eu e nada que eu fizer será suficiente para me livrar dele. Preciso pensar em alguma coisa, pensar numa saída e pensar rápido, tipo agora. — Me solta, logo!

— 'Tá querendo se livrar de mim para conseguir ficar com quem quiser, não é? — ele ri enquanto me segura mais forte para que eu não me debata. O gesto me causa dor e eu tenho que parar de me mexer para que passe. — 'Tá apaixonada por ele? Hum? O jogador conquistou seu coração?

— E se ele tiver conquistado? — pergunto, só para não parecer intimidada mesmo que eu esteja perdendo essa luta. — Você vai fazer o quê? Hein? Não tem como mudar o que eu sinto, Leonardo. E também não tem como mudar o que você fez.

— Então 'tá mesma apaixonada por ele — Leonardo fica mais nervoso, seus olhos se acendem e ficam vermelhos pela raiva. — Isso não pode ser real! Você me amava, caralho. Como... Porra. Não sei como eu consegui me apaixonar por você.

— Você é um idiota — digo com a voz falha, mas não querendo abaixar a cabeça. — Mas seu fim está chegando, Leonardo. E será atrás das grades.

— Quer que eu vá para prisão? Que eu pague pelo meu crime?

Sua voz está começando a me apavorar ao ponto de pensar que eu não vou conseguir fugir daqui.

— Pois se ninguém teve coragem de dizer a você, pode deixar que eu falo.

Mantenho o contato visual, esperando que ele fale o que quer:

— Você vai perder, Julia! Perder na porra do tribunal. Eu tenho muito mais poder do que você. Meus pais acreditam em mim, acreditam na minha versão da história. E eles vão fazer de tudo, usar todo o dinheiro que seu pai não tem, para me inocentar. E você... — ele ri ainda mais, subindo uma mão até agarrar meu pescoço e me apertar, fazendo com que o oxigênio comece a faltar dentro dos meus pulmões. — Você será tachada como a puta que só pensa em sexo. Como a vagabunda infiel.

Ele solta o meu pescoço e eu puxo o ar com força para dentro de mim. Mas Leonardo continua me pressionando contra a porta, sendo uma barreira e não me deixando fugir ou respirar devidamente.

— Mas eu não vou deixar que um julgamento aconteça — informa com um sorriso de canto enquanto eu tomo fôlego. — Eu vou acabar com isso hoje. O fim do nosso relacionamento será o nosso fim. Eu vou te matar.

Mesmo fraca. Mesmo ofegante. Junto forças para dar risada do que diz.

— Vai me matar como? — debocho, sem querer parecer fraca. — Vai me estrangular até a morte?

Leonardo apenas afasta uma mão de mim para erguer a camisa e mostrar o revólver em sua cintura.

Puta que pariu.

Meus olhos se arregalam e meu coração, que já estava disparado, começa a martelar mais forte dentro de mim. Chego a pensar que ele vai explodir a qualquer momento.

— Eu vou te matar assim — ele pega a arma da cintura, me fazendo gelar.

Não consigo esbanjar uma única reação sequer além do choque pelo que vejo, não quando qualquer movimento que eu fizer colocará à minha vida em risco.

A mão dele está tremendo muito quando aponta a arma para mim. Posicionando o cano bem no meio do meu peito.

— Você não vai atirar em mim — digo com medo, mas tentando me livrar do pior. Minhas palavras são inúteis, mas são minha única defesa. Minha única salvação. — Eu conheço você.

— Se me conhece — a voz dele está trêmula e sentida —, sabe o quanto eu te amo e o quanto eu faria de tudo para te ter.

— Leonardo, você pode superar isso. Esquece o...

— Não, Julia! — ele bufa com raiva e com tristeza. — Não vou aceitar ser trocado. Não vou aceitar ser abandonado. Eu quero você. Eu quero você pra mim. Você é o meu futuro. Eu sinto falta da garota submissa que você era. Mas ela está morta e me abandonou!

Ele engatilha o revólver e um arrepio desce pela minha espinha.

— Se eu não posso ter você, ninguém mais poderá.

E, então, ele solta um grito, como se o ato exigisse toda a sua força e determinação. Como se não conseguisse fazer por si só. Ele precisa se esforçar muito para concretizar o que quer. E quando consegue, tudo ao redor se silencia.

Por fim, ele atira.

Minha primeira reação é levar um susto.

Minha mente demora para acreditar no que ele acabou de fazer. Que ele realmente teve a coragem de apertar o gatilho.

Olho para baixo. Para meu corpo, meio perdida e zonza, minha cabeça está rodando e meus olhos ficando cheios d'água o que torna minha visão completamente embaçada, e vejo o sangue manchando a minha roupa. Logo em seguida eu sinto a dor e minhas pernas perdem as forças.

Meus joelhos batem no chão e eu caio de costas, levando minhas mãos automaticamente para onde dói em mim. Minha barriga. Ele acertou minha barriga e não meu peito. Talvez eu tenha chance de sobreviver.

Mesmo morrendo, eu ainda consigo ser otimista. Mas o otimismo não vai me salvar agora. Eu vou morrer de qualquer jeito.

Leonardo se abaixa e fica por cima de mim, prendendo meu corpo já fraco embaixo do seu, pois ainda acredita que conseguirei fugir.

Ele está em choque, está soluçando. Chorando alto.

— Olha o que você me obriga fazer, Julia — ele está chorando, suas lágrimas estão pingando em meu rosto, posso sentir e ver mesmo com a visão embaçada. — Olha o que você me obrigou a fazer!

Estou pressionando a minha barriga numa tentativa falha de conter o sangramento, mas é completamente inútil. Estou sagrando muito e nada vai fazer com que pare. Preciso ir a um hospital. Preciso de um médico. Um cirurgião. Preciso de um salvador.

Mas ninguém aparece.

Ninguém vem me salvar.

Meu corpo está muito fraco, estou perdendo muito sangue. Mal consigo sentir dor. Minha cabeça não está mais raciocinando. Sangue escorre de meu nariz.

Vou morrer aqui mesmo.

— Me desculpa — ele pede em prantos, segurando meu rosto e dando um último beijo na minha testa antes de pegar a arma outra vez e apontar exatamente para onde depositou o beijo. — Me desculpa, Julia... Eu te amo.

Apenas fecho os olhos e espero o fim.

Eu me lembro de lá no início falar que essa fanfic seria leve e cá estou eu, escrevendo uma cena assim.

Pensar que essa é uma triste realidade do nosso mundo me dói muito.

Hoje mesmo, não costumo assistir jornal, mas acabei vendo um caso. O cara brotou na loja e começou a atirar na mulher. 4 malditos tiros, mesmo sendo segurado. E ela não sobreviveu. Lembrei da fanfic na hora, eu tinha escrito o capítulo ontem, então se encaixou muito. A situação e não a morte, é claro.

Eu acredito que vocês conhecem muitos casos assim, talvez um homem perto de você, um tio, um parente que vc tem consciência que bate na esposa. É triste. E buscar justiça parece ser pior. As mulheres nunca tem voz. Até quando isso será normalizado? Até quando ficaremos sem justiça!?

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