A Chantagem (Adaptação)...

De DamianaSilvaa

49.8K 3.9K 1K

Camila Cabello é uma advogada competente e ambiciosa, uma mulher independente que não guarda espaço na sua vi... Mais

Introdução
1 - Negócio Fechado
2 - Caixas e Pacotes
3 - Remorso
5 - Fotos e lembranças
6 - Faz de Conta
7 - Brigas e Telhados
8 - Pequenas Confições
9 - Outras Intenções
10 - Surpresa Desagradável
11 - Fale a Verdade
12 - Na Cama
13 - Tempo e Decisões
14 - Duas Visitas
15 - Dor e Carinho
16 - A Festa
17 - Discussões
18 - Feriado
19 - O que ninguém viu
21 - Planos
22 - Morangos
23 - Ela já foi
24 - Eu Também Te Amo
25 - Epílogo
Nota.

20 - Desencontros

1.6K 117 35
De DamianaSilvaa


Engoli em seco e fiquei congelada no meio da sala com o telefone nas mãos.

Diz alguma coisa, Camila.

Ajudei o motorista a se levantar.

- Ahm… Peço desculpas, senhora Morgado. E senhor…

- Pode me chamar de Boe. - ele bateu as mãos da calça arrumando o tecido abarrotado e moveu o braço que deveria estar dolorido.

- Boe. Perdão. Não sabia que a senhora viria, hoje. A Jauregui não disse nada.

- Lauren não sabe que estou aqui. - ela pronunciou o nome dela de um jeito
estranho.

- Não sabe? Mas como a senhora conseguiu a chave?

- Eu tenho a chave de todas as casas de Lauren.

- Tudo bem. - tentei não deixar a confusão transparecer no meu semblante. Aquilo
era muito estranho. - Eu não sabia disso.

- Claramente, tem muitas coisas sobre a nossa dinâmica familiar que a senhorita
desconhece.

- Tudo que Lauren mencionou é que não era muito próximo da senhora. - eu estava tentando manter minha recém-descoberta educação, mas ela estava começando a
me irritar. - Não tinha como imaginar que teria a chave de sua casa nessas circunstâncias e…

- Não vim até aqui para falar de mim, senhorita Cabello. Se precisasse falar sobre mim, procuraria um profissional caro e especializado, não a senhorita. Vim até  aqui para falarmos sobre você.

Eu não ia gostar dessa velha.

Não ia mesmo.

- Sobre mim? - meu tom autoritário veio ao meu resgate e estava firme como sempre.

- Observo com cuidado todas as garotas com quem Lauren se envolve. Na maior parte das vezes, não passa de algum relacionamento bobo. Tenho que confessar que nunca precisei intervir antes. Até agora. - Intervir?

Odiar...

Eu ia odiar a velha.

- Não é bom para Lauren ir até aquele lugar horrível e ver Clara naquela situação. - ah, então era isso? Ela ainda estava falando - Quando a senhorita voltar para… - ela gesticulou com superioridade na minha direção como se estivesse buscando palavras que não fossem muito ofensivas - … de onde quer que tenha saído, sou eu quem vai ter que resolver os problemas de Lauren. Então, peço educadamente que evite criar situações que possam ser constrangedoras para resolver no futuro.

Educadamente?

- Só achei que ela deveria ver a mãe.

- Achou, não foi? Tenho certeza que tudo é muito simples de onde você vem. - por que eu sentia tanto nojo na sua voz sempre que ela falava da minha origem? - Mas uma família no padrão da nossa precisa agir de acordo com certos códigos de conduta que são além da sua compreensão. Gostaria que acreditasse na minha palavra quando digo que é ruim para Lauren ter contato com aquela mulher.

- Aquela mulher? - estava ficando indignada - Ela é sua filha.

- Sei muito bem o que ela é, senhorita Cabello. - levantou do sofá e eu notei que mesmo sendo bons centímetros mais baixa do que eu, ela parecia imensa. Parecia colossal. Era quase como se sua presença ocupasse a sala inteira e não deixasse espaço nem para o ar respirável. - E sei muito bem o que a senhorita é, também.

- Sabe o que eu sou? - não importava quão grande ela fosse: eu estava com raiva.

- Não faça análises sobre minha família que são obviamente além de seus ínfimos conhecimentos. - estava me ignorando.

- A senhora pode, por favor, me dizer o que sabe que eu sou?

Ela estava séria, mas eu sentia o sorriso nos seus olhos. Lauren  estava certa: ela era
uma vadia oitenta vezes pior do que eu.

- Peço desculpas. Não quis ofendê-la. - tinha algo peçonhento em suas palavras e eu senti que estava pisando em vidro - Começamos isso do jeito errado. Acabo sendo possessiva quando o assunto é minha família. Pode me perdoar?

- Claro. - respondi azeda e sem nenhuma convicção.

- Ótimo. Camila… Posso chamá-la de Camila? - ela não me deixou responder - Vamos começar de novo. Por que não me diz o que quer?

- Perdão?

- O que você quer? Com Lauren? Quais são suas intenções?

“Fodê-la até ficar azul” não me pareceu um comentário apropriado e “Estou apaixonada” não me pareceu ser da conta dela.

- Isso é bastante pessoal, senhora Morgado.

- Querida, quando se é uma das oito famílias mais ricas do mundo, não existe pessoal. Tudo que Lauren faz é, e tem que ser, público.

- Acho que ela não vê assim.

- Ela está tendo um período rebelde. E queremos evitar que continue assim, não é?

- A senhora vai precisar me desculpar, senhora Morgado, mas não estou entendendo o motivo da sua visita. Veio ver sua neta?

- Não. Eu já disse, criança, será que não tem boa memória? Vim falar com você.

- Pois então fale. - rosnei com os dentes semicerrados. A vadia tinha me chamado
de criança?

- Vamos ser objetivas? Tudo bem. O que você quer?

- COMO ASSIM? - minha paciência estava indo embora em uma velocidade arrebatadora.

- Você está com Lauren. Claramente, quer alguma coisa. Trabalhou com ela por muitos anos e não tiveram qualquer amizade. Assim que ela se muda, você a segue e a seduz…Descobriu recentemente que ela era uma Morgado? Foi isso?

- O que a senhora está querendo sugerir? E eu teria cuidado com as palavras se eu fosse a senhora.

- Eu sempre tenho cuidado com as palavras. Ao contrário de você, não posso me dar ao luxo de ser vista em situações inapropriadas. - eu engoli em seco sem saber se haveria um duplo sentido em suas palavras - Você seguiu Lauren até aqui. Quando ela, finalmente, estava voltando para casa e se tornou um empecilho no seu desenvolvimento. Prendendo-a ao passado e coisas do gênero. Minha pergunta é: o que você quer com ela? Você é uma mulher ambiciosa e inteligente,
Camila. É claro que quer alguma coisa. Só quero que me diga o que é e eu garanto que será dado. Se aceitar meus termos, é claro.

- A senhora está querendo me dar dinheiro para que eu vá embora? É isso?

- Se dinheiro for o que você quer. - enfiei as mãos no cabelo. Aquela mulher era louca. E estava me ofendendo com cada suspiro - Mas se for contatos, poder ou posição o que busca, tenha certeza que isso também pode ser arranjado.

- E se eu gostar da sua neta? Já pensou nessa possibilidade?

- Não me faça rir. - expirou, em tom de ultraje - Uma mulher como você? Encontraria Lauren e se apaixonaria? É essa a história que você quer vender, mocinha? Porque eu aviso desde já que não vou comprar.

- Acha que não há nada no sua neta que valha a pena para uma mulher?

- Há muitas coisas nela que valem a pena. Mas para a mulher certa. Mulheres erradas sentem o cheiro do dinheiro primeiro.

- Mulheres erradas? - eu ri, irritada. Era na jugular dela que eu devia ter enfiado a
mão.

- Eu conheço sua história. - ela se aproximou e eu me odiei por ter dado um passo para trás. Mas havia algo ao seu redor que queimava. - Seu pai era um lavador de chão, sua mãe era uma golpista que casou com quantos conseguiu. Você subiu muito na vida. É uma garota determinada e sem medo de trabalho. Isso eu admiro. Mas só chegou onde chegou por saber reconhecer uma oportunidade quando a encontrava. E uma herdeira Morgado é uma oportunidade incomparável. Ninguém a condenaria por ter imaginado que talvez fosse sua mãe quem estivesse certa: um casamento podia levar uma pessoa bem longe. E um casamento com uma Morgado! - arregalou os olhos e bateu uma mão na outra, antes de ficar séria como a morte - Mas uma coisa eu te prometo, querida: você nunca, nunca, vai entrar pra essa família. É uma possibilidade que não existe. Te dou minha palavra e eu nunca
quebro minha palavra. Então, seja lá o que você quer com Lauren, sua única chance de tê-la é sendo honesta comigo, agora. Diga o que você quer e poderemos chegar a um acordo. Você passa mais uns dias aqui. Abre suas pernas para ela, o mantém longe daquele asilo e negócio fechado.

Abri minha boca enojada e quis esbofeteá-la. Era possível que ainda fizesse isso antes de ela ir embora.

- Não faça essa cara sonsa. Utraje não é uma expressão que combina com seu tipo de mulher.

- E que tipo de mulher eu sou?

- Do tipo baixa. - explicou pausadamente - Do tipo que usa blusas sem metade dos botões para chamar a atenção sexual.

Olhei para baixo sem entender.

Merda.

Os botões que tinham caído quando Lauren arrancou minha blusa.

Acho que dizer que ela tinha me fodido no escritório era a última coisa que ela precisava saber naquele segundo.

- A senhora não me conhece. - decidi, usando a última gota de calma que ainda me restava.

- Devo entender que prefere não aceitar minha proposta?

Eu queria dizer com todas as letras onde ela devia enfiar a proposta dela.

- Pode levar sua proposta com você. Eu estou bem, obrigada.

- A decisão é sua. - sorriu maliciosa - Mas devo dizer que foi uma péssima decisão da qual você vai se arrepender bastante. Vou me certificar disso.

Ela foi embora sem dar tchau, adeus, ou até logo.





***************************************



Me arrumar para sair com Alexia estava se tornando uma tarefa impossível. A visita
da matriarca Morgado ficava girando em minha mente. Ela achava que eu estava com
Lauren por causa de dinheiro e o pior é que quando você analisava a história da minha vida e do meu relacionamento com Lauren, sua opinião fazia bastante sentido.

Talvez se eu conseguisse convencê-la que não era esse tipo de gente ela me deixasse em paz.

Ou ela que se dane. Não lhe devo nada e sou uma mulher adulta responsável pelas suas próprias decisões.

O problema era que algo na sua promessa tinha feitos os pêlos do meu corpo inteiro se eriçarem e eu fiquei as horas seguintes inteiras com a sensação de arrepio tomando conta da minha pele.

- Lucy tem que ir com a gente.

Merda. Tinha esquecido essa parte.

- Ela não melhorou?

- Um pouco. Mas não é bom deixá-la sozinha…

Coloquei minhas mãos na nuca e joguei minha cabeça para trás. Fechei os olhos. A familiar enxaqueca estava surgindo mais uma vez.

- A gente pode deixar para ir outro dia.

Se metade da ameaça que Eleonor tinha feito se concretizasse, talvez eu não durasse muito tempo naquele vizinhança e não queria deixar Alexia virgem para trás.

- Não! A gente vai, hoje. E a gente leva a Lucy.

- Mas o que a gente faz com ela? Você fica de olho nela quando eu… sair?

- A gente arruma alguém pra ela.

- Como? Ela não está em um clima bom.

Cocei a cabeça. Será que eu conhecia alguém naquela cidade que eu pudesse apresentar para Lucy? Talvez conseguisse arranjar alguém para ela no bar. Ela não era uma mulher espetacular, mas era bonita. E poderia ficar bem charmosa quando se arrumasse. Só precisava de um pouco de autoconfiança e reduzir o nível das brincadeiras bobas.

- Ela não vai querer sair.

- A gente não vai dar opçõa pra ela, Alexia. Onde ela está?

Ela fez um gesto com a mão me convidando para entrar. Estava incrivelmente bonita na roupa nova. Andava nos saltos de um jeito meio desajeitado, mas quando ela sentasse no bar, ninguém ia notar.

- Lucy?

- Não me incomodo! - respondeu, nervosa e eu percebi que ela e Alexia já deveriam estar discutindo aquele tema há algum tempo - Vocês podem ir sem mim. Eu fico aqui. Prometo que não faço nenhuma besteira. Não vou ligar para Shawn ou falar com ele…ele não vai saber o que estamos fazendo. Eu juro.

- O problema não é esse, Lucy. Quanto antes você aceitar e continuar com a sua vida, melhor. Você vai sair com a gente para se divertir. Vai tomar uns coquetéis, vai rir, conversar e se algum gato der em cima de você, vai ficar com ele.

- Mas eu não quero. Eu sou casada…

- Se não quiser, tudo bem. Mas não por você ser casada. Você é separada, mesmo que seu marido ainda não saiba. E ele já te traiu centenas de vezes, Lucy. Trair ele, nem que fosse uma vez só, ia te fazer se sentir melhor.

- Mas não vou, está bem? Eu até fico lá sentada com vocês. Mas não quero fazer nada além disso. Tudo bem?

- Tudo bem. Você só faz o que quiser. Mas meu amigo vai ficar muito decepcionado.

Lucy olhou para mim com olhos esperançosos. Era horrível para uma mulher como ela não se sentir querida. Ser paquerada era tudo que ela precisava.

- Que amigo? - Alexia quis saber.

É, Camila, que amigo?

- Um amigo. Vocês vão conhecê-lo quando chegarmos no bar.

Merda.

Eu não conhecia niguém.

Só Devon Hill. Mas ele seria a pior ideia possível. Nunca me faria esse favor e mesmo que fizesse, era o pior homem na Terra para se ficar em débito.

Quais outros homens eu conhecia naquela cidade? Só Rick, Thierry, Calvin… O casal gay e os pirralhos da rua não iam servir. Shawn não servia, obviamente.

Quem mais, Cami? Quem mais você conhece?

Era minha primeira vez naquela cidade e fora o pessoal da vizinhança, eu não conhecia qualquer um. A não ser o funcionário da empresa de lavagem a seco e o médico.

O médico!

Puta que pariu! Como não pensei nisso antes?

Eu tinha o cartão dele!

- Você está sendo muito misteriosa, Camila

- Eu sei. Mas ele é um bom partido. Vale a pena. Vou voltar em casa e pegar uma roupa emprestada para a Lucy. Vamos deixá-la sensual. E bote maquiagem nessa cara, garota. Você não vai sair com esse rosto lavado!

Alexia fez um muxoxo estranho e eu entendi imediatamente.

- Você não tem maquiagem suficiente, não é?

- Acho que um batom ou…

- Eu trago maquiagem também.



***************************************

Eu vestia uma calça jeans e regata preta. Prendi o rabo de cavalo, saltos médios, brincos discretos, pouco perfume e quase nenhuma maquiagem.

Alexia e Lucy queriam me engolir porque eu não deixei que elas se vestissem tão casualmente. Eu sabia que era algo horrível de dizer e por isso não disse, mas se eu me produzisse com 100% da capacidade, era pouco provável que homens se aproximassem querendo falar com elas.

O homem loiro acenou para nós, assim que entramos no bar.

- Doutor Henris. - cumprimentei.

- Tristan! Por favor, só sou doutor no hospital. - brincou com um sorriso quente.

- Essas são minhas amigas Alexia e Lucy.

Elas sorriam um pouco demais, não sabiam onde colocar as mãos, prolongavam todo e qualquer silêncio constrangedor e me peguei rindo. Como algo podia ser tão natural para mim e tão assustador para aquelas duas?

- Vão beber alguma coisa?

- Eu preciso ir ao banheiro. - Alexia levantou e eu tivecerteza que ela queria ver se a maquiagem tinha borrado. Se tornou uma obsessão desde que eu terminei de colocar o rímel: ela tinha certeza que estava com uma mancha negra no rosto e não importava quantas vezes eu mandasse ela calar a boca, Alexia simplesmente não me obdecia.

Lucy a seguiu com um leve toque de paranóia e eu quase gritei com ela para que ficasse e conhecesse o homem que eu queria lhe apresentar. Mas elas se foram e eu fiquei sozinha com Tristan. Estava acompanhando minhas duas amigas desajeitadas andarem entre as mesas até o lado oposto de onde o
banheiro feminino estava e de volta assim que perceberam que estavam erradas.

Alexia acenou quando passou pela mesa mais uma vez e eu senti o desconforto no
seu sorriso. Ai meu deus

Ri e voltei a atenção para o médico. Peguei seus olhos enfiados no meu decote. Ele levantou a cabeça, tentando disfarçar. Uma pena que eu não sou idiota.

- Obrigada por ter feito essa gentileza, Tristan.

- Não foi nada. - ele estava sorrindo daquele jeito sedutor que homens sorriem quando flertam.

Em qualquer outra situação, eu estaria espremendo meus seios com os braços para aprimorar sua vista e arranjando uma desculpa para tocá-lo.

Mas hoje eu só olhei ao redor e pedi ao garçom que trouxesse um suco de laranja.

- Nada de álcool pra você, hoje?

Alguns homens fazem isso… Tentam te embriagar para facilitar seu trabalho. Eu nunca fui uma dessas mulheres. Já fingi que estava bêbada em uma situação ou duas para transar com um homem gostoso que eu não tinha nenhuma intenção de ligar no dia seguinte. Mas nunca fui para a cama de ninguém efetivamente bêbada. E, bêbada ou sóbria, nunca trouxe ninguém para minha cama.

Aquele pensamento flutou no ar. Era verdade. Ninguém conhecia minha casa. Talvez Lauren pudesse ser a primeira. Ou talvez sua avó mandasse me matar e me enterrasse no quintal de sua mansão antes que eu pudesse convidá-la.

- Não. Hoje, eu vim de babá.

- Deve ser a mais bela babá que eu já vi.

- Você é muito gentil. - meu tom foi quieto e polido. Do tipo que diz obrigada pelo elogio, mas por favor, não repita.

- Como estão os machucados.

- Muito bem. - fiz uma breve reverência - Meu médico é muito competente.

- Agora, é você quem está sendo gentil. - aquele diálogo estava se aproximando demais de um flerte e eu não queria lhe dar a ideia errada.

- Obrigada por ter aceitado vir conhecer a Lucy. - eu sabia que não era isso que ele tinha aceitado.

Ele só tinha dito sim porque queria me fazer um favor e me vernua até o fim da semana. Talvez eu tenha deixado essa possibilidade no ar quando liguei pra ele, ainda em casa, mas era apenas porque eu realmente precisava que ele viesse. A única coisa que ele ia ganhar de mim era um muito obrigada.

- Qual é a história, por sinal?

- Ela está se divorciando. Já está separada. Aí resolvemos sair para um pouco de diversão.

- E por que eu estou aqui? - o garçom chegou com o meu suco e eu coloquei o copo nos lábios - Quero dizer… por que convidar um garoto para uma noite só de garotas.

- Achei que Lucy precisava conhecer alguém. Ela anda com a autoestima muito baixa. Um pouco de elogio não vai fazer mal.

- Justo. Bem, estou aqui para servi-las.

- Obrigada.

- Mas depois você fica me devendo um jantar.

- Ah… - engoli em seco. Seus olhos castanhos me perfuraram.

- Eu estou aqui só para conhecer a Lucy, não é? - espremeu os lábios, resignado.

- Sinto muito se te dei outra impressão, Tristan. Eu não… Não estou disponível.

- Entendo. - deu um gole na sua bebida - É claro que não está. - riu - Não sei porque diabos imaginei que estivesse. Para você ser solteira todas as pessoas do universo teriam que ser imbecis.

- Você não me conhece. - brinquei - Talvez eu seja uma pessoa horrível.

Ele encheu o peito como se fosse me fazer mais algum elogio, mas nossas acompanhantes chegaram e se sentaram. Tristan desistiu do que quer que fosse
falar e realmente se concentrou em Lucy.

Parecia ser um homem bom. Elogiou
sua roupa e seus olhos. Ela sorriu envergonhada e coube a mim e a Andy quebrar o gelo repetidas vezes. Mas logo os dois acharam um ponto em comum conversando sobre viagens pela Europa e eu pude me virar para Alexia e sussurrar:

- Certo, virgem. Sua vez.

**************************************
                           Lauren Jauregui



- Entre. - convidei quando ouvi duas batidas firmes na minha porta. Ainda estava com os olhos no computador quando ouvi uma voz conhecida. Conhecida até demais.

- Lauren?

Levantei meu olhar em descrença.

- Eleonor? O que está fazendo aqui? - ela ia dizer alguma coisa, mas eu levantei a mão - Não. Não precisa nem dizer. Acho que já estava esperando que cedo ou tarde fosse aparecer.

- Não seja assim. - ela tinha uma doçura na sua voz que se misturava com uma quantidade ideal de firmeza. - Você é minha neta. Uma avó não pode sentir saudades
da neta?

- Pode. Mas você não é assim e nós duas sabemos.

- Não ganho nem um abraço? - ela levantou uma sobrancelha para mim.

Inferno… Eu gostava dela. Gostava um bocado. Se alguém nesse universo tinha me mimado era aquela mulher bem ali. Eu tinha um ressentimento acumulado por milhares de coisas que ela tinha feito. Mas ao mesmo tempo, ao longo de toda a minha vida, era com quem eu mais me identificava.

Atravessei a sala e lhe dei um abraço educado e sem muitas emoções.

- O que quer, Eleonor? - belisquei sua bochecha - E eu sei que quer alguma coisa, então não minta pra mim.

- Estou preocupada.

- E não é sempre assim?

- Estou falando sério, Lauren.

- Não voltei pra cá porque quero voltar pra empresa. Voltei por outros motivos e não pode dizer nada para mudar disso. Entende?

- Não entendo. Mas aceito. - pousou uma mão no peito, resignada. - Não vim por isso. Passei na sua casa, hoje. Esperava encontrá-la. Mas ao invés disso encontrei uma moça bastante desbocada. - ela pareceu ofendida e eu tive que segurar o riso de desespero.

Então, ela tinha conhecido Camila?

Fantástico.

Estava aí um encontro fadado ao desastre.

- Não seja cruel, Eleonor. Eu gosto da moça.

- Ah, Lauren! Não diga isso! Você não sabe o que é gostar. - agora era ela quem beliscava minha bochecha.

- Escute…

- Eu vi as curvas que a moça tem. - seu tom era sugestivo o suficiente, mas ela acrescentou uma expressão de obviedade que não deixava dúvida das suas intenções - Você é mais que uma mulher: é uma Morgado. Morgados são perigosos! - riu - Tem as mulheres que querem. E eu entendo: você é jovem e ela é atraente. Mas, por favor, não confunda as coisas.

- A senhora não pode tomar esse tipo de decisão por mim.

- Eu sei. Mas posso vir aqui e tentar lhe abrir os olhos. Veja a história de vida dessa moça! Ela parece o tipo que recusaria uma oportunidade de se aproximar de um Morgado? Ela parece o tipo que não faria tudo para crescer na vida?

Camila era como a Scarlett O’Hara que ela tanto amava. Isso eu sabia além de qualquer dúvida: era inteligente e ambiciosa, fazia o que precisava ser feito para atingir seus objetivos. Sempre foi assim. Mas ela nunca precisou de ninguém para isso.

Estava se saindo muito bem sozinha e mantinha todos que conhecia a uma boa
distância. Me usar para sexo e dinheiro nunca me pareceu estar em sua lista de afazeres.

Eu posso ter poucas certezas na vida, Eleonor, mas uma certeza que eu tenho é
que Camila não precisa de homens ou mulheres para o que quer que seja. Seja qual for seu sobrenome. E… - uma ideia tomou conta da minha mente e eu estava lívida

- Você não sugeriu isso pra ela, sugeriu? Que ela estava comigo por dinheiro.

- Queria ter certeza que ela sabia que tem alguém olhando por você. Com um olhar
objetivo!

Ótimo.

Maravilhoso.

Tinha um animal feroz me esperando em casa, de noite, então.

- Não gosto que se meta na minha vida, Eleonor! Quantas vezes vou precisar dizer isso?

- Pelo menos, mais uma. Como sempre. E você fala como se eu vivesse com você na coleira, Lauren! Faz alguns anos que não tenho uma notícia sua. Não uma notícia de verdade.

Meu olhar ordenou que ela dissesse a verdade.

- Não tenho! - repetiu.

- Quer mesmo que eu acredite que não tinha ninguém me observando por você? Já trabalhei na Morgado, Eleonor. Sei muito bem como as coisas funcionam.

- Tudo bem. Tudo bem. - ela levantou as mãos como uma oferenda de paz - Você é
minha neta, Lauren. E a última Morgado!

- Você fala isso como se eu fosse uma espécie em extinção.

- E não é?

- Não seja ridícula.

- Essa moça não é coisa boa. Não precisa acreditar em mim, agora. Só preciso que fique atenta. Oh, Lauren! Prometa que vai ficar atento!

- Vou ficar atenta, está bem?

Ela respirou como se estivesse profundamente aliviada.

- Fico mais tranquila assim.

- Você não conhece a Camz. Ela não é nada como você imagina.

- Espero que você esteja certa.

- Estou. Vou dar uma festa na minha casa, amanhã. Só alguns vizinhos e amigos. Por que a senhora não vem?

Não, não, não, Lauren. Péssima ideia.

Droga…

- Posso levar alguém? - sorriu.

Ah, porcaria. Mas agora era tarde demais, não era?

- Pode. Mas tem que prometer que vai se comportar.

- Qualquer coisa por você, querida.



************************************
                          Camila Cabello







- Tem camisinha na bolsa?

- Camila! Eu não vou fazer isso… Não posso. Mudei de ideia.

- Alexia! Não pode ficar mudando de ideia a cada três segundos. Ou você está pronta para isso ou não está.

- Não estou! - resmungou.

- Não estar pronta e estar com medo são duas coisas diferentes.

- Eu estou com medo de não estar pronta.

- Ah, garota! Você tem tesão? Se masturba?Pensa em um cara enquanto faz isso?

- Sim… - respondeu tímida.

- É a mesma coisa. Só que com uma pessoa viva. Não precisa ter medo. Se está pronta, vai lá e faz! Não vou falar mais nada, me ouviu? Você não pode fazer isso forçada e eu não vou te forçar. A decisão é sua.

A ideia de que ninguém mais iria pressioná-la para fazer aquilo parece ter dado uma dose intravenosa de coragem para Alexia. Parte dela parecia estar esperando que eu a empurasse em cima de um homem. Mas quando eu disse que não ia fazer aquilo, ela percebeu que a vontade ainda estava lá. E, agora, só dependia dela.

- Aquele cara ali é lindo.

- Aquele cara ali é areia demais pra você.

- Você é muito grossa.

- Eu sou muito realista. Agora, cala a boca e presta atenção. Aquele outro cara ali no bar está te encarando há algum tempo.

- Está?

- Não se vira assim, sua retardada!

- Tá. O que eu faço?

- Você vai até lá e deseja boa noite.

- E depois?

É… e depois?

Não sei. Ou melhor, não sei como ensinar. É tão simples e natural.

- Ele vai sorrir e te desejar boa noite ou vai te cumprimentar de um jeito ápatico. Dá pra sentir no sorriso. E aí ou você pergunta se pode se sentar ou só finge que queria algo no bar e vai embora.

Mas como dar anos de experiência para Alexia?

- Você gosta de arte. Escultura, essas coisas… não é?

- O que isso tem a ver?

- Responde, menina! Me obedece! Não já notou que eu sei mais dessas coisas do que você?

- Tá. É! Gosto!

- Você já fez alguma aula de teatro na vida?

- Já! Algumas nesse lugar chamado Empório 3! Se você quiser, eu posso…

- Ferrer. Cala a boca. Presta atenção.

- Olha, dá pra você ser menos grossa?

- Não, não dá. Foco, fedelha! Presta atenção. Você sou eu.

- Han?

- Você sou eu. Esse é o seu papel. Vai até lá e finge que sou eu. Age como eu agiria. Pensa como eu pensaria. Quer dizer… não exatamente, obviamente. Mas tenta entrar no papel de uma mulher segura, gostosa e poderosa.

Você é bem humilde, hein.

- Estou tentando te ajudar, mas você não está facilitando.

- Não sei se consigo.

- Não precisa conseguir. Se fizer merda, é so virar as costas e a gente vai pra outro bar. Nunca mais precisa olhar esse cara na vida.

Seus olhos brilharam e a ideia de que errar era aceitável deu uma nova rodada de confiança para o meu pequeno experimento científico.

- Só chegar lá e desejar boa noite.

- Sorria, pergunte se pode sentar na cadeira dele. E tente não ficar desesperada: preste atenção! Preste atenção no que ele vai dizer e no que vai fazer. Se ele disser que você pode sentar de qualquer jeito pode ser que não esteja interessado, então não force. Mas se ele ficar te observando, se for convidativo, aí é porque ele está a fim e você vai com força.

- Vou com força de quê? Pra onde? - ela estava triplamente nervosa.

- Vai pra um motel. Não vai pra casa dele. Você não o conhece. E não vai pra sua casa porque você não quer que um desconhecido saiba onde você mora. E quando estiver no carro dele ou no táxi, manda uma mensagem de texto pra mim dizendo onde você está.

- Por quê?

- Porque se ele te matar eu tenho alguma coisa pra dizer pra polícia.

- Ah! Camila! - ela ia chorar.

- Eu estou brincando! Quer dizer, mais ou menos, manda a mensagem de texto. Agora, repete pra mim.

- Desejar boa noite, pedir pra sentar, prestar atenção, ir com força pra um motel e mandar uma mensagem pra você.

- Tem camisinha?

- Tenho.

- Toma mais umas. - abri minha bolsa e coloquei mais três pacotes lá dentro.

- Quantas vezes eu vou transar com ele? - ela me olhou assustada dada a quantidade infinita de preservativos que eu estava fazendo ela levar consigo.

- Provavelmente, só uma. Mas você vai rasgar umas oito camisinhas antes de conseguir colocar uma direito.

- Eu vou ter que colocar? - ela parecia em choque. - Achei que ele fosse fazer isso.

- Pode ser que ele faça. Pode ser que ele te peça. Nesse caso, você coloca.

- Ai! Eu devia ter prestado atenção na banana. - ela colocou a mão na testa e falou
mais para si mesma do que pra mim.

- Que banana? Ô garota, você não tá alucinando, tá?

- A banana! Na aula! Uma enfermeira foi na escola mostrar e eu achei ridículo e não prestei atenção.

- Você não sabe como colocar uma camisinha? É isso?

- Mais ou menos.

- Não tem mistério: coloca na ponta do pênis dele, espreme a pontinha com seu polegar e o indicador assim - gesticulei - e vai desenrolando o resto pra baixo.

- Por que tem que espremer a ponta?

- Porque se não pode juntar ar, aí quando ele goza a borracha estoura e não adianta de nada.

- Mas pode entrar um pouquinho de ar? Ou não pode entrar nenhum? - ela estava tão tensa que eu podia cortar seu nervosismo no ar com uma faca.

- Não pode entrar nenhum ar. É por isso que as camisinhas são vendidas com aquele aparelho de sucção a vácuo para você acoplar na borracha.

- Que aparelho? Ai meu deus, eu não peguei isso! - revirei os olhos - Quando eu comprei na farmácia não tinha isso! O que eu faço?

- Garota, você está merecendo um tapa. Foi uma piada, imbecil! É claro que pode entrar um pouco de ar. Você espreme a ponta só pra evitar que entre muito.

- E eu fico por cima ou por baixo?

- Fica por baixo. Você não ia saber o que fazer em cima.

- E as preliminares? O que eu faço?

- Você beija ele, em vários lugares diferentes. Passa a língua no peito dele. Esfrega as unhas no pênis e passa a mão nos testículos. E deixa ele pegar em você onde ele quiser.

- Certo. E se ele fizer algo que eu não quero?

- Você diz que não quer. Se ele não parar, você finge que tá gostando, desce a mão até o saco dele e aperta como se estivesse espremendo o suco da laranja. Isso vai te dar uns dez minutos de vantagem pra pegar o dinheiro que ele tiver na carteira, suas roupas e correr.

- Sério?

- O filho da puta tentou te estuprar?Seríssimo.

- Tudo bem. - ela encarou o vazio e eu soube que ela estava tentando processar a infinita quantidade de informações.

- Você vai ficar legal. - coloquei minha mão em seu ombro, tentando acalmá-la. - E se mudar de ideia, espreme o saco dele e liga pra mim que eu vou te buscar.

- É bom mesmo. Você está com meu carro. - sorriu.

- Tudo bem. Vai lá e arrasa.



***************************************
                             Alexia Ferrer




- Boa noite. - eu sorri constrangida. Não acredito que Camila me convenceu a fazer isso. Olhei para trás e ela estava me olhando com um fogo nos olhos e eu senti que se voltasse para lá sem ao menos tentar, ela ia me bater.

- Boa noite. - ele tinha um sorriso lindo. E estava sorrindo pra mim.

Eu ia derreter. Minhas pernas iam parar de funcionar, minha boca ia parar de mexer. Aquilo foi uma péssima ideia! Eu não ia conseguir!

Segue o plano, Alexia … Só segue o plano.

- Posso me sentar aqui?

- Claro. - ele puxou a cadeira para mim.

Mas eu não prestei atenção. Quer dizer, não sei se prestei atenção. Ele foi convidativo? Ou só estava sendo educado? Puxou a cadeira para ser romântico ou achou que eu tinha alguma deficiência. Olhei para Camila mais uma vez e ela levantou um indicador raivoso para mim, mandando que eu parasse de olhar para trás e prestasse atenção no homem na minha frente.

Eu queria fazer aquilo.

Queria muito.

Mas nunca soube como. E mesmo com todo o mapa que Camila tinha desenhado ainda era difícil. Eu estava anos atrasadas em uma experiência que todo o resto da população na minha faixa etária parecia ter nascido sabendo.

Como Camila… Ela simplesmente entendia aquilo e fazia funcionar.

Claro, era fácil pra ela, com aquele rosto e aquele corpo. A maldita tinha vindo com calça jeans e camiseta vagabunda e quando ela levantou da mesa para ir ao banheiro, tenho certeza que dois terços da população masculina do restaurante virou para ver sua bunda passeando.

Enquanto eu… Eu tinha que pintar o cabelo de azul para conseguir chamar alguma atenção. Percebi bem cedo que as pessoas não me notavam. Nenhuma delas. Eu era a garota que todo mundo conhecia e esquecia dois segundos depois que eu ia embora. Depois da tintura, eu era, pelo menos, “aquela menina do cabelo azul”. Isso era melhor do que ser imediatamente esquecida.

- Sou Tyler. - ele me ofereceu uma mão. Eu a apertei devagar e depois comecei a arrumar meu cabelo atrás da orelha.

Pisquei o olho algumas vezes e senti algo escorrendo no meu rosto. Ah, droga! Se a maquiagem estivesse escorrendo eu ia ficar ridícula e nojenta em segundos.

Camila já tinha me garantido repetidas vezes que era só minha imaginação.
Mas sempre que eu sentia aquela coisa estranha no meu rosto a dúvida voltava e
com ela o desespero. Eu queria ser segura como Camila.

Respirei fundo e tentei pensar no que ela pensaria.

Tentei pensar no que ela diria.

- Tudo bem com você? - ele quis saber. Pelo seu sorriso eu tive certeza que ele estava achando minha timidez engraçada. Balancei a cabeça afrimativamente, incapaz de colocar ordem nas palavras.

Pensar no que Camila faria era impossível. Ela so olharia para ele e diria “estou com tesão. Vem comigo.” E ele obedeceria sem questionar. Eu não podia fazer a mesma coisa.

- Qual o seu nome?

Vai, Alexia. Diz alguma coisa.

- Camila. - respondi, antes que pudesse me controlar. - CamilaCabello.

- Prazer.

- Não. O prazer é meu.

AAhhhhh!! Aquilo era ótimo.

Eu podia ser Camila, não podia? Podia dizer o que eu quisesse e o mundo que se fodesse. Eu era a mulher mais gostosa do bar e ele tinha sorte por estar falando comigo. É, ia ser assim.

- O que te traz aqui essa noite?

- Você. - respondi e mordi o lábio. Doeu e eu imaginei que tivesse mordido forte demais. O jeito sensual não era assim, era? Eu estava fazendo do jeito errado.

- Que bom. Porque acho que eu vim por sua causa, também.

Comecei a sorrir e toquei seu braço.

Certo. Eu consigo fazer isso.



**************************************
                           Camila Cabello


Com Lucy e Alexia encaminhadas, eu terminei de beber meu terceiro copo de suco
de laranja no canto do balcão do bar.

- O que há de errado com você?

- Com licença? - só não virei pronta para mordê-lo, porque ouvi o tom de paquera em sua voz. Era alguma cantada preparada que eu ainda não tinha ouvido.

- Não quis ofendê-la. Mas uma mulher linda como você, sentada aqui sozinha, no canto do bar… Não me parece certo. A não ser, é claro, que haja algo muito errado com você.

- Trabalho com microbiologia. Tivemos um acidente no laboratório com uma lâmina contaminada e eu não me sinto muito bem em ficar tão perto de outras pessoas. Eu posso ter pego alguma coisa.

Eu conseguia notar que ele estava na dúvida se ria ou se me levava a sério, resolvi acabar com sua dor.

- Só vim acompanhando umas amigas.

- Ah. Não está interessada em conhecer ninguém, hoje?

- Não, obrigada.

- Pode acabar se supreendendo.

- Querido. - bebi o último gole de suco e me levantei do banco - Quando o assunto é meu relacionamento, geralmente são eles quem se surpreendem.

Deixei-o para trás com o queixo caído e peguei o carro de Alexia para voltar para
casa.

A mensagem de Lauren meu celular dizia que ela teve um problema e que ia voltar muito tarde. Devia ser só coincidência: eu não conseguia contar quantas vezes eu fiquei no escritório até de madrugada. E, tenho certeza, com ela não devia ser diferente. Mas esse atraso logo depois da aparição inesperada de sua avó fez com que minha cabeça começasse a divagar entre vários cenários. Cada um pior do que o outro. Abri a porta e coloquei mais água para Max.

- E aí, garoto? Acho que somos só eu e você, hoje.

Ainda não passava das onze, o que significava que eu não tinha ficado duas horas no bar. Preparei um jantar rápido e coloquei ração e uns biscoitos para o labrador.

- Sua dona vai chegar atrasada. - ele levantou a cabeça do pote vazio e me observou. - E nem me olhe com essa cara que você já comeu tudo. -sua língua saiu rápida e lambeu o focinho - Você vai ficar imenso de gordo se continuar comendo desse jeito.

Coloquei os pratos sujos na pia e Max me seguiu. Enfiei os dedos atrás das suas orelhas e baixei a boca para lhe dar um beijo em cima da cabeça. Ele latiu, satisfeito e eu cheirei minhas mãos.

- Você está fedendo. Lauren precisa te dar um banho de novo!

Era engraçado aquele jeito que ele me olhava. Parecia que queria falar. Se aquilo
com Lauren não desse certo - e considerando a adição avó materna a equação, provavelmente não daria - eu ia ter que arranjar um cachorro. Com certeza. Era uma companhia ótima.

Ele tentou me lamber e eu o empurrei.

- Tá. Não tão ótima assim. - ri, falando em voz alta, como se ele tivesse conseguido ler meus pensamentos.

Eu podia dar um banho nele. Ia ser bom por vários motivos diferentes: ele ia ficar limpinho, Lauren não ia ter que se preocupar em fazer isso antes da festa do dia seguinte e eu podia me manter ocupada por mais algum tempo.

Não sabia se devia esperar Lauren chegar ou não. Não estava com tanto tesão. Depois dos últimos dias, seria bem difícil… Mas queria vê-la está noite ainda assim.

Dormir sem falar com ela significaria esperar até o dia seguinte para olhar no seu rosto e ver se algo tinha mudado. E eu precisava saber.

Coloquei um short curto e uma camiseta ainda mais vagabunda. Os produtos de higiene animal estavam todos em um armário na garagem e eu os encontrei sem maiores problemas. Foi a parte do ligar a mangueira e manter Max parado debaixo da água e longe dos canteiros de terra que foi a parte difícil.

Puxei sua coleira pela décima vez. Ele tinha espuma de shampoo por quase todo o pelo e ficava se virando tentando abocanhá-la. Segurava sua mandíbula com a minha vida.

Não fazia a menor ideia se aquela porcaria era tóxica ou se era comestível. Mas depois da oitava vez que ele mordeu a espuma, eu decidi que se fosse pra ele morrer daquilo, já teria morrido e segui com o banho impossível.

Ele tinha tanto sabão quanto terra pelo corpo e eu percebi que aquilo não ia adiantar de absolutamente nada: Lauren fazia parecer fácil.

- Max! Por favor! Estou te implorando! Fica quieto!

Ele latiu e correu soltando espuma pelo quintal. Eu corri atrás dele ao redor da piscina com a mangueira e criatura infernal transformou o banho em uma brincadeira de molhar.

- Vem aqui! Você quer que eu implore de joelhos? É isso? Por favor! Fica parado, só um instante!

Segurei sua coleira mais uma vez e joguei água no pêlo. A água soluçou e começou a cair com bem menor intensidade e eu vi o cachorro contorcido mordendo a mangueira mais embaixo.

- Eu vou chorar! Pára, por favor.

Eu já tinha me arrependido daquela ideia. E me arrependido de novo.

- Acho que nunca te vi implorar antes! - a risada de Lauren me pegou desprevenida e eu me virei com a mangueira em riste e em dois segundos, ela estava encharcado.

- Ai meu deus! Lo! Você me assustou!

Ela começou a tirar o paletó e a gravata:

- E precisa me dar um banho por causa disso? - agora que ela já estava molhada, pareceu não se importar e me puxou para os seus braços.

Ah… A gente estava bem.

Nunca pensei que algo pudesse acalmar tanto meu coração e minha ansiedade como um simples abraço.

- Você não ia chegar tarde?

- Ia. Mas resolvi trazer o trabalho pra casa. - meu deu um beijo.

- Qual é o botão que faz esse cachorro ficar parado?

- Tem que segurar ele com força. - riu - Quer ajuda?

- Por favor!

- Max! Vem aqui, garoto. - mal ouviu a voz da dona e pulou em cima dela. A camisa social de Lauren estava cheia de água, terra e sabão. Lauren segurou Max pela coleira e o manteve parado enquanto eu molhava o pêlo e o ensaboava mais uma vez para livrá-lo da sujeira recém-adquirida. Estava passando as mãos pela coluna do labrador e só notei que minha camisa estava estupidamente encharcada quando senti a mão grossa de Lauren apertando meu peito e beliscando
meu mamilo por cima da camisa.

Olhei pra baixo e vi a camisa branca vagabunda quase completamente transparente. E eu sequer tinha colocado um sutiã.

- Você faz isso pra me provocar, não é?

- Nem tudo é sobre você, Lauren. - eu ri, esfregando a toalha em um Max que insistia em se sacudir.

- Ah, mas isso é. Eu venho dirigindo do trabalho para cá pensando que talvez eu finalmente consiga sentar com você e ter uma refeição sem pensar em sexo. A gente tem transado tanto que eu vim pensando que talvez o tesão incontrolável tivesse ido embora.

- E? - puxei Max para o alcance do secador e liguei o ar quente contra seu pêlo. Ele latiu, mas Lauren o manteve seguro.

- E eu chego e você esté me esperando com um short que deixa metade da sua bunda do lado de fora e com uma camisa branca transparente. E molhada, para completar.

- Ah, você não fez ideia de quão molhada eu estou. - me aproximei do seu rosto.

- Não me provoque. - ela me envolveu com um abraço, mas sua mão foi direto pra minha bunda.

- Vai! Me solta. Deixa eu acabar de secar Max. - ri.

- O cachorro está limpo, Camila. - sua boca estava no meu pescoço e eu parei de me importar com a higiene do animal.

- E você está imunda. - sua roupa estava toda manchada.

- É. Acho que essa daqui não tem mais solução. - entre terra, sabão e baba, ele estava todo sujo. - Vem me dar um banho?

- Eu não! Você está podre. Tome um banho sozinha e me procure quando estiver limpa.

- Você fala como se estivesse em uma situação melhor do que a minha. Com esse short enrolado e essa camisa suja de terra. - seus olhos estavam no meu corpo e tinha fome neles.

- Não está gostando da minha camisa, é?

- Estou adorando sua camisa. Principalmente o jeito como ela está molhada e me mostrando esses teus peitinhos perfeitos. - segurou um deles na palma da mão e estalou um beijo por cima da camisa.

- Peitinhos? - reclamei, rindo.

- Ah, perdoe-me. - lambeu os lábios, sacana - O diminutivo realmente não se adequa a situação. A genética foi muito boazinha com você.

- Como sabe que não tenho silicone?

Ela me olhou com um sorriso de obviedade.

- Acho que já conheço os seus peitos muito bem, Camz.

Sorri e virei para abrir a porta para Max entrar em casa. Mal ele tinha passado e Lauren me puxou pela cintura.

- Mas vamos verificar, só por segurança. - enfiou as mãos pela minha barriga e arrancou a blusa pela minha cabeça. Fiquei nua da cintura pra cima e o ar frio da noite enrijeceu a ponta dos meus seios.

Ela se afastou, com minha camisa nas mãos e o lábio inferior entre os dentes, e me observou por alguns segundos.

Não me tapei, nem me escondi. Pelo contrário. Cruzei os braços logo abaixo dos
seios e ele se levantaram.

- Você é muito linda.

- Vai descobrir se eu tenho silicone ou não só olhando, é?

- De jeito nenhum. - cobriu cada seio com uma mão e os apalpou e apertou enquanto passeava com o nariz pela base do meu pescoço até um de meus mamilos. - Natural. - sussurrou e eu me arrepiei onde seu hálito tocou minha pele.

- Sabe do que eu gosto?

- Do quê?
- Gosto quando você suga meus seios.
Quando você mama com violência e deixa
eles doídos e sensíveis. Me excita. Muito.

- Ah, a gente pode trabalhar nisso.

- É? - dei dois passos para trás e ele começou a me seguir. - Vem cá e mostra pra mim como é que se faz. Porque mesmo adorando essa tua boca, eu ainda acho que consigo sugar melhor do que você.

Deixei a palavra sugar dançar na minha língua e a ereção de Lauren estava facilmente
identificável.

- É difícil competir com você. - colocou o polegar na minha boca - Essa boquinha é uma coisa de louco.

- Eu sei. - dei mais um passo para trás em direção a piscina.

- Você está fugindo pra onde?

- Estou fugindo de você. Está imunda. - mais um passo. E mais outro. Ele estava me seguindo.

Isso, meu bem, vem.

- Você não vai escapar. Vou meter meu pau sujo em você. Gozar nesses teus peitinhos. - riu.

Tirei uma de minhas sandálias e joguei nela.

Ela a pegou no ar e eu joguei mais
uma. Lauren se desviou e avançou para me segurar.

- Você só me fode depois que tomar um banho. - estávamos na borda da piscina.

Eu dei um passo pro lado e a empurrei. O problema é que ela segurou meus braços
com força e me puxou junto.

A água morna nos envolveu. Achei o chão com os pés e comecei a caminhar para o
raso.

- Se isso foi uma tentativa de diminuir minha ereção, não funcionou. - reclamou, tirando os sapatos e meias e colocando eles na borda da piscina. Estava tudo encharcado. - Vou aí te pegar e te foder do mesmo jeito.

- Pelo menos agora está limpa. - ri e me abaixei na água. Tirei o short e quando submergi estava completamente nua. Joguei a peça de roupa na borda junto com os seus sapatos, me aproximei e passei a língua nos seus lábios.

- Nunca. - sussurrou - Nunca vou para de ter um tesão incontrolável por você.

Ela me beijou, enfiando as mãos nos meus cabelos molhados e eu senti sua roupa
molhada grudando no meu corpo.

- Eu ia te levar pra cama, Camz. Mas não posso desperdiçar você nua aqui.

- Não, não pode. - Lauren agarrou minha bunda e eu o abracei com minhas pernas.

Ela deu alguns passos para o lado e nos levou para o fundo até minhas costas baterem na lateral na piscina.

Ela me beijava com um incrível nível de intimidade: ela conhecia minha boca. E mais do que isso, ela gostava da minha boca.

Sabia exatamente o que fazer com ela.

Eu estava entregue ao seu toque, ao seu carinho, a sua língua. Sexo animal e voraz é excelente. Mas tinha algo novo em sexo com Lauren. Era o carinho. Transar com alguém que você gosta. Não passava minhas mãos no seu corpo para excitá-lo ou para me excitar, as carícias eram feitas porque eu gostava dele. Gostava do seu corpo. Queria o seu calor perto de mim. Me aquecendo até derreter.

Fechei os olhos e a cada novo beijo eu sentia um arrepio delicioso descendo minha espinha. Os braços fortes e musculosos me mantinham bem presa a ela de modo que não houvesse qualquer distância entre nossos corpos. Esfreguei minha vagina contra sua camisa e passei alguns segundos ali, só curtindo a fricção.

- Vai, linda. Se esfrega aqui. Deixa eu te sentir. - ela chupou um dos dedos e o desceu entre minhas coxas. Enfiou fundo em mim e eu gritei. Não de prazer. De dor. - O que foi? - Lauren parou, assustado e me segurou pelos braços.

- Ai! - choraminguei - A porcaria da água da piscina… Não consigo ficar molhada.

Lauren me observou. Ela era linda: tinha um jeito extremamente preocupado por eu ter me machucado. Era uma gentileza que não conhecia limites e era dedicada só a mim. Era indescritível como eu estava amando ter alguém se preocupando comigo daquele jeito. Com cada toque, com cada palavra.

Ela não iria me machucar nunca.

- Você não está molhada? Dentro da água?Como isso é possível?

Eu ri.

- A água está me lavando. Aí eu fico seca por dentro. Doeu. - fiz um beicinho e ela expirou aliviado por ter compreendido e beijou meu lábio curvado.

- Oh, meu amor… Vem, vamos te tirar da piscina.

- Mas eu queria ficar aqui. - fazer aquele dengo era tão gostoso. Aquela atenção que ela me dedicava era embriagante. - Nunca transei na piscina, antes.

- Não vou te machucar, Camz. De jeito nenhum. Vem… a gente faz amor na beira da piscina. - beijou minha boca - Você deixa os pés dentro da água se quiser. - brincou com uma ternura envolvente.

Lauren me pegou no colo dentro da água e me carregou com facilidade.

- Estou me sentindo muito forte, hoje. - brincou, inflando o peito e eu comecei a rir da sua bobagem.

Já estávamos na escada quando eu me virei e comecei a despí-la. Ela ficou parada me observando. Tocava minhas mãos enquanto eu me dedicava aos seus botões, acariciava meu rosto com os nós dos dedos quando eu me aproximava. Nunca tirava os olhos da minha boca, me beijou mais algumas vezes e me ajudou a sair da água.

Assim que eu estava do lado de fora da piscina, Lauren me carregou nos braços mais
uma vez.

- Viu? - riu - Forte!

Eu estava rindo sem qualquer vontade de parar. Até ela se ajoelhar e me deitar na grama. Colocou meus cabelos atrás da orelha e apoiou minha cabeça com a mão para que ela não ficasse contra o chão. Nossos narizes se tocavam e sua boca estava tão próxima que eu sentia o seu hálito suave.

- Eu sou louca por você, sabia?

- E eu sou louca por você. - passei o dedo por sua orelha.

Tentei respirar fundo, mas meus pulmões pareciam estar trabalhando com metade da capacidade.

Ela tocou meus joelhos e abriu minhas pernas. Escorregou pelo meu corpo e beijou a parte interna das minhas coxas abrindo um caminho do meu joelho até lá. Os beijos e lambidas foram só para umedecer minha entrada.

- Se você ainda estiver seca, promete que me diz? Não quero te machucar, Camz. - Lauren estava beijando meu pescoço, mas só aquela simples frase conseguiu me deixar molhada.

Não era sacanagem, nem safadeza de nenhum tipo. Era só doçura. E a doçura dela me excitou mais do que eu imaginava ser capaz.

- Digo. - respondi, envergonhada.

Era incrível como eu não tinha vergonha de nada. Nem do meu corpo, nem da minha sexualidade… Mas bastava ela me tratar daquele jeito gentil e cada centímetro do meu corpo se derretia.

Ela manteve a mão na minha nuca, protegendo minha cabeça do chão. Não que precisasse… a grama era fofa e agradável o suficiente, mas ela deixou a mão ali, independente.

Lauren baixou os olhos e segurou na base da sua ereção antes de me penetrar. Eu senti ela mexendo ali dentro. Devagar e gostoso. Um gemido longo de satisfação escapou da sua boca. Abracei seu quadril com as pernas e apoiei meus calcanhares em sua bunda. Ela entrava e saía de mim como uma onda. Uma fluída, constante e deliciosa onda.

Eu tinha um desejo por ela que não se traduzia em palavras. Um desejo pelo seu
corpo, pela sua alma, pelo seu coração.

- Lo? - pedi e me surpreendi como minha voz soou tímida e vulnerável.

- Amor? - ela se apoiou nos cotovelos e manteve os olhos nos meus, sem nunca parar de mexer. Não queria que ela acelerasse. Não queria que fosse bruta ou violenta. Não, hoje.

Hoje eu queria só carinho.

- Faz amor comigo? -sussurrei.

- Todos os dias. - murmurou contra os meus lábios.

Lauren me tomou como sua e não apenas o meu corpo. Cada milésimo da minha essência era dela. Continuou devagar até a fricção entre nossos corpos virar eletricidade e fogo. Então, ela foi mais e mais rápido, sempre com os olhos nos meus, os nós dos dedos acariciando meu rosto, um beijo delicado nos lábios.

Joguei a cabeça contra a grama e gozei olhando pras estrelas.

***************************************
                          Lauren Jauregui



- Tem certeza que não quer que eu leve ele lá pra baixo?

- Tenho.

Assim que saímos do banho, Camz se enfiou em uma das minhas camisas e deitou na cama, puxando Max com ela. Sentei ao seu lado e beijei sua testa.

- Vou terminar o trabalho

Ela já tinha os olhos fechados e um suspiro pesado. Dormiu antes que eu chegasse na porta.

- Eu te amo. - eu sussurrei muito, muito, baixo.

Não queria que ela ouvisse. Mas queria dizer ainda assim.

Saí do quarto e desci as escadas para apagar as luzes antes de subir para o escritório. Tinha uma longa noite de trabalho pela frente, mas não me importava. Desde que aquela morena linda estivesse me esperando na cama, eu não ligava para muitas outras coisas.

Ela não tinha mencionado minha avó. Mas isso poderia ficar para o dia seguinte.
Era por isso que eu não tinha conseguido esperar no escritório. Precisava voltar pra casa porque não sabia o que tinha acontecido e parte de mim temeu não encontrar

Camila me esperando quando eu chegasse. Temia que seja lá o que minha avó disse tivesse assustado Camila. Mas eu voltei e ela estava lá.

Estava dando banho no meu cachorro.

E eu nem precisei chantagear ela.

Passei pelo portal que separava o hall de entrada da sala e sorri pensando em quanto eu e Camz tínhamos mudado quando algo perto do telefone chamou minha atenção.

Era um cartão. Um cartão social.

Apanhei de qualquer jeito e li o nome. Doutor Tristan Henris.

Era o médico de Camila. De quando ela machucou o pé. O que estava dando em cima dela quando eu voltei do estacionamento.

O que diabos esse cartão estava fazendo ali?

Ela não tinha saído com Alexia esta noite?

O pensamento me ocorreu quando voltei os olhos para o telefone.

Ah, não… Não, Camz. Por favor, não.

Não faz isso comigo.

Não, por favor…

Apertei o botão de rediscar do telefone e encarei o visor digital.

Era o mesmo número do cartão.

Camila tinha ligado para o médico no mesmo dia que foi para um bar com a amiga.

Será que ela tinha realmente saído com a vizinha?

Ou tinha saído com ele?













__________________________________

Desculpem os erros, fiz na pressa.

Até o próximo.

Continue lendo

Você também vai gostar

424K 42.8K 47
O que pode dar errado quando você entra em um relacionamento falso com uma pessoa que te odeia? E o que acontece quando uma aranha radioativa te pica...
355K 20.2K 38
Camila Cabello tem 21 anos, mora com seus pais Sinuh e Alejandro Cabello, tem um irmão gêmeo que se chama Caleb Cabello e uma irmã Sofia Cabello de 8...
1.2M 64K 153
Nós dois não tem medo de nada Pique boladão, que se foda o mundão, hoje é eu e você Nóis foi do hotel baratinho pra 100K no mês Nóis já foi amante lo...
166K 1.2K 30
Oiiee amores, uma fic pra vcs!! Irá conter: - masturbação - sexo - traição Se não gosta de nenhum dos assuntos a cima, já sabe não leia.