"Há partes de mim que não posso esconder
Eu tentei e tentei um milhão de vezes
Juro por tudo
Bem vindo ao meu lado sombrio"
Darkside — Neoni
Fui em uma pia lavar as mãos, tentando afastar a dor que pulsava em meus dedos machucados, quando Johnny apareceu, surpreso ao ver o sangue na água.
— O que aconteceu? — sua voz denotava preocupação genuína.
— Não importa agora, depois falamos disso — minha resposta foi rápida, quase automática.
— Não fez besteira, né? — sua expressão era uma mistura de receio e cautela.
— Não — assegurei, tentando manter a calma.
— Pode lutar com a mão assim? — sua pergunta era direta, incisiva.
— Vou tentar — minhas palavras saíram firmes, mas eu sabia que a incerteza pairava no ar.
— Não tem essa de tentar. Você tem que vencer. Sem as duas vitórias, o Presas de Águia não vence. Aí não poderemos provar para o Larusso, Kreese e Silver que somos melhores — sua voz carregava a pressão do momento.
— Então é sobre isso — o encarei, buscando claridade em meio à confusão — Sobre provar que você é melhor. Não sobre nós né.
— Claro que é sobre nós. Sem a vitória não serei mais o seu Sensei. É isso que quer? — sua expressão revelava um misto de desapontamento e determinação.
— Preferia que me ajudasse a vencer, não que falasse como se eu fosse obrigada a isso — minhas palavras escaparam com um tom de desânimo, misturado com um toque de ressentimento.
— Não foi isso que eu quis...
— Deixa — o interrompi, sentindo uma onda de frustração e desgosto me inundar — Tenho que começar essa luta.
As emoções estavam à flor da pele, o peso da expectativa sobre meus ombros, enquanto eu me preparava para o desafio que estava por vir.
Quando cheguei ao tatame, Samantha já estava lá, pronta para a batalha que se aproximava.
— E agora que nossa última semifinalista chegou, daremos início à última luta da semifinal feminina — o locutor anunciou, enquanto eu subia no tatame, sentindo o peso do momento.
Subi no tatame ainda meio desanimada. Parece que eu não estava lutando pelo que eu queria, mas sim pelo desejo de Johnny se provar. Sem falar que eu não consigo parar de pensar nos pedidos de desculpas de Robby e Charles.
Por que eles tinham que estragar justo esse dia?
— Tudo bem? — Sam perguntou, encarando minha mão machucada, sua preocupação evidente em seu olhar.
— Tô bem — respondi, forçando um sorriso, tentando afastar as preocupações que assombravam minha mente.
— Mas sua mão... — ela apontou para os machucados em meus dedos.
— Isso? — mostrei os machucados, tentando minimizar a importância — Não é nada. Não pense que vou pegar leve com você por isso — tentei brincar, buscando dissipar a tensão que pairava no ar.
— Eu também não vou — Sam respondeu com um sorriso determinado, pronta para o desafio que se aproximava.
— De frente pra mim, cumprimentem. De frente para outra, cumprimentem — as instruções do árbitro ecoaram, e nos posicionamos para o combate — Prontas? Lutem!
Iniciei o ataque, lançando um chute em direção a Sam, focada em usar minhas pernas ao máximo para evitar confrontos diretos. Mas ela se defendeu com determinação, contra-atacando com agressividade.
Espere um minuto, isso não é o Karatê Miyagi-Do. Ela está usando o Presas de Águia?
Fui pega de surpresa quando Sam girou no ar e me acertou em cheio com o famoso chute tornado.
— LaRusso, ponto — a voz do árbitro cortou o ar.
Ela estava, de fato, utilizando o meu próprio estilo contra mim. Era uma estratégia inesperada, mas agora eu não tinha escolha. Precisava me adaptar e ser mais agressiva, usar o Cobra Kai. Ele pode ser sujo e sem honra, mas vence lutas.
— Lutem! — o árbitro ordenou, e voltamos às posições.
Sam investiu novamente, desferindo socos e chutes em sequência. Consegui bloquear a maioria deles, mas quando ela preparou outro chute lateral, vi uma abertura em sua guarda. Era minha chance.
Em um reflexo rápido, desferi um soco em seu estômago, ignorando a dor latejante em minha mão machucada.
Ela recuou um pouco, visivelmente impactada pelo golpe, enquanto eu lutava para conter uma expressão de dor.
— Blake, ponto. Voltem para as posições — o árbitro chamou, interrompendo brevemente o confronto.
Apesar da dor pulsante em minha mão, me esforcei para manter a compostura. Sam não me olhava com raiva, mas sim com uma preocupação genuína estampada em seus olhos.
— Tem certeza que tá bem? — ela questionou.
— Vou ficar bem — respondi, forçando um sorriso para tranquilizá-la, mesmo que por dentro a dor fosse palpável.
Point of View: Eli Moskowitz
Observando atentamente a luta, percebi que Scarlett não estava em sua melhor forma. Quando desferiu o golpe em Samantha, parecia que ela sentiu mais dor do que a própria adversária.
Meus olhos se fixaram em sua mão, que exibia sinais claros de ferimentos recentes. Algo aconteceu, algo que eu não estava inteiramente ciente.
— Vai lá... — estive prestes a incentivar Scarlett, mas retive as palavras. Torcer por ela poderia soar como uma traição ao nosso dojô, então mantive o silêncio.
Mais duas partidas e ambas marcaram ponto. Agora estava empatado.
— Dois a dois, o próximo ponto vence — as palavras do árbitro ecoaram, aumentando a tensão no ar.
Minha preocupação por Scarlett crescia a cada segundo. Ela parecia exausta, não apenas fisicamente, mas emocionalmente também. Era algo que eu sempre conseguia detectar, mesmo quando ela tentava esconder...
Point of View: Scarlett Blake
Agora era a hora do ponto decisivo.
— Pontas? Lutem! — a ordem do árbitro ecoou pelo tatame.
Imediatamente Sam avançou, desferindo uma série de socos. Eu defendi, retaliei, e logo estávamos trocando chutes no ar.
— Sem ponto! Continuem! — a voz do árbitro cortou o ar, e me levantei rapidamente para continuar o embate.
Observava Sam atentamente, mas minha mente estava em tumulto. Sentia-me confusa, lutando com a incerteza de estar agindo corretamente.
Quando ela levantou sua perna para me acertar um chute frontal, não vi outra saída a não ser acertar seu ponto mais sensível: o joelho. Quando acertei uma cotovelada em seu joelho, Sam caiu, grunhindo de dor.
— Isso foi falta — exclamou o juiz — Será retirado um ponto seu.
Ao derrubar Sam, arrependi-me instantaneamente, a culpa pesou em meu coração. Não era assim que eu queria lutar, não era esse o tipo de vitória que buscava.
Estendi a mão para Samantha se levantar.
— Me desculpa, eu não queria... — as palavras de desculpas escaparam de meus lábios envergonhados.
— Tudo bem, eu sei que não — respondeu com uma voz tensa, levantando-se com dificuldade.
— Posição... Pontas? Lutem!
De volta à posição de combate, o ar ao meu redor ecoava com os gritos da multidão. Johnny me observava com intensidade, suas palavras de encorajamento se perdendo na cacofonia dos gritos. Lancei um olhar para Eli, seu semblante preocupado ecoava meus próprios questionamentos internos. Será que valia a pena todo esse sacrifício por um simples troféu? Machucar minha "quase amiga" para vencer.
Enquanto eu ponderava, Samantha avançou, quase me acertando um soco no rosto. Reagi rapidamente, recuando em meio à turbulência da luta. Nossos movimentos se entrelaçavam em uma dança frenética, até que ela se aproximou perigosamente. Mesmo com minha mão machucada, preparei-me para lançar um soco, naquele momento, minha perna estava fora de cogitação.
Aproximei meu punho de seu rosto, mas antes que eu pudesse atingi-la, Samantha segurou meu punho, uma dor aguda disparando por todo o meu corpo. Em seguida, um chute certeiro atingiu meu estômago, derrubando-me no chão.
Caí para trás, derrotada.
— Ponto, vencedora — a voz do juiz cortou o ar, enquanto ele levantava o braço de Samantha em triunfo.
A multidão explodia em aplausos e gritos de comemoração, mas dentro de mim, reinava a decepção e a confusão.
— Ei, você tá bem? — ela correu até mim, estendendo a mão para ajudar-me a levantar.
— Estou — aceitei sua ajuda, sentindo-me grata pela preocupação genuína em seus olhos.
— Me desculpa... — sua voz tremia, com medo da minha reação.
— Tá tudo bem, você venceu da maneira certa, estou feliz por você — respondi, tentando transmitir conforto através do toque em seu ombro.
— Valeu — agradeceu, um sorriso de alívio surgindo em seus lábios.
— E com isso lá se vai a última chance do Presas de Águia vencer a divisão feminina. Agora a final feminina está definida. Samantha LaRusso do Miyagi-Do contra Tory Nichols do Cobra Kai.
Caminhei até Johnny, sentindo-me pesarosa pelo resultado da luta, e vi a frustração estampada em seus olhos.
— Desculpa Sensei, eu não consegui...
— Tudo bem, isso não importa. Você foi ótima. Esse troféu idiota não significa nada para mim, só vocês importam — respondeu, com sinceridade e calor em suas palavras.
— Valeu, Sensei — agradeci, sentindo um peso sendo aliviado de meus ombros.
Esperava ver desapontamento em seu rosto, mas suas palavras mostraram que ele mudou de perspectiva.
— Para mim, você foi incrível. Aquela cotovelada no joelho foi maneira — exclamou Devon, tentando trazer um pouco de ânimo à situação.
— É, e ela me custou um ponto. Não deveria ter feito aquilo — admiti, sentindo-me culpada pelo erro.
— Scar — alguém me chamou — Posso falar com você?
Me virei e vi Eli ali, me encarando com um olhar significativo.
— Claro.
Fomos para um canto afastado, longe dos olhares curiosos.
— Você tá legal? — ele perguntou, com uma expressão de preocupação sincera.
— Eu estou bem. Não é como se minha vida dependesse desse troféu, afinal de contas, é só um troféu, não prova nada — respondi, buscando tranquilizá-lo.
Ele pegou minha mão com delicadeza, notando os machucados.
— E o que foi isso? Você começou a luta com isso. O que aconteceu? — sua voz era suave, mas carregada de preocupação.
— Foi só um incidente com uma parede idiota. Não quero que se preocupe — segurei seu rosto, transmitindo segurança.
Ele me olhou, buscando respostas.
— Scar... — sua voz estava cheia de expectativa.
— Depois te conto tudo, prometo. Agora quero que se concentre em sua luta. Você está tão perto — acariciei sua bochecha, tentando passar confiança.
— Tudo bem — concordou, resignado — Mas depois quero explicações.
— E você terá. Boa sorte — dei um beijo suave em seu rosto, desejando-lhe toda a sorte do mundo.
Quando nos separamos, cada um retornou à sua equipe, carregando consigo a tensão do momento.
— Cobra Kai e Miyagi-Do estão encostados no placar — anunciou o locutor — Mas há um cavalo azarão... Ou seria um pássaro azarão? ...que ainda tem chance. Será que o Presas de Águia continuará na disputa de dojos? Já vamos descobrir. Miguel Diaz tem um minuto para voltar ao tatame!
Um relógio iniciou uma contagem regressiva.
— Contagem regressiva? Meio dramático, não acha? — Devon comentou, um tanto descontraída.
— Sim, é o regional — Mitch respondeu, com uma pitada de ansiedade na voz.
— Cadê ele? — eu olhei para o relógio, sentindo a tensão no ar.
— Não sei, já deve estar chegando — Johnny respondeu, visivelmente nervoso.
— Ele vai esperar até o último segundo, hein? — Devon observou.
O tempo se esgotou.
— Bem, parece que o Miguel Diaz não vai lutar — o locutor voltou para o tatame.
— Droga — Johnny murmurou, saindo da área.
— Mas o quê?
— O que significa que o vencedor por WO é o Eli Moskowitz. Ele avança para a final onde enfrentará Robby Keene. As finais começaram em breve.
Eli me lançou um olhar, questionando o desaparecimento de Miguel. Eu segui em direção à enfermeira.
— Onde está o rapaz que se machucou? — perguntei à paramédica presente, assim que cheguei a enfermaria.
— Ele saiu, não tem muito tempo.
— Tudo bem — estava prestes a sair quando me lembrei da minha própria dor — Ah, aproveitando que estou aqui, você teria uma pomadinha para isso? — mostrei minha mão machucada.
Ela olhou para a minha mão, visivelmente horrorizada com os ferimentos.
— Acho que uma simples pomada não vai resolver. Sente-se aqui — pediu, e eu obedeci — Isso parece sério — examinou minha mão — Vou aplicar um medicamento e enfaixar, mas depois você precisará ir ao hospital para fazer um raio-X, só para garantir que não quebrou nada.
— Que ótimo! — exclamei sarcasticamente.
Com minha mão já enfaixada, saí da enfermaria, determinada a encontrar Miguel.
— Achou ele? — perguntei, avistando Johnny do lado de fora.
Ele balançou a cabeça, preocupado.
— Não, e você?
— Também não. Mas vou procurar pra garantir que ele está bem.
Praticamente o torneio todo já está escrito, só falta uma revisada mas prometo que já posto.
Espero que entendam que não era hora de Scarlett ganhar o torneio.
Já devem estar pensando que ela é a "campeã que nunca foi" KKKKKK, mas juro que tem um propósito e toda uma carga emocional.
E sobre a segunda fanfic que ela escolhe o Robby, prometo escrever assim que possível. Quando sair recomendo que leiam desde o início pois vou mudar algumas coisas.
Espero que gostem!❤️