Casamento por conveniência |...

By kseokjinautt

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Uma pacata cidade... com segredos ocultos entre as colinas e os rios. Anos atrás, Choi Seokjin foi expulso de... More

Introdução & Personagens
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22

Capítulo 2

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By kseokjinautt

— Bom dia — Namjoon cumprimentou-o.

Seokjin recuou um passo. Jamais culpara os Kim pelo que lhe tinha acontecido no passado. Aceitara tudo sem reclamar. Mas nunca se sentira à vontade perto de nenhum dos integrantes daquela família, principalmente os alfas.

Ansioso para se livrar o mais rápido possível do incômodo visitante, ele indagou num tom seco:

— O que é que você quer?

Com uma expressão muito calma, ele respondeu:

— Estou vindo do cemitério, fui visitar o túmulo de meu irmão. — O alfa retirou o chapéu fedora preto que usava e o segurou em frente ao corpo. Seokjin observou-o por um momento, ele estava vestido completamente de preto, desde as botas até o casaco. Realmente parecia alguém de luto. — Está sozinho? 

— Por quê?

— Vi Soobin dobrando a esquina ainda há pouco. — Namjoon fez uma pausa. Estava impassível, o que contrastava com a evidente inquietação de Seokjin. — Preciso conversar com você, a sós — anunciou, por fim. E avançou.

Seokjin teve de se afastar de lado para não colidir com ele. "Que audácia!", seu lobo gritou em sua mente, ao ver o alfa entrar como se fosse dono daquela casa. 

De súbito, o ambiente pareceu-lhe pequeno demais para ele e Namjoon. Namjoon era um alfa grande, assim como os demais Kim. Sua presença era imponente e esmagadora, o que incomodava o ômega.

Estavam ambos na sala, mas Seokjin não quis convidá-lo a sentar-se. Não o incentivaria a ficar muito tempo.

— Você não é bem-vindo aqui — sentenciou, num tom frio.

— É tempo de chegarmos a um acordo — ele afirmou, com uma expressão determinada nos olhos negros. E no jeito simples e direto, típico dos Kim, indagou: — Você já contou a Soobin que ele é filho de Joohyuk?

Um golpe em pleno estômago não o teria chocado tanto. Por que Kim Namjoon estava ressuscitando esse assunto agora?

Seokjin nunca revelara o nome do pai de Soobin a ninguém, guardara esse segredo a sete chaves por anos. Apenas ele e a família Kim sabiam que fora Joohyuk quem o engravidara. Na época, o Kim tinha dezenove anos. O ômega, apenas dezesseis.

Retesando-se, Seokjin disse a si mesmo que era preciso ter calma, não poderia demonstrar medo diante do inimigo. Sua voz soou estranhamente rouca, ao responder:

— Não.

— Mas suponho que ele já tenha feito perguntas sobre o pai alfa... — Namjoon retrucou. E, como Seokjin não respondeu, insistiu: — O que você lhe disse a esse respeito?

Seokjin não se deixava intimidar com facilidade, mas tinha de reconhecer que estava sendo difícil enfrentar Kim Namjoon. Aquele homem era grande demais, forte demais... E não só fisicamente. Ele possuía um carisma, uma autoridade nata que todos respeitavam na cidade.

Por isso Seokjin teve de armar-se de uma boa dose de coragem para dizer:

— O que eu e meu filho conversamos não é da sua conta.

— Só quero saber se você o indispôs contra minha família, como é costume entre a sua gente.

Uma onda de indignação invadiu Seokjin, que sem querer acabou respondendo à pergunta de Namjoon.

— Eu disse a Soobin que cometi um erro no passado, mas que não posso me arrepender disso, já que o resultado foi o nascimento dele, que é a pessoa mais importante do mundo para mim. Quanto ao ódio que os Choi têm pelos Kim, não é um assunto que nos diga respeito. Apesar de ainda termos o sobrenome deles, há muito tempo deixamos de fazer parte daquela família. Além disso, eu jamais permitiria que meu filho crescesse com esse preconceito irracional e absurdo.

Namjoon aprovou as palavras de Seokjin com um gesto de cabeça:

— Fico muito contente em ouvir isso. E agora vamos tratar de um outro item... 

Antes que Seokjin respondesse que não estava nem um pouco interessado naquela conversa, ele sentenciou: 

— Seu filho precisa de alguém para orientá-lo. E acho que posso me incumbir desse papel.

— Eu e Soobin vivemos muito bem até hoje sem a interferência de algum Kim — retrucou Seokjin, cruzando os braços — E não é agora que vamos aceitar...

— Não creio que Soobin esteja muito bem — Namjoon o interrompeu, impassível. — O fato de ter roubado as rosas da sra. Kang no verão passado foi um claro sintoma de que ele tem algum problema.

— Isso tudo já passou e o erro foi reparado — Seokjin rebateu, com a voz alterada pela raiva. — Caramba! Ele é apenas um adolescente... Adolescentes fazem coisas impensadas.

— Um adolescente que está se tornando adulto, um alfa lúpus adulto. Soobin precisa de algum alfa para orientá-lo, alguém em quem possa se espelhar.

"E quem disse que você é o modelo ideal para meu filho seguir?", Seokjin ia dizer, mas calou-se. Pois, embora detestasse admitir, Kim Namjoon era conhecido por ser um alfa íntegro, justo e trabalhador. Era um bom exemplo sim, mas Soobin não precisava dele. Não precisava de nenhum Kim.

— Posso entrar na vida de vocês de duas maneiras... — Ele interrompeu suas divagações. — A primeira é chamando Soobin para uma conversa aberta. Contarei a ele que sou seu tio e, naturalmente, terei de explicar o motivo pelo qual não o procurei nesses dezesseis anos...

Seokjin fechou os olhos por um instante. Aquilo não podia estar acontecendo de verdade. Talvez fosse um sonho mau, do qual ele despertasse tão logo tornasse a abrí-los... Mas ao fazê-lo se deparou com Namjoon, que continuava falando:

— Serei obrigado a contar a Soobin que você me impediu de levá-lo para o seio da família Kim. Mas ele pode reagir mal a essa revelação, o que causaria um sério dano à relação de vocês dois. — Sem esperar pelo convite, Namjoon sentou-se no sofá. — Confesso que não gostaria que isso acontecesse, pois você fez um ótimo trabalho com Soobin, criando-o de maneira integra e decente.

Apesar da indignação que sentia, Seokjin reagiu lisonjeado ao ver que pelo menos uma pessoa naquela cidade aparentava reconhecer o seu esforço na árdua luta para criar o filho. Uma onda de orgulho o invadiu, mas Seokjin tratou de sufocá-la rapidamente, reassumindo sua posição inicial:

— Você está me ameaçando? Como ousa vir até a minha casa fazer isso?

— Não, não estou ameaçando você, estou lhe oferecendo opções. Você não pode mais mantê-lo afastado de nós, Seokjin.

— Criei Soobin muito bem sozinho.

— Sim, eu sei. Mas você deve se lembrar de que recusou todas as minhas tentativas de auxiliá-lo — Namjoon argumentou. — Ofereci-me inclusive para desposá-lo, já que meu irmão...

— Você também deve se lembrar de que agradeci, mas recusei a proposta — Seokjin o interrompeu, ríspido.

— E pediu-me que o deixasse em paz — Namjoon completou. — Foi o que fiz. Mas apesar de sua obstinação em nos manter à distância, nós nunca deixamos de ajudá-lo.

Seokjin sentou-se na poltrona ao lado do sofá, tamanho foi o espanto que aquelas palavras lhe causaram. Havia duas famílias naquela cidade com quem o ômega não queria o menor contato, de quem não aceitaria a mais ínfima ajuda: os Choi, a família na qual nascera e que depois o expulsara de casa, e os Kim. Por isso ele reagiu, indignado.

— De que diabos você está falando, Kim Namjoon?

Ele o fitou por alguns instantes, antes de dizer:

— Você se lembra do Fundo de Emergência que o dr. Dong lhe ofereceu no início da gravidez?

Seokjin franziu a testa, com ar intrigado. Quando o dr. Dong lhe falara sobre o Fundo de Emergência, alegando que este se destinava a auxiliar ômegas solteiros ou carentes, ele simplesmente dissera:

— Acho que me enquadro nos dois casos. — E aceitara a ajuda, sem muitos questionamentos.

Agora, percebia que deveria ter sido mais cauteloso.

— O dr. Dong me disse que a verba de manutenção do Fundo de Emergência tinha sido doada por uma instituição de assistência social para ser utilizada em situações como a minha. Por intermédio do Fundo, eu poderia receber uma ajuda de custo mensal, bem como toda a assistência médica necessária. Mesmo depois que o bebê nascesse, eu continuaria tendo o direito ao auxílio monetário, enquanto não pudesse trabalhar. — Com a voz trêmula de angústia, Seokjin acrescentou: — Eu estava desesperado. Sozinho, sem dinheiro, sem perspectiva alguma.

— Nós sabíamos... — Namjoon assentiu, num tom grave. — Por isso pedimos ao dr. Dong para inventar aquela história sobre o Fundo de Emergência.

Seokjin arregalou os olhos:

— Quer dizer que o dinheiro veio...

— De minha família — ele completou. — Mas se você soubesse, não teria aceito sequer um centavo... Certo?

Ele acenou em concordância, baixando os olhos. Mas quando tornou a erguê-los, eles brilhavam de determinação. Mostrando toda a força de caráter, Seokjin afirmou:

— Assim que me senti com forças, depois do parto, ofereci-me para trabalhar na Santa Casa. Queria retribuir a ajuda que havia recebido e que continuaria a receber nos dois meses seguintes. — Sem ocultar uma ponta de orgulho, ele indagou: — Isso é de seu conhecimento, Kim Namjoon?

— Sim — ele respondeu. — Nós conversamos com o dr. Dong e chegamos à conclusão de que isso faria bem a sua autoestima.

Havia mesmo um tom de admiração na voz de Kim Namjoon, ou ele estaria enganado?, Seokjin se perguntou.

— Depois de três meses de trabalho, o dr. Dong me disse que eu já havia pago muito bem o auxílio que recebera — ele prosseguiu. Num tom que era a um só tempo amargo e irônico, finalizou: — Suponho que você também saiba disso, já que, aparentemente, manteve-se vigiando a minha vida.

Namjoon respondeu com um gesto afirmativo de cabeça:

— Sim. Era hora de você começar a organizar sua vida e, assim, decidimos comprar-lhe esta casa.

Seokjin ergueu-se de um salto, tamanho foi seu espanto. Mas sentiu uma espécie de vertigem e voltou a sentar-se.

— Você... Quer dizer... — E não pôde continuar.

— Quando meu avô ficou viúvo, ainda era um homem muito viril e saudável, apesar da idade avançada. Assim, ele tornou-se amigo íntimo da sra. Hyo-rin. Os dois mantiveram uma relação afetiva que com o tempo acabou se transformando em sincera amizade. — Com um gesto que parecia abranger toda a sala, Namjoon finalizou: — Esta casa foi um presente do meu avô para ela.

Seokjin começava a compreender tudo. Namjoon prosseguiu, num tom firme:

— Quando pedimos à sra. Hyo-rin que contratasse você como criado pessoal, tivemos de contar-lhe o segredo...

— Então ela sabia quem era o pai de Soobin — Seokjin deduziu, num fio de voz.

— Sim. E concordou imediatamente em atender o nosso pedido. Assim, você passou a viver aqui com seu filho. E quando a sra. Hyo-rin sentiu que ia morrer, designou-o como herdeiro. Por isso você é hoje o proprietário legal desta casa.

O mundo de Choi Seokjin ruía diante de seus olhos perplexos. Os anos que vivera naquela casa, trabalhando para Hyo-rin, não haviam sido fáceis. Pois a velha senhora, apesar de suas qualidades, tinha um gênio terrível.

Mesmo assim Seokjin afeiçoara-se a ela. Sabia que esse sentimento era recíproco. Mas nunca esperara tornar-se herdeiro de Hyo-rin.

Logo após a morte da velha senhora, Seokjin recebera uma carta do advogado responsável pelo testamento. Longe de saber do que se tratava, ele fora até seu escritório e ficara sabendo que dali em diante seria o proprietário daquela casa de três quartos e duas salas, muito confortável, onde trabalhara por anos a fio.

Seokjin sempre se lembrava de Hyo-rin como uma amiga querida, que lhe fizera um grande bem. E agora Namjoon revelava que tudo fora planejado pelos Kim, que ela havia sido apenas uma peça num jogo tramado e executado sem o seu conhecimento.

— Vocês pagaram à sra. Hyo-rin para que ela me aceitasse como criado? — perguntou, num tom amargo.

— Não — Namjoon respondeu, com veemência. — Hyo-rin era uma mulher íntegra. E se não gostasse de você, teria nos pedido para cancelar o arranjo. Aliás, essa era uma das condições do nosso acordo. — Como Seokjin o fitasse com ar de dúvida, ele confirmou: — Ela de fato se afeiçoou a você e a Soobin, pode acreditar nisso.

Um sopro de alívio, em meio àquela verdadeira tempestade emocional, veio acalentar Seokjin. Mas no fundo ele estava arrasado. Afinal, não fora tão independente quanto imaginara. A família Kim havia estado por trás de tudo o que ele considerava sorte e providência divina... E essa constatação era humilhante.

— Nós o ajudamos em segredo, por todo esse tempo, porque sabíamos como você se sentia a esse respeito. Mas agora estou disposto a contar tudo a Soobin. Direi a ele que nunca o abandonamos e que só nos mantivemos a distância porque você assim o queria.

Um pesado silêncio caiu no ambiente. A tensão parecia quase palpável no ar, Namjoon retomou o assunto:

— Bem, esta é a primeira maneira pela qual posso entrar na vida de vocês.

— E qual é a segunda? — Seokjin indagou, com a respiração suspensa.

— Trata-se de uma atitude que deveria ter sido tomada desde o início, mas você não quis.

— Qual?

— Case-se comigo e eu adotarei Soobin. Assim ele terá direito a seu sobrenome verdadeiro e a sua parte legal no patrimônio Kim, além da assistência e do afeto de uma verdadeira família.

Seokjin empalideceu. Não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir. Aquele homem estava lhe propondo casamento, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo!

— Você tem o prazo de um dia para refletir e chegar a uma decisão. Qualquer que seja sua resposta, eu a respeitarei. Ao menos concordamos num ponto: queremos o melhor para Soobin. — Erguendo-se, ele dirigiu-se a porta: — Ah! Só mais uma coisa: não tente trapacear. Não estou disposto a arriscar a felicidade ou o futuro de meu sobrinho por causa de conceitos tolos ou rancores antigos. Pense bem antes de tomar uma atitude. — E saiu, fechando a porta.

Seokjin estava perplexo demais para reagir de imediato. A tensão excessiva fazia com que se sentisse fraco, sem capacidade de raciocinar. Era como se sua mente rastejasse em vez de trabalhar na velocidade costumeira.

"Aquele Kim Namjoon, ele não tem o direito de me ameaçar", Seokjin pensou, com raiva. 

O alfa tinha agido com a rapidez de um raio e o atingira em cheio, não dando-lhe muita chance de revidar.

Agora, ele estava numa situação terrível: ou se casava com Kim Namjoon, ou ele diria toda a verdade a Soobin. Após refletir por alguns instantes, Seokjin constatou que, de ambas as maneiras, Soobin acabaria se aproximando da rica e poderosa família Kim, que era algo que buscou evitar de todas as maneiras durante os últimos anos.

Por um lado, ao menos eles pareciam sinceramente interessados no futuro do rapaz. Isso Seokjin não podia negar. Soobin era um Kim, então era importante para eles, mesmo que o ômega não tivesse certeza por quais motivos.

Respirando fundo, Seokjin passou a mão pelo cabelo, buscando pensar em alguma saída. Casar-se com Namjoon estava fora de cogitação. Contudo, ao contar toda a verdade para Soobin, será que o filho compreenderia os seus motivos para esconder tudo por tanto tempo?

Por um momento, Seokjin sentiu medo. Já não bastava os problemas que já estava tendo com o filho, agora teria que lidar com mais isso? 

Maldito fosse Kim Namjoon e todos os Kim!


🪐 💫


Oii, gente. Decidi adiantar o capítulo que postaria domingo porque não poderia entrar aqui amanhã, estou cheia de trabalho. 

Enfim, o que acharam da revelação de quem é o pai de Soobin? 

E a proposta de Namjoon, gostaram?

Beijos e até semana que vem!


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