A Chantagem (Adaptação)...

By DamianaSilvaa

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Camila Cabello é uma advogada competente e ambiciosa, uma mulher independente que não guarda espaço na sua vi... More

Introdução
1 - Negócio Fechado
2 - Caixas e Pacotes
3 - Remorso
5 - Fotos e lembranças
6 - Faz de Conta
7 - Brigas e Telhados
8 - Pequenas Confições
9 - Outras Intenções
10 - Surpresa Desagradável
11 - Fale a Verdade
12 - Na Cama
13 - Tempo e Decisões
14 - Duas Visitas
15 - Dor e Carinho
16 - A Festa
17 - Discussões
18 - Feriado
20 - Desencontros
21 - Planos
22 - Morangos
23 - Ela já foi
24 - Eu Também Te Amo
25 - Epílogo
Nota.

19 - O que ninguém viu

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By DamianaSilvaa


- Acho que a gente precisa conversar sobre algumas coisas. - Lauren encheu meu copo de suco e segurou a gravata mantendo-a no lugar enquanto se sentava.

- O que foi? - coloquei o copo na boca.

A brisa fresca da manhã entrava pela janela
e depois de um feriado maravilhoso eu estava bastante disposta. O problema agora seria me manter ocupada, já que a casa dela estava pronta e eu não consigo ficar muito tempo sem fazer nada.

- Não sei se você notou - seu sorriso era um misto de constrangimento e graça - mas a gente não tem sido muito cuidadosas.

Eu sabia exatamente o que ela queria dizer, mas o fato dela ter demorado tanto tempo para perceber me fez querer provocá-la.

- Como assim?

- Quis dizer… em relação a proteção.

- Quer que eu ligue para alguma empresa de segurança colocar um alarme na casa?

Esse comentário foi um pouco demais e Lauren abriu a boca desconfiada de que eu já tinha entendido a sua intenção.

- Karla. Você sabe do que eu estou falando.

- A gente já transou zilhares de vezes e só agora você lembra que não ter usado camisinha pode ter sido um problema?

- Eu culpo você. - sorriu safada, se escondendo atrás da xícara de café. - O corpo, só gemidos, a provocação… eu esqueço de tudo.

- Esquece com frequência? - isso era um pouco preocupante.

Lauren largou a xícara e aproximou o rosto do meu.

- Nunca transei com ninguém sem camisinha. Nunca. Mas com você, eu só… me distraí. - fechou os olhos como se estivesse revivendo uma memório deliciosa e eu dei um tapa em seu braço.

- Vai se atrasar.

- E você também esqueceu! Se tivesse dito qualquer coisa, eu teria colocado.

- Eu sei. Acho que me distraí, também. - sussurrei. Lauren passou a língua nos lábios como se quisesse desistir da audiência e me foder ali em cima da mesa - Mas não se preocupe, eu tomo anticoncepcional. Então, pode ficar tranquila. Sou eu quem tem que se preocupar com suas doenças. - ri.

- Eu sou limpinha. Você é que safada. - deu um beijo no topo da minha cabeça quando se levantou.

- Isso é meio delicado. Principalmente, porque a gente pulou de cabeça nisso, mas é uma cosia séria, Lauren. - mudei o tom - Tem algo que eu precise me preocupar?

- Não. Nenhuma doença. - piscou um olho pra mim - Tomo muito cuidado com minha saúde.

- Ótimo. Eu também não tenho nada. - falei antes que ela perguntasse - Tenho um cuidado obsessivo com essas coisas. Faço exames anuais. De tudo.

- Tudo bem. - ela sorriu, me pegando nos braços quando eu levantei com meu prato

- A gente pode continuar, então? Sem camisinha? Sem preocupações?

- Acho que é meio tarde para dizer não. - o beijo que eu dei em seus lábios era para ter sido rápido, mas ela me segurou pelos cabelos e não me soltou.

- Adoro ter você aqui. - confessou com um sussurro quando nossas línguas se soltaram.

- Na sua casa? - nossos narizes se tocavam e a proximidade com Lauren mais uma
vez estava tirando o oxigênio do ambiente inteiro.

Agora era eu quem queria que ela desistisse da audiência e me fodesse em cima daquela mesa.

- Não. - riu - Aqui. - explicou, sugestiva, apertando os braços ao meu redor.

- Bem… Eu não vou a lugar algum. Pelo menos, não pelas próximas semanas.

Seu sorriso largo ficou tímido e retraído.

- Você disse “algumas coisas”. - lembre.

- Sim! - bateu a mão na testa. - Como você está?

- Muito bem, obrigada. - não entendi.

- Karla. - revirou os olhos - Seu pé e seu braço? Não temos sido exatamente cuidadosos com eles e você foi pro evento de salto…

- Não se preocupe. - ri - Eu sou tipo o Wolverine. Preciso de pouco tempo para me recuperar.

Ela riu da minha referência a X-Men e perguntou se eu tinha certeza. Tive que levantar a camisa para mostrar o sumiço dos hematomas. Ela tocou minha pele ganacioso e me beijou mais três vezes antes de sair.

**************************************

Estava regando as plantas enquanto Max dormia na sombra quando vi Thierry e Rick caminhando pela calçada.

- Bom dia, vizinha. - Rick cumprimentou.

- Oi Rick. Bom dia, Thierry.

- Olá, olá. - respondeu, sorridente. Andava se apoiando no braço de Rick.

- Exercício matinal? - perguntei.

- Estou me preparando para a Maratona. Uns seis meses disso e eu consigo correr os 20 km.

Tive que rir. Seu bom humor diante de sua situação era invejável. Queria saber como sua saúde andava, mas eu me recusava terminantemente a trazê-lo para assuntos tristes.

- Parece que ele está se apoiando em mim. - Rick mostrou o braço - Mas é o contrário.

Eu conseguia ver algo de Lauren naquele garoto. Era sua gentileza inesgotável.

- Vocês dois não trabalham, não? - eu estava me repetindo nesse assunto apenas porque aquilo me incomodava profundamente.

Todas as pessoas daquela vizinhança pareciam viver de fotossíntese.

- Aposentado. - Thierry apontou para si mesmo - Não sirvo mais para nada a não ser fazer biscoitos.

- Mas são biscoitos muito bons. - elogiei.

- Eu trabalho em casa. - Rick ainda estava rindo do comentário dos biscoitos - Trabalho com desenvolvimento de softwares.

- Isso parece muito complicado.

- Escuto isso com frequência. Mas não é…sabe aqueles programas que você tem no celular o no tablet? Jogos e aplicativos?

Confirmei com um gesto.

- Pronto. Eu desenvolvo aquelas coisas e coloco para vender online. Tenho uma pequena empresa, mas como tudo é feito pela internet, todo mundo trabalha em casa e a gente se reúne de vez em quando se tiver alguma decisão mais específica que não possa ser tomada via Skype.

- Algum aplicativo que eu conheça?

- Não sei. - riu - A gente trabalha com alguns aplicativos para profissionais. Temos um compêndio com todas as leis de vários países, talvez esse você conheça. Tem ferramentas de busca, de marcação, permite que você faça anotações.

- Eu tenho um desses no meu celular! E foi bem barato.

- Olha aí. Talvez seja o meu.

- Que incrível, Rick! Nunca conheci alguém que fizesse isso. Achei que esses aplicativos eram feitos por… doendes escravizados através de magia ou algo assim.

Ele riu.

- Eu tenho alguns outros mais bobos. Mas esses profissionais são o carro-chefe da empresa. É o que dá dinheiro. Mas faço algumas outras coisas para brincar.

- Tipo o quê? - desliguei a mangueira quando notei que já estava afogando as plantas.

- Uns jogos, um sensor de movimento que pode ser vinculado a outros aplicativos e um gravador com comando de voz. São meus projetos atuais a parte da empresa. O gravador é o único que realmente está dando dor de cabeça.

- Por quê?

- Fazer a gravação ser ativada por um comando de voz é fácil. É só dizer a palavra e ele começa a gravar. O problema é parar. Porque quando você quer fazer gravações longas e com muitas interrupções, como pra um jornalista, por exemplo, quando você repassa a gravação ela fica cheia do comando para parar sendo repetido, sabe? Queria conseguir fazer com que ele ignorasse a palavra de comando. Não gravasse a palavra final. Mas se você escolhe uma palavra, ela seria ignorada sempre. Isso seria um problema se ela fosse dita no meio do diálogo. E ainda tem o problema do aprimoramento do reconhecimento de voz…enfim…

Não tinha entendido completamente, mas algo me dizia que quanto mais ele tentasse me explicar, menos eu iria entender. Achei melhor deixar para lá.

- Se precisar de alguém para ajudar quando tiver uma versão experimental, é só avisar.

- Ah, obrigado.

- E você, Camila? - Thierry quis saber. - Nenhum trabalho, hoje?

- Não. Estu de férias. Mas estou seriamente considerando voltar ao trabalho mais cedo. Essa coisa de descanso não funciona muito bem comigo.

- Sua namorada é advogada também?

Não corrigi. Nós estávamos transando. Eu estava apaixonada por ela e tinha dito isso. Ela estava apaixonada por mim e tinha dito isso. Não importava se a palavra ainda me incomodasse: para todos os efeitos, eu e Lauren estávamos namorando.

- É.

- Tem que se controlar para não avançar no trabalho dela, então, hein? - Rick
brincou.

- Nem me fale. Metade do tempo eu acho que ela não está fazendo as coisas do jeito que… A audiência!

A audiência de hoje era a do caso que a testemunha estava mentindo!

Eu sabia que ela estava mentindo e podia provar. Mas será que Lauren tinha
descoberto o que era?

- Camila? Está tudo bem?

- Está. Quer dizer, não! Acabei de lembrar de uma coisa e preciso ir.

Dei um tchau apressado para os dois e puxei Max para dentro de casa.

***************************************

- Sinto muito, senhora. Mas não posso dar esse tipo de informação.

Eu queria matar aquela secretária a machadadas.

- É um caso de vida ou morte. - exclamei para o celular nas minhas mãos.

- Não tenho autorização para isso, senhora. - continuou, do outro lado da linha - Se preferir falar com…

- Você pode garantir que não vai me deixar esperando na linha por quinze minutos como foi da última vez?

- Os advogados podem estar ocupados, senhora. Não posso prometer que eles vão atender imediatamente. A não ser que seja urgente.

- Mas é urgente, minha filha! Que parte de é urgente você está tendo dificuldades para entender?

- Se a senhora não mantiver a educação, eu não sou obrigada a escutar.

Malditas secretárias de escritório jurídico que sentem cheiro de processo plausível.

Não podia gritar com ela.

- Tudo bem. Mas é urgente.

- Certo. Se a senhora me disse qual é a urgência eu repasso a informação para…

- Devon Hill! Transfira a ligação para Devon Hill ou para Lynn… - eu tinha ouvido o sobrenome dela? - Lynn… Lynn Alguma Coisa.

- Eles não estão no escritório, no momento. Mas se a senhora quiser deixar algum recado.

Esfreguei os dedos nos olhos. Se Lauren perdesse essa causa imperdível por culpa minha, eu nunca ia me perdoar.

Quem mais eu conhecia naquele inferno de escritório?

- Verônica! - lembrei com um estalo - Você tem uma estagiária chamada Verônica trabalhando aí, não tem?

- Temos…

- Pronto! Quero falar com ela.

Alguns segundos depois uma voz feminina e cansada atendeu o telefone com um alô murcho e irritado. Ela devia estar soterrada por milhões de afazeres e atender uma ligação devia estar lá embaixo na sua lista de prioridades.

- Verônica! Você não lembra de mim. Meu nome é Camila Cabello e eu salvei sua vida e a dos outros dois estagiários no assunto da companhia elétrica.

Ouvi sua respiração do outro lado da linha.

- A amiga da senhora Jauregui?

- Exatamente! Liguei porque preciso que você retribua o favor. Lauren esqueceu uma coisa muito importante que pode fazer com que ela perca a causa da audiência que ela foi, hoje. Preciso que você verifique para mim. O cliente se chama Amberg, a audiência é para hoje. Preciso que você me diga qual é a vara e qual o horário. E rápido!

***************************************

Abri a porta de casa e Lucy quase caiu por cima de mim.

- Lucy! Oi. Olha, eu estou muito atrasada.

Empurrei ela com o corpo e tranquei a porta da frente. Tinha exatamente meia hora para chegar no centro da cidade. Só o trânsito ia levar mais tempo do que isso.

- Você estava certa. - tinha algo na sua voz que me fez virar e observá-la com mais atenção. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, algunas lágrimas ainda escapavam pelo canto dos seus olhos enquanto ela falava.

- Lucy! O que houve?

- Shawn… Shawn, Camila… Vocês estavam certas.

Ai, não. Agora não.

- Olha, eu preciso sair agora. Mas eu volto mais tarde e a gente conversa, está bem?

- Eu vou jogar as coisas dele fora! - chorou - Vou jogar tudo pela janela e mudar a chave de casa! Quero ele longe de mim! - sua voz faltava qualquer convicção e eu podia sentir que ela estava louca para perdoá-lo. Mas se ela veio até mim para que eu a convencesse a fazer isso, tinha escolhido a confidente errada. Mas tinha que ser feito direito.

- Não! Você não vai fazer isso agora.

- Vou sim! - ela inflou o peito. Aparentemente, ter alguém para impedí-la lhe deu mais convicção. Achou que poderia xingá-lo até tirar tudo de seu peito magoado e que eu a convenceria a perdoá-lo e a ficar casada. E quando finalmente terminasse de gritar, estaria pronta para morrer ao lado de seu marido traidor. Só que não era isso que eu pretendia dizer.

- Vai fazer, mesmo. Só não vai fazer agora. Não antes de eu dar uma boa olhada no contrato de casamento de vocês, me ouviu?

Seus olhos se arregalaram brilhando. Ela queria jogar as coisas dele pela janela e
humilhá-lo. Mas ele pediria desculpas e ela perdoaria. Seu plano ia até aí. A mera indicação de que um divórcio se seguiria fez suas pernas tremerem perceptivelmente.

Ela ia fazer besteira.

Se eu a deixasse ali sozinha, ela ia fazer alguma besteira enorme e irreparável.

- Vem cá. - puxei-a pelo braço através do gramado de Alexia e toquei a campanhia
compulsivamente.

- Camila! - ela usava um avental todo sujo de tinta por cima das conhecidas roupas escuras. O cabelo estava amarrado em um cuidadoso nó e eu percebi imediatamente que ela deveria estar dedicando um tratamento real ao cabelo novo.

- Preciso que você olhe a Lucy e preciso pegar seu carro emprestado.

- Você precisa de muitas coisas. - reclamou - E eu estou ocupada.

- Ah, é? - puxei Lucy chorosa para o seu campo de visão.

- O que foi que houve?

- Alguma epifania maluca e ela quer se livrar do Shawn.

- Oh, Lucy! - Alexia a abraçou.

- Não é hora de abraços. - eu as separei antes de segurar Alexia pelos ombros - Ela não pode fazer alguma besteria antes de eu dar uma olhada no contrato de casamento, você entende?

- Entendo.

- Precisa ficar de olho nela até ela voltar.

- Tudo bem, sem problemas.

- E preciso do seu carro. É urgente. É sobre uma causa de Lauren. A audiência é agora e eu preciso chegar lá.

- Você é nova na cidade. Vai ser mais rápido se eu te levar.

Estava certa.

Lucy estava fungando ao meu lado como se fizesse parte de uma realidade alternativa e eu suspirei.

- Posso levá-la para o Clube dos Biscoitos! - Alexia sugeriu animada. Ah merda, aquilo tinha virado um nome? - Rick e Thierry ficam de olho nela até eu voltar. Ou você precisa que eu te espere?

- Não eu volto de táxi, de ônibus, de mula, qualquer coisa… Só preciso chegar lá! - Então, vamos!

**************************************
                             Lauren Jauregui

Desejei bom dia para as pessoas na sala e sentei na cadeira ao lado de Lynn.

- Bom dia, Laur.

- Bom dia. - sorri educada - Senhora Amberg. - cumprimentei.

Ela estava sentada em uma cadeira de rodas. Ia ficar ali pelo resto da vida. Seu filho mais velho estava sentado em um banco logo atrás, esperando. A expressão dos dois era de uma derrota ainda não completamente assumida

- Primeiro, o juiz vai ouvir as testemunhas. - expliquei ao seu ouvido - Ele vai fazer algumas perguntas. Depois será a vez dos seus advogados e depois somos nós.

- Ele está mentindo, doutora Jauregui. Não aconteceu daquele jeito.

- Vamos tentar deixar isso claro, está bem?

Ela concordou com um gesto exausto.

Eu devia ter perguntado a Dominique.
Mas eu sabia a resposta: ela tinha inventado aquilo para me provocar. Toda aquela história de ter visto algo no processo que provava a mentira de Harris… Não havia nada ali. O processo foi esmiuçado por uma equipe inteira. E depois de novo. Nem eu, nem ninguém conseguiu encontrar nada ali.

A história do homem estava perfeitamente encaixada e eu não precisava ouvir Camila dizer que tinha mentido para mim. Não quando estávamos indo tão bem.

- Senhores? Vamos começar, então? - o juiz folheeou o processo.

Sybill Amberg era uma funcionária da Construtora Hammil. Seu cargo deveria ser de secretária. Ela deveria passar o dia em uma pequena sala cuidando de papeis.
Mas por algum motivo, tinha sofrido um acidente em campo, regulando um aparelho sem as instruções necessárias para tanto.
A Construtora alegava que o técnico estava com ela, a defesa era que o técnico estava operando a máquina e que Sybill semachucou por culpa própria.

O que Sybill alegava, e nós sabíamos ser verdade, era que, após uma longa onda de demissões, a Hammil estava usando os funcionário de todos os modos errados e
Sybill foi instruída a regular equipamentos, mesmo sem conhecimento, e obdeceu por medo de ser demitida.

Foi a imprudência da Construtora que fez com que a jovem senhora Amberg se envolvesse no terrível acidente. Ela ficou caída por horas sozinha até o técnico
finalmente chegar e ouvir seus gritos. Mas não era isso que a testemunha dizia.

- O senhor estava presente no momento do acidente? - o juiz quis saber.

- Estava.

- Mas se ausentou. Por quê?

- Precisei ir buscar ajuda. Mas era no meio da semana e não há nada por perto do sítio de construção a não ser uma livraria. Corri até lá. Precisava de uma toalha ou um pano, para ajudar a estancar o sangramento. E de um telefone.

- Estava sem celular?

- Não tinha sinal.

- Não havia telefone no sítio de construção?

- Não. As obras ainda não começaram. Eram só testes preliminares. Coisa que qualquer pessoa pode fazer. A senhora Amberg me acompanhou para anotar os resultados, ela estava tirando algumas fotos quando se distraiu e andou para o lugar errado.

- Mentiroso! - Amberg falou sofrivelmente.

- Senhora Amberg, por favor. - instruí. - Não vai acontecer de novo, excelência.

A nossa argumentação girava em torno da negligência da empresa. Estávamos alegando que eles poderiam tomar medidas de segurança maiores, que deveriam ter mais pessoas presentes no local se os testes tinham algum risco em potencial. Mas a diferença entre um cuidado não ter sido tomado para proteger a senhora Amberg
e eles terem ativamente colocado a funcionária sem as qualificações necessárias em um ambiente perigoso era de alguns milhões na indenização. Ao invés dos poucos milhares que ela acabaria recebendo.

Os advogados da Construtura solidificaram ainda mais o fato de que a empresa tinha feito o possível para proteger os funcionário e que a culpa foi exclusiva da vítima.

- Vamos passar a palavra agora para os advogados da senhora Amberg. - o juiz indicou.

Lynn organizou a listagem de perguntas e me passou.

- Boa dia, senhor Harris.

- Bom dia.

- Primeiro, queremos tirar algumas duvidas sobre o padrão de segurança da…

A porta se abriu atrás de nós e todos os olhos da sala se levantaram para

Camila.

Camila?

Mas o quê diabos…

- Peço desculpas pelo atraso.

Ela usava uma saia cinza justa que ia até os joelhos e um blusa branca de seda com mangas compridas. Os primeiros três botões estavam desatacados e o decote improvisado exibia o alto dos seus seios. O cabelo estava preso em um elegane rabo de cavalo. A maquiagem era discreta e seus brincos eram um delicado par de brilhantes. O conjunto como um todo era o que fazia as mulheres do escritório chamá-la de vadia e se morderem de inveja.

Camila no auge do poder, a advogada cruel que me irritou todos os dias da minha vida pelos últimos anos me deu vontade de pedir que ela me esperasse em casa vestida exatamente daquele jeito. Pra eu arrancar aquela saia com os dentes.

- E quem é você? - o juiz perguntou com pouca severidade na voz.

Não pude deixar de imaginar que uma parte dele também estava babando por aquele
delicioso pedaço de mulher que tinha acabado de entrar. Lynn tinha o queixo no chão e encarava Camila como se quisesse fervâ-la com o olhar.

- Sou uma das advogadas da Senhora Amberg. Sou a encarregada da sua causa. Pedi para que uns colegas a acompanhassem porque poderia me atrasar.

Eu foquei meus olhos no seu, em desespero.

Camz, o que você está fazendo?

Mas havia uma segurança no seu andar que empurrava questionamentos para bem
longe.

Deixe ela fazer o que sabe, Lauren.

- Obrigada, meu bem, mas já cheguei. - ela puxou a cadeira de Lynn e indicou que ela se levantasse. Lynn olhou para mim como se esperasse que eu fizesse alguma coisa. Mas fazer o quê?

- Não gosto que as pessoas se atrasem para minhas audiências, doutora…

- Cabello. - observou o juiz com um sorriso - E eu me atrasei porque estava preparando algumas provas que o senhor vai achar muito interessante. Quando eu terminar de falar, garanto que vai ter valido a pena esperar.

- Ainda assim. Vou deixar os outros advogados…

- E você não precisa me agradecer, agora. - ela estava mandando o juiz calar a boca?

Ai meu deus… enfiei a testa na mão e rezei para acordar e descobrir que aquilo era algum tipo de pesadelo insano

- Pode me agradecer depois.

Acho que ela deu um beliscão no ombro de Lynn, porque minha nova colega se levantou e foi se sentar ao lado do filho de Sybill.

Por favor, Camz, me diz que você sabe o que está fazendo.

- Senhor Harris. - ela empurrou os papeis de Lynn para longe - É o senhor?

- Ahm… Sim, sou.

O babaca estava encarando o decote de Camila. Eu fiquei me perguntando se seria
uma de suas estratégias intencionais para distrair as testemunhas.

- Sou Camila Cabello A Construtora já encerrou suas perguntas?

- Já. - o juiz expirou e jogou as costas contra a larga cadeira. Tinha desistido de discutir com ela.

É… eu conhecia bem aquela sensação.

- Ótimo. Tenho algumas perguntas, então, senhor Harris. Se não se incomoda.

- Claro. - ele sorriu um pouco demais.

Calma aí, idiota.

- O senhor trabalha para a construtura Hammil como técnico de testes, estoucerta?

- Sim.

- E foi conduzir os testes que levaram ao acidente de Sybill Amberg no dia 25 de maio deste ano?

- Fui.

- Pessoalmente?

- Pessoalmente.

- O senhor estava lá, fisicamente presente, no momento que o teste foi realizado. Viu a senhora Amberg sofrer o acidente no exato segundo em que ele aconteceu e depois saiu para buscar ajuda?

- Exatamente.

- E demorou algumas horas para voltar?

- Já expliquei antes da senhora chegar. - começou, sorrindo.

- Explique de novo. - tinha algo feroz em sua voz que fez a testemunha engolir em seco e nem mesmo o juiz ousou questioná-la.

- O sítio de construção ainda não estava preparado. A estrutura não estava pronta.
O celular não tinha sinal. E a única coisa que havia por perto era uma livraria. Tive que correr através do estacionamento e procurar um telefone.

- E isso levou duas horas?

- Tentei procurar uma toalha antes. Sei que foi estúpido, mas ela estava sangrando e eu nunca tinha presenciado algo daquele jeito. Não conseguia parar de pensar em estancar o sangramento e não notei o tempo passando.

- E por que não pedir ajuda?

- A livraria estava vazia como o dia depois do apocalipse. Fica longe da cidade e era um dia de semana… Não havia muitos funcionários ou clientes.

- E a toalha? O senhor achou?

- Não. Liguei para a emergência e voltei. Foi só aí que me ocorreu tirar minha camisa. Como eu disse: estava muito nervoso. Não consegui pensar rápido o suficiente.

Camila estava sorrindo. Algo no seu sorriso me tranquilizou. Era lindo vê-la em ação. Ela dominava o ambiente inteiro como se pudesse prever o futuro e soubesse que era só uma questão de tempo até tudo se concretizar exatamente do jeito que ela previu.

- A livraria que fica ao lado do sítio de construção é uma Hillbrooke, não é?

- Sim.

- E não é uma Hillbrooke qualquer. É uma das maiores da cidade. Estou certa?

- Acho que sim.

- Excelência, pela ordem. - pediu Marden, o advogado da construtora - Qual a relevância disso?

- Vou dizer agora mesmo. - Camz respondeu pelo juiz e eu imaginei que se fosse biologicamente possível, Marden estaria soltando fumaça espontânea pelo nariz. - Os eventos se passaram no dia 25 de maio.

Ela respondeu com simplicidade e eu vi o seu lindo corpo se recostar elegantemente contra a cadeira como se tudo estivesse resolvido.

- Desculpe, mas… - o advogado estava rindo - O que tem isso?

- Ah, o senhor não sabe? - ela passou a língua nos lábios, já estava saboreando uma vitória que só ela sabia que tinha conquistado - O dia 25 de Maio é o Dia do Orgulho Nerd. O grupo cultural se reúne em vários lugares, principalmente em livrarias, para comemorar o dia do lançamento de um dos filmes de Guerra nas Estrelas e para homenagear o escritor Douglas Adams no aniversário da sua morte. A livraria Hillbrooke teve um evento, nesse dia. No horário do acidente, do outro lado do estacionamento. Havia uma livraria apinhada de gente. Então, o senhor vê, não haveria como não encontrar alguém para ajudar.

Minha nossa…

- Mas eu demorei para chegar lá. Estava procurando uma toalha…

Camila passou algumas fotos impressas para o juiz e para a outra parte.

- São fotos do evento. Havia grupos se reunindo por todo o estacionamento. E vê o que quase todas as pessoas tem nas mãos?

- São toalhas? - o juiz perguntou.

Camila estava rindo.

- Douglas Adams escreveu uma série de livros chamada de O Guia do Mochileiro das Galáxias. É uma comédia com uma suave crítica social. Mas o fato é que ele narra o que uma pessoa precisa para mochilar pelas galáxias e a toalha é o item mais importante. Em uma referência ao livro, o grupo cultural sai de casa com toalhas nesse dia, em homenagem ao escritor. Por isso que 25 de Maio, o Dia do Orgulho Nerd também é conhecido como O Dia da Toalha. Agora, senhor Harris, sei que o senhor já explicou isso antes da minha chegada e mais uma vez logo depois, mas será que o senhor poderia explicar mais uma vez como estava presente
no momento do acidente e demorou duas horas procurando uma tolha e uma pessoa para ajudar e voltou sem nenhum dos dois, mesmo estando do lado de um evento cheio de pessoas e toalhas?

O homem ia precisar ser entubado para voltar a respirar.

- Isso é algum tipo de piada? - o juiz se virou para o advogado da construtora com fúria nos olhos - Você acha que meu tribunal é um circo e que você pode trazer macacos treinados para mentir na minha frente?

- Excelência, claramente há alguma engano… Não é uma piada, eu…

- Não, não é piada. - a diversão sumiu da voz de Camila e agora ela estava séria como o diabo - É perjúrio. E nós vamos passar a acusação pelos meios devidos. A lei não é uma brincadeira que você pode manipular, advogado. Deveria ter pensado melhor antes de tentar nos fazer de palhaços.

- Ainda bem que a doutora Cabello conseguiu impedir esse absurdo. – o juiz expirou.

- Eu disse que poderia me agradecer depois, Excelência. – ela sorriu. – Já é depois.

- Doutora Cabello, obrigado. Essa audiência está encerrada. - o juiz decidiu. Vocês serão todos comunicados da minha sentença.

Ele se levantou para sair.

- Excelência, por favor…

Marden se levantou com ele e eu notei que Harris estava branco como uma folha de papel.

- O que isso significa? - Amberg se virou para Camila. Não para mim ou para Lynn… Para Camila.

- Vamos ter que esperar a sentença, mas acho que vai ser uma vitória de alguns milhões.

Sybill a puxou em um abraço estranho e eu a vi sorrir. Aquele sorriso lindo que fazia meu mundo inteiro derreter.

- Jauregui. Acho que podemos renegociar os termos do acordo como vocês sugeriram
inicialmente. Exatamente nos termos de vocês e resolvemos isso de uma vez.

- Meu bem. - Camila se enfiou entre nós e nos seus saltos altos ela era mais alta do que o miúdo Marden - Acho que você não está entendendo a gravidade da situação. - cruzou os braços na frente do corpo de um jeito que fez seus seios saltarem - Vamos fazer uma denúncia sobre o seu comportamento para o Conselho da Ordem. Eu vou querer os milhões da sua empresa, cada centavo conforme o pedido da senhorita Amberg e vou querer sua licença profissional. Enquanto eu viver, vai ser minha missão de vida que um traste mentiroso como você nunca mais exerça advocacia na vida. Não haverá qualquer acordo. Não para esse processo. Se fosse você, começaria a pensar em qual acordo o seu cliente vai querer fazer quando abrirmos mais um processo contra ele. Por danos morais dessa vez.

Eu queria jogar ela em cima da mesa da sala de audiência, rasgar a blusa de ceda fora do seu corpo e chupar aqueles peitos perfeitos.

Estava sentindo um tesão louco vendo ali, a centímetros de distância do meu corpo
sendo a Camila Megera. Era muito delicioso de assistir. Principalmente quando ela estava no meu time e quando eu sabia que podia levantar aquela saia cinza e fodê-la quando chegasse em casa.

Marden engoliu em seco e saiu. Lynn estava atrás de nós, escolhendo as próximas palavras com cuidado. Sybill e seu filho se abraçavam em comemoração e tive certeza que Cabello era a pessoa mais incrível do universo.

*************************************

Andrew Conaughy ofereceu umas doze propostas de emprego diferentes para
Camila. Ela recusou cada uma com educada discrição mas sem colocar uma certeza absoluta em suas palavras. Isso me fez sorrir como uma boba.

Ela não queria fechar aquela porta definitivamente porque estava pensando em se mudar para lá. Tinha que ser. Era o único motivo.

Depois que champanhes foram estourados e Sybill abraçou Camila pela milésima vez, ela me acompanhou até meu escritório e ficamos sozinhas.

- Dia do Orgulho Nerd, han? - provoquei.

- Vai se foder, Jauregui.

- Vou. Mas antes você me conta como sabia disso.

- Conhecimentos gerais são importantes, sabia?

- Se não soubesse, teria aprendido agora.

- Assim que eu vi que era no dia 25 de maio e que o cara se defendeu dizendo que saiu para buscar uma toalha e não encontrou, eu soube que tinha alguma coisa estranha.

- Você foi espetacular.

- Eu geralmente sou. - sorriu debochada e eu quis vê-la de joelhos com a cabeça na minha virilha.

- Estava com saudade de te ver assim.

- Com saudade é?

- Estava quase esquecendo desse seu jeito autoritário.

- Acho que vou ter que te lembrar dele com mais frequência, então. - ela deu dois passos e trancou a porta da minha sala.

Precisei apenas ouvir o clique da trava para
sentir meu pau ficando duro dentro da minha calça.

- O que você está aprontando.

- Cala a boca. Eu disse que você podia falar?

Ah, sim. Por favor. Faz isso. Meu pau gostou da brincadeira mais do que eu e estava espremido contra o pano.

Sua boca tomou conta da minha em um beijo louco apenas para me soltar muito rápido. Eu queria mais. Queria aquela saliva deliciosa na minha língua.

Camz me puxou pela gravata e me jogou contra a cadeira, eu caí sentado e assisti
ela passar as mãos pelas próprias coxas. Inclinei meu corpo para frente para tocá-la.

- Eu disse que podia me tocar? - se afastou. Recostei na poltrona e vi suas mãos passeando delicadas e fogosas pelo meio de suas pernas.

Ela encontrou algum ponto sensível em sua entrada e estava se acariciando. Enfiou dedos lá dentro e eu quis que ela parasse com a brincadeira para eu poder colocar meus dedos lá dentro também. Tirou os dois dedos úmidos com o seu suco e colocou eles sobre os meus lábios.
Abri a boca e suguei sentindo seu gosto. Ela tirou os dedos da minha boca e levou para sua. Lambeu com um cuidado sensual e meu pau latejou como um tambor.

Suas mãos desatacaram os botões da minha calça, baixaram o zíper e minha ereção
saiu da cueca gritando por ela. Dom engoliu até o talo e deixou eu foder sua boquinha por alguns segundos. Eu ia começar a gemer quando ela levantou tirando a calcinha. Era uma porra de renda preta que eu peguei e esfreguei contra o nariz sentindo seu cheiro.

Tudo daquela mulher me excitava. Tudo.

Camila levantou a saia cinza e abriu as pernas em cima de mim. Coloquei uma mão na sua cintura e a outra na base da minha ereção enquanto descia seu corpo no meu pênis duro e desesperado. Ela se moveu devagar e suculenta e mordeu os dedos enfiados na boca para sufocar o gemido. Minha carne dura escorregava dentro dela sentindo sua maciez e seu calor. Apoiou as mãos nos meus ombros e aumentou a velocidade.

- Merda, Lo… - ela sussurrava com tesão - Eu não aguento mais passar um dia sem esse teu pau.

O desejo que saía da sua boca conseguia me deixar ainda mais rígido dentro dela.

Se é que isso é possível.

- E eu não consigo mais olhar pra você sem pensar em sexo. - minhas palavras saíam ofegantes e mornas - Na hora que você entrou naquela sala de audiência eu só pensava em arrancar tua roupa e te comer ali mesmo, na frente do juiz.

Ela começou a rebolar e eu fui pro Paraíso. Mantive as mãos no seu quadril sentindo seu movimento fluído e joguei a cabeça pra trás na poltrona. Meus pés estavam grudados no chão e eu me impulsionava devagar seguindo o ritmo dela, me enfiando mais e mais fundo.

- Quase… Quase… - ela começou a ofegar, seus mamilos endurecidos estavam marcando a camisa de seda e eu notei que ela não estava usando soutien. Coloquei a boca por cima da sua blusa e mordi o discreto ponto rígido. Seu movimento ficou mais intenso e eu podia ouvir os pés da cadeira se arrastando pelo chão da sala. Um traseunte atento ouviria os barulhos óbvios e eu seria demitido. Mas que se foda.

Não tinha nada no mundo que me fizesse sair de Camila naquele instante.

Segurei seu pescoço na minha mão e toquei seus cabelos. As mãos espalmadas de Camila estavam contra o meu tórax.

- Me morde. - mandou e eu obedeci. Mordi seu queixo, seu pescoço, sua boca. -Isso… Isso… Lau-reen…

Sua blusa de seda começava a sair de dentro da saia e minha mãe encontrou um espaço livro para se enfiar lá dentro. Encontrei seu seio nu e o mamilo excitado.

Ela continuou com aquele rebolado impossível ao meu redor e eu não aguentava mais esperar.

Precisava dela nua, agora.

Arranquei sua blusa e acho que vi alguns botões voando. Passei a mão entre seus seios e joguei meu quadril contra ela com violência.

- Não pára! Lauren! Não pára! - não precisa nem pedir, meu bem, não pretendo parar.

Não pretendo parar nunca.

O orgasmo iminente fez com que ela mordesse o lábio com tanta força que ele ficou branco ao redor dos dentes. Só mais um pouco e eu poderia gozar junto com ela. Mas tinha mais uma coisa que eu queria fazer.

Camila estava caindo sobre meus ombros quando eu a segurei e olhei em seus olhos.

- Camz, eu quero foder essa tua bocetinha em cima da minha mesa.

- Vai. Faz o que você quiser. Eu sou toda sua.

Eu ainda estava dentro dela quando enfiei minhas mãos por baixo dos seus joelhos e a levantie no ar. Três passos e coloquei ela em cima da minha mesa por cima dos papeis e teclado. Nem me incomodei em jogar nada no chão. Apoiei sua bunda na borda e fiquei de pé estocando nela com vontade. Ela ainda estava mole se recuperando do orgasmo, mas logo voltou a gemer e se contorcer.

A visão de Camila nua e arreganhada em cima da minha mesa era uma que eu nunca mais ia conseguir esquecer. Droga… trabalhar ali ia ser difícil.

- Eu queria ter te comido todos os dias, assim. Pelos últimos anos. Toda vez que você fizesse um comentário safado. Te jogava na minha mesa e te rasgava com meu pau até você aprender.

- Acho que se fizesse isso eu não ia calar a boca nunca. - meti com mais força.

Mais uma vez e outra. Ouvir que ela me desejava, o tesão que sentia por mim, me
deixava ainda mais louca

- Ia te provocar de propósito só pra você ter que me dar uma lição. - seu sorriso era sacana com uma boa dose de deboche.

- Cala a boca ou eu enfio meu pau aí pra você manter essa boca ocupada.

- Achei que quem estava mandando era eu. - riu.

- Achou errado.

Eu estava dando uma surra nela. Metia meu pau com força e violência e quanto mais ela indicava que estava gostando, mais fundo em me enfiava.

Segurei sua cintura com força e virei ela de barriga para baixo na quina da mesa.

- Vem cá que eu quero te comer de quatro.

Ela chiou alguma coisa incompreensível, mas eu estoquei de novo e ela calou a boca a não ser pelos familiares rosnados de tesão.

- Karla, se você não empinar essa porra dessa bunda, vai apanhar.

Vi sua bunda descendo propositalmente e entendi o recado. O tapa estalou alto e ela gemeu gostoso.

- Vai, minha linda, levanta essa bunda pra mim.

Ela se empurrou contra o meu pau com força, mas não se empinou e eu joguei minha mão aberta contra sua bunda mais uma vez.

- Fala comigo, Lauren. - pediu se esfregando - Fala pra mim o que você quer.

- Quero que você empine essa porra e implore.

Camz levantou a bunda e eu a segurei, apertando em êxtase. Seus cotovelos estavam apoiados na ponta da mesa e suas mãos deixavam marcas de suor na madeira escura da mesa. Curvei sobre ela, beijando sua coluna e me afastei de novo para admirar seu corpo suado, de quatro, empinado só pra mim.

**************************************
                              Camila Cabello

Lauren jogou minha blusa de volta depois de fechar o zíper. Eu abaixei minha saia e
resgatei minha calcinha.

- Estragou alguns botões… - notei assim que vesti a camisa.

- Vou estragar mais alguns quando chegar em casa. -sussurrou com o nariz enfiado no meu cabelo.

Puxei a seda para frente tentando evitar que os buracos causados pela ausência de botões ficassem muito evidentes.

- Vou precisar de um táxi.

- Não… eu te deixo em casa.

- Tem certeza?

- Tenho. Ia sair para almoçar de todo jeito. Quer vir comigo?

- Restaurante italiano? - ri.

- Com certeza! - exclamou exagerado e meu sorriso aumentou.

Era tão confortável ficar com Lauren. Parecia que estávamos fazendo aquilo há anos e eu me sentia absolutamente a vontade ao seu lado.

- Obrigado pela ajuda, hoje. - sua boca tocou a minha com carinho.

Gostava de como o toque de seus lábios quentes faziam meu coração derreter dentro do peito.

Era… feliz.

- Disponha.

- Tenho que confessar, achei que você estava inventando.

- Rá! Inventado? Tome vergonha, Michelle.

Ela me abraçou pela cintura. Nossa… eu amava quando ela fazia isso. Eu me
sentia dela. E era uma sensação muito indescritivelmente boa: ficar ali, com minhas mãos apoiadas em seus ombros e seu sorriso a centímetros do meu.

- Verdade. Não devia ter duvidado.

- Não devia. - dei um peteleco no seu nariz e recebi um beijo na bochecha.

- Mas você chegou bem a tempo para me salvar.

- Graças ao Rick!

- E quem é Rick? - me espremeu de um jeito ciumento.

- O vizinho. Ele mora na esquina.

- O vizinho? - sua boca tremeu de um jeito peculiar e eu entendi qual era seu problema.

- Não, Lo! O Rick não tem nada a ver com…nada. Não foi ele.

- Ah. - ela sorriu e me apertou ainda mais forte - Então, eu gosto do Rick.

- Estava regando as plantas quando ele passou caminhando. Começou a falar sobre seu trabalho… - sorri, arrumando sua gravata - Ele desenvolve aplicativos e entende dessas coisas de computador. Aí uma coisa levou a outra e ele começou a me chamar de workaholic e dizer que eu iria avançar no seu trabalho depois de tanto tempo de férias. Foi só então que eu me lembrei que você tinha mencionado que a audiência era hoje.

- Bem, então devo um obrigado ao Rick também.

- Vou dizer a ele que você agradeceu. - dei um selinho nele.

Não havia nada no mundo mais gostoso que sua boca.

*************************************

- Tchau, querida.

Respondi seu cumprimento com um sorriso e tentei esconder o excesso de alegria que eu sentia. Já estava com um pé fora do Porsche quando ela me puxou pelo braço para mais um beijo.

- Juro que não canso disso. - murmurou nos meus lábios - Quero te beijar pra sempre.

Passei os nós dos dedos pelo seu rosto apreciando o contato de cada centímetro de
sua pele.

- Não faça promessas que não pode cumprir, Michelle. - sussurrei de volta, beijei seu
rosto e desci.

- Ei! - baixou o vidro da janela quando passou por mim - Pretendo cumprir. -piscou um olho para mim antes de acelerar pela rua de volta ao trabalho.

Andei até a casa de Thierry, primeiro. Queria resolver essa coisa toda com Lucy de uma vez, voltar pra casa, tomar um banho e colocar a lingerie mais sensual que
eu tivesse. Voltar para casa.

Eu estava realmente ficando mais e mais a vontade.

A sala de Thierry estava completa: ele, Rick, Alexia, Lucy e Madeleine. Até Madeleine…

Toda a vizinhança desocupada reunida. Legal.

- A gente foi com ela até lá buscar o contrato de casamento que você disse que queria ver. Ela demorou um bocado para achar. - Alexia reclamou, cruzando os braços na frente do corpo.

- Certo. Deixe eu dar uma olhada. - cumprimentei o grupo rapidamente e me afastei com Alexia. - Você conseguiu conversar com ela e descobrir o que aconteceu?

- Ela só chora. - deu de ombros – Só se acalmou agora há pouco. Mas pelo que eu entendi, ela voltou do dia do salão toda pronta para seduzí-lo e ele nem notou diferença. A Lucy passou a noite triste e, ontem, no feriado, ele disse que tinha que trabalhar e ela o seguiu. E aí viu… bem…acho que que você pode imaginar.

Baixei os olhos para o contrato e li rapidamente.

- Ela tirou fotos dele traindo ela?

- Até onde eu sei, não. Acho que a gente vai precisar perguntar.

- Lucy? - me aproximei com cuidado e sentei ao seu lado. Madeleine pulou para a ponta do sofá deixando que eu passasse. - Alexia me contou sobre o que você viu ontem.

Percebi que todo o Clube dos Biscoitos deveria estar tentando animá-la pelas últimas horas e provavelmente estavam conseguindo, porque quando eu mencionei o nome dele, seu olhar congelou e lágrimas começaram a se formar. Todos ao meu redor me encararam com ares de reprovação.

- Só preciso saber se você em alguma prova do que viu. Tirou alguma foto?

- Não. - comentou chorosa - Só fiz correr de lá.

- A gente vai precisar de provas que ele te traiu. Assim, quando você se divorciar, ele não tem direito a nada seu.

- Camila… não sei se é isso que eu quero. E se tiver sido só uma vez?

- Não foi, Lucy! Eu e Camila já falamos com você sobre isso.

- Mas o que foi que vocês viram?

Ela precisava saber de uma vez. E se fosse me dar um tapa na cara que desse e acabasse logo com isso.

- Eu conheci o Shawn sem saber que ele era seu marido, Lucy. Ele não mencionou nem uma vez. Eu ainda não estava com Lauren. Shawn deu em cima de mim e nós transamos.

Ela abriu a boca na minha direção e não foi a única.

- Sabia que essa daí não valia nada. - Madeleine achou importante mencionar.

- Cala a boca, velha chata! - Alexia correu para a minah defesa, mas eu conseguia me defender sozinha.

- Não sabia que ele era casado. Mas ele não presta, Lucy. É um fato comprovado. Se você quiser gritar comigo ou me dar um tapa…tudo bem. Mas eu realmente não sabia.

- E chamou ele de pau pequeno quando descobriu. Bateu a porta na cara dele e disse que sumisse. Eu estava lá e vi com meus próprios olhos! - levantou o dedo do
meio para uma Madeleino que pareceu ultrajada.

Lucy engoliu em seco e se abraçou. Estava chorando quando disse: - Vocês tem certeza que era ele?

- Lucy! Pare de se enganar. Por favor.

- Camila… não sei se quero me divorciar dele. - ela não parecia estar com raiva de mim quando disse isso. Só havia uma emoção reconhecível em sua voz.

- Sabe, sim. Você só está com medo.

- Não precisa ficar com medo, Lu… - Alexia segurou seu braço e tentou reconfortá-la.

- É, a gente vai te dar todo o apoio. Você não vai ficar sozinha hora nenhuma. - Rick acrescentou.

- Estamos todos com você, garota. - Thierry deu um beijo gentil na sua testa.

- É, todos nós. - até Madeleine se aproximou e eu tive que ficar impressionada.

- O que me diz, Lucy?

- Eu não saberia nem por onde começar… - havia um brilho diferente nos seus olhos. Ela devia ter passado o dia ouvindo discursos de incentivo dos vizinhos e agora se sentia protegida o suficiente para tentar fazer aquilo.

- Primeiro, a gente precisa se certificar que ele não vai levar nada seu no divórcio.

- Como assim não levar nada dela? - Alexia quis saber.

- Acho que ela quer dizer que a Lucy deve garantir que quando o divórcio acabar ela vai levar pelo menos metade de tudo que o Shawn tem. - Madeleine, a especialista em casamentos.

- Não, não é isso. O dinheiro da família é todo da Lucy. Shawn usa o seu dinheiro, não é?

Todos os olhos da sala se voltaram para ela, impressionados.

- Quer dizer que você nem precisa dele para sobreviver? - Alexia parecia indignada - Então, por que diabos se submeteu a ele tanto tempo?

- Alexia. Não seja assim. - Thierry aconselhou.

- Estou só dizendo que…

- Não é importante, Alexia! - agora, era Rick quem se manifestava. Ele tinha o dom de saber quando um assunto não precisava ser discutido.

- Calem-se todos! - ordenei - Temos que conseguir provas de que Shawn quebrou uma das cláusulas contratuais e traiu Lucy.

- Dei dinheiro para ele começar os investimentos… - precisa de sua atenção, mas ela estava bem longe. Relembrando o começo de sua vida. - Foi por causa dos meus altos investimentos que ele conseguiu o trabalho que tem hoje…

- Safado. - resmunguei e Lucy me observou com olhos de reprovação. - Diga você também, chame ele de safado!

Ela abriu um sorriso discreto.

- Crápula arrogante. - Madeleine sugeriu.

- Descarado desonesto. - Thierry e Rick entraram no clima e logo a sala inteira estava proferindo ofensas contra Shawn.

- Safado. - Lucy conseguiu sussurrar finalmente. - Descarado, traidor, sem vergonha. - A cada palavra ela tomava mais força e era bonito de assitir.

Logo ela estava chorando e xingando ele de todos os nomes horríveis que conseguia pensar em alto e bom som.

- O que eu faço, Camila? - se virou para mim, com o coração satisfeito e aliviado.

- A gente pega ele te traindo.

- Então, você vai ficar com ele, de novo? - Alexia quis saber.

- Garota, desencana dessa ideia. Não vai acontecer.

- Mas como a gente vai pegar ele, então?

- Poderíamos nos revesar. - Rick sugeriu - Cada um de nós segue ele por um tempo. O cara não consegue se controlar, não é?Quando ele fizer de novo… um de nós
pega ele.

- Não gosto de depender do acaso. - toquei minha boca com o indicador e formulei um plano rápido. - Lucy, você teria algum problema se armássemos pra cima dele.

- Não. - senti convicção em sua voz.

- Madeleine. Você ficaria com um homem casado com a benção da esposa? - ela me olhou descrente - Estou falando sério.

- Shawn não vai dar em cima da velha.

- Greenpeace, silêncio. Sou eu quem está dando as ordens. Ficaria, Madeleine?

Ela olhou de um lado para o outro, encontrou apenas olhares de apoio e aprovação.

- Ficaria, mas como…

- Eu me preocupo com essa parte. Mas Shawn vai aparecer te procurando em breve. Rick!

- Sim?

- Vamos precisar preparar a casa de Madeleine. Camêras por todos os lados. Pode organizar isso?

- Com certeza.

- Teste tudo pra ter certeza que vai funcionar e mostre a Madeleine onde precisamos que ela fique. Não precisa ir até o fim com ele, ouviu? Só algumas fotos e filmagens de beijos e dele dando em cima de você e pronto. Rick! Outra coisa…

- O quê?

- Lucy! - virei para ela - Acha que consegue pegar o celular dele sem que ele perceba?

- Acho… Acho que sim…

- Pronto. Faça isso. Rick, você consegue burlar a senha dele e conseguir acessar mensagens de texto, emails e tudo o mais?

- Sem problemas. - sorriu.

- Vamos precisar disso tudo.

- E eu? Faço o quê?

- Lucy vai dizer para Shawn que vai passar um tempo aqui te ajudando com um projeto de arte. Para que ela não precise voltar para casa se não quiser. Você cuida dela.

- Quando a gente começa?

- Acho que consigo fazer Shawn te procurar esse fim de semana, Madeleine.

- O que você vai dizer para ele?

- Não se procupem. Eu sou criativa.

**********************************

Atravessei a rua de volta para casa me sentindo dez anos mais jovem e doze vezes mais cansada. Era uma exaustão boa: tinha sido um dia feliz e produtivo. Essa coisa de ajudar os outros acabava sendo bem recompensadora.

Já estava entrando no fim da tarde e a luz quebrada do crepúsculo começava entrava discreta pela janela. Ouvi um barulho na sala e meu coração pulou duas batidas. Não podia ser Lauren. E Max estava preso no quintal de trás. Tirei meus saltos com cuidado e os soltei no canto do chão sem fazer barulho.

Coloquei um pé atrás do outro até cruzar o portal do hall para a sala. Vi a sombra do homem alto cruzar meu caminho e joguei minhas mãos no seu braço e pescoço.

Um toque contra sua jugular e ele perdeu o ar, usei meu ombro para jogá-lo no chão e acendi a luz.

- Ai! Calma! - exclamou do chão com a mão para cima.

Tinha uns quarenta anos, era negro, forte e muito alto. Senti a adrenalina latejando em minhas veias.

- Quem é você? O que diabos está fazendo aqui? - já tinha colocado a mão no telefone da sala e meus dedos estavam prontos para ligar para a polícia quando ouvi a voz feminina:

- Ele é meu motorista.

Virei assustada.

Tinha os cabelos grisalhos presos em um coque perfeito. A saia preta escura e a alinhada blusa branca gritavam Carolina Herrera. O colar de pérolas que usava deveria estar na casa das centenas de milhares. Seu perfume era discreto e seu olhar duro.

- Sou Eleonor Morgado. E nós duas precisamos conversar.

______________________________

Bam, Bam, Bam...

Até o próximo.

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