Deriva - Bucky Barnes

By NinaNogara

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Quando águas passadas voltam a chover em Nova York, os caminhos de Bucky e Eliza se encontram. Cinco meses a... More

Prólogo
Cast
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Fim.

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By NinaNogara

O oceano tem dois pontos extremos que se chamam maré cheia e maré baixa, para atingir esses dois pontos extremos, a maré precisa de um ciclo de pelo menos 12h. Para chegar ao ponto mais alto são 6h e para o mais baixo, mais 6h.

Durante 12h tudo muda, tudo mesmo.

Eliza estava terminando mais um turno de 24h. Ela sempre cobria o máximo de plantões que conseguia, estava sendo assim desde o Blip. Não fazia sentido voltar para um apartamento vazio, pior que isso, não à fazia bem. Então ela emendava trabalho com mais trabalho, já na saída ela viu chegar uma emergência, era Ema.

🕓-6:40

- Protocolo múltiplo de trauma! - a paramédica fala enquanto empurra a maca para uma sala de emergência.

- Taquicardia e hipotensiva, lesões no crânio e no tórax!

- Hemorragia no tórax! - uma médica fala - Preciso de um monitor fetal!

Eliza largou todas as suas coisas no balcão de recepção e entrou na sala já com os materias que estavam pedindo.

- Precisamos de solução intravenosa agora! - outro médico diz.

Tomando das mãos de outra enfermeira, Eliza faz o procedimento com a agulha com muita agilidade e atenção.

- Fratura de crânio com provável hemorragia. - Collins diz, já que foi o primeiro neurocirurgião que chegou ali.

- Pendure duas bolsas de O negativo!

- Não! - Eliza grita - Ela é A positivo!

Outra enfermeira trás as bolsas e as pendura para a paciente.

- Preciso de um catéter toraxico - Eliza alcança o material para o médico.

- Nós temos batimento cardíaco fetal? - ela pergunta para a obstetra que tinha chego na sala.

- Preciso de betadine e um tubo 36 agora! - outro médico olha para Eliza, que lhe entrega os materias á seguir.

- Tempertura em 35 graus! Precisamos de mais fluído agora ou ela fica hipotérmica! - o médico chefe do caso fala - Eliza! Uma sala de cirurgia agora! 

Ema tinha cinco médicos ao seu redor e vários fios e tubos enfiados em seu corpo, todo o processo de tentar mantê-la estável foi uma luta. Eliza colocou o uniforme novamente e foi preparar a sala de cirurgia para equipe médica.

Elas tinham sido colegas na faculdade em Yale, acabaram dividindo um apartamento durante a especialização em que fez na Georgia. Ema tinha virado poeira cinco anos atrás, junto com quase todo mundo que Eliza conhecia.

Quando todos voltaram Eliza não teve tempo de procurar todos, o hospital virou um caos com tantas de pessoas de volta e depois de ter encontrado Steve, ela simplesmente parou de procurar. Ele havia dito que estava bem, que estava em casa finalmente e com sua família, pediu que não o procurasse mais.

Ela acatou o pedido de Steve e tratou de fazer o que sabia fazer de melhor. Cuidar de pessoas e bom, com metade da população mundial de volta, ela tinha muitas pessoas para cuidar.

- Tomografia acusa epidural e subdural. Preciso abrir. - Collins olha para Eliza que está concentrada na imagem da amiga se segurando ao máximo em vida - Você está comigo Eliza?

-Sim! Ela está pronta. - ela diz em resposta se abaixando para fazer um carinho no rosto de Ema - Tudo bem, vamos cuidar de vocês dois aqui. - ela diz em tom de confidência.

- Vamos descompressar aqui, depressa! - Collins fala para Eliza que está auxiliando com os materiais.

- Cera de ossos! - ele estende a mão para ela novamente, com pressa,

- Está ficando hipotérmica, 32°C. - outro médico fala.

- Ela precisa de tempo para se recuperar, se não a fecharmos agora perdemos mãe e bebê.

- Ela vai para UTI! Quero um médico com ela todo tempo!

🕓-9:45

Ema estava na UTI, entubada e estável por enquanto, seus sinais vitais eram bons e os do bebê também. A esperança era até de que acordasse nas próximas horas.

Eliza estava ao lado da cama, alternando o olhar entre o monitor cardíaco e a amiga. Estava aflita, cansada e preocupada, tão preocupada que acabou esquecendo a maldita reunião as 10:00.

- Nós vamos cuidar dela, você sabe disso não é? - Palmer pergunta se escorando no batente da porta.

- Eu sei. - Eliza dá um sorriso fraco, com os olhos marejados.

- Achamos o noivo dela. Ele está vindo para o hospital agora.

Eliza assente com a cabeça e checa o relógio no pulso.

- Era hoje? - Pergunta Palmer se sentando na cadeira ao lado da cama. 

- Era. - Ela dá um longo suspiro fechando os olhos.

- Vai lá. Resolve isso de uma vez. Eu vou ficar aqui com ela o tempo todo.

O trânsito estava caótico como sempre, mas ela conseguiu chegar ao escritório aonde estavam fazendo a leitura do testamento de Steve. Aquela reunião tinha tudo para dar errado para ela e deu, fazendo ela pensar que poderiam ter simplesmente enviado um email. Não que ela tivesse tempo de ler emails, mas ainda assim.

Ver todas aquelas pessoas não era agradável e o quase embate com Barnes a fez ter vontade de nunca ter conhecido nenhum deles.

Voltou o mais rápido possível para o hospital, pegou o que talvez fosse o décimo copo de café das últimas 30 horas acordada e se direcionou a UTI.

🕓-13:10

- E aí, como foi? 

- Agora não, por favor Palmer.

- Tão ruim assim?

- Eu vou checar ela. 

- O noivo dela está ali, acho melhor dar um tempinho.

Eliza assentiu tomando um gole de café e pegando o tablet de cima da bancada para checar as informações de Ema, ela apresentava uma melhora muito boa, quase inemaginável para o estado em que chegou.

- Ela vai ficar bem não é? - perguntou o noivo saindo do quarto.

- Ah... ela. - olhando para dentro do quarto e depois para as informações no tablet - Sim, estamos fazendo todo possível.

- Eu sou Brian. - ele estende a mão para ela.

- Eliza. - ela o cumprimenta.

- Eu sei. Ela tem uma foto de vocês duas na faculdade. Tem várias fotos na verdade.

- Eu sinto muito Brian. Mas ela realmente está nas mãos dos melhores médicos que temos aqui.

- Quando ela desapareceu, eu... eu não soube o que fazer, sabe? - algumas lágrimas começam a rolar no seu rosto - E então cinco anos depois ela volta. Eu pensei que se dane! Não posso mais perder o tempo que não sei se temos.

- Uma semana depois eu à pedi em casamento e daí ficamos grávidos!

Eliza puxou ele para um abraço quando ele começou a chorar desesperadamente.

Esse talvez seja um dos lados da história que ninguém gosta de pensar e nem de contar, a guerra lá fora tinha acabado a quase seis meses, mas eles nunca pararam de perder.

🕓-17:50

Eliza estava finalizando alguns relatórios quando avisaram que Ema tinha acordado.

Ela correu em direção ao quarto dela na UTI, chegou lá no exato momento em que Brian agradecia à Collins o abraçando e trinta segundos antes dos monitores começarem a apitar. Eles correram com Ema novamente para a sala de cirurgia. A maré estava baixando.

Após três horas de cirurgia as linhas no monitor ficaram retas. Todo o possível deles não tinha sido o suficiente, a melhora repentina apenas precedia uma queda devastadora no quadro de Ema.

- Hora da morte, 21:10. - Collins declarou.

Eliza apenas saiu da sala em direção ao corredor, se livrando do avental e das luvas pelo caminho, retirando a touca, não tinha mais forças para aquele dia e ainda precisaria encarar o os olhos de Brian na sala de espera.

- Eliza, eu sinto muito! - Collins disse a segurando pelo braço gentilmente.

- Não, você não tem o direito de sentir nada aqui! - retirando a mão dele de seu braço.

- Eu preciso avisar o Brian que ele acabou de perder a família dele! 

- Isso não é trabalho para você, eu vou lá e falo com ele e você fica bem aqui. Esta bem? - ele diz tentando olhar nos olhos dela que desviava o rosto da mão dele.

- Para de me dizer o que fazer! Para de encostar em mim! - ela fala em um tom alterado o empurrando de leve.

O gesto começou a chamar a atenção dos outros médicos e enfermeiros que passavam por ali.

- Tá tudo bem pessoal! - Collins diz para quem passa pela cena - Eliza olha para mim! - ele tenta a segurar no intuito de conforta-lá - Você está exausta!

- Não encosta em mim! - ela grita se desvencilhando dele e atraindo a atenção de todos na volta.

- Eliza pelo amor de Deus! Para! - ele pega um tablet de um outro enfermeiro que estava passando - Olha isso aqui! Você esta a mais de trinta e seis horas acordada! Já chega!

Em um gesto rápido ela pega o tablet das mãos dele e o arremessa na parede, fazendo o aparelho se despedaçar diante dos olhos curiosos que se amontoavam em volta deles.

- Agora se me dão licença eu tenho que atualizar a família da minha paciente! - ela fala já indo em direção a sala de espera.

- Não, você não tem! O paciente não era seu e esse também não é um trabalho seu! Sem falar que excedeu o limite de horas de novo Eliza! - a chefe dela fala, ficando a sua frente bloqueando a sua passagem.

Eliza tentou avançar mas teve uma mão imposta sobre seu peito.

- Está suspensa por 30 dias, por enquanto... e se você quiser seu trabalho de volta algum dia, vai dar meia volta e vai ir pra casa agora!

Doze horas é o tempo necessário para a maré subir e baixar novamente, é o suficiente para mudar algumas coisas de lugar e dependendo da força, é o suficiente para fazer algumas coisas desmoronarem.

O dia tinha sido ensolarado mas agora a noite se preparavam para uma tempestade, um raio cortou o céu de Nova Iorque enquanto Eliza pagava suas compras no mercadinho próximo ao seu apartamento, que a propósito teria que arrumar outro agora. Colocou as compras no porta-malas do carro e entrou rápido, a chuvarada que caía era forte.

Uma, duas, três tentativas. A chave girava na ingnição, mas não dava partida. Eliza juntou todo ar que tinha em seus pulmões, a intenção era soltar um longo suspiro, mas o que saiu foi um grito do fundo da garganta e logo após um soluço após o outro, as lágrimas rolavam grossas e pesadas no seu rosto enquanto ela batia com os dois punhos fechados no painel do carro.

Bucky não teria percebido ela se não tivesse ido se abrigar da chuva na marquize do mercadinho. O choro e os gritos eram abafados pela chuva, mas se prestasse bem atenção dentro do carro dava para ve-lâ, lutando com o carro talvez? De qualquer forma era uma cena e tanto, a qual Bucky resolveu parar para assistir.
Poderia ter sido só uma gota d'água para Eliza transbordar, mas aquele dia tinha sido uma enxurrada.

📍Depois de quase desistir da fic, eis mais um capítulo, desculpem a demora em atualizar, final de ano eu trabalho muito.
📍Para quem leu os outros capítulos e chegou até aqui, muito obrigado pela leitura! 💕
📍Os termos médicos que aparecem ali, sou formada em mais de 15 temporadas de Greys Anatomy, então se tiver algo de errado me desculpem.
📍Se gostarem por favor deixem um comentário ou uma estrelinha para a história, ou os dois! Muito obrigado! Até o próximo! 💕

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