POV: Xavier
Estava no banco do carona no carro do meu pai, indo para o restaurante onde marcamos o jantar.
O caminho é silencioso, um silêncio esmagador e desconfortável.
Eu não sei o que essa noite me aguarda, não estou conseguindo suportar estar perto do meu pai depois de tudo que descobri e provavelmente Louise Bianchi está obstinada a me manter longe de sua filha.
Não consigo prever nada de bom saindo dessa situação.
- Você não poderia simplesmente ter continuado com a sereia careca? - meu pai fala impaciente quebrando o estado de silêncio do pequeno local
Respiro fundo tentando não perder a pouca paciência que me resta.
- Não, não poderia e você sabe muito bem os motivos. - respondo seco
- Terminou com uma e arrumou outra pior. - comenta entediado
- Como é? - pergunto irritado, já dizendo adeus a minha paciência
- Você viu na reunião, a mãe dela é uma desequilibrada, ela deve ser igual ou pior. - fala com o olhar fixo na estrada
- Louise não é uma desequilibrada, ela tem total razão em não gostar de você e eu acho melhor que dobre sua língua antes de falar da Raven. - respondo de forma ríspida
Parando no sinal vermelho meu pai me olha com desdém e as sobrancelhas erguidas.
- Preste atenção em como fala comigo, ou quem vai impedir esse relacionamento sou eu. - diz e volta a olhar à frente.
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POV: Raven
Meus pais estão nos bancos da frente conversando baixo entre si, meus nervos estão a flor da pele e a única coisa que me conforta é que eu estou belíssima com a ajuda que tive de Enid.
Lookinho:
- Um Thorpe, que ótimo, de todos os seres vivos existentes no mundo o seu parceiro tinha que ser justamente um Thorpe. - minha mãe resmunga
Reviro os olhos e decido ignorar, melhor não irritá-la antes dela tomar uma decisão.
Paramos em frente à um restaurante com a fachada bem bonita e então entramos.
- Temos uma reserva no nome de Alvo Bianchi. - meu pai diz ao recepcionista e ele nos guia até nossa mesa
O restaurante tem uma decoração sofisticada e a iluminação é baixa, nossa mesa está localizada em uma das áreas para clientes selecionados, onde está bem reservada.
Quando nos aproximamos eu pude ver que Xavier e seu pai já estavam ali e conversavam entre eles.
Vincent se levanta dando um aperto de mãos no meu pai, logo após ele foi em direção à minha mãe para cumprimenta-lá com um beijo no rosto, mas ela desvia e o olha com desprezo o oferecendo a mão para um aperto e por fim ele vem até a mim me dando um abraço breve e se sentando.
Me sento ao lado de Xavier que após cumprimentar meus pais, deixa um breve selar na minha bochecha e me envia um sorriso reconfortante.
- Eu aposto uma massagem que meu pai surta primeiro. - ele sussurra no meu ouvido me fazendo dar um risada fraca
- Eu aposto que quem surta primeiro é minha mãe. - respondo no mesmo tom e ele ri
Assim que o garçom deixou uma garrafa de vinho da escolha de Vincent, nós fizemos os pedidos e ele se retirou.
- Então, como um antigo membro do Beladona e um leitor assíduo dos livros daquela biblioteca, eu sei muito bem o que a filha de vocês é. - Vincent começa a conversa e da um pequeno gole em seu vinho.
- Sim, isso é óbvio. - minha mãe fala com a feição séria
- O que quer dizer que se Xavier é o parceiro dela, ela precisa dele, mas ele não necessariamente precisa dela. - ele pontua abrindo um sorriso
Minha mãe cruza os braços o observando, o homem se abaixa pegando uma bolsa de couro preta e retirando um envelope.
- Vou precisar de algo mais forte que vinho. - meu pai murmura e acena chamando o garçom
- Fiz questão de fazer todas as cláusulas desse contrato com meu advogado, não vou entregar meu filho de meu beijada a vocês e correr o risco de ser roubado. - ele diz pondo o envelope na mesa o empurrando em direção a minha mãe.
- Como é que é?! - minha mãe aumenta o tom e o olha incrédula
- Um whisky aqui, por favor. - meu pai pede.
- A dose Sr. Bianchi? - pergunta o rapaz
- Não, a garrafa. - responde
- Pai, não falamos sobre isso. - Xavier fala parecendo tão surpreso quanto eu
- Eu sei, esse é um assunto a ser tratado entre os adultos, inclusive peço que os dois fiquem quietos. - Vincent responde sério
- Você acha que eu quero seu dinheiro? - pergunto indignada
- Você? não, você parece ser ingênua demais para conseguir me arrancar algo, já sua mãe... - ele diz fazendo meu sangue ferver
- Já chega. - meu pai diz em tom alto e grave chamando atenção de todos
- Viemos aqui para resolvermos nossas desavenças, não vou permitir que você insulte a mim, minha esposa e minha filha. - ele continua, sua voz num tom mais baixo, mas igualmente sério
- Não sei se tem ciência do tamanho do meu patrimônio Sr. Thorpe, então vou deixar esclarecido que tudo que você acha que eu possa querer de você, eu já tenho, senão mais. - finaliza num tom arrogante que eu jamais havia ouvido meu pai usar
Vincent abre um sorriso e eu já não estou entendendo mais nada dessa situação.
Minha mãe abre o envelope e folheia algumas páginas do documento que havia ali.
Eu me sinto completamente desconfortável com toda essa situação, acho que notando isso, Xavier repousa a mão sobre minha perna dando um leve aperto tentando me tranquilizar.
- E se a gente vender esse seu sapato caro e fugir? - ele sussurra em tom risonho me tirando um sorriso.
Eu olho para baixo da mesa dando uma analisada nas minhas plataformas da Versace e solto uma risada fraca.
- Pra onde iríamos? - pergunto no mesmo tom entrando na brincadeira.
Continuamos nossa conversa particular em cochichos enquanto os adultos conversavam.
- Casamento? Mas que porra é essa?! - minha mãe fala alto enquanto lia o contrato, fazendo eu e Xavier voltarmos nossa atenção a conversa
- Eles são parceiros, já não teriam que necessariamente ficar juntos? - Vincent responde cruzando os braços e erguendo as sobrancelhas
Olho para o meu pai que está com os ombros eretos e as narinas dilatadas, com certeza tentando se controlar para se manter educado.
- Eles só tem 16 anos e você quer... Um dote?! - ela fala surpresa, ainda lendo o documento que parecia um rascunho de relíquias da morte de tão grande.
- Claro, seu tio pagou um dote quando me casei com Kourtney. - ele responde abrindo um sorriso debochado
- Em que ano pensa que estamos? 1800? - meu pai fala indignado
- Já disse que não pretendo entregar o meu filho e sair de mãos vazias. - ele responde simples.
- Isso é ridículo, eu ainda nem concordei em deixar minha filha se aproximar dessa sua cópia remodelada. - minha mãe fala estressada gesticulando em menção ao Xavier
- Não sou igual ao meu pai. - Xavier se posiciona na conversa pela primeira vez durante o jantar e o tom de desgosto que ele usou não deixou Vincent contente.
- Aé, quem me garante? - minha mãe pergunta olhando em direção ao Xavier
- Eu. - respondo
Minha mãe solta um arfar revirando os olhos.
- Kourtney também achava que Vincent era um bom homem para ela. - fala acusadora
- E fui. - o pai de Xavier fala fazendo todos o olharem com julgamento
- Você fez Kourtney se afastar de todos os amigos e de sua própria família, traia ela com qualquer rabo de saias que aparecesse na sua frente e depois deixou que ela morresse sozinha enquanto você estava em uma de suas viagens, você quer mesmo entrar nesse assunto e dizer que foi um bom homem para ela?! - minha mãe joga tudo pra fora como se estivesse guardando isso à anos.
E então nossa comida chega, junto de diversas notificações apitando em meu celular.
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