No dia seguinte, Alec passou fugindo da rainha.
Mas infelizmente, não teve tanta sorte quanto gostaria. Um de seus cavaleiros - Sor. Erryk Cargyll, o achou - e nesse momento, estava sendo conduzido até a sala do Rei.
Quando chegaram ao portão pesado de madeira, encontraram não só apenas mais cavaleiros para garantir ao príncipe sua segurança, mas também Aemond Targaryen.
- O que ele tá fazendo aqui? - perguntou, a sobrancelha arqueada.
- Eu estou odiando isso tanto quanto você - respondeu o platinado.
- A Rainha o mandou para que lhe ajudasse na escolha de alguma donzela, meu príncipe - respondeu Erryk.
- Ah, claro! - exclamou em sarcasmo.
Sabia o porquê de Aemond está presente, sua mãe provavelmente o mandou para garantir que fizesse Alec escolher alguma donzela de algum outro reino.
Ele teria que se casar, e tudo seria ainda mais difícil para ocupar seu lugar como futuro Rei dos Sete Reinos depois de sua mãe. E sua coroa em Dragonstone.
- Então, o que eu tenho que fazer? - perguntou, tédio em sua voz.
- Apenas sentar-se, meu príncipe. Os convidados estão a espera - respondeu apontando para o trono de ferro.
O garoto olhou para o trono repleto de espadas e várias outras armas, logo depois voltou seu olhar para Erryk.
- Apenas... sentar? - repetiu.
- Sim, não ouviu? - respondeu Aemond, rude.
- Seu-
Tentou dizer, mas o platinado apenas revirou os olhos e puxou o braço do garoto até o trono.
Quanto mais rápido terminassem, melhor.
- Seja um bom garoto, e faça uma escolha decente - disse o mais velho se colocando ao seu lado em pé.
- Como quiser, meu príncipe - retrucou voltando seu olhar para frente, seu queixo apoiado em sua mão.
Infelizmente, ou felizmente. Alec não teve noção do sorrisinho ladino que deixou no rosto do platinado pela a simples menção de "meu príncipe".
Não sabia o porquê, mas isso deixava um gosto bom na boca de Aemond.
- Deixe-os entrar! - pediu Erryk para os outro guardas.
Os cavaleiros abriram o grande portão, deixando uma porção significativa de pessoas entrarem.
O de cachos arqueou a sobrancelha, confuso. Ele se virou para sua esquerda - onde Erryk Cargyll estava.
- Sor. Erryk - chamou. - Por que temos homens aqui?
Não se incomodava, mas quase era impossível ver dois Reis casandos e governando, ou duas Rainhas.
Na verdade, naquela concepção, pessoas que gostavam do mesmo gênero poderiam ficar juntas?
Não era desonroso?
- É uma antiga tradição, meu príncipe - respondeu. E agora, até Aemond que estava a sua direita, prestava atenção na conversa. - Alguns homens e mulheres podem ser casar com outras para fortalecer a ligação entre os reinos.
- Mas homens não podem procriar... - disse Aemond, confuso. Era a primeira vez que ouvia falar dessa tradição. - Como podem ter herdeiros?
- Bem, não seria necessário se já tivessem filhos - respondeu.
E Alec entendeu, olhou ao redor e teve uma leve epifania.
- Espera... todos os homens que estão aqui são casados? - perguntou.
Erryk nada disse, apenas assentiu.
O de cachos mordeu o lábio inferior, baixando a cabeça e percebendo a gravidade da situação.
Tirando as lindas moças que tinham por todo salão. Os homens que estavam presentes eram casados, e acima de tudo, tinham filhos.
Eles apenas queriam seu nome, e por infelicidade do garoto, talvez até seus serviços quando estivesse mais velho.
Sentiu um arrepio percorrer por seu corpo, era nojento.
- Não precisa escolher nenhum deles se não desejar - disse Aemond, se inclinando para sussurrar em seu ouvido.
O de cachos virou o rosto, mas afastou levemente quando percebeu a aproximadamente em que estavam.
Podia sentir a respiração do platinado tocar em sua bochecha, era tão... quente?
Mas não de uma menina malicioso, longe disso. Sua respiração era quente, como se seu corpo estivesse nervoso pela a situação em que estava.
- Eu vou precisar escolher de qualquer jeito... - respondeu, seus olhos focados no azuis claros do outro.
- Mas não precisa ser eles - retrucou, e inconscientemente, Aemond tocou em seu braço.
Alec olhou para o seu toque, depois voltou seu olhar outra vez para o platinado.
- Eu tenho deveres a fazer como futuro Rei de Dragonstone e futuro Rei dos Sete Reinos depois de minha mãe - voltou a dizer.
- Então escolha uma dessas moças, não precisa seguir uma tradição nojenta de merda - respondeu.
E pela a primeira vez, Alec viu Aemond quase... irritado?
Não, essa não seria a palavra correta. Talvez enojado com os fatos em que chegaram, ou apenas entediado.
- Ok... - sussurrou o garoto, logo voltando seu olhar para Erryk. - Mande que comecem!
- Entendido, meu príncipe - respondeu. - Senhora e Senhores, chegou a hora de começarmos a honra sobre o futuro casamento de Alec Targaryen Velaryon. Primeiro filho de Rhaenyra Targaryen e Laenor Velaryon e futuro Rei de Dragonstone e dos Sete Reinos depois de sua mãe!
E assim começou o dia de uma maneira surpreendentemente chata.
[...]
- E estou aqui para protegê-lo e promovê-lo ao um novo trono - disse o homem de quase meia idade.
E quando Alec finalmente achou que ele não iria mais continuar, ele o fez.
O Targaryen de cabelos negros revirou os olhos, e se inclinou para a direita - onde Aemond estava.
- Acho que sua mãe gostaria desse - brincou o garoto.
- Não brinca com isso, o homem tem quase ou até mais da idade de meu pai - fez uma careta, mas sua feição se dissipou quando ouviu um risinho baixo do outro ao seu lado.
- Eu aposto que ele deve ser o primeiro de sua geração - comentou, e Aemond o olhou alarmado.
O platinado voltou seus olhos para o homem, o examinando. E depois para Alec, surpreso.
- Aposto que ele foi o primeiro a achar o barco de quase cem anos abaixo do mar - disse.
- Aposto que ele foi o homem a ver o primeiro ovo de dragão - respondeu.
Silêncio.
Os dois se olharam durante três segundos, e logo depois caíram na risada. Esquecendo seus ideais sobre serem inimigos.
- Príncipe Alec! Príncipe Aemond! - repreendeu o cavaleiro.
- Desculpe, Sor. Erryk - disse Alec. - Mas, chame o próximo, sim?
- O que tem de errado com esse, meu príncipe? - perguntou.
- Ele tem idade para ser pai do meu pai - brincou.
O cavaleiro fez uma expressão de surpresa, logo pedindo o próximo.
- Lady. Fluer Wellington - disse o homem. - Filha de Sor. Hearb Wellington, segunda em seu nome.
E uma garota de cabelos absurdamente longos apareceu, trajava verde, o que fazia um conjunto incrível entre seus olhos.
- Príncipe Alec Targaryen Velaryon! - se curvou perante o outro.
Seus cabelos ruivos dando um destaque habitual no verde, a garota era esplêndida. Mas Alec tivera percebido que ela parecia ser ainda mais velha que ele.
Dezoito ou dezenove anos?
- Lady. Wellington, o que te faz querer um casamento comigo? - perguntou, suas costas apoiadas no trono de ferro.
Alec sabia o real motivo, todavia, era ainda melhor quando se ouvia por outra pessoa.
Mentiras contadas são apenas falácia se você não souber a verdade.
- Acredito que você e eu podemos estabelecer uma linhagem forte, meu príncipe. Seus dragões junto as minhas terras, nunca irá lhe faltar mais nada, meu Lorde - respondeu.
Aemond franziu o nariz, descontente por toda a formalidade desnecessária.
- Você acha que falta alguma coisa ao futuro Senhor de Dragonstone? - gritou uma outra donzela.
E alguns começaram a rir, a mulher ruiva abaixou levemente a cabeça. Envergonhada.
Alec viu que talvez não fosse aquilo que ela queria, ela poderia ter sido mandada ou até mesmo forçada.
- Eu acho que posso aprender a gostar de você - sorriu o de cachos.
A garota ergueu a cabeça, contente.
Aemond a olhou, e logo em seguida seus olhos passaram para Alec.
O garoto percebeu o silêncio ao seu lado, fixou seu olhar no platinado. Mas Aemond já havia desviado, as mãos para trás das costas em um gesto de "Eu não me importo.", e a carranca habitual no rosto.
- Platinado idiota! - chamou. - O que acha dela?
- Ela vai ser sua noiva, não minha - respondeu sem olhá-lo.
Rude.
- É, mas infelizmente, sua mãe está como uma pedra no meu sapato - retrucou.
Silêncio.
- Achei que você tivesse vindo aqui pra me ajudar - comentou.
- Estou aqui apenas para garantir que você cumprirá seu papel - respondeu.
- É uma pena - levantou, esticando-se. Aquele trono de ferro era absurdamente desconfortável.
- O que tá fazendo? - perguntou quando notou o garoto caminhar para a saída.
- Elas estão brigando, basta olhar - apontou para as donzelas e até alguns dos homens.
Aemond estava tão focado em sua mente, tão focado em Alec que não tivera percebido o ocorrido.
Sor. Erryk tentava ao máximo apartar a briga junto aos outros cavaleiros, sem chance.
- Você vem? - perguntou Alec se distanciando.
O garoto passou despercebido pela a porta aberta, Aemond logo atrás.
- Está quase na hora do jantar - disse o platinado.
- Eu sei - respondeu o outro, as mãos para trás.
- Esse não é o corredor certo para onde devemos ir - Aemond voltou a dizer.
- Eu também sei disso.
- Pra onde estamos indo? - perguntou, impaciente.
- Para o festival.
- O quê? Não! Sem chance! As nossas mães vão nos matar - retrucou.
- Elas não precisam saber - respondeu, e agora ele caminhava de costas para o corredor e de frente para Aemond.
- Vire-se! Você vai acabar caindo - repreendeu o mais velho.
Tão mandão.
- Você é tão negativo assim, tio? - perguntou, dando passos ainda mais largos quando Aemond ameaçou atacá-lo.
- Você é tão infantil assim? - perguntou, soltando o ar em seus pulmões que nem sabia que estava segurando.
- E você é tão chato, até Aegon parece se divertir mais - acusou, o queixo erguido em confiança.
Aemond deu alguns passos mais a frente, fazendo o garoto dar ainda mais passos para trás.
- Sério? Você está realmente me comparando com Aegon? - atirou.
- Não, estou te comparando com um velho de quase cem anos - parou repentinamente.
Alec quase riu quando Aemond também parou abruptamente quase colado em si, tudo por culpa de não ser sido avisado que iam parar.
O platinado engoliu em seco com a proximidade, dando dois passos para trás. Agora estavam em um distância considerável.
- Venha comigo - sussurrou o cacheado.
- O quê? - sua boca entreaberta em surpresa.
- O festival - respondeu, suas mãos ainda para trás. Era uma mania tão formal mais ao mesmo tempo tão informal que o mais novo tinha, e era tão... adorável?
- Não podemos, Alec... - disse.
E o Targaryen mais novo quase arregalou os olhos, era a primeira vez que Aemond o chamava pelo o nome.
- Apenas dessa vez - voltou a dizer. - Não como amigos, não como inimigos. Mas sim como duas pessoas decentes. E depois disso, voltamos a não nos gostarmos.
Ele sorriu.
O filho da puta sorriu.
E quanta merda, era a primeira vez que Aemond o viu sorrir tão de perto. E era fascinante.
- É uma proposta tentadora... - disse. - Entretanto impossível, sinto muito, mas temos que ir.
Alec suspirou, balançando a cabeça e bagunçando os cachinhos negros.
- Ok então! - respondeu, se virando e continuou a andar. - Eu vou sozinho.
- O quê? Não! - quase gritou. - Alec! - o garoto não deu ouvidos. - Alec!
Aemond travou o maxilar, com raiva do que iria fazer. Ele correu, correu até alcançar o cacheado no outro corredor perto de um dos pilares.
- O que é isso? - perguntou notando a bolsa preta de pano.
- Disfarce, não podemos sair se formos vistos como príncipes - respondeu.
- Podemos? - repetiu, a frase estava no plural.
- Veste! - entregou uma capa preta e totalmente lisa para o platinado.
Parece que não era só Aemond que gostava de mandar.
O garoto segurou, mas não fez o que o mais novo disse. Apenas continuou a olhar o pedaço de pano liso.
- Ok! - disse Alec.
O garoto de cachos suspirou, retirando a capa da mão do platinado. Ele se aproximou, passando a capa por seus ombros e enrolando o pequeno cordão na frente.
Aemond viu quando Alec ergueu a mão, e inconscientemente segurou seu pulso.
- O que tá fazendo? - sussurrou.
- Vou puxar o capuz... - respondeu, tentando puxar seu pulso de volta. Mas o platinado não o soltou. - Você não vai querer que alguém reconheça seu cabelo, vai? Pode ser perigoso.
O mais alto engoliu em seco, nervoso pela a proximidade. Não era próximo de nenhum dos irmãos filhos de Rhaenyra.
Também não era próximo de seus próprios irmãos, apenas se dava bem com Helaena.
- Você pode soltar, por favor? - perguntou o cacheado.
- Tá... eu... - gaguejou, mas fez o que Alec pediu. - Ok...
- Obrigado - ironizou, puxando o capuz e colocando sobre a cabeça de Aemond. Ele tocou nos fios brancos, empurrando-os para trás, tentando esconder que era um Targaryen. O outro não tirava os olhos do mais novo, contemplando cada reação perfeccionista que ele tinha. - Prontinho!
Se distanciou.
- Agora vamos! - exclamou dando alguns passos para trás, mas Aemond o puxou de volta pelo o braço. - O que foi?
- Você não tá pronto... - respondeu, e pegou a outra capa. - Se aproxime! - mandou, e Alec sentiu as mãos esfriarem.
Ele chegou mais perto, timidamente por não ser acostumado com a proximidade de quem não gostava.
Aemond contornou a capa pelos os ombros de Alec, fazendo o mesmo processo com o cordão que o segurava e teve a liberdade de se inclinar para puxar o capuz, tentando esconder os cachinhos negros.
- É quase impossível escondê-los - comentou o platinado se referindo aos cachos na testa. - Talvez se eu puxar um pouco mais o capuz...
Alec arqueou uma sobrancelha, Aemond estava realmente divagando sozinho?
Seus pensamentos foram dissipados quando sentiu o capuz escorregar sobre seu rosto, ele revirou os olhos.
- Acho que você ficou totalmente escondido - brincou Aemond.
O garoto cacheado puxou o capuz um pouquinho mais pra cima, para que conseguisse ver.
- Acho que assim é melhor - respondeu.
- Não me admira a capa ficar grande, você pode ser comparado ao um ratinho - ironizou e começou a caminhar.
Alec arregalou os olhos pelo o apelido esquisito.
- Talvez seja porque sou dois anos mais novo que você! - retrucou dando passos largos para encontrar o outro. - E eu ainda vou crescer.
- Quem sabe? - não deu importância. - Rhaenyra não é tão grande, Laenor muito menos. Não acho que você cresça muito - balançou os ombros.
- Ora seu platinado de merda! Tá tentando me estressar? - perguntou.
- Não, tô tentando passar o tempo enquanto não chegamos a cidade - respondeu e seguiu em frente.
Alec não o fez, parando para olhar o teto e fazer uma oração para os Deuses sobre seu arrependimento em levar Aemond.
- Vem! - chamou o mais alto. - Vamos, ratinho!
Gota d'água.
Aemond correu com um sorrisinho em seu rosto ao ver Alec correndo atrás de si e o ameaçando de morte.