Ocean Eyes • BNHA

By anacarolinarac

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𝐀𝐓𝐒𝐔𝐊𝐎 não tinha família. Ao menos, não uma família a qual se lembrasse. Quando tinha quatro anos, perd... More

𖤍𖡼 𝐈𝐍𝐓𝐑𝐎𝐃𝐔𝐂𝐓𝐈𝐎𝐍 𖡼𖤍
𖤍𖡼 𝐎𝐂𝐄𝐀𝐍 𝐄𝐘𝐄𝐒 𖡼𖤍
𖤍𖡼 𝐄𝐏𝐈𝐆𝐑𝐀𝐏𝐇 𖡼𖤍
𖤍𖡼↷ 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐆: 𝐏𝐒𝐈𝐐𝐔𝐄
𖤍𖡼↷ 𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐔𝐄
𖤍𖡼↷ 𝐎𝐍𝐄
𖤍𖡼↷ 𝐓𝐖𝐎
𖤍𖡼↷ 𝐓𝐇𝐑𝐄𝐄
𖤍𖡼↷ 𝐅𝐎𝐔𝐑
𖤍𖡼↷ 𝐅𝐈𝐕𝐄
𖤍𖡼↷ 𝐒𝐈𝐗
𖤍𖡼↷ 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍
𖤍𖡼↷ 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓
𖤍𖡼↷ 𝐍𝐈𝐍𝐄
𖤍𖡼↷ 𝐓𝐄𝐍
𖤍𖡼↷ 𝐄𝐋𝐄𝐕𝐄𝐍
𖤍𖡼↷ 𝐓𝐖𝐄𝐋𝐕𝐄
𖤍𖡼↷ 𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐄𝐄𝐍
𖤍𖡼↷ 𝐂𝐔𝐑𝐈𝐎𝐒𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄𝐒
𖤍𖡼↷ 𝐅𝐎𝐔𝐑𝐓𝐄𝐄𝐍
𖤍𖡼↷ 𝐅𝐈𝐅𝐓𝐄𝐄𝐍
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𖤍𖡼↷ 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍𝐓𝐘 𝐎𝐍𝐄

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By anacarolinarac

TUDO OU NADA

-Jeanist! Você deveria estar morto! - Toya estava visivelmente alarmado, mas ver ele se fudendo tinha virado uma espécie diferente de satisfação pra mim. E daí que ele era meu irmão? Depois de tudo o que ele tinha feito não só comigo mas com pessoas inocentes também, eu teria que ser tão louca quanto ele era para o perdoar. E eu podia dizer tranquilamente que acabaria ali e de uma vez por todas com todos os laços que me uniam a aquele vilão maldito. De fato, Toya estava morto; o que tinha restado era Dabi, uma versão cruel e que eu definitivamente queria bem longe da minha vida. -Era um cadáver de verdade! Como você voltou à vida? 

-Sua ganância limitou suas ações! - Beast Jeanist retrucou. -Assim como um jeans apertado!

-Mesmo que você esteja vivo. - Toya começou, suas chamas voltando a queimar. Senti todos os meus músculos ficarem tensos; o fogo de Dabi era realmente poderoso, eu tinha aprendido isso da pior maneira possível. Eu já tinha me dado conta do quanto ele queria se vingar de Enji, mas ver a sede de sangue dele ser toda direcionada a Shoto me deixou alarmada. -Não tem como apagar o passado da minha família. Não é mesmo, Shoto?

Nem mesmo tive chances de reagir pois Shoto foi muito mais rápido do que eu depois de ver as chamas de Toya atingindo Hado. Antes mesmo que eu pudesse o alertar que aquilo era um erro, um terrível e maldito erro, Shoto já tinha avançado na direção de Toya, suas chamas brilhando em sua mão. Eu entendia o porque de Shoto ter reagido dessa forma, mas era imprudente. Toya era forte e a maldade dele sem limites. Ele não estava nem aí que Shoto era seu irmão, Toya queria Shoto morto. E talvez eu também tivesse uma parcela de culpa nisso.

-Olha só Endeavor, aconteceu de novo! Mais um jovem promissor queimado pelas suas chamas! - Toya disse com uma risada cruel, se livrando da armadilha de Beast Jeanist.

-Para! - Shoto gritou e, então, eles estavam lutando.

Foi mais ou menos nesse momento que tudo que já estava bem ruim começou a piorar, pois noumus começaram a aparecer para nos atacar, provavelmente atraidos pelo grito que o gigante deu. Meu coração foi parar na garganta, principalmente porque Enji não estava se movendo. Será que eu podia ter evitado aquilo de acontecer se o tivesse dito sobre Toya?

Eu sabia que não. Sabia que Enji não teria acreditado em mim e que revelar aquilo só iria contribuir para piorar a relação que tinha com Enji. E de qualquer forma, não adiantava me apegar a isso, pois já tinha acontecido. Por mais que eu quisesse entrar na mente dele e o mandar se mexer, também sabia que não ia adiantar de nada. Não podia focar nele naquele momento; minha maior preocupação era Shoto e meus amigos que estavam acabados depois de lutarem contra Shigaraki. 

-Você disse que enviou aqueles vilões, né? Natsuo quase foi morto! - Shoto gritou, no meio de uma batalha contra Toya. -Se lembra dele? O irmão que sempre te consolou quando você chorava! 

-Quase? - Toya riu, incapaz de sentir qualquer tipo de remorso. Não quando ele estava verdadeiramente se divertindo com tudo o que estava acontecendo, não quando estava se deleitando com a queda da familia Todoroki diretamente para o inferno. -Que pena. Isso deixaria Endeavor arrasado.

-Maldito! - Shoto gritou e a dor e raiva em sua voz me machucavam. Mas aquilo era algo que eu não podia interferir, não ainda. -Você ficou louco?!

-Isso mesmo, Shoto. Seu maninho não sente mais nada. Mas a Atsuko já deve ter te contado isso, né? 

-Toya!

-Finalmente vou poder te matar.

Não tive muitas opções que não me enfiar no meio. Era isso ou Toya mataria quem visse pela frente, e no momento, a raiva que ele estava sentindo de mim era praticamente igual a que sentia por nosso pai. Então, é, provavelmente a vontade dele de ver Shoto sofrer tinha triplicado. Porque eu sempre estivesse certa sobre o quão dependente emocional Toya era. Ele podia odiar o restante da nossa família, mas eu sabia que as cosias comigo eram diferentes. Ainda assim, ele era um sociopata, e ele não hesitaria em me machucar naquele momento, nunca hesitou em fazer isso.

Agi mais ou menos no mesmo momento em que Mirio apareceu para impedir os noumus de libertarem Gigantomachia, pegando todos de surpresa. Não tive tempo para esses sentimentos, pois avancei na direção de Toya, o chutando no nariz com toda minha força e o mandando para longe de Shoto.

-Você ficou louco? - gritei para Shoto, arregalando os olhos ao ver algumas marcas de queimadura causadas por Toya em seu corpo. Porra

Seria uma mentira gigantesca se eu dissesse que senti calma naquele momento, vendo todos os meus amigos machucados e meu irmão deixando marcas de queimadura no meu namorado. Eu não aguentava mais isso; não aguentava mais.

Não me arrependo de ter explodido, pois isso deu uma pausa na luta já que mandei cada um pra um canto em uma explosão telecinetica que eu nem mesmo sabia que era capaz de causar. Estava ciente do olhar de todos sobre mim, vilões e heróis; mas não hesitei antes de avançar mais uma vez contra Toya, que ria se divertindo com a situação.

-Ichiro te ensinou direitinho, né, Tsu! Você é uma ótima vilã, até sabe discursar igual. - ele disse, suas mãos se fechando na minha garganta quando eu vacilei. Arregalei os olhos, o ar faltando por um segundo dos meus pulmões. -Você é minha maior dor de cabeça, sua pirralha maldita.

Shoto atacou Toya e logo os dois estavam no meio de mais uma batalha para ver quem iria morrer primeiro. Minhas mãos tremiam e eu sentia sangue escorrer pelo meu ouvido por causa da explosão de poder. Fazia muito tempo que isso não acontecia; não podia vacilar logo agora! Eu estava bem mais forte do que antes! Eu não ia deixar meus amigos morrerem!

-Alguém me ajuda! - foi o grito de Mirio que fez eu me virar. 

Eu queria tão desesperadamente ficar ao lado de Shoto e lutar contra Toya que tinha esquecido de que meus amigos também estavam em perigo. E aquilo não era algo que um herói deveria fazer.

Mesmo com o coração na mão por estar dando as costas para Shoto, corri na direção de Mirio para o livrar do noumu, fazendo o cerébro daquele monstro explodir entre meus dedos. Meu estômago embrulhou quando me dei conta que aquele ataque era uma cópia dos ataques maldosos de Ichiro. As palavras de Toya rondaram minha mente, começando a me assombrar. Passei tanto tempo fingindo ser uma vilã como eles que agora já nem sei mais quem eu sou. E o que eu deveria ser.

Eu observei minha mão trêmula, me perguntando o que estava fazendo. Me perguntando se tudo não podia ter sido diferente. Me perguntando...

-Sua imbecil do caralho, quer morrer?! - um puxão no meu braço me tirou da direção de um ataque de um dos noumus, me fazendo perceber que eu tinha paralisado por completo. Katsuki me olhou com irritação, e meus olhos se arregalaram em choque ao ver que ele estava machucado e sangrando muito.

-Seu idiota do caralho, você tá machucado! - gritei, mas ele me ignorou enquanto avançava para ajudar Mirio.

-Não fode, Jean Grey!

-Conseguiu ver o mundo, Bakugo? - Beast Jeanist disse, atraindo a atenção do meu amigo idiota e imprudente.

-A partir de hoje eu me chamo: Deus das grandes explosões mortais: Dynamight! - Bakugo gritou em plenos pulmões para que o mundo todo escutasse. Eu nunca quis tanto me enfiar dentro de um buraco como queria naquele momento.

-Meu Deus, mas que vergonha alheia. - murmurei, horrorizada. Ao julgar pelo pensamento dos outros, todos estavam concordando. Até mesmo os vilões, que coisa mais decadente, sinceramente.

-Psique! Você precisa ajudar o Shoto! - foi o grito de Mirio que me despertou. Quando me virei, o que vi...

Toya estava abraçando Shoto, mas não existia nada de fraternal naquele abraço. Era como abraçar o diabo, abraçar a própria morte. Toya o queria morto, e não hesitou em queimar a si próprio apenas para consumir Shoto com suas chamas.

Eu corri na direção deles, erguendo minha mão para usar um ataque telecinético. Eu estava longe demais para fazer qualquer outra coisa, e por mais que tentasse invadir a mente de Toya a todo custo, a raiva dele era como uma muralha de ferro me empurrando para fora, me impedindo de perfurar. Ainda assim, não desisti; todas as muralhas tinham brechas e com Toya não seria diferente.

Estava pronta para mandar Toya para longe de Shoto quando meu braço foi agarrado. Nem tive tempo de reagir antes que ele fosse virado na direção contrária, me fazendo dar um grito de dor enquanto caía de joelhos jo chão.

Por que não senti aquela presença? Eu sempre era capaz de perceber, fosse pelos pensamentos da pessoa ou pelos seus sentimentos. Mas não tinha percebido nada até ser tarde demais, e, enquanto segurava meu braço direito inútil, me virei o suficiente para encontrar olhos que um dia eu havia amado tanto.

Ichiro abriu um sorriso para mim enquanto se agachava na minha frente, estendendo a mão para colocar uma mecha loira do meu cabelo atrás da minha orelha. Ele riu, passando o polegar pela minha bochecha e segurando meu rosto com força.

-Ah, querida, você achou mesmo que eu estava indo embora sem participar dessa belezinha? - ele sorriu, indicando a batalha. -E deixar as coisas ficarem fáceis pra você?

Senti a dor atingir todos os músculos do meu corpo, tão intensa que imaginei que fosse acabar apagando a qualquer instante. As garras de Ichiro afundaram no fundo de minha mente, com uma intensidade maior do que eu jamais tinha visto. Que eu jamais tinha sequer esperado, fazendo eu perceber que se ele desse apenas mais uma apertada, eu morreria. Meu cérebro ia virar geleia, assim como o daquele vilão que ele tinha matado na minha frente. E percebi o como para Ichiro a vida era tão insignificante; o quão faciera matar para ele, como se tivesse esmagando uma barata.

Foi ai que percebi que ele jamais tinha me mostrado tudo o que era capaz de fazer. O quão forte sua individualidade era. Ichiro sempre soube onde estava minha lealdade, ele jamais acreditou que um dia eu me juntaria a ele. Sempre soube da verdade; e não queria que eu ficasse boa o suficiente em me livrar dele, não me mostrou tudo o que era capaz pois ele sempre previu e esperou por aquele momento. O dia em que precisaria dar tudl de si contra mim. O dia em que finalmente ia acabar com minha vida e me matar como se eu fosse nada. Me fazendo perceber que o pai que eu amei com todo meu coração nunca existiu e nunca passou de uma memória falsa em minha mente infantil.

Sentindo vontade de vomitar e com as lágrimas de dor queimando meus olhos, tentei me erguer. Eu jamais ia desistir, não tão fácil e menos ainda para ele. Mas Ichiro pressionou a sola de sua bota nas minhas costas, fazendo eu cair novamente, esfregando meu rosto contra o asfalto e me fazendo grunhir de raiva.

-Tá vendo isso aqui? - ele disse, puxando meus cabelos com força para que eu tivesse a visão de meus amigos lutando. Do quão derrotados todos nós estávamos e do como aquilo estava um verdadeiro inferno. Meu coração estava batendo na garganta; o quanto mais disso aguentariamos até um de nós estar morto? -Isso é só o começo do novo mundo, onde eu serei um dos reis. Você pode ser rainha, Atsuko. Tem uma individualidade poderosa. Por que quer se contentar com essa vidinha medíocre de super herói quando pode ser deus?

Meu corpo inteiro latejava de dor, mas era a raiva dentro de meu coração que parecia servir de combustível para eu continuar.

E não só isso.

Tinham pessoas importantes ali pra mim, pessoas que eu queria proteger. Eu aceitei me infiltrar na Liga com o único objetivo de impedir aquela guerra de acontecer, mas deu tudo errado. Agora, o que me resta, é lutar para acabar de uma vez por todas com Ichiro e com Dabi e com Shigaraki e com All For One.

Mas pra isso, eu precisava parar de sentir a única coisa que me prendia, me ofuscava, me aprisionava dentro de mim mesma: o medo.

Quando fechei meus olhos e tudo ficou preto, soltei um último suspiro de dor. E parei de me prender com aquelas amarras morais que tinham sido colocadas em mim ao longo de todos aqueles anos.

Eu era telepata; minha individualidade por si só já era poderosa o suficiente para destruir milhares de pessoas. Eu sabia o medo que todos sempre sentiam disso. Mas eu não era só boa em controlar a mente dos outros, porque eu tinha passado meses, anos, aprimorando a minha individualidade.

Sempre dizem que, quando você está em uma situação de vida ou morte, sua individualidade evolui. Eu nunca tinha realmente acreditado nisso.

Mas ali, tendo todos os meus órgãos entrando em combustão e meu coração parando de bater aos poucos tamanha era a dor que Ichiro aplicava dentro de mim, eu entendi perfeitamente o que aquilo queria dizer.

Katsuki tinha dito, da primeira vez que mostrei pra ele, que ilusões eram desnecessárias já que eram apenas ilusões. Não iam ser úteis em uma batalha contra um vilão, quem dirá em uma guerra. Afinal, quem ia se ferir por causa de uma ilusão da mente?

Esse era o mais engraçado da mente humana. Você era capaz de a manipular perfeitamente e, quando acionava as partes certas do cérebro, mesmo que o que tivesse mostrando fosse tudo lorota, conseguiria fazer a pessoa sentir na pele, como se tudo fosse bem real. Aos poucos eu tinha aprimorado essa habilidade, mesmo que sem muitas expectativas.

Até que ela explodiu de dentro de mim, com tanta intensidade e tanfa força que nem mesmo Ichiro estava prevendo por aquilo. Acho que ele sequer tinha um dia dado tanta importância assim para aquilo quando podia usar outras partes da nossa individualidade para ser maldoso com as pessoas.

E quando um dragão surgiu, saído de minha mente para a realidade de Ichiro e rasgou o seu peito de de fora a fora, a dor que ele sentiu foi real, fazendo com que meu pai gritasse e caisse no chão de tanta dor, levando a mão ao peito que sequer sangrava, cuspindo sangue como se de fato tivesse sido atingido por algo.

E no segundo seguinte, o imenso e belo dragão que eu tinha criado já não estava mais ali. Tinha simplesmente desaparecido, como se jamais tivesse existido.

Brincar com o cérebro humano e usar isso ao seu favor foi uma arte que apenas um vilão mesquinho, cruel e desgraçado poderia ensinar para alguém. Foi exatamente o que Ichiro me ensinou, me forçando até mej limite, tentando me moldar para que eu ficasse cada dia mais e maos parecida com ele, para que eu seguisse seus ideais totalmente deturpados e medíocres. E mais do que isso, Ichiro me ensinou coisas que eu jamais quis aprender, mas que ainda assim, me vieram as ser úteis.

Eu sempre usei minhas mãos pra direcionar a telecinese. Mas a verdade é que eu não precisava disso. Pois era poderosa o suficiente pra fazer apenas com minha vontade. Enquanto os ossos do braço de Ichiro se partiam em milhares de pedaços, o grito de dor dele era como música para meus ouvidos. Mesmo que isso fosse totalmente contra a minha moral, naquele momento, eu só pensava em uma coisa: parar aquele monstro antes que ele controlasse a mente de todos. E a única pessoa que podia fazer isso era eu. Eu sabia disso. E aceitaria carregar aquele fardo até o inferno junto comigo.

-Vamos para a parte mais divertida, filhinha. O único lugar onde você não pode me vencer. - ele rosnou.

Eu já estava esperando por aquele ataque mental. E eu não tive medo. Dessa vez, não reforcei meu escudo, não tentei o manter para fora. Apenas abri as portas e deixei que ele entrasse.

Se fosse para ter a mente desligada para sempre, que fosse. Eu não iria fugir daquela batalha; não mais. Eu ia mostrar a Ichiro que por mais que ele quisesse, não podia me controlar. Não podia fazer de mim sua marionete, sua boneca para fazer o que quisesse. Eu tinha meus próprios desejos, minhas próprias vontades. E por mais que ele forçasse a sua sobre a minha, jamais iria ser forte o suficiente para me barrar. E eu jamais deixaria ele ter o que queria de mim.

Era a minha mente. E ninguém mais iria me jogar para o buraco sombrio dentro dela. E ninguém além de mim mesma iria ser capaz de ditar o que eu fazia ou deixava de fazer.

Ichiro deve ter sentido algo, pois ele riu e apenas saiu sem tentar nada. Seus olhos estavam brilhando em puro divertimento.

-Você está bem mais forte, hein, Atsuko. - ele sorriu para mim, quase como se tivesse orgulhoso. -Que felicidade! Assim, da próxima vez que a gente se ver, vamos ter uma batalha digna de verdade.

-Não vai ter próxima vez, porque você não vai sair daqui! - rosnei, tentando me erguer. Mas a dor latejava por todo meu corpo, minhas pernas não me obedeciam e tudo o que eu conseguia fazer era erguer a cabeça e o fitar. -Seu merda! Eu vou acabar com você!

-Vamos ver quanto a isso. - ele riu. Mas a diversão sumiu de seus olhos quando olhou ao redor, sua expressão se tornando irritadiça. -Que droga. Acabei de chegar e eles já estão batendo em retirada? Que chato. Mas presumo que nos veremos por ai, querida.

Ichiro sorriu de forma maldosa para mim antes de dar as costas para fugir. Eu dei um grito, mas ele não me deu ouvidos.

Tentei me levantar, apenas para sentir mais dor e me desequilibrar. E quando cai mais uma vez, tudo ficou completamente e totalmente preto. E eu apaguei.

Boa noite povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Desculpa a demora pra atualizar. Verdade seja dita, eu desanimei com a fanfic porque agora só temos leitores fantasmas :') mas tudo bem, tudo certo!

Inclusive, desculpa o capítulo meio nhe. Tentarei melhorar nos próximos e prometo não demorar tanto pra atualizar

Aproveitem o capítulo maiorzinho pra compensar pelo meu sumiço <3

Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!

Espero que gostem <3
~Ana

Data: 26/01/23

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