Finn- É o Robin, ele foi sequestrado.
S/n- Não... - Minha voz saiu falhada e eu me segurei na parede para não cair - Não Finney, é impossível, eu fui embora hoje com ele e eu o vi na frente da casa dele... - Disse tremendo por inteiro.
Finn- S/n, o Robin nunca chegou em casa, o tio dele estava surtando na delegacia.
S/n- Não... - Meus olhos lacrimejaram e eu comecei a chorar sem parar - Não Finn, o Robin não...
Finn- Eu sinto muito S/n, você quer que eu vá na sua casa?
S/n- Não, eu quero ficar sozinha... Obrigado - Falei soluçando.
Finn- Tchau... Fica bem. - Finn aparentava estar chorando também.
Desliguei o telefone e escorreguei pela parede até chegar no chão e cair. Não, isso era impossível, o meu Robin não podia ter sido sequestrado.
Vance- S/n? - Ele me chamou mas eu não respondi. Escutei alguns passos e Vance apareceu na cozinha - S/N! - Vance largou as muletas e se sentou no chão junto comigo - Oque aconteceu?
S/n- L-levaram ele - O abracei e comecei a chorar mais ainda - Levaram o Robin.
Vance- Como assim o levaram?
S/n- O sequestrador... Ele o pegou - Minhas lágrimas desciam sem parar e eu não tinha forças para ficar em pé.
Vance- Eu sinto muito S/n - Senti um tom sincero de tristeza em sua voz - Eu sei que vocês se gostavam muito...
S/n- Não Vance, eu não o gostava, eu o amava.
Vance- Tudo bem... Fica calma, respira e relaxa - Ele colocou a mão que não estava engessada na minha cabeça e fez carinho - Vão encontrar ele.
S/n- Não encontraram o Gryffin, nem o Billy e nem o Bruce, acha mesmo que vão acha-lo? - Minha voz falhava a cada palavra que saía.
Vance- Você precisa acreditar que vão o encontrar.
S/n- Eu sei mas eu tenho tanto medo Vance... Eu não posso o perder, eu não posso perder mais alguém que eu amo!
Vance- Você não vai o perder, confia em mim.
S/n- Eu não vou suportar essa dor, eu não vou. - Escondi meu rosto no seu ombro e minhas mãos começaram a formigar, devia ser o nervosismo e também a pressão baixa pelo susto.
Vance- Eu tô aqui, para oque precisar - Seu abraço ficou mais apertado - Você é minha irmã e eu te amo mais do que tudo nesse mundo.
S/n- Obrigado. - Fiquei abraçada em Vance por mais de 15 minutos, só nos separamos porque a campainha tocou.
S/n- Eu atendo - Ajudei Vance a se levantar e limpei meu rosto correndo.
Vance- Não, deixa que eu atendo - Ele colocou a mão na minha frente - Não sabemos quem vai atender a porta.
S/n- Tá - Ele atendeu e havia um policial ali.
P- Boa tarde.
Vance- Boa tarde.
P- Estamos fazendo buscas e depoimentos aqui pela região inteira, ouve mais um desaparecido.
Vance- Sim eu sei, pode entrar - O policial entrou e me viu com um pouco dos cabelos e da blusa molhados das lágrimas.
P- Você tava chorando?
S/n- Sim.
P- Bom - Ele olhou por toda a casa - Eu não tenho mandado de busca, só estou aqui para fazer algumas perguntas.
S/n- Ok, vamos até a cozinha - Limpei novamente meu rosto e o policial me seguiu.
P- Você tem algum tipo de contato com Robin Arellano ou um dos outros garotos desaparecidos?
S/n- Gryffin era um antigo amigo, Billy um amigo um pouco próximo, Bruce era colega de classe e Robin... É meu namorado - Dei uma pequena pausa quando lembrei do Robin.
P- Bom, você poderia me descrever em detalhes se o viu hoje e quando foi a última vez?
S/n- Sim, eu e ele voltamos para casa hoje.
P- Sozinhos?
S/n- Sim, sempre voltamos sozinhos.
P- E não tinha nada de estranho?
S/n- Não, ele foi pegar um vaso que tava no chão e eu acabei indo... - Comecei a balançar a minha perna ansiosa.
P- Você acha que teria alguém que queria machucar o Robin?
S/n- Robin se metia em muitas brigas, o que mais tem é gente querendo bater nele.
P- Que horas eram quando você estava na frente da casa dele?
S/n- Onze e cinquenta.
P- Depois disso você não ouviu nenhum grito, barulho ou algo estranho? As casas são próximas e os vizinhos disseram que tinham ouvido um grito - Depois de vagar pela minha mente eu lembrei do grito, aquele que eu achei que era coisa da minha cabeça.
S/n- Eu ouvi um grito.
P- Ouviu?
S/n- Sim, eu estava de fone e não tinha escutado muito nitidamente, achei que era coisa da minha cabeça quando virei para trás e vi...
P- Viu o que?
S/n- A van - Minha mente se abriu e eu lembrei daquela Van.
P- Que van?
S/n- Uma van preta, eu a vi pela primeira vez no dia que o Billy desapareceu bem próximo ao horário, hoje quando escutei o grito virei para trás e só a vi ela passando por mim.
P- Você se lembra da placa ou pode descrever quem estava dirigindo?
S/n- Não, a única coisa que me recordo era de que o homem que dirigia tinha a cara pintada - Meu olhos começaram a lacrimejar novamente - Foi culpa minha, o grito foi dele e aquela van o pegou. - Disse começando a chorar.
P- Provavelmente, essa foi a informação mais útil que coletamos até agora.- Ele viu meu rosto ficar molhado - Não chore menina, não sabemos ainda oque houve com nenhum deles. - Limpei meus olhos e fiquei quieta.
S/n- Seu. Policial por favor, me diz que vão encontrar o Robin.
P- Nós vamos tentar, não tem só ele de desaparecido e quem está fazendo isso não deixa nenhum rastro a não ser os... - Ele parou de falar, provavelmente porque não podia falar a informação.
S/n- Os balões pretos, sim eu sei.
P- Como?
S/n- Sabendo... Tinha na casa do Robin?
P- Sim. - Ele respirou fundo e viu Vance resmungar no sofá - O que ouve com o seu irmão?
S/n- Acidente de carro.
P- Uma pena, melhoras pra ele - Ele pegou seu bloquinho e sua caneta - Ele viu algo?
S/n- Não, Vance ganhou alta do hospital hoje e se tivesse visto ou ouvido algo teria me falado.
P- E seus pais?
S/n- Minha mãe é enfermeira, ela chegou junto com o Vance até porque foi ela quem o trouxe.
P- Ok, isso tudo é bastante - Ele se levantou - Sinto muito senhorita?
S/n- S/n.
P- Senhorita S/n, sei como é perder alguém que amamos muito. - Fomos caminhando até a porta - Qualquer coisa que lembrar, ouvir ou descobrir me liga - O policial me entregou um cartão com o seu número.
S/n- Tudo bem - Ele foi indo mas eu o segurei pelo braço - Por favor, me promete que vão encontra-lo.
P- Querida, eu não posso prometer isso.
S/n- Por favor - Deixei lágrimas escorrem novamente pelo meu rosto e o mesmo me olhou triste.
P- Eu irei fazer o possível e o impossível para trazê-lo de volta.
S/n- Obrigado.
P- Não diga isso, quando ele estiver aqui com você aí sim me agradeça.
S/n- Ok.
P- Tchau.
S/n- Tchau - Fechei a porta e fui andando em direção ao meu quarto.
Vance- O que ele disse?
S/n- Que vão tentar acha-lo.
Vance- Não tem nenhuma pista?
S/n- Não - Entrei no meu quarto e tranquei a porta. Tudo que eu preciso agora é de um tempo sozinha, isso tudo é muito para mim, é muito para uma pessoa só.
Fui até a minha cama e peguei o ursinho que Robin tinha me dado no dia em que fomos no parque, o polvo vermelho.
S/n- Eu te amo - Falei abraçando o polvo e lembrando dele, novamente meus olhos juntaram água e eu começei a chorar sem parar.
Robin era uma das pessoas mais importantes da minha vida e agora o tiraram de mim, igual sempre fazem. Ele não merece isso e nem eu. Nenhum dos garotos merece isso e essa investigação de merda da polícia não vai resultar em nada.
Olhei para a minha escrivaninha e vi um porta retratos, nele tinha uma foto minha e de Robin juntos, minha indignação subiu e de raiva eu peguei o abajur e taquei na parede com toda a força que tinha.
S/n- Volta pra mim, por favor... - Segurei a foto na mão e acariciei o rosto de Robin sorrindo. - Você não pode me deixar, não pode - Olhei para o chão e vi aquelas cacos - Eu te amo tanto e não vou suportar saber que nunca mais irei escutar a sua voz. - Peguei um dos cacos e coloquei no meu outro braço que não estava enfaixado. Robin me fez prometer que não ia mais fazer aquilo, e cá estava eu, quebrando a promessa e me cortando novamente.
Os cacos eram grossos e tinham pontas afiadas, com que fez eu cortar meus pulsos e o antebraço com cortes profundos e rápidos.
S/n- Não me deixa... - Fui até o banheiro e entrei na banheira segurando o polvo e o caco - Eu não consigo suportar a dor de não ter você aqui comigo. Então, por favor Robin, não me deixe. - A cada palavra que eu dizia, minha mão empurrava o caco cada vez mais fundo no meu braço, até que de repente tudo começou a ficar escuro e eu apaguei, com o rosto molhado de lágrimas, as roupas e o banheiro cheios de sangue e o coração partido.
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1600 palavras e eu estou aqui chorando enquanto escrevo.
Não me matem por favor, já existem muitos defuntos aqui.
Beijos da Titi e até o próximo capítulo.