Casamento por conveniência |...

By kseokjinautt

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Uma pacata cidade... com segredos ocultos entre as colinas e os rios. Anos atrás, Choi Seokjin foi expulso de... More

Introdução & Personagens
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22

Capítulo 10

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By kseokjinautt

A semana transcorreu rápido. Como Namjoon havia se encarregado dos preparativos para o casamento, Seokjin pôde dedicar-se a arrumar sua mudança. Havia dois móveis de que gostava muito. Pretendia levá-los para a Fazenda Sunshine e colocá-los em seus aposentos. Quanto aos outros, ficariam em casa, como a maioria dos seus pertences.

Com um olho no presente e outro no futuro, Seokjin não pensava em vender aquele imóvel que fora seu único lar por tanto tempo. A vida que levaria dali por diante era uma incógnita. E se algo desse errado, ele poderia voltar para a casa. Aprendera a ser prevenido ao longo dos anos. E não pretendia abrir mão disso agora.

Na sexta-feira, tudo já estava encaixotado e pronto para a mudança. O próprio Namjoon veio buscar a carga, em sua picape. Soobin o ajudava, mal cabendo em si de contentamento. A amizade entre ambos crescia a cada dia. E Seokjin alegrava-se por isso.

O casamento aconteceu no domingo pela manhã. O clima estava ótimo. Apesar do calor intenso, uma brisa fresca soprava.

O pátio da casa de Namjoon foi inteiramente tomado pelos carros e utilitários dos convidados, que em sua maioria eram fazendeiros e sitiantes. Um tablado de madeira fora montado para a cerimônia. Arranjos de flores ladeavam o caminho por onde os noivos passariam, depois de declarados casados. Os convidados assistiam a tudo sentados confortavelmente nos bancos de madeira que os Kim sempre reservavam para as ocasiões de festa.

Os noivos ocupavam o centro do tablado. Ao lado, os padrinhos: dr. Dong e Kim Taehyung próximos a Seokjin; Kim Minseok e Kim Yeji próximos a Namjoon. Um grupo de crianças e adolescentes da família Kim, lindamente vestidos de branco e azul, completava o quadro. Soobin destacava-se no grupo, por sua estatura elevada e rara beleza.

Os Kim compareceram em peso ao casamento. Alguns primos distantes tinham vindo da capital e até do Japão. Quanto aos Choi... Nenhum deles estava presente, como era de se esperar.

O sacerdote estendia-se numa longa preleção sobre os direitos e os deveres do casamento. Tanto Seokjin quanto Namjoon o ouviam com uma expressão atenta, mas sua mentes vagavam por paragens das quais o velho homem nem sequer suspeitava.

Seokjin perguntava-se o que o bondoso sacerdote diria se soubesse que aquele casamento era um arranjo de conveniência e não uma união baseada no amor. Namjoon, cujos olhos não se desviavam do rosto enérgico do ômega de cabelos grisalhos, pensava no irmão morto havia tanto tempo. A perspectiva de ter Soobin a seu lado, dali por diante, o confortava. 

Aliás, Soobin estava se revelando um fazendeiro nato, Namjoon notava, com um sentimento de satisfação. A rapidez com que aprendia cada lição era admirável. E a alegria com que desempenhava o trabalho, contagiante. A fazenda parecia ter adquirido uma nova vida com a presença do rapaz.

Mas o motivo pelo qual Namjoon sentia-se realmente feliz com o sobrinho era o jeito com que ele lidava com os cavalos. Soobin tinha um modo especial de tratá-los. Os animais entregavam-se de bom grado a seus cuidados. E isso vinha ao encontro de uma velha paixão de Namjoon, que já arquitetava planos ambiciosos para Soobin.

Namjoon sempre sonhara ter um haras, para criar cavalos árabes puro-sangue, mas nunca tivera oportunidade de desenvolver o projeto. As plantações, o gado e a administração da fazenda consumiam seu tempo integralmente. Agora que ele tinha o sobrinho como aliado, talvez realizasse aquele velho sonho.

O canto de um pássaro na copa de uma árvore próxima arrancou Namjoon das divagações... E foi na hora exata, pois o sacerdote agora lhe pedia que repetisse as palavras do juramento solene:

— Eu, Kim Namjoon, te recebo, Choi Seokjin...

Forçando a mente a concentrar-se no assunto, Namjoon obedeceu. Depois, foi a vez de Seokjin. Em seguida chegou a hora das alianças, que uma garotinha vestida de branco trouxe numa minúscula baixela de prata.

Tomando as mãos de Seokjin entre as suas, sentindo-as macias e enérgicas, colocou-lhe a aliança no anular esquerdo.

Um arrepio percorreu a espinha de Seokjin.

"Você está apenas nervoso, Choi Seokjin", disse para si, ao ver-se tomado por uma intensa emoção, que logo tratou de sufocar. "É natural que se sinta assim, depois do desgaste dos últimos dias... Mas não se esqueça nunca de que este casamento é um arranjo para o bem de Soobin. E não deixe que seu caráter romântico lhe pregue peças."

Mas a verdade era que Seokjin estava comovido com a cerimônia, por mais que se negasse a admitir o fato. Tudo estava impecável — a decoração, o clima, os convidados. Há muito tempo deixara de pensar em casamento, acreditava que não era mais um sonho acessível para ele. Mas, agora estava ali, casando-se, e logo com Kim Namjoon. 

Se um dia tivesse se dado ao luxo de pensar como seu casamento seria, desconfiava que seria exatamente daquela maneira. E isto o comovia de certa forma.

— Eu os declaro marido e esposo — disse o sacerdote, com sua voz rouca e cadenciada. Voltando-se para Namjoon, acrescentou, num tom informal: — Pode beijar o noivo.

Durante a semana inteira, Seokjin esforçara-se para não pensar no momento que agora se apresentava. Beijar um homem sem estar apaixonado por ele poderia ser tão desagradável quanto beijar uma estátua, ele disse para si, erguendo os olhos para Namjoon, que o fitava com uma expressão absolutamente neutra.

"Ele também deve estar se sentindo assim", Seokjin concluiu. Seria um esforço para ambos, não somente para ele, e isso o consolava. Se bem que Namjoon poderia não ser um romântico incansável como ele, e talvez, para o alfa, beijar fosse como andar pelas suas terras no fim de tarde: algo corriqueiro, sem muito esforço ou expectativas envolvidas.

Não pôde pensar em mais nada, pois Namjoon já se curvava, envolvendo-o num abraço inesperado, segurando-o bem junto de si. E quando ele tocou os lábios dele com os seus, Seokjin sentiu o coração disparar com violência. Não passara de um selinho demorado, mas fora o suficiente para deixar o ômega um pouco atordoado. Havia mesmo beijado Namjoon? 

Diferente dele, o alfa continuava impassível.

— Viva! — gritou Kim Minseok.

Foi como se todos houvessem esperado por aquele sinal. Num ato que parecia previamente ensaiado, os convidados subiram ao tablado e rodearam os noivos, trocando apertos de mão, beijos e abraços.

Seokjin sentia-se no meio de um furacão emocional. Não estava acostumado àquelas manifestações, nunca fora o centro de nada em toda a sua vida, e seu maior desejo era fugir dali o mais depressa possível.

"Sou mesmo um bicho do mato", pensou, mantendo um sorriso formal no rosto tenso.

— Não gosto de sair no meio das comemorações — disse o sacerdote, elevando a voz sobre as congratulações e cumprimentos. — Mas tenho de oficiar outro casamento daqui a uma hora. Sr. Kim, será que poderia me acompanhar até o carro? — indagou, voltando-se para Seokjin, que levou alguns segundos para compreender que o ômega falava com ele.

Sr. Kim... Era assim que as pessoas o tratariam dali por diante.

Seokjin não relutou em atender o pedido. Estava ansioso por sair um pouco daquela espécie de palco onde era o ator principal. Além do mais, havia percebido que o sacerdote desejava lhe falar a sós.

De braços dados com o velho ômega, deixou-se conduzir por entre os carros parados no pátio até um velho sedã cinza-metálico, muito bem conservado.

— Desejo-lhe felicidades, sr. Kim. Mas desejo-lhe, sobretudo, paz. Creio que é isso que o senhor mais precisa, já que sofreu tanto na vida.

— Obrigado, sacerdote.

— Kim Joohyuk era um rapaz atormentado — ele comentou, de súbito. — Tinha algo que o consumia por dentro, algo que não era bom.

Seokjin assentiu em silêncio. Não gostaria de falar sobre o passado, mas também não queria ser indelicado.

— Já Kim Namjoon é totalmente diferente — ele prosseguiu. — É talvez o melhor alfa que conheci na vida. Ele será um bom marido e um verdadeiro pai para Soobin, pode apostar nisso.

— Eu espero.

— Agora, quanto a sua adaptação na família Kim... É um outro assunto, mais complicado e sutil. Espero que o senhor tenha paciência suficiente para compreendê-los. A despeito de suas pequenas manias, os Kim são gente boa.

— Sei disso, sacerdote. E, ao contrário do resto dos Choi, eu não desgosto dos Kim. Fique tranquilo, farei de tudo para manter o lar equilibrado e harmônico. — Seokjin sorriu. — Agora posso lhe pedir um favor?

— Claro, sr. Kim.

— Pare com esse tratamento formal. O senhor me conhece há muito tempo e sempre me chamou de menino Jin... Por que resolveu mudar de repente?

O velho sacerdote fitou-o como se ele houvesse dito uma grande tolice:

— Ora, menino, você agora é um homem casado!

— Ah! Está vendo só? — Seokjin riu. — O senhor acaba de me chamar de menino novamente. — Num tom amável, acrescentou: — Saiba que continuo sendo a mesma pessoa de sempre.

Ele sorriu, com ar bondoso:

— Quer que eu o trate como antes?

— Claro.

— Mas não posso fazer isso na frente das outras pessoas. Imagine só: chamar o sr. Kim de menino... Seria o cúmulo do desrespeito!

— Então, vamos fazer um acordo: trate-me como quiser diante dos outros. Mas para o senhor continuarei sendo o Jin, simplesmente.

— Está bem. — O sacerdote tomou-lhe a mão, num gesto de carinho e respeito. — Trate de ser feliz, menino Jin...

— Se Deus quiser, sacerdote...

— E Ele há de querer. — Com um aceno, o homem despediu-se e entrou no carro.

Seokjin o ficou observando enquanto se afastava.

— Parece que o nosso sacerdote queria lhe dar alguns conselhos...

Ele voltou-se e se deparou com Namjoon, que usava um elegante terno azul. Estava mais belo do que nunca, tinha de admitir.

— O sacerdote me disse que você é uma ótima pessoa. Eu respondi que acreditava nisso.

— Obrigado — ele assentiu, num tom de profundo respeito. — Serei bom para você, Seokjin — acrescentou, com um brilho intenso nos olhos negros. — Devemos nos juntar aos outros, agora — informou-o, num tom amável. — O almoço será servido dentro de poucos instantes. Taehyung e Yeji passaram o dia de ontem cozinhando, assando, confeitando... E prepararam uma festa tradicional, bem no estilo dos Kim.

— Talvez eu devesse tê-los ajudado — Seokjin comentou constrangido.

— Meus irmãos fizeram questão de preparar tudo, numa demonstração de gentileza e consideração por você — ele explicou, num tom calmo. — Não era intenção deles deixá-lo de fora. Mas, se isso o ofendeu, queira desculpá-los.

Seokjin caiu em si. Os Kim estavam sendo perfeitos, fazendo de tudo para que ele se sentisse à vontade.

— Eu é que devo pedir desculpas — disse, com sinceridade. — Ando meio confuso, sabe?

— E desgastado, como é natural — ele comentou, com um olhar sereno. — Mas pelo bem de Soobin devemos tratar dos problemas que surgirem daqui por diante com muita sensatez e paciência.

— Você está certo, Namjoon...

— Ei, vocês dois! — disse Soobin, aproximando-se. — Todos estão esperando... E alguns com muita fome, como é o meu caso!

Seokjin voltou-se para ver o filho. Ele estava corado e animado, mas havia uma interrogação em seus olhos cor de mel. Era como se perguntasse se tudo estava bem.

O ômega então sorriu e Soobin relaxou imediatamente.

— Já estamos indo, filho — disse, com um olhar cheio de amor. 

Ao voltar-se para Namjoon, este o estendia o seu braço.

— Poderia me dar a honra, sr. Kim?

Com um pequeno sorriso no rosto, Seokjin entrelaçou o seu braço ao do agora marido e os dois caminharam de volta à festa.


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