- Bom dia, meu amor.- Acordo com beijinhos no topo da cabeça.
- Bom dia, Margarida.- Me estico na cama.
Tento abrir os olhos, mas a claridade me faz fechar os olhos e me cobrir com o lençol.
- Seu café está pronto, vou terminar de arrumar minhas malas e encontro você lá embaixo. - Margarida acaricia minha cabeça por cima do lençol.
Murmuro em confirmação.
Suspiro sentando na cama. Tenho algumas coisas para fazer hoje, não posso enrolar.
Levanto-me e vou ao banheiro fazer minhas necessidades, escovo os dentes e tomo um rápido banho frio.
No meu desespero de fazer rápido as coisas, acho esquecendo a toalha. Saio do banheiro, nua, e corro até a cômoda do quarto, onde estava pendurada minha toalha. Uma delícia tomar banho frio ao acordar, mas a sensação de frio depois é ruim.
Pego a toalha e me seco rapidamente. Abro a primeira gaveta, pego um conjunto de calcinha e sutiãs azul bebê, puxo a segunda gaveta e pego uma saia branca e um cropped rosa claro.
Antes de vestir a roupa, aplico um creme com cheirinho e perfume de bebê, depois me visto com a roupa que separei.
Penteio o cabelo úmido de qualquer maneira, mas o suficiente para que fique desembaraçado por algumas horas.
Saio do meu quarto e corro para a cozinha.
Margarida e Adam estavam conversando.
- Querida, você está sentindo esse cheiro ruim?- pergunta Margarida.
Congelo.
Não foi um sonho?
- Ah, sobre isso, ontem eu encontrei um rato morto atrás do sofá e joguei na lata de lixo.- entro na frente de Margarida e pego a lata de lixo.- Deixa eu colocar fora.
- Deixa, eu coloco.- Adam diz.
- Não precisa, já estou saindo.- Pego rapidamente a lata de lixo e me afasto um pouco mais.
-Não vai tomar café?- Adam pergunta com uma sobrancelha arqueada.
Ele sabe que estou escondendo algo, na verdade os dois sabem.
- Sim, vou, só um minuto.- Saio pela porta de vidro da cozinha. A mesma que estava aberta ontem.
Vou até os fundos da casa, observo a floresta, de fato, a floresta é a coisa mais linda que alguém pode ver assim que acorda.
O vento gelado carregando as folhas, os pássaros cantando cedo. Uma sensação muito boa que todos deveriam experimentar pelo menos uma vez.
Chegando à grande lata de lixo, despejo o que carreguei comigo. O cheiro era horrível.
Preciso urgentemente descobrir quem fez isso.
Volto para a cozinha, Adam e Margarida se olhavam preocupados.
-Aconteceu alguma coisa?- pergunto.
- Não querida, só estamos pensando em você sozinha nesta casa por um mês.- Margarida suspira.
- Não precisa se preocupar, eu vou ficar bem.- Dou um sorriso acolhedor. Eu espero.
Por que eles tiveram que ir logo quando alguém invadiu minha casa?
- Precisamos ir, meu amor.- Adam me abraça de lado.- Vou sentir sua falta, prometo te mandar mensagem todos os dias.
Margarida vem até mim e me abraça também. Seguro as lágrimas, esses dois são uma das coisas mais importantes da minha vida.
Eles são os pais que eu nunca tive, cuidaram de mim como se eu fosse filha deles.
- Está tudo bem, um mês passa rápido.- Solto o abraço e viro as costas.
Odeio que me vejam chorar.
Ouço Margarida respirar fundo e passar as mãos nas minhas costas.
- Nossa carona está esperando por nós, fique bem.- diz com receio, Margarida dá um beijo em meu ombro e sai com Adam.
Está tudo bem Evangeline. Eles não estão te abandonando, eles vão voltar.
Eles não são como seus pais.
Termino de arrumar meu quarto e me sento na penteadeira. Pego o computador e acesso as câmeras da cozinha.
Talvez, apenas talvez, eu esteja com um pouco de medo do que vou ver, mas tenho certeza de que foi algum adolescente besta.
Digito a senha e começo a procurar, assim que encontro as gravações acelero até meia noite, hora que acordei com os barulhos.
Estranho, vinte e um minutos se passaram e nada. Só eu chegando na cozinha e vendo a caixa.
Volto trinta minutos e acelero a gravação em 2x.
Novamente, nada.
Percebo algo estranho, em uma parte da gravação a porta está fechada, em outra parte a porta está aberta.
Olho para o topo e só então percebo o que estava errado.
A gravação foi cortada.
Começa em meia noite e cinco e do nada pula para meia noite e vinte.
Merda, alguém teve acesso às câmeras para cortar as gravações.
Tento recuperar os cortes, mas a única coisa que aparece é que o arquivo estava corrompido.
Suspiro frustrada.
Pego meu celular e procuro o contato da Astrid, preciso da ajuda dela, ela saberia o que fazer se fosse eu.
- Eu não sei, porra.- Astrid berra. - Mude de casa ou contrate um segurança particular para cuidar de você por 24 horas.
Ok, talvez Astrid não saberia o que fazer naquela situação.
- Você não está ajudando.- resmungo andando de um lado para o outro no quarto.
- Tudo bem, faça o seguinte. Troque as fechaduras da casa, se o invasor entrou uma vez, pode entrar de novo. Em seguida, troque as senhas de acesso às câmeras.- Astrid faz uma pausa. - Se acontecer de novo, chame a polícia e depois me ligue.
-Ok, obrigado pela ajuda.- mordo meu lábio um pouco forte.
- Tchau, não se esqueça da festa hoje à noite.- Astrid me lembra.
A festa é hoje!
Eu havia me esquecido completamente da festa.
- Sim, claro que me lembro, tchau.- Desligo a ligação.
1° - Troque as fechaduras.
2° - Altere as senhas de acesso às câmeras.
Preciso da opinião de Rachel também.
Disco o número de Rachel e logo ela atende.
-Olá?- ouço sua voz arrastada.
-Você está bem?- pergunto estranhando.
- Sim, acabei de acordar.- Rachel boqueja no meio do discurso.- Desculpe.
- Enfim, preciso da sua opinião sobre algo que aconteceu.- Mordo a unha.
- Diga-me.- ouço o barulho de algo caindo e ela solta um xingamento baixo.
- Acordei de madrugada com o barulho de algo caindo na cozinha e quando fui ver o que era, a porta da cozinha estava aberta e havia uma caixa vermelha com um coelho morto dentro.- falo rapidamente. - Voltando ao meu quarto havia outra caixa vermelha com uma cinta-liga, uma carta e uma foto de Adam e Margarida.
- O que estava escrito na carta?- A voz de Rachel fica mais áspera.
- Alguma coisa na qual eu deveria usar a cinta-liga na festa ou quem escreveu a carta mataria Adam e Margarida.
- Evangeline, eu preciso desligar agora. Podemos conversar sobre isso mais tarde?- Rachel me interrompe.
- Tudo bem.- estranho seu comportamento.
- Ligue para Astrid e peça ajuda por enquanto.- Rachel desliga.
Já liguei para Astrid, então tudo o que resta é esperar que Rachel saia do que quer que esteja fazendo e me ajude.
Abro meus contatos e vejo minhas mensagens recentes. Existem três números desconhecidos. Um bloqueado e os outros dois não.
Imediatamente meu telefone vibra.
Número desconhecido enviou uma mensagem.
Se você abrir a boca para qualquer um de novo, irei te matar, vadia.
Logo depois o outro número desconhecido manda uma foto.
Pressiono no outro contato.
Meu coração dispara enquanto a foto é carregada.
Era uma foto minha de ontem à noite. Eu estava parada com a faca na mão olhando para a porta.
"Recado dado, coelhinha. ♡"