Marcas Inegáveis

By nineksn

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Harry Potter tem doze anos quando os nomes de suas almas gêmeas aparecem em seu pulso, Regulus Black e Tom Ri... More

Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07: Interlúdio - Lucius
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capitulo 14

Capitulo 04

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By nineksn

Harry tropeçou um pouco, mas a mão de Tom em sua cintura o segurou.

- Uh, desculpe...eu nunca fui muito bom na aterrissagem.- Harry sentiu suas bochechas esquentarem e deu um pequeno passo para trás, aliviado e triste ao sentir a mão de Tom escorregar.

- Eu notei.- Tom falou lentamente em resposta, e Harry poderia jurar que viu um pequeno sorriso brincando no canto da boca do Lorde das Trevas, mas sua atenção foi atraída pelo que esperava atrás de Tom.

Não era nada do que Harry imaginava quando pensava onde Tom e Regulus moravam. Ele imaginou uma mansão imponente como a dos Malfoys ou uma das muitas propriedades Blacks que Sirius odiava. Uma casinha pitoresca à beira-mar nunca teria passado pela cabeça de Harry, e ele olhou ao redor apenas para ter certeza de que era realmente a única estrutura em quilômetros.

Um toque em seu cotovelo chamou a atenção de Harry para o rosto sorridente de Regulus.

- Tudo certo?

- Sim, apenas...não é o que eu esperava.- Harry respondeu, acenando com a mão para a pitoresca casa de campo com seu revestimento de telha cinza escuro e acabamento branco.

Estava em uma colina de frente para o oceano. A grama alta à beira-mar e as flores silvestres ondulavam devido o vento ao redor. Mais abaixo, um caminho rochoso em declive cedeu lugar às praias arenosas e ao mar tranquilo ao fundo. Era um tipo de silêncio e calma que Harry nunca havia experimentado antes. O ar cheirava a sal marinho, e o oceano e os pássaros eram uma melodia pacífica ao fundo.

Harry decidiu que adorou.

Regulus riu baixinho e puxou Harry para segui-los pelo caminho.

- Temos uma mansão própria do Lorde das Trevas para festas e negócios, mas é aqui que vivemos a maior parte do tempo. É privado. Apenas alguns poucos confiáveis ​​sabem de sua localização. É bom ficar longe de tudo por um tempo. Até Tom se cansa de admiração e adoração.

Harry podia entender, considerando seu próprio nível de notoriedade. Harry evitava ao máximo sair em público, e era muito bom nisso, mas daria qualquer coisa para ter um lugar como aquele. Ele poderia ter um, sinceramente, mas Harry nunca encontrou um motivo para comprar algo assim para si mesmo. Talvez se as coisas dessem certo com Tom e Regulus, mas Harry não teria muitas esperanças até o encontro com o especialista em magia da alma.

Harry sabia que já havia permitido demais. Não havia volta de nada disso, não para ele, pelo menos. Tom e Regulus poderiam voltar a ser como as coisas eram, mas Harry estava arruinado. Seu lado do vínculo ficou mais forte e só continuaria a crescer mais forte quanto mais tempo ele estivesse perto deles dessa maneira. Quanto mais ele aprendia sobre eles, mais ele os queria, queria fazer parte desta vida com eles, e Harry era incapaz de impedir isso.

A parte grifinória imprudente dele não queria.

Em todos os eventos que Harry já compareceu, ele observou Regulus desempenhar bem seu papel. A parte de Lorde Black, o puro sangue perfeito e companheiro do Lorde das Trevas. Regulus era a alma gêmea perfeita para Tom. Eles não poderiam ter combinado melhor. Harry se perguntou muitas vezes onde ele poderia se encaixar com eles. Até considerou que talvez Tom e Regulus estivessem certos em não convidá-lo para seu relacionamento. Eles já pareciam tão bem adaptados um ao outro.

Harry não era como eles. Na verdade, em sua amargura para provar a si mesmo o quanto ele não era como eles e o quanto ele estava melhor sem eles, Harry fez tudo ao seu alcance para irritá-los nos eventos que foi forçado a comparecer. Só agora, Harry percebeu o quão inútil seu ataque tinha sido, descartando suas vestes no meio da noite, bebendo demais, flertando e se comportando como ele fazia.

Claro que Harry pegou Tom e Regulus lançando-lhe olhares de desaprovação, carrancudos para ele do outro lado da sala ou revirando os olhos com suas travessuras. Tom até o repreendeu uma vez em voz baixa e sibilante na festa de aniversário de Regulus, quando Harry ficou tão bêbado que mal conseguia ficar de pé. Desnecessário dizer que ele não havia sido convidado para o próximo, mas seus olhares de desaprovação não eram porque Harry os estava envergonhando.

Eles nem sabiam que ele era sua alma gêmea.

Harry nunca conseguia ver exatamente onde ele se encaixava com eles, mas isso...Harry podia se ver nessa parte de suas vidas. Ele podia se ver aqui. Ele sempre se perguntou, mas agora desejava não saber, pelo menos não até ter certeza de que poderia ter isso.

- Certo, então vou dar uma olhada na propriedade primeiro, se vocês não se importarem.- Harry falou, parando-os enquanto eles caminhavam para a frente da casa.

A mão de Tom parou onde ele estava prestes a abrir a porta, e Harry sentiu tudo nele encolher. Ele não estava pronto para ver isso, o que suas vidas se tornaram sem ele.

- Você tem razão. Suas proteções são poderosas, mas há algumas camadas que posso adicionar para torná-las mais fortes. Vou garantir que não haja pontos fracos na paisagem também. Eu gostaria de visitar as aldeias mais próximas. Talvez coloque algumas proteções lá também, para que possamos monitorar quaisquer novas assinaturas mágicas indo e vindo. Então eu vou trabalhar do lado de fora da casa antes de entrar. Vai demorar um pouco. Talvez a noite toda. Você não vai precisar esperar nem nada...

A mão de Regulus em seu braço interrompeu suas desculpas balbuciantes.

- Gostaria de tomar café da manhã primeiro? Eu ia pedir aos elfos domésticos que preparassem alguma coisa. A vigilância é exaustiva.

Tão sutil e gentil quanto pôde, Harry deslizou seu braço do toque de Regulus.

- Obrigado, mas eu já comi.- ele mentiu.- Isso vai demorar um pouco, então é melhor eu começar logo. Comerei fora, se for tarde demais quando terminar de comer, arranjarei um quarto lá.

Regulus parecia pronto para protestar, mas Tom falou antes que pudesse.

- Há uma vila a menos de um quilômetro a leste daqui. É uma mistura de bruxos e trouxas. Existem apenas dois pontos de aparição. Há uma pousada lá, eles servem um pequeno almoço. Regulus gosta da comida, e seu padrinho já se hospedou lá algumas vezes. Diga ao atendente para me enviar sua conta.

Por mais que Harry amaldiçoasse os poderes de observação de Tom no passado, ele estava grato agora que Tom parecia entender sua hesitação. De jeito nenhum Harry seria capaz de ficar em sua casa, sabendo que Regulus e Tom estavam a apenas alguns quartos de distância, dividindo uma cama.

Harry teria se sentido melhor se eles tivessem chegado a uma grande mansão intimidadora com dezenas de quartos não utilizados e uma equipe de elfos domésticos. Isso era íntimo demais. Parecia que Harry estava se intrometendo em algo para o qual não foi convidado, nunca poderia fazer parte. Isso era tudo o que Harry queria.

Eles não o amavam. Eles podem se importar à sua própria maneira. Eles agora podem sentir algum tipo de obrigação e lealdade para com ele. Talvez até certo ponto, eles sentiram falta dele. Regulus certamente parecia triste o suficiente agora, mas eles não o amavam. Eles não podiam, não como ele os amava, não como ele os desejava.

Eles poderiam fingir. Regulus provavelmente até concordaria em tentar, mas nunca funcionaria. Isso só causaria problemas entre Tom e Regulus a longo prazo. Harry acabaria se tornando um fardo para eles. Algo pelo qual eles brigariam, uma intromissão que eles desprezavam. O pensamento deixou um gosto amargo na boca de Harry. Ele não queria que eles fizessem nada por pena ou algum sentimento de obrigação que pudessem sentir por ele ser sua alma gêmea.

- Eu deveria ir começar.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

A magia de Tom era linda, perigosa e sedutora. Combinava tão dolorosamente perfeitamente com a de Harry que ele poderia facilmente ser enganado e consumido por ela se não tomasse cuidado. Harry respirou fundo, enquanto cuidadosamente tecia sua própria camada de proteção nas delicadas proteções que Tom havia erguido quando ele e Regulus compraram o chalé pela primeira vez.

As proteções eram quase perfeitas, assim como tudo o que Tom fazia, mas enquanto Tom era capaz de se envolver e atuar em quase todos os tipos de magia, proteção não era seu ponto forte. Tom era um mestre em alguns campos da magia que Harry conhecia, como poções, transfiguração e, claro, as Artes das Trevas. O único que poderia se comparar a Tom em seu conhecimento das Artes das Trevas provavelmente era Regulus.

A magia de Harry era perfeita para criar proteções e todas as coisas relacionadas a defesa e duelo, um protetor natural, como Dumbledore o havia chamado. Foi o que fez de Harry uma arma tão boa. Lordes das Trevas como Tom e Lordes da Luz como Dumbledore tinham um poder incomparável e eram habilidosos em várias áreas, mas não eram onipotentes, oniscientes, nem invencíveis.

Harry conseguiu derrotar Grindelwald porque ele era um duelista melhor, não porque era mais poderoso. Ele era simplesmente mais habilidoso e sua magia mais adequada para o combate. Teoricamente, Harry poderia até levar Tom em um duelo, mas ele duvidava que o atual Lorde das Trevas lhe desse uma chance de tentar. Ele sabia que Tom tinha algum treinamento em praticamente todas as áreas mas Tom era mais um acadêmico com uma língua de prata, como a maioria dos líderes. Eles contavam com soldados como Harry para lidar com as partes sujas.

Harry se perguntou se Tom ou Regulus estariam observando da casa, ele sabia que provavelmente estariam. Tom, com certeza. Ele não perderia a chance de assistir Harry dobrar e manipular suas magias juntas em algo impenetrável. O desejo que ambos sentiam de proteger Regulus apenas os tornava mais fortes.

A magia deles se misturava de uma maneira sem esforço que falava sobre o que eles deveriam ser um para o outro. A magia de Harry, quando combinada com a de Tom, só tornaria Tom mais forte. Passou pela cabeça de Harry, como ele tinha certeza de que também passara pela de Tom, que se eles fossem ligados como deveriam ser, era provável que ele e Tom fossem um dos raros pares de almas gêmeas que poderiam compartilhar sua magia.

Harry havia terminado de proteger o que podia na vila tarde da noite anterior e se hospedou na pousada que Tom sugeriu. Levara mais tempo do que o esperado para vasculhar cada centímetro do lugar, mas Harry não queria deixar nenhum canto ou loja inexplorado. Ele tomou o café da manhã para repor suas energias esgotadas, mas não podia mais adiar a volta para começar a trabalhar nas proteções do chalé.

Assim que Harry terminou com as proteções de perímetro, ele teve que fazer uma pausa. Felizmente, ele planejou com antecedência e comprou um sanduíche em uma pequena padaria antes de voltar. Harry seguiu por um caminho de pedra bem gasto que dava lugar à areia. Ele tirou os sapatos e arregaçou as pernas da calça antes de seguir para a praia. Havia algumas pedras planas por perto que formavam uma área de piquenique perfeita.

Harry se perguntou com que frequência Regulus e Tom faziam isso.

Uma xícara de chá ao lado dele tirou Harry de seus pensamentos. Harry olhou para ver Regulus se aproximando com sua própria xícara na mão e um sorriso. Ele também estava descalço. Calças de linho macio enroladas como as de Harry e uma camisa de mangas compridas grande demais que pode ter sido de Tom. Era o mais mal vestido e casual que Harry já o tinha visto e Regulus estava lindo. Ele subiu com uma facilidade que confirmou para Harry que ele já havia feito isso antes e se acomodou ao lado de Harry.

Eles ficaram sentados em silêncio por um longo tempo, simplesmente observando o oceano, e Harry nunca se sentiu tão em paz em toda a sua vida. Harry ficou triste por não conseguir pensar em um único momento que se comparasse a isso, talvez a primeira vez que ele voou em uma vassoura, mas mesmo assim foi tudo uma onda de adrenalina e velocidade, não de calma. Não de paz.

- Quando Tom e eu decidimos encontrar uma casa mais privada, uma casa longe de tudo, procuramos pelo que pareceram anos.- Regulus finalmente falou no silêncio.- Nada parecia certo.- sua voz era suave e íntima, e quando Harry deu uma olhada, percebeu que Regulus estava olhando para seu pulso. Seus dedos estavam dançando sobre o nome desbotado que deveria ser o nome de Harry, era apenas o nome dele...escrito errado.

- Eu sei que Tom disse que não sentimos o vínculo, mas isso não é totalmente verdade. Este lugar não é nada parecido com o que tínhamos em mente. Não é nada parecido com o que qualquer um de nós teria escolhido. Eu nem sei por que concordamos em ir vê-lo, exceto que estávamos ambos perdendo o juízo naquele momento e dispostos a ver qualquer coisa. Quando chegamos aqui, porém, apenas... parecia certo.- Regulus ergueu os olhos de seu pulso e olhou para o oceano.

- Aqueles que perderam uma alma gêmea dizem que se sentem vazios, como se faltasse um pedaço deles. Eles sentem ecos do vínculo, impressões de sua pessoa desaparecida. Isso é verdade para Tom e para mim também. Não escolhemos esta casa porque combinava com qualquer um de nós dois. Escolhemos porque parecia você, mesmo que não soubéssemos quem era você na época.- Regulus admitiu e olhou para ele com olhos de partir o coração.

Harry engoliu o nó que se formou em sua própria garganta e voltou seu olhar para o oceano. Incapaz de suportar o peso do que Regulus estava dizendo ou seu olhar.

- Tom e eu...fazemos funcionar. Somos felizes juntos, Harry, mas sempre senti que algo estava faltando. Algo está faltando. Não estamos completos sem você e nunca estaremos. Posso acalmar Tom, mas não posso enfrentá-lo como você, e Tom faz o possível, mas não é romântico. Merlin, ele é péssimo nisso, para ser honesto.- Regulus soltou uma risada embargada e enxugou os olhos.

Harry tentou imaginar Tom sendo romântico e se viu sorrindo também. Realmente era uma imagem divertida. Tom não teria paciência para isso.

- Eu só...eu quero que você saiba que ele e eu também queremos isso. Queremos consertar isso mais do que tudo. Vivemos com essa parte significativa de nós faltando, e agora que há uma chance de recuperá-la, não há nada que Tom não faça para tê-la de volta. Você deve saber disso, Harry.

Harry sabia disso. Os Lordes das Trevas não desistiam tão facilmente e eram possessivos por natureza. Não seria bom para Tom saber que algo havia sido roubado dele, mesmo que esse algo fosse Harry. Tom viraria cada pedra para tentar recuperá-lo e derrubaria qualquer um em seu caminho, se não fosse por amor, então por orgulho.

Harry não podia dizer que estava chateado com isso. Uma parte egoísta dele queria igualar.

- Tom age com raiva e na defensiva. Ele ataca, mas é só porque ele não sabe como lidar com sua dor ou com o fato de sentir sua falta. Nós não sentimos você do jeito que você nos sente, mas nós te sentimos. Perdemos você antes de conhecê-lo e, nos dezenove anos desde que recebi minhas marcas senti sua falta. Para ele, já faz mais tempo. Nós sentimos você, Harry...este lugar é uma prova disso.

- Você estava certo ao supor que eu teria adorado isso aqui. Este lugar é...tudo que eu poderia querer.- Harry admitiu depois de alguns momentos ouvindo as ondas. Ele se sentiu um pouco menos dolorido depois das palavras de Regulus. Ainda triste, mas parecia um fardo menor do que antes, como se talvez ele pudesse compartilhar essa tristeza e perda com eles.- Tive medo de entrar. Eu não queria ver a vida que vocês dois construíram sem mim.

- Mas nós não construimos.- Regulus respondeu, sinceramente, estendendo a mão para pegar a mão de Harry que estava descansando entre eles.- Todas as chances que tivemos de nos sentir próximos de você, nós aproveitamos, ou você acha que Tom manteve um pomo em sua mesa porque ele é um grande fã de Quadribol? Eu certamente nunca fui bom nisso.

Harry sorriu com isso.

- Eu me perguntei o que estava fazendo lá.

- Ele o viu tremulando na vitrine de uma loja de Quadribol durante uma convenção de poções em Paris e o trouxe para casa porque o fez pensar em você.- Regulus respondeu como se não fosse uma revelação que tirou o fôlego de Harry.

Harry gostou que Regulus estivesse se referindo ao nome em seu pulso como ele...Harry.

Eles devem ter se acostumado com o nome de sua alma gêmea sendo Jasper. Harry se perguntou se eles já falaram sobre ele, sussurraram o nome e sentiram que talvez algo estivesse errado com ele? Como se talvez não parecesse muito certo em seus lábios? Era uma coisa estranha para Harry entender, mas Regulus não parecia ter nenhum problema em associá-lo com a marca agora. Harry lembrou que eles sentiram uma atração por ele, ou pelo menos Tom admitiu que sentiu, mas não agiu por causa dos nomes em seus pulsos. Agora eles sabiam que deveria ter sido Harry, não Jasper, e talvez fosse mais fácil ceder àquela curiosidade, como disse Tom.

Regulus deslizou pela pedra e puxou a mão de Harry.

- Por favor, fique para o jantar? Pode surpreender você, mas Tom é um excelente cozinheiro.

Ambas as sobrancelhas de Harry dispararam em surpresa quando ele se movou para se juntar a Regulus na areia.

- Acho que isso é algo que preciso ver por mim mesmo.- Regulus sorriu brilhantemente para ele, ainda segurando sua mão, e Harry não pôde fazer nada além de segui-lo de volta pelo caminho.- O que os Lordes das Trevas cozinham? O coração dos homens?

Regulus riu e quase tropeçou em uma pedra em seu caminho, mas Harry conseguiu mantê-lo firme com as mãos dadas.

- Não, ele guarda isso para seus seguidores leais. É só macarrão esta noite, eu acho.- ele respondeu, ainda rindo. Harry adorou o som disso e se perguntou se Tom também gostou.

Quando a frente da casa voltou à vista, Harry viu Tom se virando de onde estava parado no deck da frente e voltando para dentro. Tom também estava vestido casualmente, ou tão casualmente quanto Tom se vestia, Harry supôs. Ele estava vestindo um par de calças pretas, um suéter azul escuro com as mangas arregaçadas e mocassins pretos simples. Seu cabelo parecia recém-lavado e sem o produto que normalmente usava para domá-lo. Em vez disso, ficou fofo com cachos que Harry nunca tinha visto antes.

Tom era de tirar o fôlego, e vê-lo se movimentar em sua cozinha trouxa totalmente abastecida e preparar o jantar para eles foi...

- Fascinante, certo?- Regulus perguntou, sentando-se ao lado de Harry no balcão da cozinha e repetindo exatamente o que Harry estava pensando.- Ele faz isso sem magia.

- Vocês dois podem ser muito incultos para perceber isso, mas assim como as poções, a magia afeta o resultado de uma refeição.- Tom falou enquanto cortava alguns tomates porque, é claro, ele fazia o molho de tomate do zero.

- Eu só...acho que nunca vi nada mais atraente. Estou tendo dificuldade em manter minhas mãos para mim mesmo, para ser honesto.- Harry admitiu antes que pudesse se conter. Ele estava se segurando desde que essa coisa toda começou.

Tom em uma cozinha era de outro mundo. A maneira como ele se movia era graciosa e elegante. Suas mãos pálidas e dedos longos eram perfeitamente adequados para manusear uma faca. Tom também usava um avental cinza-escuro para proteger seu suéter elegante e calça comprida. Harry queria ir atrás dele, agarrá-lo pela cintura, talvez pressioná-lo contra o balcão.

Tom parou de cortar os tomates com as palavras de Harry, e Harry esperava que ele não tivesse estragado nada. Ele tinha o hábito de dizer coisas sem pensar nas consequências, mas então Regulus riu ao lado dele e bateu em seu ombro.

- Cuidado, Harry, você vai deixá-lo confuso.- Regulus brincou, e com um bufo, Tom revirou os olhos e voltou para sua tarefa.

- Os Lordes das Trevas ficam confusos?- Harry questionou com um sorriso malicioso enquanto Regulus lhe entregava uma taça de vinho e trazia uma para Tom também.

Tom esvaziou sua tábua de corte na panela e instantaneamente a sala se encheu de um delicioso chiado e fragrância.

- Não, mas é melhor ser cauteloso, especialmente perto de quem tem facas nas mãos.

Regulus riu novamente e passou um braço em volta da cintura de Tom enquanto se inclinava para olhar a panela que Tom estava mexendo. Tom ergueu a colher, pingando molho vermelho, e levou-a aos lábios de Regulus para que ele provasse.

Regulus gemeu baixinho, e Harry decidiu que precisava se afastar por um momento.

- Onde é o banheiro?- ele perguntou, tentando soar casual e não muito óbvio.

Regulus se afastou de Tom de qualquer maneira e olhou para Harry com um olhar de desculpas, embora não houvesse nada pelo qual ele precisasse se desculpar. Esta era a casa deles, e eles eram um casal unido. Na verdade, ver Tom agir tão...normal era fascinante para Harry.

- No final do corredor, última porta à direita.- Regulus respondeu, e por um momento, parecia que ele queria seguir, mas felizmente deu a Harry o espaço que ele estava pedindo.

Enquanto Harry caminhava pelo corredor, havia algumas portas abertas e ele não pôde deixar de espiar lá dentro.

A primeira sala era o escritório de Tom. Harry podia ver ele por toda parte, desde o verde escuro, quase preto, pintado nas paredes até a intimidante mesa de madeira, a grande lareira de tijolos, as muitas estantes transbordando de livros e as enormes poltronas de couro. A sala estava arrumada, mas ainda havia papéis espalhados sobre a mesa, um livro foi aberto em uma mesinha ao lado de uma das poltronas e um manto que Tom usava em algum momento estava pendurado nas costas da cadeira da escrivaninha.

Harry lutou contra o desejo de entrar e tocar, correr os dedos sobre a mesa, as lombadas dos muitos livros que Tom escolheu manter ao seu redor e sentir o tecido do manto descartado de Tom entre os dedos. A sala até cheirava a Tom, um perfume masculino inebriante de almíscar, fogo e madeira. Harry queria sentar aqui. Talvez ler um livro perto da lareira enquanto Tom trabalhava. Basta estar na presença de Tom.

Harry se afastou antes que fizesse algo que não deveria, como invadir o espaço privado de Tom, e foi para a próxima sala que estava aberta. Esta era claramente de Regulus. Foi pintada de um tom de verde mais claro, quase menta. Era arejado e iluminado, com enormes janelas com vista para o oceano. As paredes estavam forradas com mais estantes cheias de livros, cada um parecia muito amado e usado.

A sala era mais uma biblioteca do que um escritório com um aconchegante sofá de veludo verde e uma poltrona em frente a uma lareira. Um par de sapatos de Regulus estava perto do sofá, e havia livros espalhados e abertos em páginas aleatórias na mesa em frente a ele. Harry podia ver claramente Regulus aqui, enrolado e lendo. Ele podia se ver aqui tirando uma soneca enquanto Regulus pesquisava. Talvez até com o cobertor vermelho e dourado no sofá que parecia fora de lugar.

Isso fez Harry parar. Era um esquema de cores inteiramente da Grifinória em um espaço da Sonserina. Não combinava com o resto da decoração nem era nada que Regulus teria escolhido para si mesmo. As palavras de Regulus de antes voltaram para ele, e Harry sentiu uma leve pontada no peito. Obviamente foi algo que fez Regulus pensar nele.

Eles tiveram que perceber com aquelas cores que sua terceira alma gêmea seria um Grifinório. Harry sorriu suavemente com os olhares que deviam estar em seus rostos quando chegaram a essa conclusão. Talvez ele perguntasse a eles um dia se as coisas corressem bem com os testes de marca de alma. Havia tantas coisas que Harry queria saber sobre eles.

Harry se sacudiu e continuou explorando e, para sua surpresa, a próxima sala estava quase vazia, exceto por um único sofá de couro que parecia velho e gasto, algumas mesas descartadas, prateleiras vazias, tapetes enrolados e algumas outras bugigangas. Estava claro que Tom e Regulus não tinham feito nada com este quarto ainda. Eles pareciam usá-lo como depósito, mas era o melhor cômodo da casa, na opinião de Harry.

- Nunca conseguimos decidir o que fazer com este espaço.

Harry pulou quando Regulus falou atrás dele. Ele não tinha percebido que havia entrado na sala e estava tão perdido em sua surpresa de encontrar um cômodo como este aqui que Harry não ouviu Regulus se aproximar.

- Quero dizer, essas portas são incríveis.- Regulus apontou para as enormes janelas e portas de vidro que ocupavam um lado inteiro da parede.- Elas abrem toda a sala para fora, mas a vista deixa muito a desejar. Tom pensou em transformá-la em uma espécie de estufa, mas nem mesmo recebe a melhor luz do sol. Nunca entendemos por que eles colocaram essas portas deste lado da casa. Não há nada para olhar e é muito alto deste lado para sair confortavelmente. Talvez houvesse degraus aqui antes e um caminho para descer, mas não conseguimos encontrá-los.

Harry soltou uma gargalhada porque, é claro, Tom e Regulus não perceberiam para que esta sala foi feita.

- É para Quadribol.- Harry explicou divertido, acenando com a mão para as enormes portas de vidro e então ao redor da sala em geral.- Quem usou esta sala antes jogava e obviamente era um fã. Aquelas prateleiras estranhas servem para guardar goles, balaços e pomos. Os ganchos nesta parede são para exibir uma coleção de vassouras. Imagino que aquele armário seja para pendurar camisetas e outros equipamentos. A parede se abre para que quem estivesse aqui pudesse voar para dentro e para fora quando quisesse.

Regulus olhou ao redor da sala, os olhos arregalados com uma nova compreensão enquanto Harry apontava todos os pequenos detalhes que Regulus e Tom nunca haviam entendido antes.

- O apanhador búlgaro, Victor Krum, é um amigo meu. Às vezes, jogamos partidas um contra o outro em seu campo privado. Seu escritório em sua casa é semelhante. Aposto que houve um aro aqui em algum momento. Seria o local perfeito para um.- Harry continuou apontando para o campo vazio.- As traves podem ter caído. Provavelmente foram enterradas pela areia. Posso procurar para você. Talvez elas ainda possam ser usadas. Ou eu poderia apenas removê-las, se você quiser. Você provavelmente não quer um campo de Quadribol no seu quintal.- Harry se corrigiu percebendo o que estava dizendo.

Esta não era a casa dele.

- Acho que um campo de Quadribol seria perfeito.- Regulus falou, suavemente e quando Harry olhou de volta para Regulus, ele estava olhando para baixo e passando os dedos pelo pulso novamente, onde o nome de Harry deveria estar.

- O jantar está pronto. Os elfos domésticos estão arrumando a mesa para nós.- Harry pulou quando Tom falou de onde ele estava encostado na porta observando-os. Seus braços cruzados casualmente sobre o peito, e um olhar pensativo em seus olhos. Harry se perguntou há quanto tempo Tom estava parado ali.

Em vez de trazer Harry para a sala de jantar formal, Regulus levou Harry para o deck da frente, onde uma mesa e cadeiras agora estavam.

- Espero que isso esteja bem. Gostamos de comer aqui nas noites agradáveis.

- Está perfeito.- Harry respondeu, sentindo a boca um pouco seca porque de repente parecia muito com um encontro. Ele não sabia se essa era a intenção deles ou se era simplesmente como eles sempre arrumavam a mesa para os convidados, mas a toalha de mesa branca, a luz de velas, as taças de vinho sofisticadas e a flor enfeitada no centro de mesa gritavam encontro para Harry.

Harry decidiu não olhar para eles e apreciar a comida que parecia e cheirava bem, e estava incrível. Ele terminou três pratos, e Harry não tinha certeza se Tom estava enojado, impressionado ou secretamente satisfeito consigo mesmo, mas Harry fez questão de apreciar cada mordida.

- Você deveria abrir um restaurante sério!

Tom ergueu uma sobrancelha para ele enquanto se recostava e observava Harry esfregar sua barriga cheia.

- Vou ter isso em mente se o trabalho de Lorde das Trevas não der certo.

Uma risada assustada escapou de Harry quando Regulus pegou suas taças de vinho e começou a se levantar, um sorriso em seu rosto que parecia ao mesmo tempo pacífico e feliz. Harry queria beijá-lo até Regulus se inclinar e dizer:

- Eu tenho torta mais tarde, então espero que você tenha economizado algum espaço.

Harry gemeu de tristeza e pediu licença para ir ao banheiro, de verdade desta vez.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Harry hesitou quando voltou para encontrar os dois já na sala de estar, mas então tomou uma decisão e sentou-se ao lado de Regulus no sofá.

- O que você está lendo?- Harry questionou, tentando puxar conversa enquanto Regulus se movia um pouco para permitir a Harry mais espaço ao lado dele.

Harry não sabia o que fazer agora que o jantar havia acabado. Ele provavelmente deveria voltar para a vila e ficar na pousada, mas apesar de saber que deveria, ele não conseguiu sair ainda. O dia com eles tinha sido bom até agora, mais do que Harry jamais poderia ter sonhado em ter, e Harry estava curioso sobre o que Tom e Regulus faziam com suas noites.

Isso, ele supôs.

Sentados juntos em silêncio enquanto o fogo diminuía e a lua subia mais alto no céu. Tom bebeu um gole de uísque desta vez e leu alguns artigos para amanhã enquanto Regulus prosseguia em qualquer pesquisa em que estivesse trabalhando. Harry ansiava por isso, e talvez pudesse tê-lo, mesmo que apenas por um momento.

- É um bestiário para criaturas das trevas. Estou olhando principalmente para as ilustrações agora. Há uma criatura causando alguns danos em algumas fazendas trouxas que precisamos capturar e realocar. Eu tenho uma descrição geral, mas não muito mais para continuar. Pode ser muitas coisas. Vou restringir o que acho que poderia ser pela aparência antes de cavar um pouco mais fundo.

Regulus se mexeu até se inclinar para Harry. Seus ombros se tocaram enquanto Regulus colocava as pernas em cima do sofá. Ele trouxe o bestiário entre eles e o ajeitou de forma que ficasse em ambos os colos.

- Veja isso, esta é uma criatura desagradável. É chamada de...- as ilustrações eram detalhadas e coloridas, e as criaturas fascinantes quando Regulus começou a explicar cada uma para ele, mas Harry mal conseguia acompanhar. Seus olhos continuavam voltando para Regulus. Regulus, que era muito mais fascinante do que qualquer criatura mágica naquele livro.

- Tom, você está bem?

Harry saiu de seu olhar fixo e olhou para Tom, que estava sentado rigidamente em sua cadeira, os nós dos dedos brancos enquanto seguravam sua bebida e seu rosto em uma carranca pesada enquanto ele olhava para seus papéis. Regulus fechou o livro e sentou-se um pouco mais ereto. Harry se sentou também, quebrando o contato que havia entre eles. Harry percebeu então que Regulus estava praticamente encostado no colo de Harry com o braço de Harry sobre seus ombros.

Tom relaxou um pouco.

Harry entendeu, e ele sentiu seu coração cair no estômago. Ele tinha lido esta noite errado, ou talvez Regulus estivesse mais confortável, mas Tom ainda não estava lá. Eles estavam ficando muito próximos. Fazia sentido com o que Harry sabia sobre os Lordes das Trevas e sobre Tom especificamente. Tom lutaria contra sentimentos de ciúmes e possessividade mais do que qualquer um deles. Os Lordes das Trevas não compartilhavam.

- Eu deveria ir.- disse Harry, movendo-se para se levantar. Ele claramente havia exagerado em suas boas-vindas, e a última coisa que queria fazer era aparecer e começar a causar problemas entre Tom e Regulus. Eles tinham um vínculo perfeito e seguro. Não era culpa deles que Harry estava quebrado.

- O que? Não!- Regulus estendeu a mão e agarrou seu braço para impedi-lo de se levantar completamente.- Não, por favor, fique mais tempo. A torta de sobremesa ainda está aquecendo no forno. Tom! Diga a ele que pode ficar.

Tom limpou a garganta e tomou um gole de seu copo.

- Eu admito que pode ser melhor que Harry termine a noite. Sua...proximidade não está se encaixando bem com nosso vínculo no momento. Isso está deixando meu humor...azedo, e prefiro terminar nossa noite de um jeito bom.

- Bem, talvez você não ficasse tão azedo se se juntasse a nós!- Regulus estalou, e Harry ficou um pouco impressionado. Ele nunca tinha ouvido ninguém, exceto ele mesmo, falar com Tom daquela maneira.

Tom fechou o livro e se levantou e, a princípio, Harry pensou que ele sairia furioso da sala. Regulus certamente o seguiria, e Harry se despediria silenciosamente, mas para a surpresa de Harry, Tom caminhou até eles e sentou-se rigidamente do outro lado dele.

Regulus brilhou de felicidade e, com uma mão no peito de Harry, persuadiu-o a se inclinar para trás como antes. Ele então se aninhou contra o lado de Harry e reabriu seu livro entre eles.

- Você vai adorar este aqui, Harry...

Harry não conseguia se concentrar por um motivo completamente diferente agora. Tom sentou-se rigidamente ao lado dele com uma carranca enquanto reabriu seu próprio livro, mas Harry percebeu que ele não estava lendo. Harry tentou relaxar novamente, mas toda vez que ele começava, Tom se mexia, e Harry voltava a ficar hiperconsciente de cada movimento seu. Ele estava prestes a se desculpar e se despedir quando Tom mudou novamente.

As almofadas afundaram um pouco quando Tom relaxou completamente e, para sua surpresa, Harry sentiu o braço de Tom deslizar pelas costas do sofá atrás dele. Tom continuou lendo seu livro como se nada de significativo tivesse acabado de acontecer e, depois de um momento, Harry também se permitiu relaxar.

O braço de Tom era um peso quente atrás dele. Seus dedos dançavam idealmente contra o encosto do sofá, às vezes roçando o ombro de Harry enquanto ele lia em silêncio. Regulus era um peso quente encostado no outro lado de Harry. Sua voz suave, enquanto falava sobre cada criatura um som reconfortante. Após o longo dia que ele teve protegendo a propriedade, levou apenas alguns momentos para Harry sentir-se cochilando.

Harry se viu inclinando-se pesadamente na direção de Tom e não resistiu quando a mão dele o guiou para mais perto. Ele era surpreendentemente quente para um Lorde das Trevas, cheirava incrível e seu suéter era macio contra o rosto de Harry. Um cobertor os cobriu, e a cabeça de Regulus de alguma forma encontrou seu caminho para o peito de Harry.

- Não quero que o percamos de novo.- Harry pensou ter ouvido Regulus falar suavemente.

Longos dedos familiares passaram pelo cabelo de Harry.

- Não vamos.- Tom prometeu.

Harry esperava com toda a sua magia que isso não fosse um sonho.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Harry acordou sozinho no enorme sofá transfigurado em uma cama com o cheiro de café da manhã. Ele se sentou sentindo-se surpreendentemente bem descansado. Harry não conseguia se lembrar da última vez que dormira tão bem, e era uma prova das habilidades de transfiguração de Tom que ele não sentia uma única dor em seu corpo por dormir no sofá-cama.

Um feitiço rápido lhe disse que ainda era muito cedo, enquanto outro o refrescou um pouco. Encontrou os sapatos sob a mesinha de centro e os calçou antes de seguir para a cozinha, onde Tom estava sentado a uma pequena mesa de café da manhã. Três pratos já estavam lá para eles, e isso fez o coração de Harry disparar.

- Regulus se juntará a nós momentaneamente.- Tom o informou, sem tirar os olhos do que parecia ser um jornal trouxa.- Tenho alguns negócios fora do Ministério, e como Regulus se recusa a ficar em casa mais um dia, precisarei levá-lo comigo.

Harry aproveitou a chance para expor suas ideias para o Lorde das Trevas. Ele estava vestido menos casualmente hoje, e havia um manto formal sobre sua cadeira que Harry sabia que ele usava para reuniões importantes, mas ele parecia relaxado e não tão intimidador na luz da manhã.

- Sobre isso. Eu estava pensando...

- Isso já soa como algo que eu não vou gostar.- Tom falou com uma voz entediada enquanto continuava a ler.

Harry revirou os olhos bufando antes de estender a mão e arrancar o jornal dos dedos de Tom para ganhar toda a sua atenção. Tom olhou para ele, uma sobrancelha levantada em surpresa, e Harry sentiu suas bochechas esquentarem quando ele percebeu o que tinha feito. Ele estava se sentindo muito confortável com eles agora.

- Uh, desculpe, eu só...- Harry não sabia o que dizer, no entanto. Parecia natural, como algo que um amante faria para chamar a atenção.

Tom acenou com a mão e o jornal voou de volta para ele, mas ele não começou a ler novamente como Harry esperava. Em vez disso, ele dobrou o papel e o colocou sobre a mesa antes de olhar para Harry, e isso realmente não deveria ter afetado Harry tão fortemente quanto afetou.

- Qual é a sua ideia?- Tom perguntou.

- Este grupo que está atrás de você, eles estão tentando chegar até Regulus porque ele é sua alma gêmea, certo? Mas e se mantivermos Regulus tão fora de alcance, tão protegido, que seria impossível para eles chegarem até ele? Quero dizer, esse é o plano de qualquer maneira, mas e se os atrairmos dando a eles um alvo diferente?- Harry levantou o braço e mostrou os nomes em seu pulso. Ele pensou sobre isso ontem enquanto reforçava as proteções.

Os olhos de Tom se estreitaram.

- Você quer se usar como isca?

- Podemos ir a público. Dizer a todos quem são minhas almas gêmeas. Daremos algum tipo de desculpa sobre o porque que não estávamos juntos até agora. Quero dizer, fui caçado e torturado toda a minha vida pelo último Lorde das Trevas que matei, apenas para perceber que sou a alma gêmea do sucessor. Podemos facilmente dizer que eu queria ter certeza de que você não ficaria como Grindelwald. Provavelmente até aumentará seu apoio em alguns círculos. O público vai pensar que é uma grande história de amor e, em vez de caçarmos esses aspirantes a assassinos, eles podem tentar me caçar.

- Não.- disse Tom simplesmente e com determinação enquanto levantava o papel para começar a ler novamente.

Harry sentiu sua raiva aumentar com a rejeição flagrante. Ele era um homem adulto, não uma criança desobediente ou um seguidor que Tom poderia dar ordens.

- É o que você me contratou para fazer antes de saber que éramos almas gêmeas. Você me contratou para me colocar em risco e proteger Regulus com minha vida se necessário, o que eu faria de qualquer maneira, mas você também me contratou para eliminar essa ameaça. É o que estou treinado para fazer. Minhas marcas da alma não mudam nada disso!

Tom ficou em silêncio por um longo momento depois que Harry terminou. Então ele se levantou e caminhou ao redor da mesa. Harry não havia percebido até aquele momento o quão escura a aura de Tom havia se tornado. Ele estava congelado quando Tom se inclinou sobre ele. Ele agarrou o queixo de Harry forçando sua cabeça a olhar para ele, e se aproximou até que eles estivessem compartilhando o mesmo ar.

- Suas marcas de alma mudam tudo. Não serei forçado a escolher um ou outro. Posso não sentir por você o que sinto por Regulus neste momento, mas não se engane, querido Harry, você é meu.- os dedos de Tom suavizaram e ele acariciou a mandíbula de Harry.

- Ok...- Harry ofegou suavemente, seu lado do vínculo cantando de prazer.

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