Quarta feira, 25 de abril de 2007
Olá Coelhinha, como você está?
Espero que tenha dormido bem...e que realmente não me odeie pelo que aconteceu ontem.
Se bem que talvez devesse mesmo me odiar para evitar todo o sofrimento que eu sei que vou causar depois de você ler tudo o que eu tenho para te dizer.
Embora eu não tivesse intenção de escrever essa carta, eu...
Droga.
Não faço a menor ideia de onde começar.
Saiba que estou respirando fundo nesse exato momento, para ver se consigo encontrar as minhas bolas e te dizer o que esteve entalado na minha garganta durante tantos anos.
Ok.
Eu te amo, Alícia.
Sempre te amei e tenho plena certeza de que sempre vou te amar...
Porra, como diabos eu faço isso?
Te escrevi tantas vezes, te disse tantas coisas durante esses anos que nos conhecemos, mas agora é como se todas as palavras tivessem sido sugadas de dentro do meu maldito e estúpido cérebro.
Eu gostaria de falar tantas coisas, de confessar tudo o que sinto, no entanto, acho que não é uma boa ideia.
Não agora.
A única certeza que tenho, é que você ficará bem sem a minha presença.
E isso me dá medo.
Caramba, isso assusta a merda para fora de mim, porque eu não quero que isso aconteça.
Não quero que você me esqueça e muito menos que pense que sou um idiota por não ter a coragem de me despedir.
Mas a verdade é que eu sou sim um covarde.
Muita coisa aconteceu e eu preciso mesmo dar o fora dessa cidade e desse país, mas eu sei que se eu for até a sua casa e ver o seu rosto me implorando para ficar, eu não vou conseguir.
Você é a coisa mais linda que me aconteceu e meu peito dói só de pensar no fato de que eu não vou mais te ver.
De que não vou poder te tocar, sentir o seu cheiro e muito menos o sabor dos seus lábios.
Por falar nisso, quando eu disse que não deveria ter te beijado, você entendeu tudo errado.
Eu morria de vontade de fazê-lo, desejei tantas vezes que você abrisse uma brecha para que eu pudesse tomar a iniciativa, mas nesse instante, quando finalmente aconteceu, eu soube que seria a minha ruína pois eu jamais esqueceria de como é a sensação de ter você só para mim.
De escutar o seu gemido de satisfação e sentir o seu aperto nos meus braços em um sinal claro de que você queria tanto aquilo quanto eu.
Aquele beijo não foi um erro porque se tratava de você, Alícia.
É todo o contrário.
Ele foi um erro porque se tratava de mim.
Eu não sou alguém que você possa chegar a confiar, alguém que vá te fazer feliz, por mais que eu queira, por mais que eu tente com todas as minhas forças.
Pelo menos não por agora.
Porque eu estou quebrado.
Eu fiz coisas que não deveria e agora devo arcar com as consequências, e não é justo que você seja a pessoa que tenha que recolher todos os estilhaços.
Estou indo embora para não precisar lidar com as complicações do que eu fiz e com a merda que envolve a minha família.
Não tem nada a ver com você.
Digo isso, porque eu sei que vai pensar em um milhão de situações nas quais em todas você é a culpada, sendo que o único culpado aqui sou eu, Alícia.
Quando eu chegar na casa do meu tio irei te mandar mais cartas, te dizer como estou e quem sabe tentar te convencer a não desistir de mim.
Porque sim, eu sou tão egoísta que mesmo sabendo que é melhor você manter distância, não quero que você precise alguém que não seja eu.
E por mais que meu coração se quebre a cada segundo que passa e eu percebo que essa vai ser a última vez que vamos nos ver em um bom tempo e que talvez você não queira mais saber da minha cara horrível, dentro de mim eu sei que algum dia o destino vai dar um jeito de nos colocar juntos novamente.
Eu confio nisso com todas as células do meu ser.
De todas maneiras, caso o carma queira me dar uma lição e a gente nunca mais se encontrar, quero que saiba que eu sou seu, Coelhinha.
Que todas aquelas tardes debaixo da árvore lendo, ou conversando ou ficando apenas em silêncio, significaram tudo.
Você foi o meu escape, a minha "toca do coelho", a pessoa que me manteve na linha e me impediu de cometer uma loucura (ou várias) nos meus momentos mais tensos e eu nunca vou esquecer disso.
Você me ajudou a não surtar e não faz ideia do quão agradecido estou por ter alguém tão especial comigo.
E não importa o que aconteça, não importa se você decidir que não quer me ver nem pintado de ouro, se você precisar de mim, eu vou estar lá para te apoiar.
Vou passar um tempo longe, mas prometo que farei de tudo para tentar voltar para os seus braços.
Só espero que quando eu conseguir, não seja tarde demais.
Eu sei que é muita cara de pau da minha parte pedir isso nessa situação, mas por favor, não desista de mim, porque eu jamais vou desistir de você, meu amor.
Com carinho,