No dia seguinte eu acordei e sai da casa de Robin sem ele perceber. Não queria que ele se incomodasse comigo.
Fui direto pra minha casa pensando no que eu iria falar pra mamãe e oque ela iria falar pra mim. Ela me daria um castigo terrível.
Quando girei a maçaneta estranhei a porta estar aberta já que o carro da mamãe não estava ali, sinal que ela já havia saído para trabalhar.
S/n- Mãe? - Fechei a porta e ninguém me respondeu - Vance? - Subi até o quarto dele e não vi ninguém, a casa estava totalmente vazia.
Troquei as roupas de Robin para as minhas roupas e tomei um café da manhã leve. Alguns minutos depois o telefone de casa começou a tocar e eu fui atender.
S/n- Alô?
Laís- S/n? Onde você estava? - Ela disse com uma voz preocupada, já estava preparada para o tanto de xingamentos que ia ouvir.
S/n- Na casa do Robin...
Laís- Escuta eu preciso que você venha até o hospital.
S/n- Porque?
Laís- É o Vance.
S/n- O que tem o Vance? - Disse preocupada.
Laís- Ele sofreu um acidente.
S/n- COMO? - Exclamei chocada e minhas mãos começaram a tremer.
Laís- Ele bateu o carro contra uma camionete e está em estado grave, o sangue do hospital acabou e ele precisa de doação, S/n você tem que vir doar.
S/n- Mas eu nem sei qual é o meu tipo de sangue. - Disse segurando o telefone firme, meu nervosismo estava fazendo eu quase desmaiar.
Laís- Vocês tem o mesmo sangue, O negativo.
S/n- Tá, eu já tô indo. - Desliguei o telefone e corri para calçar meus tênis. Pedir um táxi demoraria em média uns 5 minutos para chegar então peguei minha bicicleta e pedalei o mais rápido possível.
Depois de pedalar muito eu cheguei lá, toda suada, cansada e ansiosa.
S/n- Oi eu vim doar sangue para o meu irmão - Disse na recepção.
Secretaria- Menores de idade não podem doar sangue querida, peça a algum parente seu para doar.
S/n- Minha mãe mandou eu vir aqui.
Secretaria- Sinto muito mas sua mãe não decide nada, são as regras.
Laís- Maria - Ela chamou a secretária - Ela é a minha filha, eu a chamei para vir doar sangue ao irmão.
Maria- Doutora, você conhece as regras, menores de idade não podem doar sangue e existem muitas outras regras que não permitem isso.
Laís- Escuta aqui - Ela se aproximou de Maria - É a vida do meu filho que está em jogo aqui, ele se acidentou e só o sangue do hospital e o meu não foram suficientes, então ela vai entrar, vai doar o sangue que deve para ajudar o irmão e você não vai falar nada, porque a médica aqui sou eu. - Ela ficou quieta, não disse nada a não ser imprimir uma pulseira escrita que eu era doadora de sangue.
Maria- Você sabe que se algum superior descobrir corre o risco de nós duas perdemos o emprego né?
Laís- Ninguém vai se você não abrir a boca - Ela pegou a pulseira e colocou em mim. Em seguida mamãe me levou até uma sala e tirou meu sangue, não foi aquelas bolsas gigantescas, foi uma normal, talvez porque eu não tenha tanto sangue e não tenha o peso certo.
Durante isso a mamãe não me disse nada, apenas ficou quieta, oque eu achei estranho.
Laís- Aperta aqui - Ela colou um adesivo - Você tinha comido antes de vir pra cá?
S/n- Só meia banana.
Laís- Tá - Ela colocou uma etiqueta na bolsa e foi sair da sala, mas eu a chamei.
S/n- Mãe, o Vance tá bem?
Laís- Não, ele está em estado grave e se não receber sangue pode correr o risco de... Morrer - Vi seu olhar de tristeza e me segurei para não chorar.
S/n- Ele vai ficar bem né? Você vai conseguir salvar ele.
Laís- Eu vou tentar S/n, eu juro que vou tentar, mas saber que isso tudo é culpa minha e que meu filho pode morrer nas minhas mãos não é uma coisa muito fácil de se absorver - Mamãe limpou uma lágrima que tinha caído - Eu vou levar o sangue para o freezer, você já pode voltar para casa.
S/n- Só? - Disse esperando que ela falasse mais alguma coisa.
Laís- Sim - Ela saiu e depois de um tempo eu saí também.
Até ontem tudo estava bem, mas por causa de uma briga, eu e meu irmão estávamos bravos com nossa mãe e agora ele estava numa mesa de cirugia precisando de sangue.
Isso era a pior coisa do mundo e eu só podia me culpar por não ter tentado para-lo. Eu sabia que Vance era cabeça quente e podia fazer isso, mas mesmo assim, na hora eu fiquei parada e não corri atrás.
Minha cabeça estava tão perturbada pelos meus pensamentos que acabei fazendo a bicicleta trombar numa pedra e me jogar de cabeça no chão.
S/n- Ai merda - Coloquei a mão na cabeça e vi sangue escorrendo - Isso só pode ser maldição - Subi em cima da bicicleta e voltei para casa com a cabeça latejando.
Quando cheguei lá em frente vi a porta entreaberta e meu coração acelerou, eu não tinha trancado a porta por conta do desespero então alguém tinha entrado e roubado tudo.
Desci da bicicleta e abri a porta com cuidado, olhei para dentro e tudo estava no lugar, parecia que ninguém tinha entrado.
Robin- S/n? - Ele apareceu do meu lado e eu soltei um grito de susto e quase bati a porta atrás de mim.
S/n- Robin, porra que susto - Coloquei a mão no meu peito e fechei os olhos.
Robin- Oque aconteceu? - Ele veio até mim preocupado e colocou a mão no sangue.
S/n- Eu caí de bicicleta.
Robin- Você tem que fazer um curativo, isso tá muito feio.
S/n- Eu sei - Fechei a porta e peguei a caixinha de primeiros socorros - Me ajuda?
Robin- Claro - Ele me ajudou com todo o curativo e depois se sentou no sofá me olhando de uma forma apreensiva.
S/n- O que foi?
Robin- Porque você saiu da minha casa sem me avisar? Eu fiquei preocupado e vim até aqui.
S/n- Não queria te incomodar.
Robin- Você nunca me incomoda S/n, nunca - Ele vê meu braço com um adesivo e ergue uma sombrancelha - Oque aconteceu no seu braço?
S/n- Ah - Eu coloquei a mão ali e travei, simplesmente não conseguia dizer que Vance tinha sofrido um acidente.
Robin- S/n?
S/n- É que... - O olhei e vi preocupação em seu olhar, Robin realmente estava preocupado comigo - O Vance - Disse rápido.
Robin- Oque tem o Vance? Ele não tá bem?
S/n- Não.
Robin- Oque aconteceu?
S/n- Ele... - Desviei meu olhar para o chão e surgiu um nó na minha garganta de choro - Ele sofreu um acidente e está em estado grave no hospital.
Robin- Dios mio - Ele arregalou os olhos - Como assim um acidente?
S/n- Ele bateu o carro numa caminhonete, foi muito grave e ele precisava de sangue porque acabou o do hospital.
Robin- Porque você não me ligou que eu ia lá doar também.
S/n- Você não pode doar Robin, nem eu, eu só consegui porque minha mãe fez isso escondido.
Robin- Mas e agora? Oque vai acontecer com ele?
S/n- Ele vai passar por uma cirurgia e só Deus para dizer se ele vai conseguir sobreviver - Comecei a chorar e Robin me puxou para deitar no ombro dele.
Robin- Calma, vai dá tudo certo, sua mãe está lá para ajudar ele, então acredite, ela vai dar de tudo para salva-lo - Ele começou a fazer carinho de leve na minha cabeça.
S/n- Eu sei mas grande parte disso é minha culpa, eu sabia que Vance era cabeça dura e mesmo assim deixei ele sair explodindo de raiva de casa a noite.
Robin- Ninguém ia adivinhar que isso aconteceria.
S/n- Mas mesmo assim, se eu tivesse mandando ele ficar...
Robin- Calma, ele vai ficar bem, você vai ver meu amor - Robin depositou um beijo na minha testa e eu o abracei fortemente.
Somente Robin conseguia me acalmar, principalmente em situações como essa, em que eu me sentia a pior pessoa do mundo.