Assim que o lorde passou pelas portas, ele nos encarou um de cada vez, assim como a sua cobra, que foi passando por cada um de nós, até que parou em mim e chiou, fazendo-me olhar nos seus olhos.
— Acho que está na hora de colocarmos os assuntos em dia, não é mesmo? — Ele finalmente disse com um sorriso.
— Sim, mestre — Severus disse com um aceno de cabeça, o que fez o lorde olhar para ele e sorrir.
Com sua atenção agora em Severus, eu pude finalmente olhar para baixo e ver que a grande cobra parecia estar se enrolando em mim, como se fosse me atacar ou se enrolar de modo que quebrasse todos os meus ossos. Tive que segurar a súbita vontade de chutá-la ou de desembainhar a minha varinha e atacá-la.
Nesse momento, Draco também olhava para baixo e apertava com muito mais força minha mão, com certeza se contendo do impulso de atacar a cobra ou de me puxar para longe também.
— Só vi Nagini agir assim com outra pessoa antes, e era seu pai, senhorita Lynx Malfoy — O lorde disse com um sorriso falso. — Me pergunto o que Nagini vê em vocês, Lannisters, que ela acha tão ofensivo.
— Tenho certeza de que ela é um bichinho bem treinado e não vai me atacar — Disse, olhando-o com um pequeno sorriso.
O que fez a cobra chiar e se enrolar ainda mais perto de mim.
— Nagini não é qualquer bichinho, mas ela não parece te impressionar muito — Ele disse, me avaliando de cima a baixo.
— De fato, as cobras não me impressionam muito; agora, dragões sim, esses sim são animais impressionantes, podem te matar tanto quanto promover poder — Falei, dando de ombros.
— Cobras podem ser tão perigosas quanto; elas são sorrateiras e silenciosas — O lorde disse de modo presunçoso.
— Mas são cegas, o calor corporal pode ser facilmente camuflado, e seu veneno pode ser curado... Por exemplo... o basilisco, que teve sua missão fracassada em acabar com os sangues ruins — Falei com um pequeno sorriso.
— Oh, sim, eu fiquei profundamente irritado com isso — O lorde disse, perdendo completamente seu sorriso zombeteiro.
— Vamos para a sala de jantar; creio que lá caberá a todos — Severus interviu, indo em direção à sala de jantar.
De maneira muito petulante, o lorde das trevas se sentou à cabeceira da mesa, o que fez Draco trincar os dentes, e Severus o olhar de maneira fria, como se dissesse para se acalmar e se manter no controle, o que, de fato, era a única coisa que poderíamos fazer no momento.
— Meu garoto Draco, você, como o homem da família agora, poderia me explicar por que Lúcio e Bart se encontram em Azkaban? — O Lorde perguntou, olhando-o de modo sério.
— Os dois subestimaram as forças da Ordem da Fênix e foram incapacitados pelo auror Quim Shacklebolt — Draco disse de modo sério, olhando-o sem medo.
— Então você acha que a Ordem da Fênix é mais forte que eles? — O lorde tornou a perguntar.
O que fez Draco tensionar os músculos.
— Eu acho que a missão foi mal planejada, uma falha deles e de quem foi ao ministério com eles — Draco disse, frio.
— Você acha que eles devem receber algum tipo de punição por isso? — O lorde mais uma vez perguntou.
E, nesse momento, eu senti meu sangue gelar, assim como Severus, Narcisa, Rodolphus e até mesmo Bellatrix ficaram pálidos, e, com o canto dos olhos, eu pude ver Draco apertar firmemente uma mão na outra.
— Acredito que eles já estão sendo devidamente punidos, não só em Azkaban, como aqui fora, tendo feito nosso nome ser arrastado na lama com a humilhação de seus fracassos... E com você, lorde, a vergonha que nos assola é imensurável — Draco falou de forma frágil, como se estivesse realmente muito triste por decepcionar o mesmo.
— Acredito em você, meu garoto — O lorde disse com um sorriso nada sincero. — A propósito, aquela névoa com efeitos psicodélicos na floresta foi bem irritante para Greyback.
— Meus profundos sentimentos, mestre, não imaginei que o seu cachorrinho fosse ser pego por algo tão banal assim — Me desculpei, olhando para Greyback.
O que o fez rosnar para mim.
— Não sabia que cachorros sentavam à mesa, ainda mais rosnando para seus superiores — Draco disse, arqueando uma sobrancelha para ele.
— Draco, Lynx — Severus interviu.
Então, ouvimos a risada do lorde, que nos olhava de modo louco.
— Severus, estou profundamente triste por nunca ter sido apresentado a essas crianças — O Lorde disse, olhando para Severus.
— Como o senhor mesmo disse, são apenas crianças; os dois ainda são impulsivos — Severus disse, frio.
— Muito pelo contrário, acho os dois deveras interessantes — O mesmo disse, nos olhando.
Logo senti uma pequena pontada na mente, ao qual agarrei a mão de Draco por debaixo da mesa. Esse era o Lorde das Trevas tentando entrar em minha mente. Eu não podia bloqueá-lo completamente, senão ele acharia muito estranho. Então, mostrei-lhe coisas banais do meu dia a dia com todos, até mesmo em Hogwarts. Logo senti ele sair da minha mente e se virar para Draco.
Nesse momento, foi Draco quem apertou com força minha mão. Severus nos olhava de modo aflito, mas tinha muita prática em se manter neutro, e ele sabia que iríamos ficar bem. Treinamos para isso, com dor e sem dor; estamos preparados para os métodos do Lorde Voldemort.
Ele deve ter ficado irritado por não encontrar nada de interessante em nossas memórias, já que nos olhava com um semblante muito sério e frio, me causando até um certo arrepio, o que me fez amaldiçoar internamente. Não posso sentir medo de alguém tão rude quanto esse ser; ele é indigno, ultrapassando os limites da vulgaridade até.
— A mansão Malfoy, de hoje em diante, será nossa base — O Lorde disse de modo sério.
Com essas palavras, nossa dignidade tinha sido jogada completamente na lama. A mansão Malfoy estaria sendo banhada com sangue e medo, e habitada por bruxas e bruxos de muito baixo nível, de ladrões sorrateiros a escórias como Greyback.
— Alguma objeção? — Ele perguntou, olhando para todos.
— Não, mestre — Todos dissemos em uníssono.
— Draco e Lynx, vocês dois irão substituir seus pais, assim como irão substituí-los em suas missões — O Lorde disse com um sorriso falso.
— Sim, mestre — Dissemos em uníssono.
— Agora vocês todos podem se retirar, menos você, Severus. Precisamos conversar sobre algo — Ele disse de modo frio.
De modo rápido e objetivo, fomos indo em direção à ala leste da mansão. A principal iria ser usada pelo Lorde, e não queríamos nos encontrar com essas pessoas a todo momento. Eu garantiria que ninguém além de nós entrasse lá, mesmo que tivesse que usar do método de trivialidade e de descuido.
Assim que chegamos à nossa sala particular, Narcisa se sentou completamente calada em uma poltrona. Bellatrix estava estranhamente em silêncio, e Draco e Rodolphus foram direto para os whiskies.
— Já era de se esperar — Quebrei o silêncio. — Ele nunca deixaria o fracasso de papai e Lúcio impune; ele vai nos dar as suas missões e fazer de tudo para que nós dois fracassemos, e assim ele tenha mais um motivo para nos humilhar e torturar — Falei, me aproximando da janela.
— Lúcio e Bart faziam interrogatórios e algumas torturas — Rodolphus disse.
— Estamos cientes — Draco disse, sentando-se.
— Não estão preocupados? — Ele perguntou, também se sentando.
— São eles ou somos nós? Eu sempre vou escolher a minha família — Draco disse, dando de ombros.
— O que o mestre planeja? Vocês são crianças — Bellatrix disse.
— Ele não se importa com isso; somos apenas peões em seu jogo, peões que, no momento, ele precisa. Por isso, ele não pode nos eliminar, mas isso não significa que ele não possa nos torturar e humilhar. Ele sabe o quanto essa mansão é um símbolo de poder e dignidade no mundo bruxo e no meio puro-sangue, então ele vai manchar a sua reputação — Falei, massageando as têmporas. — Ele tentou invadir nossas mentes; felizmente, não somos tão indefesos quanto ele pensa — Disse, olhando-a.
— O que será que ele quer com Severus? — Narcisa perguntou.
— Ele deve querer saber de qual lado Severus está, se é da família ou do dele. Além de tudo, tem a Ordem da Fênix, da qual ele é espião, então ele irá testar a lealdade dele — Rodolphus disse.
— Nesse momento, tudo irá depender do Severus — Falei, preocupada com ele e por nós.
— O lorde não fará nada contra nós, não ainda — Bellatrix disse de modo centrado.
— Ele quer a guerra que perdeu tantos anos atrás — Narcisa disse, incerta.
— Ele quer algo a mais — Draco disse, pensativo.
— Ele buscou imagens de Hogwarts em minha mente — Disse, olhando para Draco.
— Ele viu bastante das minhas interações com o Potter e algumas com Dumbledore, principalmente minhas rondas pela Brigada Inquisitorial — Draco falou, levando o copo de whisky à boca.
Ele tinha grandes planos, e é óbvio que ele planeja matar o Potter também. Afinal, ele tenta isso desde que ele era um bebê, e, humilhantemente, ele vem fracassando ano após ano. Só espero que uma das missões do papai e do Lúcio não seja matar o Potter. Gostando ou não, ele é importante para esse jogo, e se tudo começar a dar errado, ele será importante para o meu jogo pessoal.