Diego
Desde o dia da prisão do Eduardo a minha consciência tem pesado. Éramos amigos e então brigamos, por burrice minha, logicamente. Mas ainda assim, ele se foi sem eu nem ao menos ter conversado com ele
O que mais me pegou nisso tudo é que de fato a Lívia estava sofrendo com a partida dele. Eu nunca dei nenhuma bola pra ela, na verdade na maior parte da minha vida ela sempre foi só mais uma da família, e agora que tudo parece diferente. Isso acontece.
Seria um sinal de que não é para ser?
Henrique- Está pensando em que?-Perguntou ao sentar na minha frente.
Diego- Em nada que seja da sua conta-Respondi simples e objetivo.
Henrique- Você está a dias assim, com a cabeça na lua- Ele insiste no assunto-O que tá rolando? Está perdendo o foco.
Diego- Não é nada!-Respondi outra vez- Só estou pensando no Eduardo.
Henrique- Não foi visitar ele ainda?- Me encarou surpreso e eu neguei- Qual é cara, que vacilo.
Diego- Não acho que tenha motivos para eu ir até lá-Dou de ombros- O que eu vou dizer a ele?
Henrique- Sei lá, qualquer coisa.
Diego- Muito objetivo, obrigado- Revirei os olhos e suspirei fundo.
Henrique- Eu soube que brigaram, um pedido de desculpas ia bem.
Diego- Eu não tenho porque pedir desculpas. Eu já falei com a única pessoa com quem eu deveria me desculpar.
Henrique- Por que você tem que ser tão orgulhoso?
Diego- E por que você tem que se meter em tudo?-Bufei irritado e me levantei
Henrique- Só estou tentando ajudar, esse seu mau humor e a cabeça nas nuvens, está nos atrapalhando.
Diego- Atrapalhando em que exatamente? Que eu me lembre, estou fazendo o meu trabalho melhor que você.
Henrique- Marcelo não está feliz com o quanto você tem trazido no fim do mês-Ele diz simples- Você não está cobrando e nem vendendo direito.
Diego- Vai se foder Henrique-Digo já irritado- Eu sempre fui o melhor e agora porque vacilei um pouco, quer ficar me julgando?
Henrique- Não estou te julgando, porra. Só estou avisando, porque quando o Marcelo vir comer seu cu, você vai achar ruim.
Diego-Fodase, eu me resolvo com ele- Respondo rude e saio andando.
Maia- Ei, calma ai- Desvia do meu corpo quando quase trombamos na porta.
Nem me dei ao trabalho de responder e sai, minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer instante. E para ajudar, eu tinha que ir encontrar o Gustavo para fazermos um serviço.
Gustavo- Tenho que te mostrar uma coisa-Ele diz assim que apareci no seu portão.
Diego- Isso me deixa tão preocupado- Digo comigo mesmo e o segui até seu carro.- Caralho. Tio, você roubou um bebê?
Gustavo- Não, eu peguei emprestado!- Ele da uma risadinha.
Diego- Eu vou me arrepender de perguntar isso...mas, por que?- O encarei
Gustavo- Bom, o pai dele está devendo uma grana preta e está se recusando a pagar. Então peguei o filho dele só para dar um susto!
Diego- Você sabe que isso é sequestro?
Gustavo- Ah, vai vir dar um de bom garoto agora!- Revirou os olhos- Vamos cuidar do bebê e voltar lá de noite para receber.
Diego- Pera aí, você está dizendo que vamos cuidar desse bebê o dia todo?- Suspirei fundo.
Gustavo - Sim!- Ele me entrega uma bolsa- Tem que trocar a frauda dele em.
Diego- Faz isso você!- Lhe joguei a bolsa.
Gustavo- Não dá, eu tenho que ir ajudar a Raíssa em uma coisa- Ele ri me devolvendo a bolsa- Eu volto já.
Ele da um tapinha em meu ombro e sai andando como se nada estivesse acontecendo. Eu olhei para aquele bebê e respirei fundo. As vezes eu acho que alguém deveria botar limites no tio Gustavo.
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Estava andando de um lado para o outro tentando fazer o menino parar de chorar, mais nada adiantou. Eu estava a ponto de entrar em desespero já, não tem nada pior que choro de bebê.
Diego- Qual é, para de chorar aí porra- Digo a ele e suspirei o balançando e parecia que a cada instante ele berrava ainda mais.
Para ajudar não tinha ninguém em casa, se minha mãe estivesse aqui ela poderia ao menos saber o que fazer com esse ser.
Diego- Para de chorar, meu jesus!- O coloquei deitado no sofá e ele berrou ainda mais então eu tive que o pegar- Vou matar o Gustavo.
Quando achei que não poderia piorar, a campainha tocou. Tudo que eu menos precisava agora era de receber alguém em casa, mas não tive escolha. Mesmo com o menino surtando, eu tive que ir atender.
Diego- O que você está fazendo aqui?- Pergunto surpreso ao ver ela
Lívia-Achei que estavam matando uma criança aqui.- Ela responde e olha para o bebê -De quem é?
Diego- Longa história. Agora se me der licença-Digo querendo fechar a porta mais ela me impediu.
Livia- O que tem de errado com ele?- Perguntou ao entrar.
Ótimo, agora ela vai ficar aqui.
Diego- Se eu soubesse, ele não estaria mais chorando.
Livia- Você trocou a frauda dele? Viu se não é cólica?- Ela me encarou- Você deu algo para ele se alimentar?
Foi aí que eu me dei conta, ele estava com fome
Diego- Que merda!- Bufei praticamente jogando o bebê nos braços dela e fui até a bolsa e vi uma mamadeira ali.
Livia- Você esqueceu que um bebê também sente fome?
Diego-Eu não sei nada sobre bebês.- Respondo indo até a cozinha.
Lívia-Mais isso é meio que o básico né?- Ele se aproxima.
Diego- Você já ajudou muito, agora pode ir embora- Digo a ela e vou pegar o bebê mais ela recua.
Livia- Não acho que você seja adequado para cuidar dele- Ela diz se afastando.
Diego- E você por acaso é?- A encarei.
Livia-Não, por isso acho melhor levar ele para minha casa. Minha mãe vai saber!- Ela da de ombros.
Diego- Não pedi ajuda-Digo a ela enquanto preparo a mamadeira.
Livia- Isso não é sobre você, é sobre esse bebê estranho- Noto o tom rude em sua voz- Por que está com ele?
Diego- Não te interessa!- Pego a mamadeira, vou até ela e coloco na boca dele.
O mesmo para de chorar e então começa a mamar, por um instante eu me senti mal por não ter percebido que ele estava com fome.
Livia- Você seria um péssimo pai- Ouço ela dizer e então a encarei.
Diego- Você não tem como saber.- Respondo simples.
Livia- Acho que posso ter uma ideia!- Aponta na direção dele.
Diego- Não pode deduzir isso logo na primeira vez que fico encarregado de um bebê- Afirmo a ela- Ninguém nasce sabendo de tudo.
Livia- Se você diz- Ela da de ombros sem se importar.- Eu tenho é pena de quem for mãe.
Diego- Engraçado você dizer isso, porque até onde eu saiba você era doida para ter esse papel- Dei um sorrisinho debochado.
Ela me encarou séria mais percebi suas bochechas ficarem rosadas. Por mais que ela tente fazer essa pose de durona, eu sei que no fundo a mesma Lívia tímida e meiga ainda existe.
Gustavo- Estou entrando- Escutamos ele gritar e instantes depois ele estava ali- E aí Lívia, tá área né?
Livia- Oi tio!
Diego- Onde você estava? Fiquei te esperando um tempão. Esse menino quase me deixou maluco.
Livia- Não me diga que isso é coisa de vocês dois.- Ela parecia preocupada.
Gustavo-Muita coisa para resolver.- Deu de ombros - Agora vamos lá devolver essa criança.
Livia- Vocês roubaram um bebê?- Sua expressão agora era de assustada.
Gustava- Mais uma vez dizendo, não roubei eu peguei emprestado!
Livia- Vocês perderam completamente o juízo.
Diego- Vamos logo devolver.- Digo por fim.
Livia- Eu vou com vocês.
Diego- Pra que?- A encarei.
Livia- Se eu já não confiava em você, agora menos ainda.
Gustavo- Isso me insultou, e eu criei dois filhos viu.- Ele diz a ela.
Livia-Nada pessoal-Ela responde e sai andando na frente. Eu apenas dou por vencido e vou atrás
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Gustavo- Aqui está o seu bebê- Ele devolve a criança para a mãe que não parava de chorar- Desculpa aí qualquer transtorno viu. Boa noite!
Balancei a cabeça negativamente e coloquei o maço de dinheiro no bolso.
Gustavo- Tinha me esquecido de como é difícil cuidar de crianças-Diz quando saímos da casa.
Diego- Foi eu quem cuidou dele. Você só entregou e apareceu no final- Digo a ele.
Lívia- Vocês ficaram malucos, isso sim.- Ela murmura ainda brava pelo o que fizemos.
Gustavo- Pelo menos agora estamos com a grana. Entrega lá para o Marcelo, pode levar os créditos por isso-Ele da um tapinha em meu braço - Você está precisando. Boa noite
Ele sai andando deixando nos dois ali, imediatamente o climão se instalou entre a gente.
Livia- Eu vou indo também!- Ela diz- Tchau!
Diego- Espera, eu vou te acompanhar até em casa. Está tarde.
Livia-Não precisa, eu vou sozinha mesmo.
Diego- Eu insisto!- Afirmo a ela.
Lívia- Eu também.- Ela me encara-Não vim aqui por você.
Diego- Só estou tentando ser gentil.
Livia-Você não é gentil, todo mundo sabe disso. E eu me lembro perfeitamente do que me disse da última vez que nos vimos. Você disse que ia se afastar, então faça isso.
Diego- Eu só estou querendo te acompanhar, não precisa ficar na defensiva.- Digo a ela.
Lívia-Não estou na defensiva, só estou fazendo você provar do próprio veneno. Agora vou embora.
Diego- Tá, eu mereço isso- Digo a ela-Mas isso não é motivo o suficiente para me convencer a deixar você voltar sozinha.
Livia-Você passou a vida inteira me ignorando, eu já andei muitas vezes sozinha sem você por perto. Então volta a fazer isso, esquece minha existência. Não morri antes, não vou morrer agora.
Sem que eu pudesse dar uma resposta, ela só saiu andando até que eu não a visse mais. Eu fiquei ali por um tempo, quando voltei a si suspirei fundo e fui leva o dinheiro para o Marcelo.
Já que não me existia outra opção.
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