Amor Insano ༆Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Iʀᴍᴀ̃ᴏs...

By stellaautora

194K 15.6K 12.3K

De um lado está um homem que foi traído por aqueles que mais amava. Do outro, a mulher que foi abandonada por... More

⚠︎𝐀𝐯𝐢𝐬𝐨+𝐒𝐢𝐧𝐨𝐩𝐬𝐞⚠︎
𝐂𝐚𝐬𝐭 ⌫
𝐃𝐞𝐝𝐢𝐜𝐚𝐭𝐨́𝐫𝐢𝐚 ☁︎
𝐄𝐩𝐢̄𝐠𝐫𝐚𝐟𝐞 ➪
Prólogo
¹| Vejo que você é mesmo esperta, ratinha
²| Eu não brinco com coisas sérias
³| Emojis de uma mulher dançando
⁴|Por você, faço caridade
⁵|Uma mini Genevieve
⁶|Atuação de noivos felizes
⁷|Isso não é uma regra, é um fato
⁸|Aproveite e vá se foder
⁹|Parece que você tem algo com os deuses
¹⁰|Ciúmes, amor?
¹¹|Glacê cor de rosa
¹²|Furos de agulha
¹³|Você ainda sabe implorar
¹⁴|Duas baratas tontas
¹⁵|Encontro (Part.1)
¹⁶|Encontro (Part 2)
¹⁷|Uma cama
¹⁸|É isso que amigos fazem
¹⁹|Batata, cenoura e berinjela
²⁰|Amigos ou Amantes?
²²|Me deixe ir
²³|Respostas monossilábicas
²⁴|Rainha
²⁵|Métodos perfeitos
²⁶|Isso não é um "sim"
²⁷|Bonecos de palito
²⁸|Eu te odeio
²⁹|A insanidade nunca pareceu tão boa
³⁰|O que mais você esconde?
³¹|Só quatro vezes
³²|Confuso. Novo. Diferente
³³|Eu nunca odiaria você
³⁴|Meu
³⁵|Laranja avermelhado
³⁶|A mais rara e preciosa de todas
³⁷|Do que você gosta?
³⁸|Me conte tudo
³⁹|Para amar e cuidar
⁴⁰|Filhos de sangue
⁴¹|Não vou à lugar algum
⁴²|Você é a minha pessoa preferida
⁴³|Tempestade
⁴⁴|Você não está sozinha
⁴⁵|Show de horrores
⁴⁶|Verde grama
⁴⁷|Um dia de folga
⁴⁸|O presente perfeito
⁴⁹|Um vilão medíocre
⁵⁰|O karma às vezes é uma droga
⁵¹|Desfecho
⁵²|Máscara prateada
⁵³|Tempo perdido
⁵⁴|Nossa família
Epílogo
Agradecimentos
Curiosidades Sobre O Livro
Leiam meus outros livros
⚠️Livro do Khalil - Desejo Insaciável ⚠️

²¹|Hoje é o meu aniversário!

3.5K 263 229
By stellaautora

    votem e comentem bastante pq esse capítulo tem mais 7K😭😭
dêem isso de presente pra mim😪♥️🤭

    Há seis anos, no dia 14 de maio de 2016, eu tive o ser humano mais incrível e adorável que existe.

     Lembro como se fosse hoje: eu estava fazendo bolo para Emma e eu, quando minha bolsa estourou. Nós corremos para o hospital, então depois de algumas horas difíceis e aterrorizantes, ela veio ao mundo pesando 3kg, com um choro estridente, grandes olhos azuis e cabelinhos ruivos. Ela era — e é — a coisa mais linda que eu tinha visto. E quando olhei para ela pela primeira vez, eu sabia que daria minha vida por ela e faria de tudo para mantê-la segura.

    Eu quero acreditar que estou cumprindo com a minha palavra mesmo que ela ainda não tenha a vida que eu sonhei para ela.

    Eu acordei cedo e preparei o café da manhã com todas as coisas que Freya gosta. Eu fiz compras ontem justamente para isso. Então agora há uma mesa de café da manhã com bolo de chocolate com morango, pão de queijo, panqueca de chocolate com chantilly, muffins, waffles e milk shake de chocolate. Nada saudável, eu sei, mas é aniversário dela, então mesmo que eu tenha que levá-la ao dentista depois para tirar todas as cáries, vale a pena para fazê-la feliz.

— Uau. — Ouço a voz de Eros e ergo o rosto. — Ninguém me prepara um café da manhã desses no meu aniversário.

    Dou risada.

— Você nem mesmo come doces. — Reviro os olhos.

— Verdade. — Ele olha em volta. — Ela já acordou?

— Não. Eu estava terminando aqui primeiro.

    Eu disse a Eros, no início da semana, que era aniversário de Freya porque precisava saber se tudo bem para ele eu trazer algumas colegas dela – nenhuma daquelas idiotas que fazem bullying com ela. Eros não viu problema algum e eu agradeci. Se fosse um problema para ele, eu não o julgaria. Ele é reservado, então não deve ser fácil ter outras pessoas invadindo seu espaço. A única coisa que ele fez foi me lembrar que agora que as pessoas sabem do nosso noivado, não vão deixar passar a informação de que eu tenho uma filha. Eu já havia pensado nisso, mas decidi arriscar porque Freya merece isso.

    Eros e eu também demos uma trégua depois da nossa última discussão. Eu estava ocupada organizando o aniversário — mesmo que seja uma coisa simples, ainda dá trabalho — e nós dois estávamos trabalhando incansavelmente para criar novos designs após o último ataque do meu pai.

    Eu não quero pensar nessas coisas agora, porém.

    Eros vai colocar a ração dos cachorros e eu subo para acordar Freya. Eu deveria deixá-la dormir até mais tarde, mas vou começar a arrumar as coisas daqui a pouco porque suas colegas chegarão uma hora da tarde.

     Primeiro, eu abro as cortinas, sorrindo para o lindo dia. Felizmente, o sol está a todo vapor, sem um único sinal de nuvens carregadas.

    Vou até Freya e começo a acordá-la, mas sem fazer muito barulho. Eu sei o quanto ela odeia acordar cedo.

— Bom dia, flor do dia — digo assim que ela abre os olhos.

— Bom — boceja — dia, mamãe.

— Feliz aniversário! — Sorrio tanto que parece que o aniversário é meu. Puxo Freya para um abraço apertado, lhe enchendo de beijos enquanto ela dá risada.

— Hoje é o meu aniversário! — Ela fica pé quando eu a deixo ir, e começa a pular. — Hoje é o meu aniversário! Hoje é o meu aniversário!

    Dou risada. Bom, pelo menos ela acordou.

— Vem cá, aniversariante. Tenho uma coisa pra você.

     Rapidamente, ela senta na cama, os olhos brilhando de curiosidade.

     Eu pego a caixa atrás de mim e ponho na sua frente.

— Feliz aniversário — digo de novo.

    Freya desfaz o laço da caixa e tira a tampa. Eu dou risada com o jeito que seus olhos se arregalam e sua boca forma um "O". É tão adorável.

— São tênis de futebol! — diz.

— Chama-se chuteiras, querida.

— Isso! Isso! — Freya pula em cima de mim e nós duas quase caímos. Fico feliz que ela tenha gostado. Eu fiquei um pouco relutante com a ideia de ela jogar futebol, mas percebi que não posso impedi-la de fazer o que gosta apenas para que eu não me preocupe. Eu sou mãe dela, sempre vou me preocupar. — Obrigada, mamãe. Posso colocá-las agora?

— De nada. E sim, mas ainda tem uma coisa dentro da caixa.

   Ela não viu, muito animada com as chuteiras, mas quando percebe a coisa azul e vermelho dentro da caixa, ela dá um gritinho, correndo para pegar.

    Desde que descobriu sua obsessão pelo Homem-Aranha, Freya tem me pedido uma fantasia desde então.

— Posso colocar agora também? Por favor, por favor?! — pede, segurando a fantasia contra o peito.

— Claro que pode. Vem, deixa eu ajudar você.

     Em cinco minutos, trocamos seu pijama pela fantasia e calçamos suas chuteiras vermelhas. Freya vai se olhar no espelho e eu perco a conta de quantos pulinhos de alegria ela dá. É tão bom vê-la feliz que acho que meu coração vai explodir.

     Depois que ela escova os dentes, nós descemos para tomar café. Ela nem precisa dizer que quer mostrar a fantasia a Eros, porque sai correndo na frente, mesmo com os meus protestos sobre correr.

— Bom dia, Eros! Hoje é o meu aniversário! — Ouço sua voz antes mesmo de eu chegar na sala de jantar.

— Fiquei sabendo. Tá ficando velha, hein? — É a voz de Eros.

— Sim! Seis anos. E olha o que minha mãe me deu.

— Uau. Você é a única super-heroína que eu conheço que usa chuteiras.

      Chego à sala de jantar quando Freya está rindo e Eros está se abaixando para abraçá-la.

— Feliz aniversário, Spider. Depois do café da manhã, vou te dar o seu presente

— Você tem um presente para mim?

— Sim.

— Mamãe, o Eros disse que tem um presente para mim! — Minha filha olha para mim, batendo palminhas.

— É mesmo? — Arqueio a sobrancelha para Eros enquanto o mesmo ajuda Freya a sentar em sua cadeira.

— É mesmo.

    Semicerro os olhos, mas não digo nada.

    Freya é uma pessoa tagarela, mas hoje no café da manhã ela fala tanto que eu preciso pedir para ela parar e respirar um pouco. Eu estava com medo de ela engasgar, apesar de estar feliz em vê-la feliz. Ela consegue se conter por dois minutos antes de começar a falar de novo, dessa vez, porém, com um pouco mais de calma.

    Eu sempre tive grandes aniversários, mas não pelos bons motivos. Assim como Emma. Quando convidávamos nossos amigos, era porque nosso pai queria que seus pais viessem. Ele conseguiu tirar proveito disso até que os filhos ficaram velhos demais para que seus pais fossem com eles às festas. Então nossos grandes aniversários acabaram também. Ele ainda nos dava qualquer presente que quiséssemos, mas raramente estava presente quando mamãe preparava um café da manhã semelhante a esse para nós. Eu nunca me importei, porque mamãe e Emma estavam ali. Mesmo com todas as diferenças que separavam — e ainda separam — minha irmã e eu, eu me sentia amada apenas por ter elas duas naqueles cafés da manhã.

     Então mesmo que fosse apenas Freya e eu, mantive essa tradição, preparando uma mesa de café da manhã com todas as coisas que ela gosta. Eu sei, porque passei por isso, que lá na frente, esses momentos serão lembranças importantes para ela.

    Eu só espero que esse café da manhã, esse aniversário em especial, não fique manchado com a falta de Eros no futuro dela. Eu sei que vamos embora e seguir nossas vidas, mas vou tentar preservar as lembranças que ela terá dele. Ela vai ficar chateada quando não tiver mais panquecas sorridentes e cinco cães correndo atrás dela, mas não vou deixar que ela se ressinta dele quando partimos. Eu coloquei a gente nessa situação, tudo que Eros fez — e está fazendo — foi ser atencioso e muito gentil com ela.

— Todo mundo já terminou o café da manhã? — Freya pergunta de repente.

    Arqueio a sobrancelha para ela.

— Você tem outros compromissos que não estou sabendo?

— Dã. — Ela bate na própria testa. — Eros falou que ia dar o meu presente depois que a gente terminasse de comer.

— Freya — repreendo-a.

— Ela está certa. — Eros fica de pé. — Vamos, você já parece ter terminado, Spider.

     Freya anue freneticamente, saindo da sua cadeira e correndo para dar a mão a Eros.

    Por algum milagre, ela lembra de mim.

— Vem, mamãe.

    Estou curiosa para saber o que é esse presente e pego sua outra mão.

    Eu percebo que Eros está nos levando para a garagem e ergo as sobrancelhas.

— Você sabe que ela não tem idade para dirigir um carro ainda, né? — lembro a ele porque tenho certeza que se ele tivesse uma filha adolescente, daria a ela um carro em seu aniversário de dezesseis anos.

Ainda — diz.

     Balanço a cabeça, rindo.

    Quando chegamos à garagem, ele acende a luz e lá está.

    O grito animado de Freya e o fato de ela soltar nossas mãos e sair correndo diz a nós dois que ela gostou.

— Uma bicicleta — digo lentamente enquanto observo a coisa de quatro rodas – é uma bicicleta de rodinhas –, com o desenho da Ladybug.

— É como um carro para uma criança, né? — Eros questiona, parecendo realmente pensativo sobre o assunto.

— Você… — Pigarreio, recuperando minha voz. — Você não precisava.

— Mas eu quis. E ela parece ter gostado. — Ele sorri orgulhoso, os olhos em Freya enquanto minha filha dá voltas pela garagem com a bicicleta.

— Olha, mamãe! — Freya grita, definitivamente feliz. Eu não consigo nem ficar brava por Eros ter comprado um presente para ela sem me consultar. Não sei nem se devo ficar brava com isso.

— Eu estou vendo. — Sorrio para ela e depois olho para Eros. — Obrigada. Ela nunca vai esquecer isso.

      Ele parece sem jeito. É fofo.

— Não foi nada — diz, coçando a nuca.

     Eu o empurro com o ombro.

— Dê algum crédito a si mesmo. Olhe para ela. Acha mesmo que "não foi nada"?

    É adorável a forma como Eros está corando, mas não digo nada sobre isso.

     Freya deixa a bicicleta por tempo o suficiente para vir abraçar Eros outra vez, agradecendo. Depois ela pede para ele levá-la para brincar lá fora. É sábado e ele geralmente fica a manhã toda na academia, mas Eros vai sem pensar duas vezes, com Freya saltitando de alegria.

    Minha filha me puxa com ela e eu vou porque não quero perder isso. Os cachorros também não, é claro, e eles ficam em volta de Eros e de Freya o tempo todo. Nyx e Zeus correm atrás da bicicleta, mas não tentam avançar para cima dela, só ficam latindo.

     Eu filmo tudo isso porque sou uma mãe bobona que está emocionada em ver sua filha andar de bicicleta pela primeira vez.

— Ei, olhem para cá! — chamo. Eros está um passo atrás de Freya e eu sei que é para caso ela caia. Ele não a deixaria cair, eu tenho certeza.

     Freya sorri para mim e para a câmera. É muito engraçado e fofo que ela esteja com uma fantasia do Homem-Aranha, chuteiras e uma bicicleta da Ladybug.

— Freya, peça para Eros dar um sorriso.

     Freya grita isso para ele, apesar de nós sabermos que ele ouviu quando eu disse, ele só não faria se eu pedisse.

     O homem me lança um olhar.

— Isso não é um sorriso — provoco.

— Bem, peça diretamente a mim e vamos ver o que acontece — devolve.

— Eros, deus todo poderoso, você poderia sorrir para essa humilde humana e iluminar o dia?

    Não é um sorriso que ele me dá, mas uma risada genuína. Sua cabeça se inclina para trás enquanto ele ri, o som causando arrepios em minha pele. Quando olha de volta para mim, eu faço questão de focar em seu rosto quando lentamente um sorriso descansa em seus lábios. Seus olhos são calorosos, uma mistura de âmbar e verde que me deixa hipnotizada.

— Satisfeita? — Arqueia a sobrancelha.

— Nunca — digo baixinho.

❦︎

    Kate, que Deus a abençoe, veio me ajudar. E trouxe reforços. Eu fiquei um pouco confusa sobre Anthony estar com ela, mas o olhar dele me disse que eu não deveria fazer perguntas e minha amiga também não forneceu explicações. Pelo visto, ela não é só melhor amiga de um Blackburn, mas de dois. Coitada. Se um já está me fazendo perder a cabeça, não quero saber o que seria de mim se tivesse que lidar com dois constantemente.

     Eu planejei montar a arrumação lá fora, usando a parede externa, assim não faria tanta bagunça já que é tecnicamente um aniversário na piscina. Freya disse que queria uma festa na piscina, então depois que Eros disse que tudo bem, pensei que eu poderia ajeitar um lugar para tirar fotos também e por o bolo e os doces. Eu encomendei essas coisas, aliás. E salgadinhos. Eu posso ser boa na cozinha, mas fazer salgados, doces e um bolo extremamente específico não é para mim.

    Eu perguntei a Freya como ela queria o bolo e ela disse que queria que metade fosse do Homem-Aranha e a outra metade fosse de Miraculous. Eu não sou de mimá-la, mas eu cedi a isso e encontrei alguém que poderia fazer.

    Os balões têm cores azul, vermelho e branco, assim como as forminhas dos doces e dos salgados. Eu achei que ficaria estranho se colocasse um painel de dois desenhos diferentes, então foquei nos pequenos detalhes que podem representar as duas coisas.

— O que é isso? — pergunto a Eros vendo duas caixas na sua mão e algum tipo de aparelho que ele está puxando.

— Um aniversário de criança não é um aniversário de criança sem um pula-pula e piscina de bolinha, certo?

     Eu nunca achei que fosse ouvir as palavras "piscina de bolinha" e "pula-pula" saírem da sua boca.

    Eu deixo para achar isso engraçado em outro momento.

— O quê? — devo estar parecendo uma idiota agora se o seu revirar de olhos é algum indicativo. Eros não me responde, continuando a andar. — Quando você comprou isso?

— Ontem. Descobri que tem várias coisas úteis no Walmart. — Ele para e joga as duas caixas no chão. Examina o lugar. Eu gostei daqui – sua casa – de imediato por causa de toda essa área verde que ele tem. Parece que a casa foi montada no meio de um campo, com algumas árvores próximas ali e aqui e as outras mais afastadas.

— Você não…

— Precisava fazer isso? — completa sem me encarar, começando a abrir uma das caixas.

— É.

— Você parece um disco arranhado.

    Reviro os olhos.

— Obrigada — digo ao invés de chamá-lo de idiota.

    Eros murmura algo que não ouço, concentrado no que está fazendo. Eu o deixo com isso então.

    Voltando aos balões e onde Kate está sozinha sentada em um banquinho, pego sua garrafa térmica e abro, fazendo menção de colocar na boca quando noto o olhar de Kate.

— O quê? Você acha que eu não sei que isso é vinho ou whisky? — Arqueio a sobrancelha.

— Sou tão previsível assim? — resmunga.

— Eu diria apenas que você vai morrer antes dos cinquenta com cem por cento do seu fígado comprometido.

     Ela revira os olhos, mas não nega que estou certa.

    Eu apenas tomo a bebida, feliz por ser vinho e não whisky.

❦︎

     Nós conseguimos deixar tudo pronto a tempo. Eros conseguiu montar o pula-pula e a piscina de bolinhas, o que deixou Freya muito feliz. Kate, Anthony e eu terminamos de arrumar o cantinho que está o bolo, os salgados e os doces — que graças a deus chegaram a tempo também. Então quando as colegas de Freya chegam com suas mães ou babás, tudo está pronto.

     As crianças vão logo para a piscina, que não está totalmente cheia e com algumas boias. Mais uma vez, Kate e Anthony me ajudam, servindo as mães e as babás das crianças.

      Eros sumiu no andar de cima e achei que ele fosse ficar lá — toda essa história de não ser social e tal — quando o mesmo aparece na cozinha, onde estou colocando refrigerante em copos descartáveis. Eu olho para ele e quase perco o fôlego. Ainda não me acostumei a vê-lo usando apenas bermuda e camisa. Deixa ele mais jovem, menos sério e um pouco descontraído.

— Precisa de ajuda com alguma coisa? — pergunta, colocando os fios do seu cabelo para trás. Ele tomou banho também. Se seu cabelo molhado não fosse indicativo o suficiente, o cheiro do seu sabonete me diz isso.

— Achei que você fosse ficar lá em cima — deixo escapar porque eu ainda estou surpresa.

— Você quer que eu fique? — seu tom hesitante mostra que ele entendeu errado o que falei.

— O quê? Não. Não foi isso que eu quis dizer. — Balanço a cabeça. — É só que você… não gosta de pessoas. Crianças também, pelo o que fiquei sabendo.

    Eros revira os olhos, vindo até o meu lado no balcão e ajeitando os copos da bandeja.

— Eu não tenho nada contra crianças, só não sei lidar com elas. Tirando Freya, aparentemente. Mas sim, eu gosto apenas de pessoas específicas. E é aniversário de Freya, então posso fazer uma exceção e ajudar você. — Dá de ombros.

— Se é assim, obrigada.

     Depois que Eros sai com a bandeja, eu não demoro muito para ir para o lado de fora também. Vou até a piscina para saber se as crianças precisam de alguma coisa, o que quase faz eu me arrepender de perguntar porque elas definitivamente sempre querem alguma coisa, mas eu faço isso.

    Quando volto para dentro, passando por Anthony que está conversando com uma das babás, a campainha toca.

    Eu vou atender, pensando que pode ser mais alguma criança amiga de Freya.

    Há realmente duas crianças ruivas esperando do lado de fora, mas elas são as únicas de todas as outras que me abraçam assim que me vêem.

— Tia Viv! — James e Mary dizem em unissoro.

— Ei, quanto tempo. — Dou um beijo nos cabelos de cada um. — Vocês estão enormes! — É verdade, apesar de fazer apenas poucos meses que eu os vi.

    Mary tem cinco anos e James, oito. Apesar da diferença de idade, quando eles e Freya estão juntos, Deus nos ajude porque dão mais trabalho que dez crianças juntas.

— Cadê a Freya? Eu trouxe um presente pra ela! — Mary pergunta. Assim como seu irmão, têm cabelos ruivos e olhos azuis. Você poderia dizer que Mary e James são irmãos de Freya.

— Eu também! — James diz. Apesar de ser um garoto e da diferença de idade, ele é muito apegado à irmã e à prima. Eu amo isso, que minha irmã não deixou nosso pai estragar.

— Está lá fora com os outros. Podem ir, mas não entrem na piscina até a gente chegar lá.

     Eu observo os dois correrem apressados — por que as crianças sempre correm? — antes de virar para as duas mulheres ainda paradas na porta.

    Eu as convidei. Eu ainda estou chateada com Emma, mas é aniversário de Freya. Eu precisei deixar meus problemas com a minha irmã de lado porque minha filha ama os primos. Eu não achei que ela viria, para ser sincera, mas sabia que mamãe não faltaria. Eu avisei a Eros para que ele não fosse pego de surpresa por mais duas Prescott em sua casa. Como ele disse que por ele tudo bem, aqui estão elas.

— Entrem. — Dou um passo para o lado e deixo as duas passarem.

    Depois que entram, fecho a porta. Acho que não tem mais ninguém para chegar. Todos os amigos e amigas de Freya que confirmaram que viriam — suas mães fizeram isso, na verdade — já chegaram.

— É uma casa bonita — mamãe diz, olhando em volta.

— É, sim. — Meu olhar vai para Emma. Será que ela está catalogando tudo para dizer ao nosso pai? Balanço a cabeça, não quero me estressar. — Obrigada por virem, é muito importante para Freya.

— Para nós também. — Mamãe sorri.

    Eu quero dar um braço nela, perguntar se está tudo bem, mas deixo para fazer isso depois.

— Venham. Ela está lá fora com os amigos.

    Eu lidero o caminho, sentindo-me um pouco estranha com isso. Sou uma hóspede, então é estranho de repente parecer que sou a anfitriã, a mulher da casa e essas coisas.

      Chegamos do lado de fora e eu procuro por Freya na piscina. Mary e James obedeceram e não entraram na água ainda.

     Antes que eu grite pela minha filha, ela nos vê, seus olhos se arregalando.

— Vovó!

    Acho que nunca vi uma criança sair tão rápido de dentro de uma piscina.

    Fico feliz com a sua animação em ver minha mãe. Apesar de todos os esforços de meu pai, eu tentei — e tento — o máximo incluir mamãe na vida de Freya. Minha mãe pode não ser totalmente inocente com tudo o que aconteceu quando Emma e eu éramos crianças ou quando eu fui jogada para fora de casa, mas ela fez o possível para ser uma boa mãe nas condições em que estava.

     Mamãe não parece se importar que Freya acabou de sair da piscina ao pegá-la no colo, em um abraço. Faz um tempo desde que as duas se viram.

— Feliz aniversário, Fyfy. Estava com tanta saudade de você.

— Eu também. A senhora vai ficar muito tempo? Eu quero te apresentar o Zeus, o Nyx, o Apollo, e a Aphrodite e o Loki.

    Minha mãe franze as sobrancelhas, olhando de mim para Freya

— Quem são esses?

— Os cachorros do Eros! Eles também são meus amigos.

— Ah, bem, então eu vou adorar conhecê-los.

     Freya fica feliz com isso. Minha mãe a põe no chão e Freya abraça Emma, que também lhe deseja feliz aniversário.

    Meus sobrinhos vêm deixar suas roupas de cima com a mãe e os presentes comigo antes de seguir Freya de volta para a piscina. Emma avisa a James para tomar cuidado com as duas, mesmo a gente sabendo que ele já ia fazer isso. Tão pequeno e ele já é protetor com elas.

— Vou pegar refrigerante pra vocês — aviso, voltando para dentro.

     Eu ouço passos atrás de mim e sei que não é nenhuma das outras mães ou nenhuma das crianças.

— Obrigada por ter nos convidado — Emma diz quando chegamos na cozinha. Estou de costas para ela.

— Eu fiz isso por Freya. Ela adora os primos — sou sincera.

    Eu ouço seu suspiro, mas minha irmã não diz mais nada sobre o assunto. Eu queria que fôssemos o tipo de irmãs que contam tudo uma para outra; queria que a gente fosse unida e inseparáveis, mas isso nunca pareceu tão impossível quanto agora.

     Geralmente as irmãs não se parecem tanto e às vezes é isso que as impede de serem inseparáveis, mas no nosso caso, Emma e eu temos mais em comum do que gostamos de admitir. Tivemos a mesma criação rígida, somos mães e sabemos o que é se sacrificar por um filho, gostamos das mesmas comidas e fazíamos balé juntas quando crianças. E tantas outras coisas que deveria fazer a gente ser mais próxima uma da outra, mas vai sempre existir um muro. Um muro que papai colocou, e Emma está muito confortável do outro lado para ser uma irmã de verdade.

     Isso dói. Não éramos melhores amigas quando crianças, mas eu sabia que podia contar com ela nos momentos mais difíceis. Agora eu tenho medo que ela esteja usando um gravador durante a nossa conversa. Eu sei que ela me contou seus motivos para me trair; sei que é culpa do nosso pai, mas não é como se ela tivesse tentado fazer algo contra isso. Por exemplo, arrumar um emprego e parar de depender do marido.

— Realmente, é uma garrafa de refrigerante muito bonita.

    Pisco algumas vezes e olho para Anthony ao meu lado. Eu nem ouvi ele se aproximar.

— Quê?

    Ele aponta para a garrafa que eu não percebi que estava encarando.

— Parece que você estava tendo uma conversa muito profunda e silenciosa com essa garrafa.

     Balanço a cabeça. O mais novo dos Blackburn tem senso de humor.

     Quando olho por cima do ombro, não vejo Emma. Eu também não a ouvi se afastar.

— Você sabe onde meu amado irmão guarda as coisas boas? — Anthony começa a abrir as portas dos armários.

— Terceira porta à esquerda, atrás das caixas de cereal — murmuro, decidindo servir os salgados que estão em cima do balcão.

     Eu os coloco na bandeja que estou usando para servir.

— Ele ainda come batatas pringles? — Anthony me pergunta.

— Primeira porta à direita. 

— Taças?

— Uma porta antes desta.

— Abridor de latas?

— Segunda gaveta.

— Ta…

— Por que você simplesmente não abre todas as portas e gavetas? — pergunto irritada. — E pra quê diabos você quer um abridor de latas? Nem tem cerveja na geladeira.

— Estava testando você.

    Diante da sua resposta, eu o encaro, sem entender.

    Anthony encolhe os ombros.

— Não pode me culpar. Vocês noivaram muito rápido. Eu pensei, sei lá, que não era verdade. Ainda mais depois daquela foto que vazou.

     Viro o rosto antes que ele veja minhas bochechas ficando vermelhas. É claro que, por trabalhar com Lorelei, ele saberia disso.

— E o que os armários e gavetas têm a ver? — questiono.

— Prova que você conhece a casa, que realmente passa muito tempo aqui. Que é… real.

— A empregada também sabe todas essas coisas, Anthony. Você também vai questioná-la?

— A empregada não é noiva do meu irmão. Ou é uma Prescott.

     Preciso virar para ele outra vez, que está se servindo da garrafa de whisky que ele pegou no armário.

— O que você quer dizer? — Tenho a sensação de que estou prestes a ter uma conversa parecida com a que tive com Khalil.

     Ou teria, se Anthony não olhasse por cima do meu ombro e balançasse a cabeça.

— Deixa pra lá.

     Assim que ele sai, seu irmão entra.

— Acho que não vejo tantas crianças juntas desde que eu deixei de ser uma — Eros diz. Eu ainda estou franzindo as sobrancelhas por causa da conversa que tive com Anthony. Eros, que tem um farol para quando as coisas estão erradas, pergunta: — O que foi?

— Nada. — Suspiro, voltando ao que estava fazendo  — Só tinha esquecido  de aniversário podem ser cansativas — acrescento para que ele pare de me olhar com desconfiança.

      Eros começa a se mover na cozinha e eu o perco de vista. Falando em vista, lembro-me como as mulheres lá fora estavam olhando para ele. Tudo bem que ele é bonito, mas ei, ele é o meu noivo. De mentira, sim, mas elas não sabem e vi duas delas dando em cima dele descaradamente enquanto Eros lhes servia refrigerante. Ele, por algum motivo, as ignorou, tratando-as com educação e nada mais. Aquela parte idiota minha gostou disso.

     Tenho que me desculpar com ele mais tarde por tudo isso.

— Quem é aquele? — Eros pergunta de repente. Sigo seus olhos para o lado de fora e acho que está olhando para o garotinho correndo de mãos dadas com Freya e pulando na piscina.

— Urgh, eu disse para ela não fazer isso — resmungo. Terei que chamar sua atenção. É perigoso ela ficar pulando desse jeito. — E o garoto é Dylan Cooper. Por quê?

— Não gostei dele. — Ouço Eros murmurar.

— Quê? Por quê? Ele é tão fofinho. — Olho de volta para a piscina. Dylan está subindo as escadas. Ele parece um anjinho, com olhos azuis e seus cabelos loiros encaracolados.

     Dylan pega um doce da mesa e depois dá a Freya. Eu lembro de ter deixado bem claro para eles não comerem na piscina porque faz mal. Por que as crianças nunca obedecem?

    Quando olho de volta para Eros, esperando ele responder, vejo que está fazendo uma careta. Não exatamente uma careta, mas não parece feliz. Está mais para rabugento.

    Volto meus olhos para a piscina, para Dylan e Freya, e depois para Eros.

— Ah, meu Deus. — Começo a rir. — Pare com isso. Eles são apenas crianças.

— Ele não sai de perto dela — resmunga.

— Eles são amigos, Eros. Crianças de seis anos também têm amigos. — Reviro os olhos, entregando a bandeja a ele. Agora ele vai bancar o garçom de novo para parar de ser um chato superprotetor. — Tire esse olhar da cara, vai assustar as crianças.

    Acho que é a coisa errada a dizer, porque ele adiciona um sorriso assustador.

     Coitada das crianças.

❦︎

     Freya deu o primeiro pedaço do bolo para mim e para Eros. No fundo, acho que eu já esperava isso, mas Eros claramente não. Eu vi como ele ficou sem jeito, mas não fugiu quando Freya o chamou para tirar uma foto. Uma foto de nós três.

      Parecíamos uma…

     Não diga a palavra família.

     Não, definitivamente não isso. Foi só uma foto.

     O importante é que Freya ficou feliz. Eros até deixou eu tirar uma foto só dos dois. Mesmo que meu coração tenha apertado em meu peito enquanto ele segurava ela no colo e os dois sorriam.

    Ele seria um pai perfeito.

    Eu não posso me impedir de pensar em coisas assim. Não quando ele é tão atencioso com ela. Então de novo, aquele velho pensamento de "se as coisas tivessem sido diferentes".

— Deixe de besteira, Genevieve — murmuro para mim mesma, mais uma vez de volta à cozinha, mas dessa vez apenas para ficar sozinha.

    Eu preciso colocar meus pensamentos em ordem outra vez. Isso seria fácil se não tivesse um homem de 1,90 de altura lá fora, ajudando as crianças a subirem no pula-pula.

     Viro uma dose de whisky na boca e fecho os olhos, sentindo a bebida descer queimando até o meu estômago. Que ótimo, eu estou bebendo bebida alcoólica no aniversário da minha filha. Em minha defesa, eu só precisava de um pouco de ajuda para clarear os meus pensamentos. Apenas uma dose porque eu não sou doida de ficar bêbada.

    Guardo a garrafa de volta no armário, soltando um suspiro.

— Estava tudo muito bonito. — Ouço a voz de minha mãe e viro-me para ela, passando as costas da minha mão na boca, apenas por garantia.

— Obrigada.

— Freya é feliz aqui. — Essas palavras me fazem piscar. — Faz pouco tempo que vocês estão aqui, eu achei… Não sei, que talvez ela não fosse se adaptar tão rápido. Mas vejo que me preocupei à toa.

— Entendo. Eu também estava receosa com essa mudança — admito, pois um dos motivos de eu não querer aceitar vir morar com Eros, era a minha preocupação de como Freya reagiria.

— Ela e Eros parecem se dar muito bem também, não é? Ele vai ser um bom pai para ela.

    Desvio dos seus olhos. Isso era tudo o que eu não precisava ouvir. Mas se até a minha mãe enxerga isso…

— Qual o problema? — mamãe parece preocupada agora. — Eu disse algo…

— Não. Está tudo bem. Eu só estou ficando cansada — dou a mesma desculpa que dei a Eros.

    Mas essa mulher à minha frente me deu a luz, então é claro que com ela essa mentira não vai colar.

    Mamãe se aproxima até estar segurando minhas mãos. Ela tem aquele sorriso gentil que sempre foi a chave para que eu contasse todos os meus segredos a ela. Eu sabia que podia confiar nela, que ela seria a única pessoa a me proteger.

— Eu estou orgulhosa de você — diz. Eu já ouvi isso muitas vezes quando tirava notas boas na escola ou depois de alguma apresentação de balé. Eu tinha vontade de chorar sempre que ouvia essas palavras vindo dela. Agora, eu não sei o que pensar.

— Por que estou noiva de um cara rico? — Minha voz é amarga.

— Não. Isso é uma coisa que seu pai queria, não eu. — Mamãe aperta minhas mãos. — Eu estou orgulhosa da mulher que você se tornou e da mãe que você está sendo para Freya. Eu vejo muito de mim em você, mas você é mais para ela do que eu fui para você e sua irmã.

     Balanço a cabeça.

— Isso não é verdade…

— Eu falhei com vocês. Com você. — Seus olhos azuis perfuram os meus com a sua sinceridade. — Eu sinto muito. Não importa quantas vezes eu disser isso, sei que não vai apagar todas as vezes que fechei os olhos para as ações do seu pai. Sei que não vai apagar aquele dia.

    Abaixo os olhos. O dia em que Adrien além de me humilhar, me jogou na rua.

— Mas eu estou orgulhosa que apesar de tudo isso, você ainda tenha forças para ser o mundo daquela garota quando seu pai e eu quase destruímos o seu.
    
— É exatamente por causa de tudo o que eu passei, que eu sei que não posso ser como você — digo baixinho, sentindo meus olhos arderem. — Eu nunca vou fechar os olhos para qualquer coisa relacionada a Freya. E eu vou preferir morrer a deixá-la sozinha.

— Eu sei — mamãe sussurra, essas duas palavras carregadas de arrependimento e vergonha.

    O momento é interrompido por um barulho de passos correndo e eu rapidamente enxugo a lágrima em minha bochecha, soltando as mãos de mamãe.

— Vó, a senhora quer conhecer os cachorros agora? — Freya pergunta, animada

— Eles são bem grandes! — Mary está com os olhos arregalados.

— Será que a nossa mãe deixa a gente ter um pastor alemão? — James questiona.

— Por que não vamos perguntar a ela depois que vocês me mostrarem? — Minha mãe os acompanha para o lado de fora.

    Mas eu sei a resposta. Papai nunca deixará eles terem um cachorro. Pelo menos não até que morem naquela casa.

❦︎

     Às 17h, todos começaram a ir embora. Eu não lamentei. Deus que me perdoe, mas eu estou exausta. Ainda bem que só se faz aniversário uma vez no ano. Freya se despediu de cada um e eu também, agradecendo por terem vindo.

    Mamãe e Emma também foram embora, e James e Mary me fizeram prometer que eu levaria Freya ao parquinho na próxima semana. Eu sei que Freya não vai me deixar esquecer isso, então tenho que lembrar de combinar isso direito com Emma por mensagem, o que significa que teremos que interagir pessoalmente também.

    O que não fazemos pelos filhos, não é mesmo?

     Depois que todos vão embora, eu mando Freya para o banho enquanto vou arrumar as coisas. Eros, Kate e Anthony me ajudam. Os irmãos cuidam do pula-pula e da casinha de bolinhas, e Kate e eu ficamos de tirar a arrumação. Eu preciso parar por alguns minutos para levar Freya de volta para dentro quando ela desce já tomada banho e de pijama. Ela faz beicinho dizendo que quer ajudar, mas eu a coloco na sala e ligo a tv. Ela vai estar dormindo em dez minutos. Eros soltou os cachorros, então eles fazem companhia a ela.

    Duas horas depois, tudo está limpo. Se Kate não tivesse me entregado uma taça de vinho, eu não teria passado bons minutos rindo com ela sobre uma piada idiota que Anthony fez. Para falar a verdade, foi mais de uma taça. Não estou bêbada, mas tontinha. Me sentindo mais leve, pelo menos. Eu estava me sentindo um pouco melancólica, mas já passou.

    Eu tenho forças o suficiente nas pernas para pegar Freya no colo e levá-la para o quarto. Estava certa, ela dormiu mesmo e nem acorda quando a coloco na cama.

    Desço de volta para a cozinha, pegando minha taça que deixei na sala. Kate e Anthony estão jogados no sofá, com as pernas da primeira no colo do segundo. Ambos dormindo.

    Hum.

     Eu sei que disse que os dois se consideram irmãos e tal, mas eles não são realmente irmãos, são?

    Quando encontro Eros na cozinha, resolvo perguntar como a fofoqueira que eu sou.

— Então… — começo, pegando um docinho da bandeja. Ainda sobraram algumas coisas. — Kate e Anthony…?

— Vão dormir aqui. Eu peguei as chaves dos dois para que não tentem sair dirigindo — é a resposta de Eros.

     Eu o encaro. Será que ele não entendeu o que eu quis dizer?

— Não é disso que tô falando.

    Eros me encara, pisca três vezes e depois faz uma careta.

— Não.

— Ah. Mas por quê?

— Eu mataria Anthony se ele tentasse.

    Fico boquiaberta.

— Mas por quê?

— É a Kate. Minha melhor amiga. Território proibido.

— Ah. Você é tão babaca. — Reviro os olhos. Eu esperava uma explicação mais realista. — E por acaso a Kate sabe disso? Porque conhecendo-a, ela mataria você se ouvisse isso.

— Detalhes. Além disso, Anthony é obcecado pela Lorelei.

     Como ele está lavando louça, eu me sento no balcão ao seu lado, apoiando minha cabeça no armário.

— E o Khalil? — pergunto após um momento.

— O que é que tem ele?

— Ele e a Kate. — Reviro os olhos. Por que ele é tão lento?

— Você já viu como eles implicam um com o outro? Caso o final de semana passado não tenha deixado claro, os dois se matariam se tivessem que conviver mais do que algumas horas.

— Alguém me disse que "assim como amor pode virar ódio, o ódio pode virar amor". — Viro o rosto para ele, tomando um pouco do vinho. — Talvez seja o caso deles.

— Primeiro, não use minhas palavras contra mim. E segundo, absolutamente não.

    Reviro os olhos novamente.

— Apenas o tempo pode dizer. Mas eu aposto cem pratas que Katelil vai rolar.

— "Katelil"? — Mais uma das suas caretas. — Ela vai matar você se ouvir isso.

    Dou risada. É verdade, por isso nunca vou contar a ela.

     Bebo o resto do vinho e Eros pega minha taça para lavar.

     Eu o observo. Seus braços fortes se movem enquanto ele trabalha, chamando minha atenção para suas tatuagens. Eu nunca perguntei a ele sobre elas. Não sei se um dia vou. Parece um pouco íntimo demais. O que só me deixa mais curiosa. Ele tem uma de um lobo. Por que ele tatuou um lobo? Ou aquele almirante? Ele queria ser capitão?

    Antes que me pegue traçando suas tatuagens com os olhos, viro o rosto para frente. Eu deveria subir e ir tomar banho, mas permaneço sentada no balcão, lhe fazendo companhia. Não que ele precise. Ele passou três anos sozinho aqui, apenas com os cachorros lhe fazendo companhia. Aposto que Kate e Anthony vinham aqui, mas não é a mesma coisa que ter alguém morando com você. Eu acho. Será que ele trazia mulheres para cá?

    Óbvio, Genevieve, ele não é um monge.

    Bem, não, mas não vejo ele saindo com ninguém e certamente não trouxe uma mulher para cá desde que Freya e eu viemos morar com ele. Será que ele se sente incomodado com isso? Depois de hoje, não duvido que ele sinta falta da sua privacidade, mas ele sente falta também por causa disso?

    Suspiro. Isso não é da minha conta. Eu nunca me preocupei com quem ou se ele andava transando. Não vou começar agora. A gente não tem nada.

— Eu andei pensando em uma coisa — Eros anuncia, chamando minha atenção.

    Ele enxuga as mãos, largando o pano de prato no balcão ao meu lado ao se aproximar mais, olhando para minhas pernas. Minha mente meio bêbada entende isso como um comando e eu abro as pernas para ele.

    Ok, isso ficou muitíssimo estranho e inapropriado.

     Eros se põe entre minhas coxas. Acho que paro de respirar. A posição que estamos é muito comprometedora e faz meu corpo esquentar, não só por isso, mas por conta do seu olhar aquecido. Eros está encarando meus lábios quando suas mãos lentamente sobem por minhas pernas. A carícia dos seus dedos fazem arrepios correrem como raios por meu corpo.

— No que você pensou? — Encontro minha voz. Suas mãos agora estão em minhas coxas e pararam aí, bem debaixo do meu vestido.

— Temos que fazer algo em relação a isso — diz, seu polegar esfregando levemente a minha pele.

— Isso o quê? — Mordo o lábio. Não é intencional, é apenas uma mania boba que eu tenho, mas Eros fecha os olhos, respirando pela boca.

— Você me evitando porque me deseja.

     Olho chocada para ele.

— Eu não… desejo você — cuspo as palavras. Que homem mais convencido!

     Eros abre os olhos e arqueia a sobrancelha.

— Pele corada, respiração acelerada, além de  arrepios e você estar mordendo esse maldito lábio de novo. E tenho certeza que se eu colocasse minha mão dentro da sua calcinha, eu encontraria você molhada para mim. — Seus lábios se inclinam em um sorrisinho arrogante. —  Você diz que não me deseja, mas seu corpo diz outra coisa, amor.

— Eu estou apenas com calor. Não tem nada a ver com você! — devolvo, querendo tirar esse sorriso do seu rosto. Mas minhas palavras apenas fazem Eros sorrir mais quando ela se inclina para mais perto.

— Mentirosa — sussurra contra os meus lábios.

— Babaca convencido — sussurro de volta, minhas palavras perdendo o tom de ameaça enquanto Eros fica aqui, pairando com os lábios próximos aos meus.

    Nós não nos beijamos naquele final de semana. É irônico porque fizemos muito mais que isso, mas não o básico. E eu quero fazer o básico agora.

— Eu não posso beijar você — Eros confidencia. Olho para ele, chocada e confusa quando na verdade eu deveria estar aliviada.

— Por quê?

— Porque se eu beijar você, eu não vou conseguir parar. E eu não quero parar, Genevieve.

     Engulo em seco. Porra, o que eu devo fazer com essa confissão? O que ele quer dizer com isso?

     Eros deve imaginar as perguntas girando em minha cabeça porque diz:

— Quando eu disse que pensei numa coisa, foi em uma solução para isso. Nós precisamos transar.

    Eu o encaro por mais dois segundos antes de inclinar a cabeça para trás e rir.

— Isso é muito conveniente, você não acha?

— É a única solução.

    O pior de tudo é que ele está certo. Foi exatamente o que Kate disse. Fico satisfeita que foi ele que sugeriu isso e não eu, mas agora não sei o que fazer. Continuar ignorando não parece estar ajudando.

     Fecho os olhos quando sinto os lábios de Eros em meu pescoço.

— Pensei que você não pudesse me beijar — murmuro, inclinando a cabeça para o lado, lhe dando mais acesso.

— Por mais que eu adore essa sua boquinha linda e raivosa, amor, há outros lugares que eu posso beijar.

    Que Deus me ajude.

    Então Eros beija meu pescoço. Ele mordisca minha pele, arrancando gemidos de mim e depois passa a língua pelo local, deixando beijinhos. Não consigo ficar com as mãos paradas, e logo meus dedos estão em seus cabelos. Eu gostei de tocá-los naquele dia, os fios são macios e sedosos e eu quase me sinto culpada quando os puxo com força. Eros, por outro lado, vê isso como incentivo para continuar e sua boca trilha seus beijos gananciosos mais para baixo.

    O vestido que estou usando tem cordões na frente — é um modelo vintage — e Eros puxa todos eles numa rapidez impressionante, revelando meus seios no sutiã simples. Ele abre o fecho atrás e ao invés de me fazer tirar, Eros suspende o sutiã até meus lábios. Sem pensar, abro a boca e seguro a peça com os dentes. Com meus seios nus, sua boca abocanha um e eu volto a fechar os olhos, sentindo o prazer desse simples ato enquanto sua outra mão segura o outro.

     Deixo um gemido escapar, não podendo ficar calada com a sua língua brincando com meus mamilos. Eros é justo, dando a mesma atenção para cada um, mas isso só me tortura mais.

— Eros — sussurro, deixando o sutiã cair da minha boca. Pelo menos eu acho que estou sussurrando.

    Como se isso fosse o que ele precisava, Eros se afasta e puxa meu corpo mais para frente. Eu não tenho tempo de pensar no que ele pode estar fazendo pois ele levanta o meu vestido.

    Oh, Deus.

     Se abaixando ainda mais, ele me beija lá, por cima do tecido da minha calcinha. Jogo a cabeça para trás outra vez, fechando os olhos ao empurrar sua cabeça. Eros puxa minha calcinha para o lado e momentos depois, estou colocando a mão em minha boca para me impedir de gemer alto quando sinto sua língua em minha boceta. Ele mergulha na minha umidade — porque ele estava certo, eu estou molhada — e ergo os quadris involuntariamente. Uma de suas mãos sobe para apertar meu seio, seus dedos segurando meu mamilo entre eles, fazendo a dor ser satisfatória. Com a outra mão, ele usa o polegar para esfregar meu clitóris enquanto me chupa.

    Em algum lugar da minha mente, eu sei que não deveríamos fazer isso porque alguém pode aparecer, principalmente com aqueles dois ali na sala, tão perto. Mas minha parte racional desligou depois da última taça de vinho, então eu me esfrego contra Eros, fazendo o possível para abafar meus gemidos. É difícil porque ele é bom pra caralho, lambendo e me fodendo com a sua língua.

    Minha perna treme e eu seguro o mármore do balcão com força quando gozo, estremecendo.

    Puta merda, se ele me faz tremer enquanto me chupa, o que vai acontecer se a gente transar?

     Eu quero tanto descobrir.

    Mas eu não digo isso a Eros quando ele se endireita depois de deixar beijos na parte interna da minha coxa.

    Seus lábios estão úmidos e seus olhos escuros, além do seu cabelo desarrumado. Ele está tão lindo assim que acho que vou gozar de novo só por olhá-lo.

— Não demore para dar sua resposta, ok? — diz para mim, abaixando meu vestido. Ele segura meu queixo. — Eu não posso esperar muito mais para ter você completamente.

— Você faz parecer que a minha resposta será "sim" — não consigo me impedir de dizer.

     Eros dá um sorriso completo e totalmente cafajeste.

— Eu sei que vai. Você gosta demais de ter a minha boca na sua boceta.

      Felizmente, não tenho que responder a isso porque ele vai embora, deixando-me assimilar os últimos minutos.







•••

A MÃE TÁ DE MAIORRRR, GALERAAAAA. Parabéns pra mim✨

Agora falando do capítulo, O QUE FOI ESSE FINAAAAAL?

eu tô AMANDO essa tensão sexual, n vou mentir, e espero que vcs também!

Mudei a data de aniversário da Freya pra 14. Antes era 16.

Tô tentando trazer um pouco de cada coisa e dessa vez foi a relação da Gen com a mãe e a irmã ♥️

Enfim, foi isso, vou fazer o possível para voltar a programação normal semana que vem!

Bjs, amo vcs, Obrigada por não desistirem de mim😭♥️

Votem
Comentem
Compartilhem
E me sigam aqui e no Instagram
Meu perfil: autora.stella
2bjs, môres♥

Continue Reading

You'll Also Like

8.2K 867 50
Kimberly Audrey é uma garota extrovertida e cheia de sonhos, um deles é a sua obsessão que mora em frente dela, Dylan Davis. A sua obsessão por ele f...
201K 12.3K 45
ENEMIES TO LOVERS + MAFIA + LUTAS CLANDESTINAS Tudo muda para Charlotte quando ela descobre que seu melhor amigo está envolvido em lutas clandesti...
436K 41.6K 57
CAPÍTULO NOVO -TODOS- OS DIAS! ALERTA DE SPOILERS: ESSE É O SEGUNDO LIVRO DA SAGA INEVITÁVEL, É NECESSÁRIO QUE LEIA O PRIMEIRO PARA COMPREENDER ESSE...
1.3M 135K 171
Paola. Personalidade forte, instinto feroz e um olhar devastador. Dona de um belo sorriso e uma boa lábia. Forte, intocável e verdadeiramente sensata...