❝ NÃO CORRIGIR nossas faltas é
o mesmo que cometer novos erros. ❞
CONFÚCIO —
AS PALAVRAS DE HELAENA cortaram Aemond mais profundamente do que qualquer espada poderia cortar.
Ele se perguntou como esteve tão afastado de sua irmã a ponto de não perceber o que Helaena passava nas mãos de Aegon por anos.
Mas Helaena não permitiu que Aemond sequer tentasse se vingar, ela o avisou de como se esforçou para esconder tudo o que lhe acontecia.
Como as servas cobriam seus hematomas com maquiagem, ou como seus vestidos eram milimetricamente pensados e feitos para esconder as marcas que Aegon deixava na pele dela. Como Helaena não gritava, não contava a ninguém.
Alyssa só havia de fato descoberto por que viu com seus próprios olhos as ações de Aegon.
— Você poderia ter me pedido ajuda, Helaena! Eu teria feito o impossível para te proteger — Aemond exclamou, segurando a mão da irmã.
Eles dois eram os únicos dentro da cabine do navio. Alyssa retirou as crianças e a serva Merida para deixá-los conversarem em paz.
— Eu tentei, Aemond! — disse Helaena, com o tom de voz desesperado — Mas mamãe disse que aquilo era uma das minhas obrigações como esposa.
Aemond revirou seu único olho, raivoso com as palavras que saíam da boca da irmã. Ele podia esperar aquele comportamento da mãe, com certeza.
— E eu vou puni-la por isso, Elle. Isso eu te garanto — Aemond responde, se referindo a Alicent — Eu apenas quero que você seja feliz, apenas.
— Não quero que a mamãe se prejudique, Aemond. Eu não quero! — Helaena gritou, chorosa.
As mãos dela apertaram ainda mais as de Aemond, como um pedido para que ele apenas deixasse as coisas como estavam.
— De nada resolveria, Aegon é pai dos meus filhos, de qualquer forma — Helaena disse em um sussurro — Tudo o que é dele, será dos meus filhos.
O príncipe mal podia acreditar nas palavras da irmã. Aquilo era um apoio quase explícito a coroação de Aegon. Ele não era um dos apoiadores da sucessão de Rhaenyra, mas considerando o que Aegon havia feito, ele ainda preferia a irmã mais velha ao irmão.
A questão, era o porquê de Helaena apoiar Aegon de qualquer forma possível. Aquilo simplesmente não entrava na cabeça de Aemond.
— Escute... eu amo a Alyssa, Aemond. Mas ela não pode jamais se sentar no Trono de Ferro — Helaena continua a sussurrar, com medo de que qualquer um escutasse as suas palavras fora da cabine — Você sabe que eu nunca iria a prejudicar de qualquer forma, não depois do que eu já fiz...
As palavras de Helaena eram verdadeiras. Ela não era inimiga de Alyssa ou de sua família. Afinal, ela sabia o que acontecia com quem se metia com a sobrinha.
Seus sonhos a mostraram uma vez.
Mas Aemond fica confuso. Ele simplesmente não entende o que a irmã está insinuando. O que ela havia feito?
— Mas Alyssa tem muito poder nas mãos. Eu pensei que o que eu já havia feito havia resolvido a guerra, eu juro — Helaena aperta as mãos do irmão, seus olhos transparecem uma leve loucura misturada com medo — Foi por isso que eu aceitei sua ideia de forjar minha morte, por que além dos meus problemas na corte, eu também não desejo estar aqui com meus filhos quando aquilo acontecer.
A confusão no rosto do príncipe desaparece. Aquela era uma das profecias de sua irmã.
Ele se preocupa instantaneamente com isso. Tudo o que Helaena já havia sonhado, havia se realizado.
— Elle, está tudo bem, apenas se acalme! — Aemond sussurra para a irmã, a puxando levemente para um abraço.
Helaena aperta Aemond, assustada com as próprias palavras. Ela não desejava o mal de ninguém, apenas não queria que seus sonhos se tornassem realidade.
— Apenas me explique o que está pensando, Elle. Eu estou aqui para você, apesar de não ter te ajudado quando mais precisava, eu te ajudarei agora, confie em mim— sussurrou gentilmente para a irmã.
— Eu não devo contar, Aemond! É um segredo de Alyssa, não cabe a mim dizê-lo a você — respondeu Helaena, saindo do abraço — Acredito que uma hora você descobrirá, de qualquer forma.
Aemond não tem nem o que dizer. Ele está confuso sobre muitas coisas agora. Sua mente continua uma confusão. Mas o príncipe confirma sua teoria sobre a chegada de Alyssa à cidade depois de onze anos: ela traria confusão junto de si.
— Apenas vamos nos despedir de uma só vez, meu amado irmão — continuou Helaena, com um leve sorriso no rosto — Alyssa prometeu que entregaria as cartas que eu enviasse a você.
O príncipe desejava continuar a conversa, ele queria saber o tal segredo que Alyssa escondia. Algo que assustava Helaena.
— Você promete que irá escrever de volta? Por favor. — Helaena perguntou.
— Eu prometo — respondeu Aemond, contrariado.
Helaena abraça o irmão novamente, ela inspira com melancolia, sabendo que aquela era uma despedida.
Quando Aemond sai da cabine, Merida e as crianças entram novamente. Alyssa se despede de todos, até que ela e o príncipe se afastam e finalmente saem do navio.
Alyssa ordenou que os tripulantes saissem para Pentos de uma vez. Para que não corresse o risco de que ninguém soubesse quem estava naquele navio.
Quando Helaena percebe que o navio já estava longe o suficiente da costa, ela finalmente se sente segura para abraçar os filhos aliviada. Um peso sai de suas costas. Eles haviam se livrado daquilo.
— Você tem certeza que foi uma boa decisão, minha senhora? — Merida perguntou a Helaena, segurando uma das crianças em seu colo.
— Dez anos antes de Valíria ser destruída, uma Targaryen sonhou com a perdição e graças a isso a Casa Targaryen saiu a tempo da cidade — Helaena responde, melancólica — O dom dos sonhos é passado pelos Targaryens a gerações, Merida. E eu sou amaldiçoada com isso desde que nasci.
A serva assente, em silêncio.
— Na noite em que meu irmão perdeu o olho, eu tive o pior sonho de toda a minha vida — ela continuou a falar, olhando para o mar e sentindo a brisa em seus novos cabelos pretos — Sonhei com os dois colares que Aemond e Alyssa usavam. Eu nunca havia de fato descoberto como eles conseguiram, apenas me lembro que nenhum dos dois nunca tirou aqueles malditos colares!
O rosto da Targaryen se curva em uma careta, ela prende as lágrimas que tentam escorrer.
— Os sete reinos em chamas, homens e mulheres mortos, corpos de crianças estirados pelas ruas do continente — as lágrimas escorrem pelo rosto de Helaena — Eu fiz o que pode para mantê-los longe um do outro, sabia que havia sido Aemond o motivo dos piores traumas que meu irmão teria em sua vida. Mas eu fiz.
Helaena aperta os pulsos, suas unhas cortam suas mãos com a força que ela deposita para aliviar o medo que sente.
— Quando Alyssa estava para se mudar para Pedra do Dragão, vi a serva de Alyssa indo levar uma carta para Aemond, eu impedi. Na hora em que li soube que meu irmão nunca seria capaz de odiar sua melhor amiga — Helaena confessa, com nojo de suas próprias palavras — Escrevi as piores palavras que pude pensar para que Alyssa nunca tentasse falar com meu irmão novamente.
As cartas. Helaena sabia que Alyssa não aceitaria ser tratada daquela forma.
— Eu fiquei aliviada quando ela se vingou com outra carta, tão ruim quanto a minha — há ódio de si mesma em sua voz — Enviei a Aemond, traumatizei meu irmão e minha sobrinha. Garanti que eles nunca mais se olhariam da mesma forma.
— Milady... — Merida se entristece.
— Eu pensei que estava ajudando eles, Merida! — Helaena exclamou — Pensei que tinha impedido a morte de milhares de pessoas. Pensei que tinha impedido que o mesmo que aconteceu com Valíria acontecesse com Westeros.
A serva assente, ela sabia que Helaena se sentia culpada por causa do que havia feito.
— Agora eu entendo que errei. Profecias não podem ser impedidas. Eu apenas garanti que eles tivessem um motivo para colocar fogo em tudo: ódio.
— Você fez o que pensou ser certo, minha senhora — disse Merida, tentando consolá-la.
— Mas nada disso adiantou, Alyssa tem um exército, Merida! Você é um exemplo claro disso. A minha sobrinha tem muito poder em suas mãos — Helaena responde, um sorriso fraco está em seu rosto — E Aemond irá começar a formar suas forças também, eles são perigosos. Uma força da natureza.
A serva se cala, ela já ouviu sobre Alyssa com outros espiões nas vezes em que ia reportar as ações de Helaena a princesa.
Merida amou servir a Alyssa, como ela era bondosa e forte. Ela teria permanecido no castelo até o fim de seus dias se assim lhe fosse ordenado. Assim como foi sua ordem manter Helaena segura.
Havia pessoas tão dedicadas à princesa quanto Merida. Pessoas muito poderosas.
— Talvez isso não signifique tanto, milady — Merida fala. Tentando contornar a situação.
Helaena ri. Ela sabia que os colares em sua visão pertenciam a Aemond e Alyssa. Ela sabia que os dragões imensos em seu sonho pertenciam a eles. Meraxes e Vhagar. Não havia dúvidas.
— Aqueles dois têm o mais puro fogo Targaryen em suas veias. Não adianta negar. Alyssa e Aemond tem potencial de se destruir com essa obsessão que eles carregam dentro de si.
A serva nega com a cabeça, se recusando a acreditar.
— E no meio do processo, eles irão destruir a todos nós.
[ ᴠᴏᴜ ᴍᴜᴅᴀʀ ᴏ ᴀᴇsᴛʜᴇᴛɪᴄ ᴅᴀ ғᴀɴғɪᴄ ᴅᴇ ɴᴏᴠᴏ. ᴇᴜ sᴇɪ ǫᴜᴇ ᴇ ᴄʜᴀᴛᴏ, ᴇɴᴛʀᴇᴛᴀɴᴛᴏ ᴇᴜ ɴᴀᴏ ᴄᴏɴsɪɢᴏ ᴇsᴄʀᴇᴠᴇʀ ᴀ ғɪᴄ sᴇɴᴅᴏ ǫᴜᴇ ᴇsᴛᴏᴜ ᴏᴅɪᴀɴᴅᴏ ᴛᴏᴅᴀ ᴀ ᴇsᴛʀᴜᴛᴜʀᴀ ᴅᴇʟᴀ! ᴘʀᴏᴍᴇᴛᴏ ǫᴜᴇ ᴇssᴀ ᴠᴇᴢ sᴇʀᴀ ᴀ ᴜʟᴛɪᴍᴀ.
𝗲𝘀𝘁𝗲 𝗰𝗮𝗽𝗶𝘁𝘂𝗹𝗼 𝗳𝗼𝗶 𝗲𝘀𝗰𝗿𝗶𝘁𝗼 𝗱𝗶𝗮 𝟮𝟱 𝗱𝗲 𝗻𝗼𝘃𝗲𝗺𝗯𝗿𝗼 𝗱𝗲 𝟮𝟬𝟮𝟮
𝗽𝗼𝘀𝘀𝘂𝗶 𝗮𝗽𝗿𝗼𝘅𝗶𝗺𝗮𝗱𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗲 𝟭𝟱𝟬𝟬 𝗰𝗮𝗿𝗮𝗰𝘁𝗲𝗿𝗲𝘀
𝗮𝗶𝗻𝗱𝗮 𝗻𝗮𝗼 𝗳𝗼𝗶 𝗿𝗲𝘃𝗶𝘀𝗮𝗱𝗼 𝗼𝗳𝗶𝗰𝗶𝗮𝗹𝗺𝗲𝗻𝘁𝗲
𝗽𝘂𝗯𝗹𝗶𝗰𝗮𝗱𝗼 𝗱𝗶𝗮 ⌇ 25/11/22