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Par catratonks

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𝐚𝐫𝐭𝐞. substantivo feminino ? ΰ₯§ 𝐒. produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concret... Plus

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π˜π„π€π‘ π…πŽπ”π‘
π˜πŸ’: Quidditch World Cup
π˜πŸ’: The Triwizard Tournament
π˜πŸ’: The Four Champions
π˜πŸ’: Potter Stinks
π˜πŸ’: The First Task
π˜πŸ’: Will You Dance With Me?
π˜πŸ’: Yule Ball
π˜πŸ’: The Golden Egg
π˜πŸ’: The Second Task
π˜πŸ’: Truth Or Dare
π˜πŸ’: The Third Task
π˜πŸ’: Everything Changes
π˜π„π€π‘ π…πˆπ•π„
π˜πŸ“: Grimmauld Place
π˜πŸ“: The Silver Dress
π˜πŸ“: The Prank
π˜πŸ“: Dolores Umbridge
π˜πŸ“: Firefly Conversations
π˜πŸ“: Harry, My Harry
π˜πŸ“: The Astronomy Tower
π˜πŸ“: The High Inquisitor
π˜πŸ“: The Revenge
π˜πŸ“: The Reunion
π˜πŸ“: Midnight Talking
π˜πŸ“: Dumbledore's Army
π˜πŸ“: Weasley Is Our King
π˜πŸ“: Love Potion
π˜πŸ“: Nightmares
π˜πŸ“: Holly Jolly Christmas
π˜πŸ“: Maddie's Birthday Party
π˜πŸ“: Happy New Year!
π˜πŸ“: Fireworks
π˜πŸ“: Draco Malfoy
π˜πŸ“: Honeycomb Butterflies
π˜πŸ“: Expecto Patronum
π˜πŸ“: The New Seeker
π˜πŸ“: Breakdown
π˜πŸ“: A Whole New Perspective
π˜π„π€π‘ π’πˆπ—
π˜πŸ”: Horace Slughorn
π˜πŸ”: The Burrow
π˜πŸ”: Weasley's Wizard Wheezes
π˜πŸ”: August 11th
π˜πŸ”: Back to Hogwarts
π˜πŸ”: Amortentia
π˜πŸ”: The Quidditch Captain
π˜πŸ”: Draco?
π˜πŸ”: Falling Apart
π˜πŸ”: The Bookstore of Mysteries
π˜πŸ”: The Curse
π˜πŸ”: Slug Club
π˜πŸ”: Champagne Problems
π˜πŸ”: Dirty Little Secret
π˜πŸ”: Sign Of The Times
π˜πŸ”: Road Trip
π˜πŸ”: Whispers and Secrets
π˜πŸ”: Shopping Day
π˜πŸ”: Rufus Scrimgeour
π˜πŸ”: The Hunt
π˜πŸ”: Valentine's Day
π˜πŸ”: Quidditch Disaster
π˜πŸ”: Sixteenth Birthday
π˜πŸ”: Liquid Luck
π˜πŸ”: The Cave
π˜πŸ”: What Starts, Ends
π˜π„π€π‘ 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍
π˜πŸ•: The Seven Potter's
π˜πŸ•: The Birthday Party
π˜πŸ•: The Wedding
π˜πŸ•: The Murderer
π˜πŸ•: September 1st
π˜πŸ•: The Sins Of Tragedy
π˜πŸ•: Body and Soul
π˜πŸ•: Slytherin's Locket
π˜πŸ•: The Depths Of Fall
π˜πŸ•: Breaking Hearts
π˜πŸ•: Godric's Hollow
π˜πŸ•: The Sword
π˜πŸ•: The Deathly Hallows
π˜πŸ•: Bellatrix's Vengeance
π˜πŸ•: Highs And Lows
π˜πŸ•: The Talk
π˜πŸ•: The Plan
π˜πŸ•: Knives? Sure!
π˜πŸ•: The Boy Who Lived
π˜πŸ•: When Nightmares Come to Life
π˜πŸ•: Blood And Bone
π˜πŸ•: Voids
π˜πŸ•: Death Comes
π˜πŸ•: Sunflowers
π˜πŸ•: Turning Page
π˜πŸ•: Intertwined Fates
𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐀𝐑
I. Surprises
II. Soft Kisses And Bad Dreams
III. Death's Lullaby
IV. WARNING: DANGER!
V. Hunting Season
VI. The Corner Of The Lost Souls
VII. The Letter
VIII. Sex On The Beach

π˜πŸ”: Sectumsempra

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Par catratonks

⚠️: sangue.

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Harry ON

Katie Bell teve alta do St. Mungus e retornou à escola próximo a nossas provas finais. Hermione, Ron e eu estávamos no Salão Principal, esperando por S/A, quando aconteceu. Levantei-me para falar com a garota, movido pela curiosidade.

— Oi, Katie! — cumprimentei. — Você está indo bem?

— Sei o que vai perguntar, Harry — disse ela, séria. — Mas realmente não sei quem me amaldiçoou.

Draco era minha maior suspeita, obviamente, e eu tinha quase cem por cento de certeza de que era o culpado. Mas "quase" não significa que é verdade, por isso precisava de provas.

— Estou tentando lembrar, de verdade — continuou ela — , mas não consigo...

Então, a garota olhou por cima de meu ombro, na direção das portas de carvalho do Salão Principal. Para minha surpresa, lá estava Draco, olhando para Katie com medo genuíno em sua face. E quando percebeu que eu o encarava também, começou a andar para trás, cada vez mais rápido, enfim desaparecendo quando virou no corredor mais próximo e correu.

Era isso.

Despedi-me de Katie e corri atrás dele, acenando para Ron e Mione enquanto o fazia, indicando que voltaria num instante.

Dias haviam se passado desde a conversa que S/A e eu tivemos com Dumbledore, em seu escritório. Desde então, ela andava mais desanimada que o normal, talvez porque tenha tentado fazer contato com a irmã, como o diretor sugerira, e não conseguiu.

Parecia que Maddie havia sumido do mapa.

As provas se aproximavam, e S/A me disse que finalmente sentia que estava recuperando os estudos. Eu tinha tanto orgulho dela. Sempre revisávamos os conteúdos com nossos amigos, no dormitório masculino ou no Salão Comunal. Ademais, Hermione montara um horário de estudos para facilitar nossa organização, então passávamos horas a fio com livros abertos e anotações por finalizar. Mas confesso que S/A sempre me distraía. Eu me pegava olhando para ela ao invés de escutar as explicações de Hermione sobre os conteúdos, o que deixava nossa amiga frustrada, e as bochechas de minha namorada, vermelhas.

Não havia muitos momentos livres, mas eu aproveitava os poucos que tinha com S/A, ou então em passeios em grupo pelos jardins da escola. Durante esse período, ficamos ainda mais próximos de Dino e Simas, portanto os dois garotos sempre estavam por perto. S/A comentava que eles eram muito lindos juntos. Eu concordava. Ela segurava minha mão.

Momentos como esses, ao menos para mim, significavam tudo.

Os treinos de quadribol continuaram. Não ganharíamos a Taça das Casas, mas ao menos tínhamos a chance de conseguir vitória no Campeonato de Quadribol. Por isso, nos dedicamos bastante. Eu me orgulhava do time da Grifinória. Apesar de nossas dificuldades ao longo do ano, perseveramos. E com Katie de volta, nossas chances na final aumentaram consideravelmente.

De todo modo, fui seguindo Draco Malfoy como se fôssemos gato e rato, até mais ou menos um corredor escuro que dava para o banheiro masculino do primeiro andar.

Harry OFF

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Chovia, e as gotas açoitavam as janelas de vidro do castelo como pequenas bombas.

Naquele momento em específico, eu andava pelos corredores de Hogwarts quando ouvi alguém chorando, no banheiro masculino do primeiro andar. Ninguém nunca o frequentava, assim como nenhuma garota fazia proveito do banheiro feminino, visto que a Murta Que Geme, um dos fantasmas do colégio, gostava de se esgueirar por dentro das cabines para assustar quem as estivesse usando.

De relance, avistei cabelos loiros, pele pálida e vestes escuras. Draco. Nunca me ocorreu que meu primo fosse capaz de chorar, mas talvez precisasse de ajuda com urgência. Portanto, resolvi entrar.

Deixei minhas coisas do lado de fora e tomei cuidado aonde pisava. O ambiente não era bem iluminado, e o chão de mármore refletia a pouca luz que provinha de pequenas lâmpadas prateadas, localizadas no teto.

— Draco? — chamei.

Ele, que encontrava-se curvado diante do espelho, com lágrimas nos olhos, virou-se abruptamente. Os primeiros botões da camisa foram abertos, a gravata frouxa, o paletó amassado. Quando viu que era eu, murmurou uma reclamação e tentou disfarçar que estava chorando, tornando a observar o próprio reflexo.

— Volte para seus estudos. Estou bem.

— Não é o que parece.

— Nem tudo é o que parece — respondeu Draco, seco.

Revirei os olhos.

— Estava chorando de felicidade, é? — ironizei.

Meu primo suspirou. Optou por não responder, desistindo de tentar contrapor meus argumentos e ocupando-se em lavar as próprias mãos. Observei-o por certo período de tempo.

— Quero tanto te ajudar, Draco — disse eu. — Mas, para isso, preciso saber o que está acontecendo.

— Não é da sua conta.

— Se não fosse, eu não estaria perguntando.

Ele não respondeu. Através do espelho, pude notar que fechara os olhos com força, perturbado. As mãos começaram a tremer.

Sempre foi de meu conhecimento que Draco era muitas coisas, embora não fosse uma pessoa ruim. Era algo em que eu costumava pensar bastante: boas almas são sempre julgadas em seus piores momentos, como se isso não contasse. E ninguém nunca parece entender.

Aproximei-me com cautela, fazendo-o virar para mim. Consegui, mesmo que com certa dificuldade; e quando seus olhos azuis encararam os meus, Draco engoliu em seco, sem querer que eu enxergasse através de sua nuvem de sentimentos opacos.

— Você não é uma pessoa horrível, Draco.

— Sim — disse ele — , eu sou.

— Não — balancei a cabeça, negando várias vezes. Quantas fossem necessárias.

— Fiz coisas terríveis, S/N — argumentou — , e estou prestes a fazer uma pior ainda. Não tenho escolha. Fui ameaçado de morte, assim como minha mãe. Só quero protegê-la — eu sabia de todas essas coisas, mas algo em sua voz me quebrou. — Todos acham que sou um covarde porque costumo fugir de minhas obrigações até não poder mais, e porque tenho medo. Odeio sentir medo, mas sinto. E minha mãe também pensa isso de mim, S/N, mas não posso perdê-la. É a única pessoa em minha família que realmente se importa.

— Eu me importo.

Meu primo balançou a cabeça.

— Você precisa fugir. Não sabe das coisas que planejam fazer com você — alertou. — É por isso que deve se manter longe. Você-Sabe-Quem lê minha mente. O tempo todo. Aprendi Oclumência para outros fins, mas não posso impedir que ele entre. Seria considerado um ato de traição.

— Fugir? Traição? — quis saber, assustada. — Do que está falando?

Com impaciência e desespero, Draco explicou:

— Fui sentenciado à minha vida desgraçada no momento em que nasci nessa família de merda. Fui forçado. Tia Bella convenceu minha mãe de que era o melhor para mim, de que era o único meio de me manter seguro e longe de encrencas maiores. Então, fui designado a completar uma tarefa.

— Que tarefa?

— Não posso dizer. Se eu disser, vão saber, mas planejam te sequestrar depois disso. Tudo mudou no Natal, quando descobriram que você tem poderes. Minha tia está furiosa desde o ano passado, quando foi vítima da Maldição Cruciatus, por sua parte — disse ele. — É por isso que precisa tomar cuidado. Se Bellatrix te encontrar, que Deus tenha piedade.

Sem palavras, abri e fechei a boca, em choque. Claro que eu tinha conhecimento de que era procurada pela maioria dos Comensais, e Draco, vivendo num ambiente cheio deles, entendia a gravidade da situação. Foi apenas naquele momento que a ficha caiu, no entanto.

— Eu...

— Prometa que vai ficar longe, S/N.

Talvez eu nunca soubesse o que de fato teria respondido se não tivesse sido interrompida pelo aparecimento de uma terceira pessoa.

— Amor? — chamou Harry, confuso. — O que está acontecendo aqui?

Congelei onde estava quando Draco encarou meu namorado como se estivesse pensando em matá-lo.

Olhei de um para o outro devagar. Harry empunhava a varinha. Draco, não. Havia fúria nos olhos de ambos, indomável de um jeito assustador. Talvez eu não quisesse presenciar o que estava prestes a acontecer, mas não era como se tivesse escolha.

Harry encarou o outro garoto, e Draco olhou-o de volta, e no momento seguinte a mão sorrateira de meu primo deslizou para o interior das próprias vestes, à procura da varinha. Provavelmente pensou que Harry escutara o que não devia, e o ódio, misturado à irracionalidade, falou mais alto. Até tentei impedi-lo quando percebi sua determinação, tentei mesmo, só que era tarde.

Uma chuva de feitiços começou a jorrar. Algumas lâmpadas estouraram acima de nossas cabeças, liberando faíscas e pedacinhos de vidro. Meu primo correu, e Harry seguiu-o, empunhando a varinha com força. Apressei-me para tentar apaziguar os ânimos.

— Draco, pare! — gritei. Um feitiço vermelho voou perigosamente próximo à minha orelha, acertando um espelho logo atrás. Estilhaços voaram para todas as direções. — Podemos conversar. Podemos...

Minha fala foi interrompida por uma explosão: Harry tentou estuporar Draco e acabou acertando a cuba de uma pia, que começou a jorrar água para todos os lados. Meu primo escondeu-se atrás de uma das cabines vazias, então.

Harry foi seguindo pelo lado oposto, espiando por baixo. Se pudesse ver os pés de Draco, certamente o acertaria, embora fosse causar um grande estrago. O banheiro já estava destruído o suficiente, e nós também.

— Amor — sussurrei, próxima a ele. — Por favor, pare. Vamos conversar sobre o que acabou de acontecer. Por favor.

Seus olhos verdes inebriantes voltaram-se para os meus.

— É isso o que deseja?

— Sim.

— Tudo bem. Mas detesto abandonar um duelo.

— Ao menos você sabe que foi Draco quem começou. Podemos falar com ele.

Harry balançou a cabeça.

— Aquele idiota estúpido não sabe conversar.

Nesse instante, um feitiço de Draco passou raspando por nossas pernas, na tentativa de atingir meu namorado, e desviou para a saída do banheiro. Honestamente, eu não tinha ideia de como ninguém havia aparecido ainda. Harry, então, agarrou meu braço, conduzindo-me para o outro lado a fim de evitar mais uma explosão.

Avistei meu primo, apontando a varinha para meu namorado. Olhei de um para o outro, desesperada, sem saber como intervir. Um diálogo civilizado provavelmente não adiantaria. Muito menos uma trégua.

Antes que eu pudesse processar, Harry já estava berrando "Sectumsempra!", e não raciocinei antes de me meter entre os dois para apartar a briga.

Aconteceu rápido demais.

Draco deixou escapar uma série de xingamentos. Harry gritou. Senti uma dor aguda, proporcionada pelo impacto de meu corpo contra o chão, e acabei empurrando meu primo, forçando-o a cair comigo para evitar as fagulhas proporcionadas pelo encantamento. Meu peito subia e descia irregularmente, assim como o dele; mas um suspiro de alívio deixou meus lábios quando percebi que estávamos inteiros, que estávamos bem.

Os olhos de Draco arregalaram-se de medo conforme me observaram. Não entendi por quê. Seu peito contraiu, a varinha atirada para longe, fora de seu alcance. Harry, há alguns metros, permaneceu imóvel, em estado de choque. Tive vontade de fazer questionamentos, mas as palavras não saíram porque minha visão escurecia, a cabeça latejando horrivelmente.

Você está bem?, perguntei com certa dificuldade a meu namorado, através da mente, preocupada e sem fôlego. E Draco?

Harry não respondeu, paralisado, os olhos cheios de lágrimas. Meu pequeno alívio sumiu.

— Que caras são essas? — consegui perguntar em voz alta.

— Você... — começou Draco.

— Chame alguém — sussurrou Harry, rápido, trêmulo. — Ela está perdendo a cor.

— Mas...

— Rápido, Malfoy!

Draco pareceu despertar, piscando várias vezes, e saiu correndo, tropeçando nos próprios pés. Com sua ausência, fiquei surpresa ao perceber que não conseguia me levantar. Harry aproximou-se, ajoelhando-se ao meu lado.

— Vai ficar tudo bem, meu amor — as mãos dele tremeram conforme tentou me ajudar. Seus olhos estavam marejados. — Prometo que vai ficar tudo bem.

Senti um gosto metálico em minha boca, e em seguida engasguei, virando o corpo para tossir. Gotas vermelhas saíram de minha garganta. Assustada, senti uma pontada de dor mais forte no estômago. Levei uma de minhas mãos até onde o incômodo espalhava-se, mas minhas roupas estavam encharcadas.

Merda.

Sangue.

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Não lembro do que aconteceu depois, mas acordei em uma cama de hospital, à noite, quando toda a ala hospitalar dormia. Ou quase toda, porque Draco ocupava uma poltrona ao meu lado.

— Onde está Harry? — perguntei, por instinto. Ao menos eu tinha consciência de que meu namorado estava bem e saudável. Caso contrário, sentiria.

— Foi buscar uns cobertores extras para você. Está frio — respondeu Draco instantaneamente, ajeitando-se na poltrona e encarando-me com preocupação.

De fato, estava. Mesmo com as janelas fechadas, uma brisa gelada açoitava minha face. Três cobertores me envolviam, e eu ainda sentia frio. Grossas cortinas de seda foram postas em nosso entorno, de forma que quem estivesse de fora não pudesse nos ver. Pequenos grilos faziam barulho. No entanto, era primavera.

— Como se sente?

— Cansada — respondi com sinceridade. — Não vai mesmo me dizer por quê estava chorando?

— Não.

Houve uma pausa. Pensei no que dizer a ele, mas nada surgiu em minha mente. Havia bolsas escuras sob seus olhos, a pele mais pálida que o normal. Conhecendo-o bem, nem estava comendo direito.

— Draco. Não tenho medo de você.

Ele disse nada. Continuei:

— Sei que está com medo. Eu também estou. Na verdade, detesto admitir isso. Mas, se está escondendo alguma coisa, precisa me dizer. É difícil, eu entendo, mas não é fazendo coisas perigosas na calada da noite que vai conseguir o que pretende.

— É exatamente assim que farei o que pretendo.

Olhei em seus olhos como se fôssemos cúmplices e contássemos um segredo que jazeria em cinzas. Era daquele tipo que permanecia, como se estivéssemos em guerra e ao mesmo tempo não.

— Sei que é um Comensal da Morte — confessei.

Draco ficou mais branco que osso. Suas pupilas diminuíram de tamanho, denunciando seu pavor. Poucas foram as vezes nas quais vi-o desesperado, e essa era uma delas.

— Como? — sussurrou.

Dei de ombros.

— Você é menos discreto do que acha que é.

Percebi que ele estava pensativo. Draco não era uma pessoa manipulável, demostrava isso nos pequenos aspectos de seu modo de se portar. E eu sabia que tinha apreço por mim, especialmente porque éramos primos, e eu, basicamente o único membro da família que parecia importar-se com ele (além de sua mãe, segundo relatos). Ainda assim, pareceu relutante, pensando se deveria ceder à tentação de desabafar ou não. Ou talvez tentasse ignorar o ocorrido.

Puxou, então, a manga do antebraço esquerdo, revelando um pedaço de pele. Todo Comensal da Morte possuía a Marca Negra, que era uma caveira envolta por uma cobra, saindo da boca. Por mais que eu soubesse disso, ao vivo o cenário era muito mais real do que em minha imaginação.

— Quando me incumbriram da tarefa em que estou trabalhando, fui forçado a gravar a Marca na pele — explicou Draco. — Doeu muito. Bellatrix segurou meu braço enquanto Você-Sabe-Quem fazia o trabalho, e os dois pareceram se divertir com isso. Minha mãe só ficou longe, observando, e meu pai estava preso de todo modo.

— Estava?

— Planejavam resgatá-lo. Não sei se deu certo, ou se ainda vão tentar.

— Ah.

— Espero secretamente que não consigam. Tenho medo dele — disse Draco, dando a entender que eu poderia rir, se quisesse. Mas não o fiz.

Ele ficou sério outra vez, observando a Marca Negra por mais um momento. Em seguida, cobriu-a: ainda que estivéssemos sozinhos, sempre havia a possibilidade de estarmos sendo observados.

— Sinto muito, realmente não posso dizer de que se trata minha tarefa — falou meu primo, percebendo que eu queria perguntar acerca do assunto, mas que estava sem coragem. — Arruinaria tudo.

— E por que estava chorando? — insisti.

Achei que Draco não fosse responder, mas o garoto disse:

— Ainda não obtive sucesso.

Franzi o cenho.

— E não pode explicar isso a eles?

— Não é bem assim que funciona.

Ajeitei-me sob as cobertas, procurando uma posição melhor. Meu estômago doeu, então levei uma mão à ele. Minha pele estava envolta por uma faixa grossa de gaze.

— Quer que eu chame Madame Pomfrey? — quis saber Draco, observando minhas caretas.

— Não precisa se preocupar, estou bem — respondi. Em seguida, mudei de assunto: — Você falava sério quando disse que planejavam me sequestrar?

Draco trincou os dentes.

— É a ideia — respondeu. — Uma vez que desestabilizarmos as forças do Ministério, as autoridades estarão preocupadas demais com os prejuízos para notar seu sumiço. Você-Sabe-Quem disse que planeja um futuro grandioso para você, e que fará Potter sofrer com isso.

Mordi o lábio. A situação era pior do que eu imaginava.

— Não entremos em pânico — falei. — Caso eu seja mesmo levada embora, quero que...

— Não vou deixar que façam isso.

Ergui as sobrancelhas, surpresa.

— Como?

— Não sei. Mas protegerei você até minha morte.

O choque em minha face deve ter sido tamanho que ficamos em silêncio de verdade. Draco encostou-se à poltrona, respirando fundo. Devia estar sentindo tanto medo; em relação ao papel que precisava interpretar, à vida de sua mãe, à sua, à minha. Trabalhar para Voldemort contra a própria vontade e ao mesmo tempo planejar traição, pensando em meios de me manter segura, certamente era difícil. Em seu lugar, era provável que eu não conseguisse aguentar a pressão.

A visão da Marca Negra em seu antebraço ainda me perturbava como inferno. Draco era mesmo um Comensal da Morte, por Merlin. Harry estava certo desde o início, e havíamos brigado a respeito desse assunto tantas vezes.

Que grande merda.

Como se convocado por meus pensamentos, meu namorado surgiu por trás das cortinas, com uma pilha de cobertores e travesseiros em mãos. Seus olhos encheram-se de preocupação e lágrimas no instante em que me viu acordada, embora fraca e dolorida. Draco levantou-se.

— Vou deixar vocês conversarem.

Ele apressou-se para sair, mas Harry o fez parar, olhando-o nos olhos com seriedade. Mas não parecia ter ressentimentos. Esse silêncio que permaneceu entre os dois por cinco ou dez segundos demostrou a gratidão e a trégua que Harry não conseguia expressar em voz alta.

Uma vez sozinho comigo, Harry checou o quão fechadas estavam as cortinas e sentou-se onde Draco acomodava-se antes, segurando uma de minhas mãos. Os novos travesseiros e cobertores agora proporcionavam calor suficiente.

— Seus dedos estão gelados — murmurou Harry, apertando minha mão para tentar transmitir segurança.

— Logo passa — respondi.

Harry se desfez em lágrimas, e não pude deixar de pensar que era a segunda vez em um intervalo de algumas semanas em que ficávamos assim.

— Sinto muito — pediu. — Sei que não mereço seu perdão. Sou tão horrível.

Balancei a cabeça.

— É a melhor pessoa que conheço — assegurei, acariciando o dorso de sua mão. — Foi um acidente, meu amor.

— Não. Eu sabia que o Sectumsempra tinha consequências. Não fazia ideia de quais, mas mesmo assim... No canto da página em que o nome do feitiço está escrito, há: "para inimigos". Eu deveria ter suposto que seria ruim, para nunca fazer algo do gênero com alguém que você ama.

— Draco me ajudou tantas vezes. Acho que provou seu valor — falei. — No entanto, entendo o porquê de odiá-lo.

— Não o odeio — murmurou Harry, beijando minha mão. — Não mais. Se não fosse por Draco, você estaria morta, meu amor. E ele te salvou. Nada nunca vai superar isso. Tenho uma eterna dívida com ele.

— Então vocês dois finalmente vão começar a se dar bem? — perguntei, esperançosa. — Deus, não aguento mais brigas. E definitivamente não quero que fiquem enfeitiçando um ao outro. Isso vale para os dois. Afinal, foi Draco quem começou.

Harry franziu o cenho.

— Você sabe por quê?

Respirei fundo.

— Mais ou menos. Acho que Draco estava chegando ao limite, e sua aparição repentina serviu como gatilho — falei. — Conversarei com ele sobre isso, prometo. Mas agora acho que temos outro assunto a tratar.

— Vai me dar um sermão "daqueles", não é? Bem que mereço.

Mesmo toda doída, ri (não recomendo).

— Claro que não. Estou me referindo ao livro de Poções que você pegou emprestado do armário de Slughorn, no início do ano letivo — esclareci. — Acho que está na hora de tomarmos atitudes.

— Posso devolvê-lo, se quiser — disse Harry. — Vou fazer tudo o que me pedir, amor.

Neguei.

— Acho que você deveria esconder o livro num lugar em que ninguém encontre. Se em suas mãos causou um estrago, não gosto nem de pensar no que aconteceria caso alguém mal intencionado o tivesse encontrado antes.

— Tudo bem.

— Certo — falei. — Agora que estamos acertados, venha deitar comigo. Tem espaço suficiente, e a cama fica muito vazia sem você. Mesmo sendo apertada.

— Tem certeza? Você ainda está se recuperando. Quando acordarmos, e Madame Pomfrey nos ver juntos...

— Pouco me importo — confessei. — Venha, meu bem. Por favor.

Com um suspiro que mais exprimia contentamento, Harry veio até mim. E eu sabia que estava feliz por isso.

— Tudo bem.

Dei um sorrisinho, abrindo espaço para ele com dificuldade. Harry deslizou para o interior da pequena casinha de travesseiros e cobertores que eu montara, passou os braços em torno de mim e beijou minha têmpora. O sono veio instantâneamente.

— Quero ir para casa — falei, descansando a cabeça próxima à dele. Meu nariz roçou em sua bochecha. — Não estou falando de onde moramos, ou especificamente da casa que você comprou para nós. Quero um pouco de paz, para variar. Quero construir nossa família, e que todo esse pesadelo acabe. Entende o que estou dizendo?

— Perfeitamente.

— E por que sinto que não vamos conseguir? — mesmo sem querer, meus olhos encheram-se de lágrimas.

Eu estava tão farta de derramá-las.

Harry deu um pequeno beijo em minha testa, usando uma das mãos para fazer carinho em minha bochecha, afastando algumas mechas de cabelo com cuidado.

— Vamos, sim. Não se preocupe. Sempre há uma luz no fim do túnel. Se todos conseguem, eventualmente, por que não conseguiríamos?

Porque dentro de mim não há luz. Porque no fim do túnel que visualizo há outro túnel.

— Você está certo — falei, tentando acalmar os nervos. Respirei uma, duas, infinitas vezes. Meu músculo cardíaco pesava como chumbo. — Eu não deveria me preocupar à toa.

No entanto, minha voz tremia.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Harry livrou-se de seu exemplar do livro de Poções no dia seguinte. Consegui outro para ele, na biblioteca, que serviria temporariamente. Fora isso, com o episódio do Sectumsempra no banheiro masculino, as notícias espalharam-se muito rápido. Acontece que a ajuda buscada por Draco fora Snape, que não facilitara a vida de Harry e o designara a cumprir uma detenção bem no dia da última partida de quadribol do ano letivo, que aconteceu duas semanas depois.

Portanto, devido à ausência de Harry, joguei em seu lugar, como apanhadora, e Simas me substituiu na posição de artilheiro. Com Katie e Ron de volta, tínhamos chance.

— Onde está Harry? — perguntou um dos batedores, com desconfiança, à mim. Fui encarregada de administrar o time por aquele dia inteiro, e confesso que isso me deixava nervosa.

— Cumprindo uma detenção — expliquei. Não tinha mesmo por quê mentir. — Mas não se desesperem, vamos vencer. Temos potencial para isso.

— Estamos sem nosso apanhador — argumentou uma artilheira com a qual eu não falava muito. — E, com a última derrota, nosso time sente a pressão. Não podemos fingir que a Corvinal não é boa.

— Substituí Harry, no ano passado, e vencemos — revidei, chateada por sua falta de consideração. Ele poderia ao menos fingir que acreditava em minhas chances, não poderia? — Garanto que faremos de novo.

— Escute S/N — aconselhou Ron — , ela é sabia.

— Concordo — disse Dino.

Dei um sorriso contido.

— Temos que apoiar uns aos outros, certo? Katie acabou de voltar, e precisa sentir que o ambiente é confortável. Façam o melhor que puderem. Mesmo que percamos, teremos consciência de que tentamos ao máximo.

Seguimos para o campo ensolarado. Meu coração martelava contra meu peito, a mente eufórica. Harry estaria na detenção com Snape, agora, embora fosse ele quem devesse apertar a mão do capitão da Corvinal. Não eu. Mas não importava no momento; pelo menos, para a maioria das pessoas. O apito de Madame Hooch soou, alto o suficiente para perfurar os ouvidos, e então nos pusemos a jogar.

Começamos perdendo, por causa do nervosismo, mas depois fomos virando a pontuação. Às vezes, eu esquecia momentaneamente de que deveria buscar pelo pomo, já que não estava acostumada, e xingava a mim mesma por ficar observando a partida ao invés de mergulhar no ar atrás dele.

Persegui-o incansavelmente, com o apanhador da Corvinal em minha cola. Tive que ser mais esperta do que ele, mais veloz; enganei-o quando mudei de direção muito rápido, fazendo-o perder o equilíbrio e bater contra as arquibancadas. No fim, vencemos a partida, e, consequentemente, a Copa de Quadribol, apesar de termos perdido a chance de conquistar a Taça das Casas, no final do ano letivo.

Foi uma comemoração sem fim. Recebemos o troféu e fomos praticamente carregados de volta ao Salão Comunal, onde os estudantes da Grifinória organizaram uma festa. Havia comida e bebida de todos os tipos, desde doces e salgadinhos a sucos, refrigerantes e drinks com álcool. Pusemos a Taça de Quadribol num canto, onde todos pudessem ver, e em seguida fui com Hermione para o dormitório feminino, tomar um banho e me trocar.

Todos os meus pertences estavam no quarto de Harry, então peguei um vestido emprestado.

— Minha mãe comprou para mim, mas confesso que não gosto muito de nada que marque meu corpo — disse minha melhor amiga. — Raramente uso.

— Não sei por quê. Você é linda.

— Obrigada. Mas realmente não me sinto confortável. Se quiser, leve-o. Pode ficar.

Ergui as sobrancelhas, muito surpresa.

— Sério?

— Sim. Sei que fará bom uso dele.

Agradeci seu gesto com um abraço apertado, correndo para colocar o vestido, que era prateado, curto, com uma única manga comprida. Pintei meus olhos de preto e caprichei no rímel. Os sapatos seriam meus All Star de sempre, por questões de praticidade.

Descemos as escadas e nos juntamos aos outros. Encontramos Dino e Adam conversando animadamente (depois de um tempo, meu amigo acabou superando a beleza dele). Adam não era da Grifinória, mas todos gostavam muito do garoto, por isso fora convidado. Acho que, no fundo, a única razão pela qual compareceu foi porque queria notícias novas sobre o paradeiro de Ginny.

Intimamente, eu tinha pena dele: Adam amava Ginny, que me amava, que amava Harry, que me amava de volta. Apenas em nosso relacionamento havia reciprocidade.

— Oi, minha deusa, minha Princesa das Trevas — cumprimentou Dino, beijando o dorso de minha mão. — Já lhe contei o quão extraordinariamente linda está hoje?

— Você bebeu? — perguntei, rindo.

— Só algumas garrafas.

— Garrafas?! — exclamou Hermione, indignada. — Essas coisas fazem mal!

— Eu sei. É por isso que bebo.

— Pare com isso — falei, séria. — Qualquer dia você vai acabar se matando.

— Essa é a intenção.

Dei-lhe um tapa na mesma hora, com força.

— Credo, S/N! — exclamou Dino, fazendo uma careta. — Doeu!

— Que bom — respondi. — Pense melhor, na próxima vez em que for falar besteiras.

Nesse momento, uma multidão de estudantes começou a comemorar muito alto, ao som do retrato da Comunal abrindo-se para dar passagem para meu namorado, que pôs um sorriso no rosto ao perceber o que estava acontecendo. Harry caminhou em nossa direção.

— Ganhamos mesmo? — perguntou, passando um braço em torno de minha cintura e beijando minha bochecha.

— Parece impossível de acreditar, eu sei.

— Não acredito que nada seja impossível, desde que venha de você.

Sorri, afastando-nos um pouco dos outros para que pudéssemos conversar melhor.

— Como foi a detenção?

— Uma merda. Foi muito difícil não xingar Snape, sabendo que foi ele quem dedurou a existência da profecia para Voldemort.

— Sinto muito.

— Tudo bem — respondeu Harry. — Agora, quero saber de você. Como foi o jogo? Vencemos de quantos pontos?

Contei tudo a ele. Quando terminei, Harry pareceu admirado.

— Nossa. Para um time fragmentado, a Grifinória está excelente.

— Ah, sim. Mas não foi por acaso.

— É? Como assim?

— Usei o suéter com seu sobrenome estampado nas costas — confessei.

Na mesma hora, Harry deu um sorrisinho.

— Está explicado — olhei-o com seriedade. Ele não se aguentou, e começou a rir. — Estou brincando, amor. Você é uma jogadora muito talentosa. Eu sabia que conseguiria, estava colocando a maior fé em você.

— Obrigada — resmunguei, revirando os olhos, embora sorrisse um pouco. Mas só um pouco mesmo.

Como resposta, Harry me beijou. Foi sem motivo, e bom mesmo assim, com o gosto dos morangos que eu roubara da barraca improvisada de drinks. Cítrico e doce ao mesmo tempo, como uma explosão de sabores que tonteavam o cérebro na medida certa.

A melhor parte foi ver a expressão que pintava o rosto de Romilda Vane, quando Harry e eu nos separamos. Ela se encontrava no fundo do salão, segurando um copo com tanta força que achei que fosse quebrar, provavelmente frustrada com suas tentativas vãs de abordar meu namorado. Patética e impagável.

Os momentos seguintes foram de muita diversão, brincadeiras como "Verdade ou Desafio" (da qual não participei, pois ficara traumatizada com as outras vezes em que me sujeitara a isso) e beijos quentes de Harry, no dormitório que dividíamos, quando foi ficando mais tarde. Bem, talvez não apenas beijos, mas eram os momentos que contavam.

Quando acordássemos, seria sábado. Ou seja, poderíamos ficar até tarde na cama.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Não tive cabeça para estudar, nos dias seguintes, principalmente porque a junção de acontecimentos recentes mexeu bastante com minha cabeça e esgotou minhas energias. O jogo e a festa serviram para me desestressar, é claro, mas mesmo assim eu ainda sentia os efeitos do cansaço proporcionado por todo o resto.

Por causa das aulas que perdi quando estava internada na ala hospitalar, McGonagall entendeu minha situação e disse que eu não ficaria prejudicada, afirmando que faria a remarcação da data de meus testes. Assim, eu recuperaria a matéria acumulada durante esse período. Ela dispensou a entrega de trabalhos e deveres de casa, e disse que poderia me dar aulas extras, caso eu necessitasse. Nunca pude expressar em palavras o quão grata eu era por sua compreensão.

Nesse período de recuperação, o apoio de meus amigos foi essencial. Com o término de Ron e Lilá, o garoto passou a nos acompanhar muito mais que antes, fazendo piadinhas bestas a cada cinco minutos. Hermione sempre ria, e eu tentava mandar umas indiretas para ver se ela percebia que Ron estava interessado. Uma vez, inclusive, o garoto brincou de beijar a mão dela, e depois deu-lhe uma rosa. Hermione corou, mas ainda assim não caiu-lhe a ficha.

Harry brincava que venceria aquela aposta que fizemos no quinto ano, a respeito dos dois, mas eu sabia que estaria certa, no fim. vão admitir que gostam um do outro quando todos estivermos quase morrendo. Mantive minha palavra.

Além disso, os sonhos com a Morte perduraram, mesmo comigo aceitando que estava fadada à ruína. Contei tudo a Harry, é claro, mas as palavras entremeadas por promessas obscuras e veneno permaneceram açoitando minha face como tempestades de areia em paisagens de deserto, pontilhando minha visão com pedaços cortantes de terra que faziam os olhos doer.

A Morte se aproxima, Mckinnon Black.

A Morte s̶e̶ a̶p̶r̶o̶x̶i̶m̶a̶, Mckinnon Black.

A Morte s̶e̶ a̶p̶r̶o̶x̶i̶m̶a̶ M̶c̶k̶i̶n̶n̶o̶n̶ Black.

A Morte s̶e̶ a̶p̶r̶o̶x̶i̶m̶a̶ M̶c̶k̶i̶n̶n̶o̶n̶ B̶l̶a̶c̶k̶.

A Morte.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Na semana final de exames, em junho, estudei tanto que tive uma crise de ansiedade e comecei a entrar em pânico. Harry, que estava ao meu lado, tentando aprender a produzir um feitiço complicado, largou a pena e o tinteiro na mesma hora.

— Você precisa de uma pausa — disse ele, fazendo massagem em meus ombros. — Podemos passear com Pads, se acha que vai te ajudar a melhorar.

Ao ouvir o próprio nome, meu cachorro, que estava deitado sobre a mesa da Comunal, próximo à minhas anotações, ergueu a cabeça, as orelhas mexendo-se com curiosidade. Seu pequeno rabo ficou balançando com alegria.

Respirei fundo. Eu não aguentava mais olhar para meus livros escolares.

— Admito que preciso fazer qualquer coisa que não seja estudar — falei. — As letras estão começando a parecer hieróglifos.

Harry pensou por um momento.

— Que tal visitarmos os elfos, nas cozinhas? — sugeriu. — Aproveitamos para tomar chocolate quente.

Pads latiu.

— Também podemos conseguir banana para você, não se preocupe — Harry riu, fazendo carinho atrás das orelhas dele. O rabinho do animal abanou-se mais rápido, com satisfação.

Seguimos com Pads pelos corredores da escola até a entrada das cozinhas. Harry foi segurando minha mão, e nosso cachorrinho foi na frente, feliz da vida. Com eles, eu me sentia menos sozinha, e contente. Mesmo que não tivesse tantos motivos para me alegrar. Mesmo que tudo caísse aos pedaços. Era bom saber que havia quem permanecesse ao meu lado.

Assim que chegamos ao nosso destino, e Pads avistou os elfos domésticos (não os tinha conhecido antes), começou a correr atrás deles, achando que estavam brincando de pega-pega. Harry riu, me abraçando por trás e cheirando meu pescoço, e depois me conduziu à uma mesa gigantesca, de tamanho idêntico ao das que tínhamos no Salão Principal. Havia outras três iguais àquela, lado a lado. Era dessa forma que se dava nossas refeições: os elfos punham a comida, que magicamente reaparecia do outro lado, no Salão.

Meus pensamentos foram interrompidos com o aparecimento de Dobby. O elfo fez uma reverência profunda, quase encostando a cabeça no chão, e deu um sorriso que mostrava todos os seus dentes.

— Harry Potter veio visitar Dobby! — exclamou. — Em que Dobby pode ajudar?

— Viemos em busca de chocolate quente — informou meu namorado, constrangido. Às vezes, ele não sabia lidar com toda a energia do elfo. — Pensei que vocês deveriam ter algum por aqui.

— Dobby vai buscar! — guinchou o elfo, eufórico, e saiu correndo.

Quando retornou, trazendo consigo duas canecas fumegantes, Pads veio junto. Só deu tempo de Dobby colocar os chocolates quentes sobre a mesa, porque o cãozinho pulou em cima dele, derrubando-o. Percebi que o elfo pareceu meio receoso. Falei:

— Pads é inofensivo. Se der umas rodelas de banana a ele, será seu melhor amigo.

O cachorro latiu, apoiando as patinhas nos ombros de Dobby, como se o estivesse abraçando. Então, o elfo fez uma mágica, conjurando pedaços de banana na palma da mão, e Pads comeu na mesma hora, até não sobrar nada.

— Dobby gostou de Pads! — exclamou Dobby.

Foi um momento agradável, que, como Harry havia previsto, me fez relaxar o suficiente para que minha crise de ansiedade passasse. Até me rendeu umas boas risadas, quando, em certo momento, Pads resolveu voltar a implicar com os outros elfos domésticos, lambendo seus calcanhares. Eles reclamaram tanto que Harry teve que pegar Pads no colo, como se fosse um bebê, para acabar com a confusão.

No fim de tudo, estudei bastante, tive uma boa noite de sono (mesmo que com pesadelos que não me assustavam mais, embora fossem muito ruins), e consegui meu tão esperado "O" não só em Transfiguração, mas no restante das matérias que estudava: Feitiços, Poções, Herbologia, Runas Antigas e Defesa Contra as Artes das Trevas.

Estava me sentindo inteligente de novo, enfim.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Dois dias depois, apenas alguns minutos após fazermos amor em plena tarde de terça-feira, recebemos uma carta, entregada por Edwiges. Estávamos sozinhos no quarto, então não me preocupei em cobrir meu corpo quando Harry esticou-se para apanhá-la, embora tenha sentido um pouco de vergonha ao receber um olhar de reprovação da coruja, antes que se retirasse.

— É de Dumbledore — informou Harry, desfazendo o envelope. Seus olhos moveram-se rapidamente, conforme lia. — Ele disse que encontrou um meio de chegarmos à localização da Horcrux que estava investigando, e nos chamou para irmos junto.

— Deixe-me ver — pedi.

Harry me passou o papel, e eu dei uma lida. Nele, o diretor explicou que nos aguardava na Torre de Astronomia.

Deixei o bilhete de lado, e observei enquanto meu namorado corria para tomar um banho rápido, no banheiro. Logo, eu faria o mesmo, e partiríamos rumo a um destino do qual nem sabíamos se iríamos voltar.

Suspirei.

Eu tinha uma sensação péssima a respeito do restante daquele ano sombrio.

Uma vez prontos, descemos às pressas e atravessamos a Comunal. Estávamos quase na porta quando vimos Ron e Hermione, e trocamos um olhar antes de seguirmos em sua direção. Pads e Simba permaneceram seguros, dormindo e alimentados, no dormitório.

— Vão aonde? — quis saber Ron.

— Dumbledore encontrou você-sabe-o-quê.

Tínhamos explicado a eles acerca de nossa conversa com o diretor a respeito das Horcruxes, então Ron e Mione estavam cientes de que, a qualquer momento, seríamos convocados para acompanhá-lo em sua jornada. Ao menos, faltavam uns dois dias para as férias de verão, e os exames passaram.

— Queremos que tomem um gole da Sorte Líquida, cada um — falei. — Escondi-a no fundo do armário de Harry, atrás de minhas roupas íntimas.

Ron fez uma careta, como se não lhe agradasse mexer nessa parte do guarda-roupa. Revirei os olhos.

— Não seja estúpido. Qualquer pessoa saberia que esse é o lugar mais seguro para se esconder um objeto de extremo valor.

— Na verdade, é meio óbvio — confessou Hermione. — Mas vocês têm certeza disso? Deveriam tomar, já que estão partindo numa missão suicida...

— Estaremos com Dumbledore, nada de ruim vai acontecer — assegurou Harry. Ele segurava minha mão. Não sei se isso me confortava, ou se só aumentava meu medo de perdê-lo. — E obviamente protegeremos um ao outro.

— Dêem um pouco para Dino e Simas também — pedi. — Por favor, não esqueçam deles. E mantenham Pads e Simba num lugar seguro. Simba é adulto, saberia se esconder, mas Pads é apenas um filhote. Uma borboleta chamaria sua atenção. Explosões também.

— Certo.

Harry me puxou rumo ao buraco do retrato. No entanto, parei.

— Mais uma coisa — falei. — Usem o Mapa do Maroto e fiquem de olho em Draco. Ele planeja alguma coisa. Só não sei bem o quê.

Os três olharam com espanto para mim. Expliquei:

— Por mais que eu confie que meu primo saiba o que está fazendo, o que não é o caso, não podemos nos dar o luxo de pensar que a escola estará segura com Dumbledore fora dela, nos últimos dias letivos. Todo ano é igual, afinal, não é? Não somos sujeitos de muita sorte.

E quando Harry e eu corremos em disparada rumo ao que nos aguardava, pensei na faca que cuidadosamente prendera à minha calça, por dentro do suéter cor de creme. Estava gelada, como as pontas de meus dedos. Minhas sombras sussurraram que precisaria dela.

E sempre estavam certas.

——————————————

notas da autora:

oiii gente, o que acharam?

os próximos capítulos vão ser muito tensos, mas não vai faltar ação! estou empolgada e receosa ao mesmo tempo, porque o sexto ano é o meu favorito de todos, e não quero acabar...

minhas aulas voltam na segunda-feira (dia 16 de janeiro). as férias passaram muito rápido, e sei que vou ter que estudar MUITO porque será meu último ano de escola, e preciso que fazer meu melhor.

sei que não fiz nem um décimo do que sou capaz, nos anos anteriores. eu costumava ser uma das mais inteligentes da classe, mas veio a pandemia, e essa minha paixão pelo harry, que mexeu totalmente com a minha cabeça. com certeza haverá dias em que vou desejar jogar tudo para cima e desistir. provavelmente na maior parte do tempo 🤔

realmente não sei como vão ficar as postagens da fanfic, ou com que frequência vou poder escrever, mas vou aparecer sempre que der. por isso, não achem estranho se eu sumir, de vez em quando. por favor, não desistam de mim nem de masterpiece, ainda tem MUITA COISA pra acontecer.

como vão as leituras de vocês?

comecei a ler "romeu e julieta", é PERFEITO. estou me surpreendendo. também terminei toda a série do povo do ar, e vou começar o livro do oak em breve.

uma pergunta: se tivessem 100 reais nesse exato momento (ou então 100 euros/dólares/libras e etc), o que comprariam? eu gastaria tudo em livros e material escolar kkkkkkkkkkkk 😁

beijos, até próximo capítulo!! me aguardem 👀

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