A Chantagem (Adaptação)...

By DamianaSilvaa

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Camila Cabello é uma advogada competente e ambiciosa, uma mulher independente que não guarda espaço na sua vi... More

Introdução
1 - Negócio Fechado
2 - Caixas e Pacotes
3 - Remorso
5 - Fotos e lembranças
6 - Faz de Conta
7 - Brigas e Telhados
8 - Pequenas Confições
9 - Outras Intenções
10 - Surpresa Desagradável
11 - Fale a Verdade
12 - Na Cama
13 - Tempo e Decisões
14 - Duas Visitas
15 - Dor e Carinho
17 - Discussões
18 - Feriado
19 - O que ninguém viu
20 - Desencontros
21 - Planos
22 - Morangos
23 - Ela já foi
24 - Eu Também Te Amo
25 - Epílogo
Nota.

16 - A Festa

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By DamianaSilvaa

Eu tinha aprendido a pedir desculpas. Essa parte eu sabia.

Mas o problema é que eu não achava que tinha feito nada errado. Ou pelo menos não tão errado para receber toda aquela fúria.

Tomei café sobre o balcão da cozinha e Lauren comeu praticamente em pé. Ela não disse uma única palavra e se aquilo era uma competição para ver quem falava por último, eu não queria perder.

- A caixa com as coisas da minha irmã. - ela disse quando já estava pronto para sair - Está na garagem. Deixe onde está, tudo bem? Acha que consegue não se meter pelo menos nisso?

Encarei ela com raiva e não disse uma palavra.

Vi ela engolir a seco

É isso mesmo, Lauren. Eu estou puta.

- Passo pra te pegar às oito, está bem? - acrescentou com uma voz um pouco mais suave, mas ainda firme.

- E pra onde é que eu vou? - irritada.

- A comemoração. Eu te convidei ontem. Você disse que ia.

- Eu posso mudar de ideia?

Ela abriu um sorriso irritado e exausto.

- Você pode fazer o que você quiser. Não é sempre assim?

Eu bebi meu café e ignorei sua presença.

- Tudo bem. - sacudiu a cabeça devagar - Eu chego às oito. Se você quiser ir comigo, você vai. Se não… se não você faz o que você quiser.

Max colocou as patas dianteiras no balcão e eu cocei suas orelhas enquanto terminava minha xícara.

Se Lauren esperou minha resposta, antes de sair, eu não me dei o trabalho de perceber.

****************************************

Metade de uma manhã sem ter o que fazer e com meu cérebro cozinhando em possibilidades fez com que meu orgulho sumisse e eu já estava começando a me
arrepender do jeito como tinha tratado Lauren.

Mas o que me fez decidir parar com a criancice foi a lembraça da loira aguada. Ela disse que tinha conhecido uma mulher no trabalho. Isso significava que ela certamente estaria nessa comemoração.

Foi um pensamento que durou apenas uma fração de segundo e foi completamente capaz de me fazer tomar uma decisão: eu iria para essa festa e não havia nada na Terra, acima dela ou abaixo, que me impedisse.

Restava apenas o eterno dilema feminino: o que vestir? Algo que eu já tenho ou algo que precisa ser comprado? Eu tinha preparado a mala de uma mulher que iria vir fazer uma faxina de forma rápida e eficiente e depois iria voltar para casa o mais rápido possível. Isso já não era mais o cenário em que eu me encontrava há algum tempo, vide o fato da faxina já ter sido concluída e eu não estava exatamente fazendo compras online em um
site de companhia aérea.

Olhei toda a coleção de vestimentas que eu tinha trazido organizadamente dispostas em cima da cama. Eu tinha exatamente um único vestido que poderia servir. Poderia.

Sentei na cadeira e observei a bagunça que eu tinha feito.

Max ficou de pé na minha frente.

- O que você quer? - cocei sua orelha e ele se sentou. Eu odiava admitir, mas cachorros eram uma companhia interessante. Estava começando a considerar arranjar um para mim quando voltasse para casa. Principalmente depois do Experimento Lauren, a solidão ia ser difícil de sobreviver.

Enchi os pulmões e tentei me acalmar.

Eu não estava só cheia de tesão e loucamente apaixonada pelo mulher.

Aparentemente, meus sentimentos eram ainda mais fortes.

Eu estava fodida. Total e completamente.
O que diabos eu ia fazer? Voltar para casa e fingir que nada daquilo tinha acontecido?
Ou me mudar para perto de Lauren correndo o risco de que ela não sentisse nada por mim e que eu acabasse fazendo papel de mulher louca perseguidora?

Não havia alternativa ideal e eu ia ter que descobrir uma saída menos ruim.

Eu ia ter que comprar sorvete. Era isso que as mulheres faziam nos filmes, não era? Quando tinham uma desilusão amorosa? E eu odeio sorvete.

- Acho que vou ter que aprender a gostar. - respondi meu pensamento em voz alta, Max inclinou a cabeça e emitiu um latido baixo - Afinal, o clichê da mulher abandonada não está completo sem sorvete.

Apoiei meus cotovelos nos joelhos e coloquei o queixo nas mãos.

Aquela seria, provavelmente, minha última noite ali. Principalmente se Lauren continuasse tão irritada. À noite, eu diria que acabei de arrumar sua casa. A mudança estava concluída e ela, oficialmente, morava em outra cidade agora. Eu ia ligar o computador e ela ia acessar sua pasta online.

Eu deixaria ela digitar sua metade da senha e eu completaria com “imbecil”.

Estava olhando para ela, naquela fatídica noite em que ela, acidentalmente, me
filmou. Olhando para ela e tentando decidir o que colocar na minha metade da
senha. Lauren me ofereceu um sorriso pernóstico e eu digitei a palavra “imbecil” sem nem pensar.

Max estava me observando divagar sobre todos os nuances do meu passado e todos
os possíveis cenários do meu futuro.

- Mas de todos esses cenários, Max, sabe qual é o único que nós não vamos suportar? Deixar sua dona sozinha com a loira esquálida. Isso de jeito nenhum.

Depois que eu fosse embora, quando estivesse longe dali aprendendo a me afogar em sorvete Lauren ia trazer ela para casa. Ia ser ela quem ia dormir na sua cama e coçar as orelhas de Max.

Mas enquanto eu estivesse ali, ela não ia encostar em Lauren. Não ia, não ia e não ia de novo.

Passei os dedos pelos cabelos.

Eu precisava de um vestido novo.

Precisava de um vestido que fizesse cada mulher daquela festa me odiar e cada homem querer cair de boca em mim.

Precisava sair dali deixando uma coisa bem clara pra lambisgoia: ela pode até ficar
com você, mas preferia estar comigo.

*************************************

- Eu tenho que trabalhar.

- Mentira.

- É verdade!

- Não acredito. Você é a maior desocupada que eu conheço.

- Isso, Camila. É desse jeito que você vai me convencer a te fazer um favor.

- Olha, desculpa, Alex! Mas me escuta! Nós vamos sair na sexta, não vamos? Tenho certeza que você também aproveitaria um dia de compras legal. A gente vai até o salão e dá um jeito no seu cabelo.

- O que há de errado com o meu cabelo?

- Ah, meu bem… O que não há de errado com o seu cabelo?

- Você não pode pegar um táxi?

- Posso. - eu não queria pegar um táxi. Ai meu Deus… eu estava apreciando companhia. O que diabos estava acontecendo comigo? - Mas achei que você poderia querer vir.

Ela me observou por alguns segundos mordendo o próprio lábio. Estava considerando.

- Você não faz nada com o meu cabelo sem a minha expressa autorização?

- De jeito nenhum. - prometi resignada - Mas acho que você devia me ouvir.

- Vou pensar no seu caso.

****************************************

Estava no quintal, esperando Alexia sair quando vi Lucy do lado de fora regando as plantas. Ela se moveu, esticando a coluna e nossos olhares se cruzaram.

Levantei a mão em um cumprimento tímido. Não sabia qual a etiqueta nesse tipo de situação, mas não queria que tudo acabasse com a criação de uma inimizade.

- Estou pronta. - Alexia travou do meu lado e eu percebi que ela deveria estar olhando para o mesmo lugar que eu. - Você acha que a gente devia chamá-la?

- Eu não sou muito boa com essas decisões
sociais.

- O que a gente faz, então?

Coloquei a cabeça para traz e inspirei profundamente. Estava sentindo minha
sanidade começando a querer me abandonar.

A verdade?

Eu estava de saco cheio.

Estava de saco cheio dessa coisa de timidez, meiguice e preocupação. Às vezes, seu uma vadia é a melhor coisa que você pode fazer. E essa vizinhança era dócil demais, precisava de uma sacudida.

Marchei através da rua e ouvi Alexia me questionando às minhas costas.

- Lucy! - gritei, antes que ela pudesse fugir para dentro de casa e fingir que não tinha me ouvido.

- O que é que vocês querem? - resmungou baixinho quando nos aproximamos.

- Estamos indo fazer compras, salão de beleza, essas coisas… E você vem com a gente.

- Não vou, não. Eu tenho coisas para…

- Vem com a gente, sim! E eu não estou pedindo.

Alexia estava segurando meu braço e parecia ainda mais nervosa que Lucy.

- Mila, o que você está fazendo?

- Estou dando um basta nessa frescura. Lucy, eu e Alexia viemos te dizer uma vez. Você decidiu não acreditar: escolha sua. Não vamos mais falar sobre isso nem nos meter na sua vida. Mas você me ajudou no meu primeiro dia aqui e, por algum motivo que eu não compreendo, parece tratar bem todo mundo ao ser redor, inclusive o traste do seu marido. - ela fez uma careta e ameaçou se virar - E pronto! Esse foi o último comentário que eu fiz a respeito dele. Não falo mais nada! Mas, como eu dizia, você me ajudou, estou em débito com você e eu odeio ficar em débito com quem quer que seja. Você vem com a gente. Vamos comprar um vestido bonito pra você, arranjar um corte de cabelo novo pra levar o seu marido a loucura, se é que… - engoli a ofensa - Nada. Não vou dizer mais nada.

- Vocês acham mesmo que eu iria com vocês depois de tudo o que disseram sobre o meu Shawn?

Sua voz era diferente. Não estava cheia de fúria e indignação como no outro dia.
Estava mais sóbria, mais composta. Era um leve tom de mágoa. Mas uma mágoa que ela queria superar.

Um pedido de desculpas resolveria tudo para a pobre Lucy e ela poderia voltar a ignorar o fato de que seu marido era, de fato, horrível.

Mas desculpas eu não ia pedir.

- Não vou pedir desculpas, Lucy. Não acho que tenho nada para me desculpar e não me arrependo de nada que disse. Se você quiser ficar emburrada jogando água nas plantas, o problema é seu. Nós estamos indo. Agora! Você vem?

- Mas o que é esse inferno?

Ela chegou com suas plataformas altas e um drinque cheio de gelo na mão.

- Será que vocês podem parar de gritar? Estão interrompendo minha meditação.

- Você medita com alcool, é Madeleine? - Alexia torceu o nariz.

- Não é da sua conta.

- Pois o que estamos dizendo também não é da sua. - retrucou.

- Não briguem, por favor. Vamos falar mais baixo, Madeleine. - A Lucy que odiava conflitos estava de volta,

- Não estou brigando. Só não aguento mais essas duas baderneiras.

- Quem é a baderneira, sua velha gagá?

- CALADAS! AS TRÊS! - minha voz firme foi ouvida acima de todas as outras. -Mas será que ninguém trabalha nessa vizinhança? Alexia vamos para o carro.

- Você não manda em mim.

- Menina, não me testa! E vocês duas vem também.

- Camila, eu…

- Lucy! Entra na porcaria do carro e cala a boca.

- E eu? - Madeleine/Velha fofoqueira perguntou.

- Você vem também.

- Mas olhem só pra isso… A esquisita é nova na vizinhança e já acha que pode me dar ordens.

Alexia se aproximou com o carro. Eu olhei para Madeleine com fúria nos olhos.

- Entra. No. Carro.

Alexia colocou o carro no caminho do shopping e o silêncio não durou mais que
poucos segundos.

- Vai fazer o quê, agora que nos sequestrou?

- Madeleine, a Camila foi gentil demais convidando você. Então, cala essa tua boca imensa.

- Convidando? Ah, foi isso que a grossa fez?

- Por que vocês são assim? - perguntei.

- Assim como? - Alexia quis saber.

- Por que vocês brigam e xingam e agem como inimigas mortais o tempo inteiro.

- Eu não gosto dela. - Alexia explicou.

- É recíproco. - Madeleine completou com sua voz rasgada no banco de trás.

- Eu não tinha qualquer problema com nenhuma de vocês até inventarem coisas sobre o meu Shawn.

- O que foi que vocês inventaram? - senti o tom de quem ama fuxico na sua voz.

- Elas disseram que meu Shawn fez coisas que ele não fez.

- Tipo agarrar outras mulheres? Porque isso, querida, é verdade.

- Pare o carro, Alexia! Eu quero descer!

- Ninguém vai parar o carro. - decidi me perguntando que tipo de doença mental tinha me acometido pra eu ter essa ideia genial de trazer o circo inteiro.

- Vocês disseram que iam parar com essas loucuras.

- Mas a única loucura aqui é você ainda ser casada com aquele traste e se recusar a
admitir.

- Alexia! - reclamei - Nós prometemos.

- Eu não prometi nada. E você não tem autorização para prometer por mim.

- Camila, faça ela parar o carro! Eu quero descer!

- Não tem nem calçada, aqui, Lucy, se controle.

Madeleine continuou a narra como Shawn não prestava. Alexia alternava entre mandá-la calar a boca e dizer a Lucy que parasse de ser idiota. Lucy pedia para descer e sua voz começou a afinar como se ela fosse chorar a qualquer segundo.

Eu estava com uma enxaqueca louca e com um arrependimento eterno. Mas consegui usar algumas palavras mágicas. E eu digo mágicas porque não sei como conseguimos chegar no shopping sem que nenhuma de nós matasse a outra.

*************************************

Alexia tinha um sorriso deslumbrado. Logo quando disse ao cabeleireiro que sumisse com aquelas mechas horrorosas ela teve vontade de me matar, mas assim que seus fios estavam uniformes mais uma vez, eu disse a ele que puxasse as suas amadas mechas de volta. Mas agora, eram dois tons de violeta e um de azul que preenchiam seus cabelos. Algumas tinham sido puxadas desde a raiz, outras do meio dos fios e a grande maioria apenas nas pontas.

A coloração de antes parecia ter sido atingida com água misturada a papel crepom. Agora, uma linda mistura de cores se mesclava em um furtacor sempre que a luz batia em seus fios.

- É assim que se pinta o cabelo. - expliquei e ela riu.

- Ficou perfeito! - Ela não conseguia tirar os dedos dos cabelos e os olhos do espelho.

- Eu sei. E na sexta você usa a roupa nova que a gente comprou. Juro por Deus, Ferrer, se você usar uma camisa de banda na sexta feira eu mato você e enterro seu corpo no quintal de Madeleine.

- Está muito lindo. - ela não estava me ouvindo. Ficava encarando cada detalhe do próprio cabelo e eu ri de seu deslumbramento.

Lucy tinha pintado o cabelo com dois tons de loiro e feito um corte curte estilo Chanel. Meia hora na cadeira da cabelereiro e ela tinha rejuvenecido uns oito anos.

Brincava com as pontas dos fios de frente pro espelho. Eu entendia exatamente o que aquele sorriso de felicidade queria dizer: ela ia voltar para casa e fazer um jantardelicioso, ia vestir a roupa nova, se entupir de perfume e maquiagem e ia mostrar o corte de cabelo novo para Shawn.

Eu esperava que ele conseguisse ser, pelo menos, delicado. Notasse o corte e o elogiasse. Levasse sua mulher pra cama e
fizesse ela se sentir especial. Ela queria tanto aquilo que mesmo a alguns metros de distância e em completo silência, era possível ouvir seu pensamento com clareza.

- E você? Não vai fazer nada com o cabelo?
Balancei minha cabeça negativamente para Madeleine.

Meu corte era recente e impecável. O estilo franjão estava na medida certa e eu gostava dos meus cabelos bem longos. E algo no jeito como ela os agarrava indicava que Lauren também gostava deles assim. Eu ainda não tinha fios brancos e adorava ser morena. E não podia reclamar da minha genética nesse quesito. Meu cabelo colaborava muito e quase não conhecia dia ruim.

- Uma hidratação era tudo que eu precisava. - indiquei.

Convencer Madeleine a puxar luzes no cabelo foi uma verdadeira saga. Ela, ao contrário de Alexia e Lucy, se recusava a aceitar que eu tinha uma noção de estética melhor do que ela.

Foi quase tão difícil quanto arrancar a blusa de pele de onça falsa de suas garras na loja de roupas, mas eu consegui convencê-la e agora, assim como as outras duas, ela parecia bastante satisfeita.

A manicure estava tendo trabalhos com Alexia. Ela não conseguia parar de mexer no cabelo e o esmalte borrou pela terceira vez.

Escolhi uma cor escura para minhas unhas. Um preto com um leve toque avermelhado para encaixar com o vestido vermelho que eu tinha comprado. Eu geralmente preferia amarelo para ocasiões assim, a cor contrastava melhor comigo, mas o maldito vestido vermelho serviu no meu corpo de um jeito tão sensual que eu simplesmente soube que tinha que ser ele.

- E agora? Vamos para onde? - Alexia perguntou quando a manicure finalmente a liberou. A pobre funcionária tinha uma expressão exausta.

- Depilação.

- Eu espero vocês lá fora.

Eu segurei ela pelo braço.

- Não preciso disso, é sério.

- Ela vai fazer o quê? - a depiladora me perguntou. Ela, claramente, não tinha
paciência para Alexia.

Eu te entendo, colega.

- Você tem pêlos na parte da coxa também?Ou só nas canelas? - perguntei.

- Só nas canelas. - ela respondeu assustada. - E bem pouco.

Estreitei os olhos e analisei sua expressão.
Decidi que ela estava mentindo.

- Ela vai fazer perna inteira, sobrancelhas, buço e virilha.

- O que ela prefere?

A depiladora nem olhava para Alexia e isso começou a incomodá-la.

- Egípcia nas sobrancelhas e buço. Cera quente nas pernas e virilha.

- Tudo bem. E qual o tipo de depilação na virilha?

- Eu estou bem aqui. - reclamou - Eu posso decidir por mim, tudo bem?

A depiladora levantou uma sobrancelha impaciente para ela, mas esperou que eu falasse.

- O que você quer, então?

Ela olhou de mim para a depiladora e de volta para mim.

- Quais são minhas opções?

- Lisa, cavada, asa delta… A gente pode fazer um desenho em você também. Um coração ou uma coelhinho da playboy. O que acha? - ri.

- Não! Nada disso! Camila, é sério!

A depiladora não resistiu e começou a rir, também.

- Acho que a gente pode fazer uma asa delta nela. Pouco cavada. Já que ela não tem costume.

- Acho que vai ser a melhor ideia.

- O que é isso?

- Significa que só vai depilar o excesso. As bordas. Vai deixar os pêlos na região
triangular do púbis. Eu uso assim.

- Tá. Se serve pra você, serve para mim, também. Você também vai fazer?

- Eu me depilo a laser. Estou em dia com os retoques. Apesar de que… Acho que
vou dar uma variada. Vou fazer virilha, também. - disse para a depiladora - Lisa.

Alexia gritou tanto que não havia uma pessoa nas proximidades que não estivesse constrangida.

- Você não disse que ela ia… que ela ia…

- Menina, desembucha.

- Fazer atrás também.

- E você queria que ela deixasse como estava?

- Foi horrível. - não estava me ouvindo e parecia estar controlando o choro - Não faço isso de novo nunca mais.

- Faz sim. Deixe de bobagem.

A depiladora saiu e me chamou.

- O que você faz. - Alexia olhou para ela - Tenho certeza que tem algum artigo na Convenção das Nações Unidas contra Tortura que diz que é ilegal. Certeza.

- Obrigada. - agradeceu, indicando que eu passasse com o indicador.

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                          Lauren Jauregui




- A sua amiga vem hoje de noite?

Eu não sei por que Devon Hill falava comigo como se fôssemos grandes amigos.

Ele era um sacana pernóstico e eu o odiei desde que ele fez alguma piada inapropriada sobre minha vida pessoal.

Não tinha o costume de odiar pessoas, então respirei fundo e lhe dei uma segunda
chance. Chance essa que ele jogou pela janela. Cruzou conosco no elevador no primeiro dia de Camila aqui, quando ela veio até o escritório pegar as chaves de casa.

Ela sorriu e piscou seus longos cílios para ele. Tinha sido uma brincadeira boba e tenho certeza que assim que desceu do elevador, ela nunca mais pensou nele. Ela sequer tinha feito qualquer menção a ocasião: tinha sido sedutora porque sabia que isso ia me irritar. Me irritou e pronto, missão cumprida. Mas desde então Devon era só perguntas sobre ela e quando poderia conhecê-la.

Ela é areia demais para o seu caminhão minúsculo, Hill e não, você não vai conhecê-la.

- Ainda não sei. - era verdade. Sorri, tentando ser simpática. - E você? Quem vai ser a companhia da noite?

- Sua amiga, eu espero. - riu, sentando na cadeira a minha frente - Desculpe a brincadeira, Laur. - passou a mão na gravata - Mas você disse que era só uma amiga e minha nossa… Com todo o respeito, é o pedaço de mulher mais bonita que eu já vi na vida.

- Sei que você não faz por mal, Devon. Mas a situação mudou. Estamos juntas, agora. - meu tom tinha saído um pouco mais rude e possessivo do que eu tinha planejado. Mas foi bom, recado dado: fique longe da minha mulher, idiota!

- Ah, poxa. Desculpe. - ele pareceu levemente constrangido - Mas é só que… Achei que você e a Lynn…

- Não. Isso foi antes. E não deu certo.

- Entendo. É so que… quando você falou da sua amiga… realmente soou como se não houvesse nada. Achei até que tinha sentido um pouco de irritação. Pensei que poderia ser uma ex incoveniente ou algo assim. - sorriu.

Suas perguntas eram o motivo da minha irritação, Hill, não Camila.

- Não havia nada quando você perguntou. Mas agora há.

- E é sério? Ou é do tipo que dá para compartilhar com os amigos?

Ele riu como se fosse uma piada, mas eu sabia que tinha um toque de verdade no comentário e não achei graça nenhuma.

- Estamos namorando. - droga. Não sabia se estávamos. Não fazia a menor ideia de qual a definição do nosso relacionamento. Independente de nossa discussão, eu
sabia o que eu queria. Mas não sabia o que ela queria. Além do mais, e se ela fosse
embora? E agora, se Hill fizesse qualquer menção a esse meu comentário

Camila ia me fritar e comer com geleia.

- Ah. Bem, felicidades, então.

- Obrigado.

- E se não der certo. Por qualquer motivo. - brincou, gesticulando e eu sorri, usando até a minha última gota de força de vontade para continuar simpático e educado - Vou querer o telefone dela, hein? - ele riu mais uma vez da sua brincadeira estúpida e eu ri de volta.

Ele saiu e eu amassei um papel no meu punho e joguei a bola contra a porta.
Imbecil.

Sua mãe me disse.

Ela tinha ido ver minha mãe.

Eu queria gritar, brigar e dizer a ela que não queria que ela fizesse isso nunca mais. Mas não se diz a Camila o que fazer e esse era um dos motivos pelos quais eu tinha me encantado por ela.

Camila Cabello era o oposto de tudo que minha mãe era, de tudo que destruiu nossa família. Ninguém puxava ou empurrava Camila. Ninguém lhe dizia o que fazer ou como fazer. Ela era sua própria mulher, dona da sua vida e do seu destino.

Era isso o que eu adorava. E era isso o que me deixava louca.

Assim que saí do quarto me arrependi do jeito que falei com ela. Tudo bem, ela não precisava ter ido ver minha mãe pelas minhas costas. Mas eu tinha lhe dado todas as informações que precisava para fazer isso. Tinho dito pequenos pedaços do meu passado, apenas o suficiente para deixá-la curiosa.

Será que eu podia mesmo culpá-la? Eu também tinha feito algo parecido, tinha olhado sua lista pro bono, tinha seguido seus passos no dia do fórum. Eu também tinha investigado sua vida quando ela achou que ninguém estava olhando. E nós nem estávamos dormindo juntos naquela época.

O que ela diria se descobrisse? Ficara indignada como eu fiquei?

Camila estava virando minha vida de cabeça para baixo de um jeito que ela não fazia a menor ideia. Tinha mudado tudo para conseguir me afastar da minha família e mal ela se aproxima e já começa a trazer minha família de volta.

Eu não queria aquilo. Odiava brigar com ela. Odiava. Mais que tudo. Acho que nunca odiei tanto uma coisa na minha vida. Nem o Hill, nem a minha mãe, nem a minha avó. Brigar com Camila me fazia perder meu norte.

Demorei o dobro do tempo na noite anterior para conseguir acabar meu trabalho…

Só conseguia pensar em voltar lá e fazer as pazes. Voltar lá e dizer “Olha, eu te amo, está bem? Chega dessa frescura. Vem aqui fazer amor comigo e amanhã vamos te arranjar um emprego nessa cidade para você não precisar ir embora nunca mais”.

E aí o quê?

Ela ia olhar para mim e rir? Sua vingança estava completa e ela podia voltar para casa.

Eu tinha tanto medo.

Já tinha perdido alguém que eu amava antes.

E aquela perda tinha destruído minha vida inteira, não era?

Parte de mim queria experimentar a sensação, independente do risco. Queria ser vulnerável e se permitir algo maravilhoso. Mas a outra parte era uma covardia condensada e tremia só de pensar em como seria horrível me abrir pra isso tudo e ter uma porta fechada na minha cara.

Amar Camila poderia ser incrível.

Mas perdê-la seria insuportável.





***** ******************************

- Camila? - bati na porta entreaberta do quarto de hóspedes e enfiei o rosto lá dentro.

Mantive os olhos no chão: não sabia se ela estava trocando de roupa e não queria ser grosseira. Principalmente não com Camila. E principalmente não depois de uma discussão.

- Estou quase pronta.

- Você vai, então?

- Você me convidou, não foi? Já mudou de ideia? - ela estava sendo grossa. Isso era bom. Ela ser grossa significava que estava bem.

- Claro que não. Mas você disse hoje de manhã que não tinha certeza.

- Eu sei o que eu disse e… Por que você está olhando para o chão? Não tem nada aqui que você já não tenha visto.

Levantei os olhos.

Ela estava usando uma lingerie de renda vermelha. Salto alto daqueles bem finos.

Mais nada.

Vermelha.

De todas as cores que ela poderia estar usando… Logo vermelha…

Puta merda.

Eu sabia que não estava respirando. Eu estava encarando aquela porra daquele
corpo escultural enfiado naquela porcaria vermelha e minúscula.

Ela tinha celulite. Tinha estria. Tinha marcas no corpo como qualquer mulher. E isso não diminuía em nada aquela delícia de bunda. Não era um corpo perfeito e imaculado. Mas aquelas imperfeições eram a parte mais sedutora: deixavam claro que ela não era parte de alguma fantasia inatingível. Ela era real e estava bem ali, a poucos passos de mim.

Tudo que eu precisava fazer era andar até lá, pedir desculpas pela minha grosseria, beijá-lá e jogá-la na cama. Eu afastaria a parte de baixo da calcinha só um pouquinho para me dar passagem e comeria ela sem tirar nada daquela lingerie vermelha.

Eu devia estar sem dizer nenhuma palavra por alguns segundos.

- Você disse que ia chegar ás oito horas. Está atrasada.

Vamos lá, Lo. Calma, agora. Diga palavras. Devagar. Uma frase de cada vez. Concentre-se.

- Desculpe. - pausa - Tive que resolver umas coisas no escritório. - Pausa - Fico pronta em quinze minutos.

Eu estava passando a língua nos lábios e escondendo minha ereção atrás da porta.

Ela se virou de frente e eu desejei morrer.
Conseguia sentir seu perfume e meu pênis estava gritando para eu pedir desculpas de joelhos e acabar com aquilo de uma vez. Afinal, se aquilo era uma competição
de orgulho e teimosia, nós todos sabíamos quem ia ganhar…

Mas meu coração me lembrou que se eu cedesse a essas emoções por qualquer
coisa era ele quem podia acabar quebrado e arruinado.

Ela levantou os braços como se estivesse esperando que terminasse de dizer o que
eu tinha ido dizer.

Eu não tinha mais nada para falar. Mas não queria fechar a porta. Abri a boca. Não saiu nem uma palavra. Nem uma. Valeu pela ajuda, cérebro.

Apontei para o lado de fora indicando que eu ia sair e passei os olhos pelo seu corpo mais uma vez.

Puta merda.

*************************************

- Camz? Já está pronta? - chamei, já descendo as escadas.

- Aqui em baixo.

Ela estava me esperando na sala.

- Uau. - minha boca se mexeu sozinha.

O vestido vermelho tinha alças finas e um bojo rígido que empinava e delineava seus seios. A roupa colova como um bandage até sua cintura, quando abria em uma saia leve com uma fenda na lateral que deixava uma de suas coxas quase completamente de fora.

Estava me lembrando do dia que a conheci. Não foi acaso de uma noite só: ela tinha a capacidade de ser estonteante quando queria.

Seu perfume parecia uma dose concentrada de afrodisíaco e era suficiente para deixar qualquer um com as pernas bambas.

- Você está… linda. Como sempre. - tentei fazer o elogio soar casual e não apaixonadamente deslumbrado. Acho que consegui.

- Obrigada. Vamos?

Se ela estava tentando fingir descaso, estava atuando milhares de vezes melhor do que eu.

Abri a porta de casa e ela foi para o carro sem me dirigir uma única palavra.

Lembrei de Hill e seus comentários imbecis.

Ele ia estar esperando na festa e se
Camila flertasse com ele para me irritar eu não tinha certeza se ia conseguir me segurar. Ele era um advogado antigo da firma. Não podia dar um murro nele.

Queria explicar a situação para ela e pedir que compreendesse e não fosse infantil. Mas, ao mesmo tempo, não queria lhe dar munição.

Liguei o carro e seguimos em silêncio por alguns instantes.

- Onde vai ser essa festa?

- Em uma galeria no sul da cidade.

- É uma comemoração de quê, exatamente?

- O escritório trabalha com algumas fundações de cunho social. Uma delas acabou de conseguir resgatar uma coleção de arte bem importante. A abertura da exibição vai ser hoje.

Ela gemeu afirmativamente.

Meus olhos desceram para sua perna exposta pela fenda do vestido.

Queria poder tirá-la daquela roupa quando voltassemos para casa. E não precisávamos nem transar. Quer dizer, se não fosse por aquela droga de lingerie vermelha me deixando louca de tesão… Mas o fato é que eu queria o que tivemos ontem. Foi bom de um jeito que eu nunca tive antes. Sentir seus dedos ensaboados na minha pele apenas me alisando. Era contraditório imaginar isso já que estávamos nuas, mas tinha sido inocente. Tinha sido um carinho verdadeiro.

Droga, será que foi só culpa?

Ou será que ela me ama?

Ah, por favor, por favor, que ela me ame.

Não precisava nem ser amor, ainda. Acho que já ficaria feliz o bastante se ela estivesse apaixonada. Apaixonada de verdade e disposta a tentar.





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                          Camila Cabello



- Camila Cabello, esté é meu chefe, Andrew Conaughy. Andrew, minha amiga Camila.

- Um prazer. - ele pegou minha mão e a beijou. Sorri de volta.

- O prazer é meu.

Tinha dedicido que ia ser espetacularmente simpática hoje. Ia deixar todos os seus colegas de trabalho vastamente impressionados com minha personalidade embriagante. Ou, em outras palavras, tinha deixado a vadia em casa.

Logo eu estava sendo apresentada a todas as facetas do novo escritório de Lauren.

- Lauren! - exclamou um dos sócios - Você tem que nos dizer onde encontrou uma dama tão linda.

- Sim! E se tinha mais delas nesse lugar.

Todos riram e eu acompanhei. Detestava essas hipocrisias. Eles estavam me achando gostosa, medindo minha bunda e decorando minhas curvas para pensar em mim quando estivessem comendo suas mulheres mais tarde. Mas iam passar a noite me fazendo elogios que eles acreditavam serem sutis. Eu sorri, aceitei e deixei que a brincadeira continuasse.

- Era uma colega de trabalho no meu escritório anterior. - explicou, virando-se para me observar.

Eu não estava exatamente nos seus braços, mas também não estava exatamente separada. Lauren sempre encontrava um jeito de colocar uma mão na minha cintura, no meu braço, nas mainhas costas… Era uma dança e ela sempre estava me tocando. Uma gota de DNA canino e ela estaria urinando ao meu redor.

Está bem, Lauren, acho que todo mundo já entendeu que eu estou com você.

- Hyde, Willows & Benson, han? Conte pra gente, Camila, com quem você teve que dormir para conseguir um emprego lá?

Todos riram. A mulher que precisa dormir com alguém para conseguir um emprego. Realmente, pessoal: hilário...

- Na verdade, eu achei um precedente na jurisdição e encontrei uma falha contratual que evitou que um dos sócios majoritário perdesse 60% de seus bens para a ex-mulher, de quem estava se separando depois de ter sido pego na cama com a amante. Ele praticamente deixou que eu escolhesse meu salário depois disso.

- Impressionante! - Andrew fez uma breve reverência - E quanto ela levou no divórcio?

- 20%.

- É, ele realmente tinha que deixar você escolher quantos zeros ia ter no contracheque! - riu.

- E isso foi porque ele prefiriu que outro advogado conduzisse a audiência. -
expliquei.

- Ah! Claro! Se fosse você teria conseguido o quê? 15%?

- Cinco. - levantei o copo em um brinde elegante e ele me acompanhou.

- Impressionante. - murmurou mais para si mesmo do que para os outros - Deveras, impressionante.

- Espero que não tenham começado a festa sem mim! - ele tinha o cabelo escuro e um par de olhos castanhos perigosamente sensuais. - Boa noite. - acrescentou, dirigindo-se diretamente a mim. Lauren apertou o braço que tinha na minha
cintura.

Hmm… Ciúmes… Certo, eu posso trabalhar com isso.

- Camila Cabello. - ofereci a mão para que ele apertasse. Ela a levou até a própria boca ao invés disso.

- Devon Hill.

- Prazer, senhor Hill.

- Não, não. O prazer é todo meu.

Ele estava sorrindo daquele jeito óbvio.

Estava dando em cima de mim.

Lauren estava congelada ao meu lado.

Se não tivesse gritado comigo no dia anterior, poderíamos agir de modo mais
descontraído, ela iria me beijar e eu não piscaria meus cílios para o senhor Hill. Mas ela preferiu gritar comigo e ser intransigente, não foi? Pois agora queaguente.

A conversa seguiu entre um tópico e outro. Eu tinha conseguido me livrar do abraço de Lauren e sentia Hill se aproximar sorrateiro. Lauren estava virando uma taça de champanhe depois da outra.

- Onde Laur estava te escondendo? - Hill quis saber finalmente.

- Ninguém me esconde, senhor Hill. Eu vou para onde quero. - tinha um leve toque provocativo em minhas palavras. Discreto, mas evidente.

- Perdoe-me. - riu - E é Devon, por favor.

- Devon. - completei.

Lauren estava em silêncio já há alguns minutos. E depois que seu chefe se afastou ela passou a não participar da conversa nem com interjeições.

- Boa noite! É realmente uma belíssima exibição não é?

A última e única vez que eu já tinha visto a recém-chegada, ela estava de roupa íntima em cima da cama de Lauren. Minha língua deu um nó mais ou menos na altura da minha garganta. Ela ia se vingar, agora, não ia? Ia retribuir meu comportamento infantil com Hill sendo infantil com a loira aguada.

- Linda! - Hill concordou, sem tirar os olhos de mim.

Lauren só balançou a cabeça concordando.

- Não fomos propriamente apresentadas. - ela tinha um sorriso idiota estampado na cara e eu quis lhe bater. Ela apertou o braço de Lauren como se estivesse pedindo que ela fizesse as apresentações e eu tive certeza que eu ia lhe bater.

Tira as mãos dela, vagabunda.

- Camila, Lynn. Lynn, Camila. - Curta e grossa.

Por que Lauren não estava flertando com ela?

- Quase não te reconheci sem o cachorro. - riu, esnobe.

Ela queria curtir com a minha cara?

- Quase não te reconheci vestida. - duas jogam esse jogo, viu, meu bem?

Lynn me ofereceu um sorriso amarelo e Hill ficou olhando de uma para a outra tentando colocar ordem nas informações recém-adquiridas.

- Como está se adaptando a nova cidade, Laur? Já virou uma cidadã local? - ela
não tirava os olhos de sua boca e as patas de seu braço.

- Ainda não. Mas está tudo tranquilo, por enquanto.

Por que ela estava tão normal? Eu estava ali me derretendo para cima do seu colega de trabalho apenas para lhe causar ciúmes e, aparentemente, não estava causando nada.

- Bem, se precisar de qualquer ajuda, por favor… - ela colocou a mão sobre o peito e fez a expressão de humildade mais risível que eu já vi na vida - Não hesite em pedir.

- Obrigado, Lynn.

- Preciso… - ela apontou para algum lugar atrás de nós como se precisasse fazer alguma outra coisa - Mande lembranças para o cachorro, sim?

Eu poderia ter respondido milhares de coisas a altura, mas estava preocupada demais decidindo se Lauren realmente não se importava nem um pouco que eu estivesse flertando com outro cara.

- Mila? - Hill estava indo longe demais. Não tinha lhe dado intimidade para me
chamar de Mila… - Você dança? Sua acompanhante parece um pouco baixo-astral, hoje. - riu e eu olhei para Lauren.

Ela me observou e travou o braço em minha cintura mais uma vez.

Ela  estava com ciúmes.

Ela não queria que eu fosse com Hill.

E ela não tinha nem se incomodado com infantilidades de devolver a provocação.

De repente, me senti miúda e ridícula. Eu e meus jogos imbecis. Ela só tinha me convidado para uma comemoração e eu tinha transformado o evento em mais um
jogo de poder.

Sinceramente, como ela consegue me aguentar?

- Não, Hill. Estou bem. - respondi, encaranado os olhos verdes de Lauren.

- Ora, vamos. Lauren não se incomoda.

- Não é por isso. -sorri - Eu realmente não quero.

- Laur. - pediu - Você está desanimada a noite inteira. Vamos! Deixe a garota se divertir.

- Senhor Hill, o senhor está sendo inapropriado.

- Inapropriado? Camila, somos todos adultos aqui. Podemos deixar de bobagens?

Ele estava claramente se referindo ao meu comportamento até então. Eu tinha, de fato, sido um pouco amigável demais.

- Deixar de bobagens? Tudo bem, senhor Hill. Gosto de causar ciúmes em Lauren de vez em quando. O sexo fica mais gostoso quando a gente volta pra casa. Ela me chama de safada e me bate de um jeito que eu gosto. Mas só faz isso quando eu provoco o suficiente. - Lauren tinha prendido a respiração e estava esperando, sem qualquer reação, enquanto eu terminava de falar - Então, o senhor vê: não tenho qualquer intenção de dançar com o senhor. Nem agora, nem nunca. - ri como se apenas a ideia fosse motivo de piada. Virei para Lauren com o lábio entre os dentes - Estou com sede, vou pegar algo para beber. - e então, enfiei a boca dela na minha.

Chupei com calma e prazer. Mordi e lambi. Deixei minha língua a sua disposição
por longos segundos. Eu podia sentí-lo, ávido, buscando meu corpo. Sentia a
confusão em seu gosto. Ela não estava entendendo nada

- Você quer alguma coisa? - passei o polegar pelos seus lábios tentando em vão tirar as marcas do batom vermelho.

- Han? - ela engoliu em seco, recuperando o fôlego - Não, estou bem. Obrigado.

Sorri para um cavalheiro. Depois para o outro e me retirei.

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