capítulo um,
o começo de tudo.
⊹ catherine ᵎᵎ
dois mil e três
── kate, ── william bateu na porta do banheiro. ── você tá vomitando novamente? tá tudo bem aí?
eu suspirei cansada, levantando do chão e vendo o meu café da manhã dentro da privada. a voz do william ainda soa preocupada e eu apenas lavei meu rosto, tentando parecer o mais saudável possível.
── kate, é sério. o que tá acontecendo? você tá doente? ── assim que eu abri a porta do banheiro, fui surpreendida com um forte abraço. ── fala alguma coisa, kate! há dias você tá diferente.
── não é nada, provavelmente eu comi algo que me fez mal. ── eu expliquei me afastando dele e sentando na cama, tentando de alguma forma me livrar daquele mal-estar.
── acho melhor irmos pra o hospital! eu posso ligar pra carole e nós...
── william, isso não é necessário. ── eu o interrompi, levantando a minha mão. ── eu estou bem.
── você não pode vomitar todos os dias, kate. nenhuma refeição para dentro do seu estômago e você sabe que isso não é normal.
── eu já disse, eu estou bem.
── e eu só estou preocupado. ── william se sentou ao meu lado e pegou a minha mão gelada. ── por favor, vamos ao hospital e acabar logo com isso. ── eu engoli seco, me amaldiçoando por fazê-lo ficar preocupado. ── por favor. ── a voz dele saiu quase como um susurro.
── william, isso não é nada. ── eu disse tentando passar confiança a ele.
william soltou a minha mão e suspirou irritado. ── isso não é nada? ── dei um leve sobressalto com a mudança do seu tom de voz. ── você está estranha há dias, vomitando tudo o que come e isso não significa nada pra você? ── william me olhou e eu mordi minha língua tentando não chorar. ── vamos catherine, me de uma resposta honesta.
── o que você quer que eu diga?
── a verdade.
── droga, eu já disse a verdade! eu tô bem. ── me levantei da cama muito rápido e ficando tonta logo em seguida; mas william tava tão ocupado com os sermões que nem percebeu.
ele tinha motivos plausíveis pra que eu fosse até um hospital investigar esse mal-estar, e eu iria se já não soubesse o motivo de todo esse caos. adiei contar a verdade por dias na inútil esperança de que isso fosse um pesadelo, mas a verdade nua e crua continua aqui. e eu não tenho mais pra onde correr.
querendo acabar com tudo aquilo, abri minha bolsa e joguei aquele maldito teste nele.
── o que...
── tá satisfeito agora? ── minha voz saiu tão amarga que um gosto ruim impregnou a minha boca.
── não me diga que isso é o que eu estou pensando. ── william segurava o teste com tanta força que vi seus dedos ficarem brancos. ── puta merda, catherine. me diga que isso é uma pegadinha.
── eu tenho cara de quem faria uma pegadinha com isso?
william abriu a boca pra falar mas nenhum som saia. o jeito como ele olhou pra o teste e me olhou vai ficar pra sempre na minha memória. ── eu li em algum lugar que as vezes esses testes dão um falso-positivo, algo assim! isso pode ser apenas um alarme falso.
── eu fiz o beta hcg. ── eu disse secando as lágrimas. william me olhou quase que implorando por uma explicação. ── é um exame de sangue.
── positivo? ── ele perguntou com receio, temendo que a resposta fosse exatamente a que eu tinha pra falar.
── totalmente positivo.
── merda, kate. ── william cobriu o rosto com as mãos. ── como a gente deixou isso acontecer? ── ele me olhou e eu dei de ombros, mordendo meu lábio inferior tentando não chorar mais ainda.
talvez ele tenha percebido que eu precisava de um abraço e logo seus braços me seguraram com força. era inútil tentar não chorar e eu sabia que estava no meu lugar seguro, então as lágrimas saíram com facilidade.
eu apertei o corpo dele contra o meu na esperança de me livrar daquela sensação ruim que corroía cada parte do meu corpo. ── isso é um pesadelo.
── nós daremos um jeito. ── a voz dele saiu macia, mas eu sabia que ele estava tão nervoso quanto eu; o seu coração acelerado denunciava isso. ── um bebê não pode causar um estrago tão grande, certo?
── você tá falando sério? ── desfiz o nosso abraço e olhei pra ele. ── isso é horrível, william! não estamos prontos pra sermos pais, e... deus, existem tantas outras coisas além disso.
── eu sei...
── não, você não sabe. isso tudo é só a ponta do iceberg que vai destruir as nossas vidas.
ele olhou pra mim como se eu tivesse dito a pior coisa do mundo. ── kate, você está com a cabeça cheia e eu entendo, mas nós daremos um jeito.
me sentei na cama e olhei o teste. as duas linhas bem aparentes e meu coração apertou! odeio ter a sensação de estar vivendo o meu pior pesadelo quando eu penso nesse bebê. eu amo crianças e certamente irei amar ainda mais quando eu tiver uma só pra mim. mas não agora. não desse jeito.
── você vai me apoiar em qualquer decisão que eu tomar, certo? ── perguntei insegura.
── eu sempre vou apoiar você, catherine! fizemos isso juntos e vamos lidar com as consequências disso juntos também.
── ninguém sabe sobre isso então nós temos algum tempo até contar as nossas famílias. ── william assentiu. ── eles vão nos matar, não é?
ele sorriu, mesmo essa situação não tendo a menor graça. ── falaremos com todos eles.
── você sabe que isso não vai ser fácil. ── enxuguei as lágrimas que molhavam as minhas bochechas. ── meus pais vão ficar decepcionados comigo.
── ei kate, não vamos pensar nisso agora. ── william segurou meu rosto com as suas mãos. ── eu acho que somos capazes de resolver qualquer questão se continuarmos juntos e eu juro que sempre estarei aqui pra você, ok? ── eu concordei e novamente nos abraçamos forte. ── por favor, nunca esqueça disso.
🪻| meudeus é mto bom
escrever em pt, quero chorar