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By catratonks

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π˜πŸ’: Quidditch World Cup
π˜πŸ’: The Triwizard Tournament
π˜πŸ’: The Four Champions
π˜πŸ’: Potter Stinks
π˜πŸ’: The First Task
π˜πŸ’: Will You Dance With Me?
π˜πŸ’: Yule Ball
π˜πŸ’: The Golden Egg
π˜πŸ’: The Second Task
π˜πŸ’: Truth Or Dare
π˜πŸ’: The Third Task
π˜πŸ’: Everything Changes
π˜π„π€π‘ π…πˆπ•π„
π˜πŸ“: Grimmauld Place
π˜πŸ“: The Silver Dress
π˜πŸ“: The Prank
π˜πŸ“: Dolores Umbridge
π˜πŸ“: Firefly Conversations
π˜πŸ“: Harry, My Harry
π˜πŸ“: The Astronomy Tower
π˜πŸ“: The High Inquisitor
π˜πŸ“: The Revenge
π˜πŸ“: The Reunion
π˜πŸ“: Midnight Talking
π˜πŸ“: Dumbledore's Army
π˜πŸ“: Weasley Is Our King
π˜πŸ“: Love Potion
π˜πŸ“: Nightmares
π˜πŸ“: Holly Jolly Christmas
π˜πŸ“: Maddie's Birthday Party
π˜πŸ“: Happy New Year!
π˜πŸ“: Fireworks
π˜πŸ“: Draco Malfoy
π˜πŸ“: Honeycomb Butterflies
π˜πŸ“: Expecto Patronum
π˜πŸ“: The New Seeker
π˜πŸ“: Breakdown
π˜πŸ“: A Whole New Perspective
π˜π„π€π‘ π’πˆπ—
π˜πŸ”: Horace Slughorn
π˜πŸ”: The Burrow
π˜πŸ”: Weasley's Wizard Wheezes
π˜πŸ”: August 11th
π˜πŸ”: Back to Hogwarts
π˜πŸ”: Amortentia
π˜πŸ”: The Quidditch Captain
π˜πŸ”: Draco?
π˜πŸ”: Falling Apart
π˜πŸ”: The Bookstore of Mysteries
π˜πŸ”: The Curse
π˜πŸ”: Slug Club
π˜πŸ”: Champagne Problems
π˜πŸ”: Dirty Little Secret
π˜πŸ”: Sign Of The Times
π˜πŸ”: Whispers and Secrets
π˜πŸ”: Shopping Day
π˜πŸ”: Rufus Scrimgeour
π˜πŸ”: The Hunt
π˜πŸ”: Valentine's Day
π˜πŸ”: Quidditch Disaster
π˜πŸ”: Sixteenth Birthday
π˜πŸ”: Liquid Luck
π˜πŸ”: Sectumsempra
π˜πŸ”: The Cave
π˜πŸ”: What Starts, Ends
π˜π„π€π‘ 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍
π˜πŸ•: The Seven Potter's
π˜πŸ•: The Birthday Party
π˜πŸ•: The Wedding
π˜πŸ•: The Murderer
π˜πŸ•: September 1st
π˜πŸ•: The Sins Of Tragedy
π˜πŸ•: Body and Soul
π˜πŸ•: Slytherin's Locket
π˜πŸ•: The Depths Of Fall
π˜πŸ•: Breaking Hearts
π˜πŸ•: Godric's Hollow
π˜πŸ•: The Sword
π˜πŸ•: The Deathly Hallows
π˜πŸ•: Bellatrix's Vengeance
π˜πŸ•: Highs And Lows
π˜πŸ•: The Talk
π˜πŸ•: The Plan
π˜πŸ•: Knives? Sure!
π˜πŸ•: The Boy Who Lived
π˜πŸ•: When Nightmares Come to Life
π˜πŸ•: Blood And Bone
π˜πŸ•: Voids
π˜πŸ•: Death Comes
π˜πŸ•: Sunflowers
π˜πŸ•: Turning Page
π˜πŸ•: Intertwined Fates
𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐀𝐑
I. Surprises
II. Soft Kisses And Bad Dreams
III. Death's Lullaby
IV. WARNING: DANGER!
V. Hunting Season
VI. The Corner Of The Lost Souls
VII. The Letter
VIII. Sex On The Beach

π˜πŸ”: Road Trip

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By catratonks

⚠️: conteúdo sensível.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Acordei sentindo um leve incômodo, proporcionado pelo feixe de luz solar suave que banhava meu rosto. Mesmo com as cortinas fechadas, estava claro, e a manhã prometia ventanias geladas.

Ao meu lado, Harry se espreguiçou. Fiquei olhando para ele em admiração, com o rosto ainda dormente de sono e os cabelos meio bagunçados. Harry estava sem óculos, e seus olhos sensíveis tiveram que se adaptar à luminosidade antes que pudessem abrir normalmente.

Quando meu viu, ele deu um sorrisinho feliz. Seu braço descansava sobre minha cintura, sob os lençóis que nos cobriam, e sua boca estava perto da minha.

— Bom dia, meu bem — disse eu suavemente, fazendo carinho nos cabelos dele.

Harry sorriu de novo, enterrando o nariz em meu pescoço, com preguiça.

— Bom dia — respondeu contra minha pele. — Dormiu bem?

Ele se afastou um pouco, dando um sorrisinho quando viu que eu estava tentando esconder a timidez.

A verdade é que mal tínhamos dormido, de tantas vezes que reivindicamos um ao outro, na cama. O interior dormente de minhas pernas servia como prova disso.

— Dormi.

— Mesmo?

— Aham.

Meu namorado se aproximou, inclinando-se para me beijar. Seus lábios tinham gosto de menta e morangos, como sempre.

Nós, bruxos, raramente tínhamos mal hálito, não sei bem por quê. Talvez fosse algo relacionado a nossos genes.

Ele acariciou minhas costas, e ao sentir minha pele nua sob seus dedos, sorriu durante o beijo. Seus toques traçaram pequenas espirais sobre minha lombar exposta, fazendo-me arrepiar.

— O que você acha de tomarmos um banho, mhm? — perguntou Harry quando nos afastamos.

E o fato de que aquelas palavras continham segundas, terceiras e quartas intenções me fez concordar quase imediatamente.

Seguimos para o banheiro, sem vergonha de nossa nudez. Harry foi enchendo a banheira enquanto eu escovava os dentes, apenas por costume, e em seguida escovou os seus. Conforme ele fazia isso, não pude deixar de pensar que a água parecia ótima, bem quente e propícia ao gelado dos ventos de inverno. Optamos por não colocar espuma em sua superfície, mas apenas o cheiro do sabonete em barra de cravo e nozes de Harry seria mais que o suficiente para me fazer relaxar.

Entrei na água primeiro, deixando escapar um suspiro de alívio. Estava muito melhor do que eu esperava. Mergulhei uma vez, permitindo que meus cabelos ficassem molhados e que grudassem em meus ombros quando emergi. Harry observava, atento a meu corpo úmido e ao pouco de vapor que saía da água. Se eu não o conhecesse bem, pensaria que Harry estava me olhando por muito tempo porque estava sem óculos. Mas acontece que ele não precisava deles para saber para o quê estava olhando, porque já tínhamos passado desse marco de intimidade.

Ele caminhou até mim, entrando na água também. Seu corpo pressionou o meu, e Harry começou a beijar meu pescoço vagarosamente, arrastando a língua por alguns pontos sensíveis. Contraí os dedos dos pés ao sentir seu abdômen em contato com meu quadril, ao sentir o toque de minhas coxas contra seu pau, que aos poucos ia ficando duro.

Puxei-o para um beijo, pressionando minha língua em seus lábios, que logo se abriram para fornecer passagem enquanto Harry se posicionava melhor sobre mim, prendendo-me, de certo modo, à parede. Ele flexionou uma das pernas em busca de equilíbrio, apoiando as mãos em meu quadril e começando a empurrar para dentro de mim, devagar e com força. Gemi baixinho em seu ouvido.

Fizemos isso tantas vezes, na noite anterior, que já tínhamos aprendido quais movimentos nos davam mais prazer do que outros.

Harry começou a entrar e a sair de dentro de mim repetidas vezes, de modo torturante, enquanto fazia massagens preguiçosas em meus seios; e eu apertava sua bunda para trazê-lo mais para perto, o que só contribuía para que Harry aumentasse a precisão dos movimentos, atingindo meu ponto mais profundo todas as vezes. Eu era uma bagunça de sentimentos, mas, durante esses nossos períodos íntimos, pequenos insetos invisíveis zumbiam dentro de meu cérebro, destituindo-me da capacidade de ser racional.

Dei um gemido quando Harry esfregou-se a mim por dentro, arrastando toda sua extensão por minhas paredes esponjosas que o comprimiam, acidentalmente desfazendo nosso beijo. Ele murmurou um xingamento desconexo em meu ouvido, enterrando mais fundo, descendo com os toques e puxando minha bunda com voracidade para mais perto, como se quisesse fundir-se a mim.

Percebendo que eu ainda estava longe de alcançar o prazer, Harry levou a mão esquerda até meu clitóris, enquanto me fodia, e começou a massageá-lo com movimentos lentos e precisos, pressionando-o. Um outro gemido escapou do fundo de minha garganta, e Harry o abafou num colar de lábios desajeitado, aumentando a força com a qual entrava e saía de mim, fazendo pequenas carícias circulares em meu clitóris durante o processo.

Os dedos de Harry moveram-se conforme o formato do número "oito", traçando caminhos infinitos. Minhas unhas cravaram-se em suas costas, o que apenas serviu para deixá-lo ainda mais louco, levando-o a empurrar contra minha entrada enquanto a água da banheira se agitava ao nosso redor. Tamanha foi a força imposta no ato que pequenas gotículas voaram para longe e molharam o chão, encharcando o piso e os tapetes do cômodo. O material maciço da banheira rangeu um pouquinho.

— M-mais rápid-do — gemi, suplicante.

Ele, então, me segurou em seus braços, sem descolar nossos corpos, e saiu com cuidado da banheira. Harry me prensou contra a primeira parede que encontrou, abrindo bem minhas pernas e empurrando repetidas vezes até o fundo, o que me fez gemer mais alto, quase gritando. Um barulho úmido ecoou até nossos ouvidos, em sequências ritmadas, e isso fez com que minhas pernas começassem a tremer.

Harry pressionava ambos de nossos corpos, estocando num ritmo frenético que ao mesmo tempo era cuidadoso, o que tornava aquele cenário muito mais maldoso do que realmente era. Puxei seus cabelos conforme inclinei minha cabeça para trás, e Harry aproveitou o momento para beijar minha clavícula, depois meus seios. Senti que o nó em meu estômago se desfaria a qualquer minuto.

— Ai meu Deus — gemi.

— Mhm — murmurou Harry com dificuldade, empurrando mais forte. Seus lábios fizeram cócegas em meu ouvido, curvando-se. — Está rezando para mim, amor?

Ao ouvir isso, não me aguentei. Com um espasmo, senti minha libertação avassaladora, ao passo que a de Harry me preencheu por dentro. Tínhamos realizado um feitiço anti-gravidez provisório, na noite anterior, então ainda tínhamos algumas horas antes que seus efeitos chegassem ao fim.

Senti-me extasiada, como se pudesse tudo. Meus olhos doíam de tanto prazer, minhas pernas tremiam muito. Mas ainda assim continuei grudada a ele, nossas respirações aceleradas conforme tentávamos recuperar o fôlego.

Não voltamos para o banho tão cedo, logo depois disso.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Após mais algumas sessões de sexo, Harry e eu tomamos banho e trocamos de roupa. Optei por uma calça branca e uma blusa quentinha de mangas compridas, nos tons de azul-marinho e lilás, com detalhes geométricos traçados com delicadeza. O colar de borboleta que Maddie me dera permanecia em meu pescoço, mesmo depois de todo esse tempo, e uma faixa de tecido branco enfeitava meus cabelos.

Uma vez que eu estava pronta e de cabelos secos e penteados, meu namorado me observou por um momento, ainda prestes a vestir a camisa, o abdômen definido à mostra.

— Que foi? — perguntei com um sorrisinho.

— Você está bonita — concluiu ele. — Claro que é ainda mais bonita quando está nua, mas você está linda, amor. Você é linda.

— Own, que fofo. Você também é, meu amor.

Harry deu um sorrisinho, ocupando-se em decidir que roupa iria usar.

— Qual você prefere? — perguntou, erguendo duas camisas, uma branca e outra marrom-escuro.

— Hmm, acho que a branca — falei. — Serve para acentuar a cor dos seus olhos.

Uma vez que Harry vestiu a roupa que eu havia sugerido, terminamos de arrumar nossas coisas para o feriado e descemos, colocando a bagagem numa pilha de bolsas, gaiolas para corujas e malões, na entrada do castelo. Simba se recusara a entrar em sua casinha móvel para gatos, então eu teria que conseguir fazê-lo mudar de ideia depois.

Todos os nossos amigos olharam para nós quando nos aproximamos da mesa do café. Ron parecia furioso. Dino me deu uma piscadinha, com um sorriso no rosto, e Ginny me fuzilou com o olhar. Até tentei conversar com ela quando nos sentamos, mas a garota saiu de perto, emburrada.

Não falei nada conforme me servia, mas a expressão no rosto de Dino estava me deixando curiosa.

— O que foi? — perguntei.

— A noite foi boa, pelo visto.

Fiquei muito vermelha, e Harry acidentalmente cuspiu parte do suco de laranja que estava tomando na cara de Ron.

— Desculpe — pediu meu namorado.

— Deveria se desculpar, mesmo — disse o ruivo. — Sabia que tivemos que dormir na Comunal só porque vocês dois resolveram trancar a porta?

— Estávamos bêbados, diga-se de passagem — comentou Simas, ao lado de Dino, mordiscando um pedaço de torta de frango. Sim, ele usualmente comia isso no café da manhã, enquanto eu mal conseguia engolir uma ou duas torradas, de tanto sono que sentia.

— Não interessa — cortou-o Ron. Depois, apontou para si mesmo. — Estão vendo? Esta roupa é a mesma de ontem. Nunca me senti tão imundo.

— Não é como se você tomasse banho sempre — murmurou Harry, ainda incapaz de dizer qualquer coisa.

Eu estava determinada a ignorá-los, mas Dino continuou encarando, sendo imitado por todos os outros. Querendo ou não, parte de mim era profundamente grata por Fred e George já terem concluído a escola. Não podia nem imaginar que tipo de perguntas constrangedoras eles fariam, se estivessem ali.

— O que é que você quer? — perguntei, dessa vez mais irritada, olhando para meu amigo.

— Você não vai me contar sobre o que aconteceu? — quis saber Dino.

— Não.

— S/N.

— Thomas.

— Não vai mesmo me contar? — perguntou, cutucando minha costela.

— Não.

— Pare de enrolar. Vocês dois transaram. É bem óbvio — disse Ron. Só então percebi que ele provavelmente estava com raiva por causa disso, por considerar que era meu irmão mais velho (embora tal fato não deixasse de ser um absurdo). Mesmo que fôssemos parentes, Harry e eu não deveríamos satisfações a ele.

Meu namorado pareceu ficar bastante envergonhado, por ser um menino mais tímido que os outros; mas havia certas situações em que eu não tinha um pingo de vergonha na cara. E essa era uma delas.

— Não seja inconveniente, pelo amor de Deus. Minha vida privada com Harry não é da sua conta. Não é da conta de nenhum de vocês — disse eu, acentuando o final da frase. — Na verdade, essa situação toda é ridícula. Eu não diria nada nunca, mesmo que tivéssemos feito algo no banheiro de um avião, durante uma turbulência.

— Bem, espero que vocês não tenham feito nada no meu banheiro.

Não respondi. Se eu negasse, estaria mentindo.

— Eu conheço essa cara... — cantarolou Dino.

— Cale a boca. Você não está ajudando.

— Então você admite — disse Ron, torcendo o nariz.

— Faça-me um favor, Ronald — resmunguei. — Não era você quem estava reclamando que não tinha tomado banho? Ocupe-se com lavar o seu pau murcho e me deixe em paz.

Dino e Simas ficaram de queixo caído, e Harry contraiu os lábios para não rir, fazendo carinho em meu joelho por baixo da mesa. Ron, por outro lado, ofendeu-se.

— Você não sabe do que está falando. Afinal, nem tem um.

— E nem preciso. É muito melhor não ter pau do que ter um que seja pequeno.

Dino e Simas pareciam divididos entre rir e abrir ainda mais a boca, em choque.

— Meu pau não é murcho — disse Ron, inacreditado. — E muito menos pequeno. Quer que eu pegue uma régua? Podemos medir.

Quando ele comentou isso, o sorriso desapareceu do rosto de meu namorado. Deus do céu, ele era muito ciumento. No entanto, falei:

— Não precisa. O de Harry é maior.

Esse foi o gatilho necessário para que meus amigos gargalhassem. Ron, por outro lado, não se aguentou de tanta raiva, e acabou saindo antes que terminássemos de comer. Senti-me meio mal por experimentar certa satisfação ao vê-lo sem palavras, apenas tomado pela zanga irracional. Mas o que eu podia fazer se o garoto tinha um ego frágil?

Harry apenas deu um sorrisinho como resposta àquele comentário, o que imaginei que fosse uma promessa silenciosa de que a noite que se aproximava, assim como a anterior, também seria intensa.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

O Expresso de Hogwarts não estava muito cheio: havia compartimentos de sobra. Escolhemos uma das cabines maiores, com estofado de couro macio, para caso eu quisesse dormir. Além disso, não consegui fazer Simba entrar na gaiola, então tive que levá-lo nos braços para depois persuadi-lo, quando chegássemos na Plataforma.

Ron não estava mais chateado por ter dormido fora da cama, mas ainda me olhava com ressentimento de vez em quando, lembrando-se dos comentários que fiz durante o café da manhã. Bem, pelo menos eu agora sabia como irritá-lo, nas próximas vezes em que brigasse com ele.

No presente momento, entretanto, Ron contava sobre como sua química com Lilá era incrível. Isso aconteceu porque ela apareceu por trás da janela da nossa cabine e desenhou um coração que envolvia as iniciais deles sobre a superfície embaçada do vidro. Eu tentava não expressar o que realmente pensava, evitando encará-lo nos olhos enquanto fazia carinho atrás das orelhas de Simba, que se encontrava confortavelmente espremido entre Harry e eu, a cabeça pequena apoiada em meu joelho e o rabo balançando devagarinho, de um lado para o outro conforme ronronava.

— Gosto muito dela — Ron ia dizendo. — O único problema é que Lilá quer me beijar o tempo todo. Ainda não temos intimidade o suficiente para isso, precisamos nos conhecer melhor... Veja, meus lábios estão roxos!

E ele se inclinou um pouco para que Harry visse. Meu namorado pressionou as costas contra o assento, parecendo querer fundir-se ao couro.

— Já entendi.

— Ei, mudando um pouco de assunto, como foi o baile? Descobriram algo de interessante sobre alguém?

Harry e eu trocamos olhares. Meu namorado disse, parecendo aliviado por poder conversar sobre outra coisa:

— Acho que Draco é um Comensal da Morte.

Trinquei os dentes, mas não falei nada. Eu ainda gostava de acreditar que Draco nunca faria isso, mas também não podia dizer algo do gênero depois de tudo o que escutara através da parede.

Senti o olhar de Ron sobre mim, como se estivesse avaliando se era ou não seguro continuar falando sobre o assunto. Harry também me encarou, e Simba escalou minha coxa, enroscando-se em meu colo.

— Ouvimos uma conversa dele com Snape — relatei. — Draco tentou entrar de penetra na festa, e o professor o levou para fora. Snape disse que Draco estava deixando que as pessoas "suspeitassem dele", seja lá o que isso signifique... E também disse que tinha feito o Voto Perpétuo para mantê-lo longe de problemas.

Não mencionei, claro, que Draco foi convidado por Hermione.

— O Voto Perpétuo? — espantou-se Ron. — Bizarro. Essas coisas são bem perigosas. Uma vez, Fred e George tentaram me obrigar a fazer um desses, quando eu tinha dois anos, mas meu pai chegou bem na hora e acabou com tudo...

— Típico deles — sorri.

— Vocês acham que Draco está planejando algo que precisa ser encoberto?

— Snape pensa que Draco está envolvido com o incidente do colar amaldiçoado — falei. — Não sei... Não sei se ele diria uma coisa dessas se não fizesse o mínimo de sentido.

Nós três nos olhamos, em silêncio. A situação era um pouco mais óbvia do que eu gostaria que fosse.

Nesse momento, Hermione passou em frente à nossa cabine, parando de súbito quando viu o "L + R" escrito no vidro borrado. Saiu andando duas vezes mais rápido depois disso.

— Não sei o que deu nela — comentou Ron. — Desde aquele dia do jogo, Hermione não fala mais comigo. Vocês têm alguma pista?

— Nem imagino — ironizei. Houve um tempo em que eu não estava falando com Ron por causa dessa história, mas realmente não fazia muito sentido. — Escutem, vou ficar um pouco com a Mione, tudo bem? Você pode cuidar do Simba, amor?

— Claro que posso.

Passei meu gato para os braços de meu namorado, que o recebeu de bom-grado. Simba deitou-se, apoiando a cabeça na mão de Harry.

— Volto logo — disse eu.

Fui andando rapidamente, espiando através das janelas dos compartimentos vazios. Mais pessoas do que pensei decidiram permanecer em Hogwarts, naquele ano. Encontrei-a, por fim, numa das primeiras cabines, perto de onde trabalhava o maquinista, direcionando um olhar perdido para os vastos campos verdejantes que passavam velozmente por nós.

Entrei e fechei a porta, fazendo-a escapar de seu devaneio momentâneo para me observar.

— Oi — cumprimentei.

Mione deu um sorriso fraco, voltando a olhar para fora.

— As árvores passam tão rápido que parecem que estão correndo. É engraçado.

— Mas, do ponto de vista das árvores, quem está correndo é você.

Ela suspirou, por fim direcionando a própria vista a mim.

— Não vai se sentar?

Sentei.

— Só vim ver como você está. Preciso voltar daqui a pouco, para colocar a ração e a água de Simba — falei. — Onde está Bichento, por sinal? Nunca mais o vi.

— Bichento é uma espécie de gato selvagem. Às vezes aparece, às vezes não. Consegue se virar na natureza melhor que eu.

— Ele fugiu?

— Não, ficou em Hogwarts. Gosta muito de lá, e consegue caçar o próprio alimento, então vou deixar para trazê-lo no fim do ano letivo.

— Ah.

Ficamos em silêncio por um minuto, no qual ela encarou as próprias mãos.

— Ele gosta de você — falei, referindo-me a Ron. — Não sei por quê está com Lilá, mas definitivamente gosta de você.

Hermione balançou a cabeça.

— Já não sei se isso importa. Dói, e dói bastante, mas logo mais não fará diferença.

— Do que está falando?

— A guerra está se aproximando. Não teremos tempo para trivialidades.

— Eu namoro. Isso não me parece como uma trivialidade.

— É claro que não parece. Você está apaixonada.

— Isso não é bom?

— É maravilhoso. Mas não sei de combina comigo.

Mordi o lábio, insegura.

— Tenho muito medo de Harry terminar comigo para prezar por minha segurança.

— Ele nunca faria isso.

— É aí que você se engana. Harry faria qualquer coisa para me proteger. Isso me assusta.

— Eu não me preocuparia. Harry sabe que é importante que fiquem juntos. Vocês são o ponto de apoio um do outro. Em períodos sombrios, isso deveria ser visto como um presente a ser abraçado, não uma condenação. Além disso, Harry sabe que eu o mataria, se ele magoasse você.

Dei um sorrisinho.

— Você tem certeza de que está bem? — perguntei.

— Vou ficar. Podemos não falar mais sobre isso?

— E sobre o que você quer falar?

Ela subitamente ficou radiante.

— Onde você e Harry estavam ontem à noite, quando consegui me livrar de Córmaco?

Minhas bochechas subitamente atingiram um tom profundo de vermelho. Merda, eu tinha esquecido totalmente de que minha melhor amiga tinha ficado sozinha, na festa, depois que Córmaco recebeu a advertência de Snape. Como tinha passado mal por causa do salgadinho nojento que comera, Córmaco provavelmente foi embora depois disso.

— Ai meu Deus, não acredito que deixei você sozinha.

— Essa parte não é importante. Eu estava exausta, e provavelmente seria rude se alguém tentasse conversar comigo. Só queria dormir. Mas quero saber do resto.

— Bem... Harry e eu saímos para ouvir uma conversa entre Snape e Draco.

— Disso eu sei. Na verdade, deduzi. Quero saber sobre o que aconteceu depois.

Como não respondi, o sorriso dela só cresceu.

— Um passarinho me contou que a porta do quarto de vocês estava trancada.

É claro que ela já sabia.

— Que passarinho?

— Dino.

— Ah. Tinha que ser ele mesmo.

— É. E pensar que, há dois anos, você não queria admitir que estava apaixonada por Harry. Mas veja só onde estão agora, treinando para, no futuro, formarem uma família.

Arregalei um pouco os olhos, e Mione riu. Por mais constrangedor que fosse o assunto, era bom ter aquela risada de volta.

— Mas vocês estão se prevenindo, não estão? — perguntou, ficando séria outra vez.

— Harry disse que vai sair para comprar alguns frascos de poção anti-gravidez. Ele falou que ele é quem vai tomar, para eu não ter que me preocupar com nada. Usamos um feitiço, mas não é nem de longe tão eficaz quanto a poção.

— Tenho um frasco, se você quiser. Da época em que fiquei com Vitor.

— Ainda acho que você era muito nova.

— Você não tem moral para falar. Tem quinze anos.

— Praticamente dezesseis — murmurei, contrariada.

Hermione riu.

— Não acho que tenha problema, desde que se cuidem. Entendeu? Se você aparecer grávida antes de completar a escola, vou te deserdar.

— Aham.

— É sério.

— Fique tranquila, não pretendo ser mãe tão cedo. Apesar de saber que, caso acontecesse por acidente, Harry seria a pessoa mais feliz do mundo. Ele vive dizendo que quer ter filhos.

— Acho isso tão fofo.

— Também acho. Mas já falei a ele que só vou colocar um filho nosso no mundo quando essa guerra proeminente acabar. Não quero que minhas crianças cresçam rodeadas por traumas.

— Você vai me deixar ser madrinha, não vai?

— E por acaso tem alguém melhor do que você para cumprir com o cargo?

Mione sorriu, me abraçando pelo pescoço. Foi tão repentino que tomei um susto, mas retribuí.

— Muito obrigada.

— Pelo quê?

— Por existir. O mundo não seria o mesmo sem você aqui.

Me afastei um pouco para encará-la, surpresa. O que eu sentia era recíproco.

Dei um beijo na bochecha dela, abraçando-a de novo. E ficamos assim por um bom tempo.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Quando a locomotiva estacionou, a Plataforma 9¾ me pareceu, de certo modo, vazia. Por questões de segurança, muitos pais optaram por deixar que seus filhos permanecessem na segurança do castelo, que era para ser o canto mais bem-guardado do mundo.

Teoricamente.

Saímos do trem e nos despedimos de Ron, embora soubéssemos que o veríamos em um dia ou dois, porque mamãe tinha nos enviado uma carta comunicando que os Weasley comemorariam com a gente. Isso me enchia de expectativas, porque seria uma ótima oportunidade para elevar os ânimos de todo mundo. Nós bem que estávamos precisando.

Harry fez questão de carregar meu malão, e, quando eu disse que ele não precisava se preocupar, meu namorado apenas deu um sorriso, calando-me com um beijo e levantando-se para pegar nossa bagagem em seguida. Lembro-me de ter coraado bastante devido ao ato repentino, o que foi meio estranho porque Ron estava olhando. Não que eu ficasse vermelha com tanta frequência. Fomos perdendo qualquer tipo de vergonha um com o outro com o passar do tempo, apesar de que os beijos de Harry ainda me faziam sentir borboletas no estômago. No entanto, depois da noite passada, algo entre nós tornou-se mais íntimo e, de certa forma, novo, o que me levava a enrubecer em momentos aleatórios, sem motivo.

Assim, fomos andando até termos Remus em vista. Mas ele não estava sozinho.

— Surpresa! — cantarolou Maddie, dando um sorriso e me abraçando. Ri, sem saber exatamente por quê.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei, mas não de forma rude. — Achei que estivesse de serviço.

— Recebi pequenas férias, graças a Merlin — respondeu ela. — Gosto do meu trabalho, mas também é bom estar disponível para participar das nossas reuniões em família, de vez em quando — ela então olhou para Harry, e o abraçou. — Imagino que esteja cuidando dela, Potter.

Harry ficou subitamente sério.

— Claro que estou.

— Pare com isso — ralhou Remus, embora não estivesse exatamente brigando com minha irmã. — Ela não está falando sério, Harry, fique tranquilo. Sabemos que você cuida muito bem de S/N.

— Eu não estava brincando — murmurou Maddie, rindo. Mas ninguém além de mim escutou.

Remus deu um abraço apertado em Harry, depois outro em mim. E não importava quanto tempo se passasse, ele sempre tinha cheiro de chocolate, terra molhada em dias de chuva e livros velhos. Esses eram os meus favoritos, porque contavam histórias.

— Maddie vai passar o feriado conosco — explicou Remus. Fomos andando até o carro dele, que fora estacionado habilmente entre um Fusca azul-claro e uma Ferrari vermelha cuja pintura estava comprometida por dois arranhões. O dono provavelmente não era um bom motorista. — Mas vamos dar uma passadinha em nossa outra casa, antes. Tenho que resolver uns assuntos que ficaram pendentes.

Minha irmã, Harry e eu trocamos olhares tristes. Remus nem ao menos tinha coragem de dizer "minha casa com Sirius". Eu não podia imaginar o tipo de dor pela qual ele deveria estar passando, e, agora que certo tempo havia decorrido desde que papai morreu, me dei conta de que eu nunca tinha parado para conversar com meu padrasto sobre o assunto. Não abertamente, pelo menos.

— Vamos passar a noite lá?

— Sim — suspirou Remus. — Mas vamos para a casa de sua mãe ao meio-dia de amanhã. E jantaremos na Toca, à noite.

— Ah. Tudo bem.

Não estava tudo bem. Eu não sabia como digerir a ideia de passar uma noite inteira na casa que despertava tantas memórias dentro de mim, sobre meu pai. Era como olhar constantemente para uma fotografia trouxa, a imagem congelada no tempo: não dava para voltar atrás.

Maddie parou para me observar. Achei que ela estivesse julgando minha roupa, pelo modo como estava olhando, mas isso também não fazia sentido.

— Que foi? — ri.

— Você machucou a perna? Ou o pé?

Confusa, inclinei a cabeça para o lado.

— Como assim?

— Você está mancando.

Ah.

— Mais ou menos — menti, preocupada que Remus descobrisse os reais motivos por trás de nosso diálogo. — Não está doendo, mas pisei de mal jeito, hoje mais cedo, e tenho que mancar um pouco para que andar seja mais confortável.

Harry deu um sorrisinho. Ele estava orgulhoso por ter me feito perder a capacidade de andar direito, e nem ao menos disfarçava.

Maddie estreitou os olhos, desconfiada, mas não disse mais nada, contentando-se quando Remus falou que providenciaria uma bolsa de gelo para mim assim que chegássemos em casa.

Remus destrancou o veículo. Harry ajudou meu padrasto a arrumar nossas coisas no porta-malas, e depois todos entramos no carro. Maddie foi no banco da frente, logo após disputar o assento comigo, no "pedra, papel ou tesoura". Obviamente que perdi. Emburrada, sentei-me atrás, ressentida por ter perdido. Eu não me importava com o lugar em que iria sentar, mas detestava quando venciam de mim em qualquer coisa. Sempre fui do tipo competitiva.

Durante a primeira meia hora de viagem, Harry ficou implicando comigo, cutucando minha costela. Eu estava bastante impaciente, principalmente porque queria fazer xixi e sabia que só pararíamos num posto de gasolina dali há dez minutos, então meu humor, que nunca foi lá muito estável, oscilou conforme o tempo.

— Para, Harry! — pedi, chateada. — Eu estou apertada para ir ao banheiro e você fica fazendo cócegas, isso é ridículo. Não gosto disso.

— Implicar com você é divertido — meu namorado sorriu. — Você fica fofa quando está brava.

— Estou falando sério, Harry James Potter.

— Ela te chamou pelo nome completo — provocou Maddie. Remus, ao volante, apenas balançava a cabeça e ria. — Você não tem amor à vida?

— Claro que tenho — disse Harry na defensiva.

— Então pare de enfiar a porra do dedo na minha costela — reclamei, me afastando um pouco.

— Olhe o palavreado! — reclamou Remus.

— Vou fazer dezesseis anos — revidei. — Na minha idade, você e seus amigos já deveriam ter criado um dicionário de xingamentos para uma vida inteira.

Remus não me contradisse. Segundo meu pai, eu era tão assustadora quanto minha mãe, quando ficava brava, então era óbvio que Harry estava implicando comigo com um peso na consciência. É tanto que, quando percebeu que eu realmente estava chateada, sua expressão mudou na mesma hora.

Ele chegou mais perto de mim, colando o ombro no meu. Revirei os olhos, tentando não ceder. Mas era difícil.

— Desculpe — pediu.

— Não.

— Por favor?

Arrisquei olhar em seu rosto, que estava contraído numa expressão de cachorrinho abandonado. Suspirei, derrotada.

— Só se você não fizer de novo.

— Não vou fazer. Prometo.

— Mhm. É bom mesmo.

Mas não me afastei quando Harry entrelaçou nossos dedos, beijando o dorso da minha mão. Sua palma estava quente contra a minha, proporcionando-me uma sensação boa.

Paramos num posto de gasolina para abastecer o carro, e eu saí correndo em disparada para usar o banheiro da loja de conveniências. Harry e Remus, que também desceram, começaram a rir, e eu senti muita vontade de lhes mostrar meu dedo do meio. Mas me contive.

Uma vez aliviada, voltei para o carro. Meu padrasto ficou conversando com o dono do posto, provavelmente sobre economia ou algo do gênero, e Harry ficou na lojinha, dizendo que tinha que procurar algumas coisas. Sendo assim, apenas Maddie me aguardava, sentada no banco da frente.

Abracei o encosto do banco do motorista, agora vazio, e dei um sorriso para minha irmã. Na mesma hora, ela fez uma careta.

— Você está estranha.

— Eu?

— Aham. Você. Está querendo me dizer alguma coisa?

Meu sorriso aumentou.

— Desembucha, S/N.

Olhei para os lados. Os vidros estavam abertos, então eu teria que falar baixinho, para ninguém ouvir.

— Lembra de quando você me disse para te contar quando Harry e eu tivéssemos nossa primeira vez?

— Lembro.

Continuei encarando, até que ela ligou os pontos.

— Puta que pariu! — gritou Maddie, histérica.

Do lado de fora, Remus e o dono da loja olharam para nós.

— Está tudo bem por aí? — perguntou meu padrasto.

Como resposta, fiz um joinha com a mão direita.

Voltei-me para minha irmã, que estava de boca aberta. Acabei dando risada.

— Então é por isso que você mal está conseguindo andar, sua safada!

Mordi o lábio para conter um sorriso.

— É.

— E como foi?

— Bem — falei — , aconteceu depois do Baile do Slughorn. Eu tinha tocado piano para ele na festa, e nós dançamos bastante depois disso. Jantamos e bebemos um pouco de Sex On The Beach. Depois, Córmaco veio implicar comigo, o que foi bem desconfortável porque ele ficou me assediando, e Harry ficou com muita raiva dele. Disse que, se Córmaco perturbasse sua mulher de novo, ia matá-lo.

— Você tocou piano para ele na frente de todo mundo? — perguntou Maddie, chocada.

— Toquei.

— E qual foi a reação de Harry?

— Ele me beijou — respondi, simplesmente.

— E depois disse que você era a mulher dele? Para o garoto que estava dando em cima de você?

— Foi.

— Que fofo. Continue.

— Certo. Saímos da festa depois de termos escutado uma conversa entre Draco e Snape, através da parede, e...

— Sobre o quê eles estavam falando?

— O que isso tem a ver com o resto da história?

— Não sei. Me diga você.

— Não é importante.

— Então por que está contando? — provocou minha irmã.

Revirei os olhos.

— Você está interessada demais, não acha? Por sinal, que troca de olhares foi aquela, quando você e Draco se falaram, antes do feriado?

Maddie hesitou por um segundo, mas ainda assim foi o bastante (ela sempre tinha a resposta na ponta da língua).

— Só acho que ele é um babaca — Maddie deu de ombros. — Continue a história.

— Maddie.

— Continue. A. História.

Dei um suspiro. Pelo visto, não seria hoje que eu arrancaria respostas da boca dela.

— Voltamos para o dormitório, e Harry me deu um dos meus presentes de Natal. Segundo ele, apenas um não era o suficiente. Então, ele se ajoelhou, pedindo desculpas pelos ciúmes que teve de minha amizade com Draco e por não ter sido um bom namorado, o que eu pessoalmente acho que não é verdade, mas tudo bem. Eu o fiz levantar, e o beijei, e então você sabe o que aconteceu depois.

— Nada disso, me conte esses detalhes direito. Não esperei tanto tempo para ouvir um "você sabe o que aconteceu depois".

— O resto é meio inapropriado, Maddie.

— Eu sou a pessoa mais inapropriada que existe, sabe que não vou julgar você — disse minha irmã. — Me conte ao menos uns detalhes bobos. Tipo, vocês transaram de roupa, ou sem?

— Não tem como transar de roupa — falei, erguendo as sobrancelhas.

— Ah, acredite, tem sim. Já fiz isso. Mas não é muito bom.

— Certo...

— Continue.

— Hm, ele tirou minha roupa. Depois, hã, usou os dedos, e a boca.

Maddie deu um sorrisinho de canto.

— Então ele chupou você.

— Maddie, estou tentando ser discreta — a repreendi. — Mas sim, colocando em palavras, foi isso o que aconteceu.

— E depois? — quis saber ela. — Não vá me dizer que foi só sexo oral. Não foi para isso que criei você.

— Você não me criou.

— Mas esse é o tipo de coisa que mamãe diria. Por sinal, você vai contar para ela?

— É claro que não. Está louca?

Maddie deu de ombros.

— Do jeito que ela é, provavelmente lhe daria os parabéns.

— É, talvez. E respondendo à sua pergunta: não, não foi só sexo oral.

— Nossa, então ele te arrombou mesmo. Harry não percebeu que você não está conseguindo andar?

— Ah, ele percebeu, sim. E está amando isso — respondi. — Mas não foi culpa dele.

— Como assim?

— Sempre que acabávamos, eu começava a provocá-lo de novo.

— Misericórdia. Quantas vezes?

— Quantas vezes o quê?

— Quantas vezes vocês "fizeram".

— Bem, primeiro na cama. A noite inteira — dei uma risada nervosa quando minha irmã arregalou os olhos. — Depois, quando acordamos, na banheira. E na parede. E na cama de novo. Estou exausta.

— Se não estivesse, eu diria que você não é deste planeta — minha irmã balançou a cabeça. — Caralho, S/N! Você tem noção de que sexo traz bebês, né? Ou quer que eu te explique? Só por desencargo de consciência.

— É claro que sei. Harry começou a tomar uma poção anti-gravidez, hoje. Pegou emprestado de Hermione. Deve ser ingerida todos os dias, então vamos ter que dar um jeito de comprar sem que Remus saiba, até à noite.

— Não se preocupe. Tenho algumas, que guardo para esse tipo de coisa. Posso usar um feitiço para fazer com que nunca acabem, e aí lhe dou um frasco com a medida certa, que se encha sozinho todos os dias. Pronto, problema resolvido.

— Você faria isso mesmo? Vou ser eternamente grata.

— Claro que faria. Mas esconda o frasco enquanto estiver na casa de Remus, pelo amor de Merlin. Se ele descobrir um negócio desses, é capaz de ter um infarto.

Dei uma risada.

— Tudo bem.

Nessa hora, Harry e Remus voltaram para o interior do carro. Todos colocamos nossos cintos de segurança, e o veículo partiu.

— Para você, meu amor — disse Harry, me estendendo um pacote de chocolate.

Dei um sorriso. Era meu favorito.

— É meu pedido de desculpas por ter te irritado — explicou Harry.

— Obrigada. Eu estava mesmo precisando.

Beijei a bochecha dele, e deixei que Harry passasse um braço em torno de meus ombros, enquanto eu comia.

— Vem cá, sobre o que é que vocês estavam falando? — quis saber Remus.

Maddie olhou para mim, e eu comecei a engasgar, tanto que minhas bochechas ficaram vermelhas como fogo.

Harry começou a rir, porque, lendo meus pensamentos, ele certamente já sabia de que se tratava.

Quando meu acesso de tosse passou, fiz cara feia para ele, que agora tinha um sorrisinho no canto dos lábios.

— Que foi? — perguntou Harry inocentemente.

— Seu hipócrita.

— Você sabe que essa palavra só funciona se eu tiver feito algo contraditório, não sabe?

Não respondi, decidida a ignorá-lo. Harry riu, entrelaçando a mão que não estava em meus ombros com uma das minhas, pelo dorso.

— Você ainda não respondeu a minha pergunta, S/N — disse Remus, desconfiado.

— Estávamos falando sobre coisas de meninas — foi a primeira informação que me veio à cabeça.

Harry conteve uma risada, e percebi, através do retrovisor, que Remus ficara vermelho.

— Ah.

Regra número um de como despistar as perguntas de um homem: sempre dê a entender que você estava conversando sobre menstruação com a outra pessoa. Eles desistem de perguntar rapidinho. A maioria, pelo menos.

Lá para as oito da noite, chegamos. Mesmo de dentro do carro, a casa em que morei quase minha vida inteira com papai e Remus parecia menor, mais vazia. Encolhi um pouco os ombros. Eu não sabia se estava psicologicamente pronta para enfrentar aquilo, mas, bem, talvez esse dia nunca fosse chegar.

Queime seus demônios, minha mente repetia para si mesma toda vez. Não sei se, com o passar do tempo, as palavras se tornavam mais convincentes.

Remus foi na frente, abrindo a porta para que passássemos. Meu coração parecia despencar de meu peito. Atrás de mim, Harry manteve-se perto, com as mãos em meus ombros, me passando segurança.

Ao menos ele estava comigo. Isso me fazia relaxar bastante.

Maddie parou na entrada, parecendo incapaz de continuar. Encarei-a. Seus olhos continham sombras que talvez fossem mais que apenas os demônios que habitavam seu interior.

— Você não vem? — perguntei.

Ela balançou a cabeça.

— Acabei de lembrar que prometi que ajudaria mamãe em sua rotina de compras. Foi mal.

— Você está mentindo.

Maddie não negou, mas também não respondeu.

— Queime seus demônios, Maddie — aconselhei. Era um conselho que eu certamente não estava seguindo, mas não deixava de ser útil.

— Gosto muito deles, obrigada.

— Mads — chamou Harry. — Tem certeza de que não quer ficar para o jantar? Remus e eu vamos fazer bolinhos de arroz.

Um meio-sorriso apareceu no rosto dela, mas logo se apagou. Maddie era obcecada por bolinhos de arroz.

— E camarão! — acrescentou Remus, sua voz ecoando de dentro da casa.

— Vai ficar para a próxima — respondeu. — Realmente preciso ir. Vejo vocês amanhã?

— Claro.

Quando pisquei, Maddie se foi. E minha realidade continuou aguardando por minha entrada ainda assim.

——————————————

notas da autora:

oiii gente, tudo bem? o que acharam do capítulo?

mil perdões pelo hot pequeno, eu não fazia ideia de como continuar kkkkkkkkk ☹️ e desculpem também por eu não ter postado ontem, não consegui acabar de revisar, por causa das eleições... fui votar e depois fui lá na casa da minha avó...

faltam três semanas para as minhas férias! nesse meio tempo, não sei se vou conseguir postar nada, porque preciso estudar se quiser passar de ano. mas o próximo capítulo já está em andamento, então farei o possível :)

como pedido oficial de desculpas pela minha demora de ontem, vou fazer algumas perguntas aqui!! espero que gostem da interação!

1) dias chuvosos, nublados ou ensolarados?

2) livros grossos ou finos? com ou sem figuras?

3) camisa com ou sem mangas?

4) se você ganhasse na loteria, qual seria a primeira coisa que faria com o dinheiro?

5) se você fosse escrever uma história sobre um(a) vilã(o) que se apaixona pela/pelo mocinho(a), qual seria a última frase?

6) qual é o seu esporte favorito?

7) qual é o seu signo?

8) quais são os seus filmes favoritos? e séries?

9) água, suco, chá, café ou refrigerante? pode escolher mais de um.

10) que livro mais te fez chorar?

11) se você pudesse viajar para qualquer lugar nesse momento, para onde iria?

12) quais são seus universos literários preferidos?

13) terror ou comédia?

14) ação ou romance?

15) frio ou calor?

16) e por último, qual foi o pior filme que você já viu?

um pequeno spoiler do próximo capítulo: vai se chamar "harry, the cook", que significa "harry, o cozinheiro" 😁😁😁

beijooos, amo vocês!! até a próxima ❤️

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